sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Chakras, corpo energético e o Reiki


Chakra significa roda, em sânscrito. Quando é visualizado de frente tem o aspeto de uma circunferência, o chacra pode ser criado com duas ou mais linhas energéticas que se cruzam. Os chacras são recetores e emissores de energia, eles recebem a sua energia segundo a sua frequência e acumulam -na , enviando depois para os corpos físico, mental, emocional e espiritual. Cada chacra produz/ projeta uma camada de energia à volta do corpo que constitui a nossa aura, e assim o conjunto da aura é formado pelas sete camadas, uma de cada chacra , com cada cor respetiva.
 
 

EXISTEM CINCO PRINCIPIOS BASICOS DO REIKI


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Só por hoje sou Calma

Só por hoje Confio

Só por hoje sou Grata

Só por hoje Trabalho Arduamente

Só por hoje sou Bondosa

Nós podemos praticar Reiki em qualquer lugar, a qualquer hora e diversas vezes ao dia!


 

Se for a conduzir, e estiver em longas filas de espera de trânsito, pode fazer reiki, ou se for viajar através de outros meios de transporte, e não precisar de ir a conduzir, pode aproveitar esse tempo de dispõe, para o colocar em prática. Basta para isso colocar as suas mãos em qualquer zona do seu corpo mais acessível e deixar única e exclusivamente a energia fluir.

O Reiki é cada vez mais usado em doentes com cancro, para reduzir os efeitos da quimioterapia. Experimente fazer Reiki e veja os benefícios!

A terapia do Reiki  é cada vez mais usada em doentes com cancro em Portugal para reduzir os sintomas da quimioterapia e ajudar ao relaxamento destes pacientes, segundo médicos e terapeutas. A Associação Portuguesa de Reiki é umas das associações que faz voluntariado em várias zonas do país.
Varios hospitais deram autorização para que fosse praticado Reiki aos doentes oncológicos em ambulatório, sendo aplicada por enfermeiros com formação naquela terapia alternativa e em regime de voluntariado

Tratamentos à Distancia

Na mesa radiónica é possível efetuarmos tratamentos em qualquer parte do mundo .
Basta para isso entrar em contacto comigo, e darei todas as instruções de como podemos trabalhar,
se tem algum problema que esteja com alguma dificuldade em resolver, se tem amigos a precisar de ajuda, porque não tentar uma consulta com  a mesa radiónica.
Experimente e veja as diferenças....
email: cantinhodoequilibrio@gmail.com
telm; 927544771

quinta-feira, 28 de novembro de 2013


CONSULTAS MESA RADIONICA
 

Na Mesa Radionica podemos tratar problemas tais como : Fobias, Depressão, Auto Estima, Ansiedade, Angustias, Pensamentos Suicidas entre outros…

Email:cantinhodoequilibrio@gmail.com

Telem: 927544771

 

 




Se tens o conhecimento exato disso ou daquilo, não menosprezes quem o ignore.
Que será de tua verdade se não a utilizas para construir ou abençoar?
Esclarece amando.
A semente escondida no solo será talvez, de futuro, a árvore cujo fruto te favoreça e o tronco, aparentemente desprezível, entre os dedos hábeis do artesão, pode vir a ser o violino que interpretará os sonhos do gênio que ainda nãoconheces.
Sobretudo, se já adquiriste essa ou aquela qualidade enobrecida, traze-a no estojo da humildade, para que não incomodes a ninguém com o brilho que possas irradiar.
Que será de tua virtude, se não a empregas, em beneficio dos outros?
Socorre abençoando.
Certas plantas de gosto amargo possivelmente estão destinadas a fornecer-te medicamento, em tempo oportuno, e o charco socorrido é capaz de oferecer-te precioso jardim.
Não constranjas a ninguém com os teus pontos de vista.
Nem sempre os outros seguirão teu caminho, tanto quanto desejas ou como poderias talvez esperar, mas terão em si e por si obrigações diferentes que lhes foram assinaladas pela Sabedoria de Deus.

Meimei
Ver mais

 
 
 


 
 
 

Para Si!

 
 
 
 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Cura Espiritual

 PREFÁCIO
    Este é um livro muito singular, redigido habilmente por um talentoso escritor, sobre "cura
espiritual", um assunto que poderá correr o risco de ser repudiado como obscuro, caso não se
faça uma introdução preliminar.
    Ele narra a história real de "milagres" realizados pela cura espiritual através da devotada
cooperação de dois homens, um famoso cirurgião clínico, William Lang, que viveu no século
XIX e no início do século XX, conhecido por muitos médicos ainda vivos, e seu médium
George Chapman, que dedica sua vida à mediunidade através da qual o dr. Lang, como ele
gosta de ser chamado, e seus colegas espirituais têm a possibilidade de por em prática forças
curativas que não se encontram no âmbito do tratamento comum. A maioria dos médicos
reconhece perfeitamente as limitações da sua capacidade para aliviar os sofrimentos e as
doenças. Este livro, certamente, poderá ajudar a convencê-los da veracidade da cura espiritual
e das suas potencialidades.
    A finalidade deste livro, entretanto, é muito mais ampla e traz uma mensagem de
esperança para todos os que estão aflitos e desesperados, a despeito da dedicada
atenção de médicos e enfermeiras.
    Não posso afirmar com muita ênfase que este não seja um livro sobre o Espiritismo; ele se
constitui num relato muito humano e comovente de "milagres de cura". O Autor inclui o seu
próprio milagre e admite que, da mesma forma que muitas pessoas, ele jamais ouvira falar do
corpo espiritual que, apesar de invisível, é uma parte integrante de todos nós. Para muitos,
essa proposição pode parecer estranha mas, sabendo disso, o
dr. Lang
 transmite a todos os
que o visitam a simplicidade dessa idéia e a razão óbvia pela qual é possível, através do corpo
espiritual, receber tratamento de ajuda para o corpo físico.
    Não existe nada neste livro que possa melindrar qualquer tipo de crença religiosa, ou
mesmo a sua ausência. Nem tampouco há qualquer intenção de provocar emoções para
delas se aproveitar. Tudo o que nele está relatado é uma apresentação de fatos
comprovados.
    Estou convencido de que os milagres descritos não são fantasias da imaginação.
Compreendo como é difícil para os médicos aceitarem aquilo que não é comprovado pelos
métodos usuais de avaliação, mas este é um livro que poderá estimular bastante tanto
médicos como pacientes para uma posterior e desapaixonada pesquisa. Quanto maior for o
ceticismo inicial maior será a convicção final.
    Não hesito em dizer que, a partir da minha própria experiência na profissão cirúrgica,
aceito sem questionar que "milagres" podem ocorrer e, na realidade, ocorrem sob as
condições tão honestamente apresentadas pelo sr. Hutton em seu livro que, acredito, no
devido tempo, será considerado como uma referência pioneira da até agora pouco conhecida
"Ciência da Cura".
 EDWARD TOWNLEY BAILEY, bacharelem Medicina, bacharel em Ciências e Membro do
Colégio de Cirurgiões (Inglaterra) Cirurgião clínico ortopedista.
    NOTA DO AUTOR
    Quando pela primeira vez me deparei com o nome de George Chanman e li que o seu guia
médico espiritual era o falecido William Lang, membro do Colégio de Cirurgiões da
Inglaterra, do Hospital de Olhos de Middlesex e Moorfields, pouco ou nada sabia sobre cura
espiritual. Era difícil para mim aceitar quaisquer afirmações de que "operações" espirituais e
tratamentos semelhantes pudessem curar doenças incuráveis (ou graves) que não haviam
reagido aos cuidados médicos ortodoxos. Eu não acreditava em milagres. Portanto, não era
verdadeiramente surpreendente que, tendo um encontro marcado com George Chapman para
o dia 6 de janeiro de 1964, houvesse me dirigido para Aylesbury com certas reservas. Eu ia
"conhecer o médico espiritual Lang".
    A visita mostrou-se gratificante, porque, depois de ser curado pelo dr. Lang, não
me restaram mais dúvidas de que a sua operação espiritual tinha, na realidade,
provocado resultados que não foram apenas surpreendentes mas também
convincentes.
    Quanto mais evidente se tomava a melhoria de minhas condições de saúde, mais forte era o
desejo existente em meu pensamento de me familiarizar com o excitante assunto da cura
espiritual. Dei os meus primeios passos nesse sentido analisando algumas evidências
disponíveis sobre o trabalho do dr. Lang e de George Chapman. Descobri que a minha
própria experiência era semelhante à de milhares de casos onde o médico espiritual tinha
obtido êxito provocando resultados extraordinários.
    No entanto, havia muitíssimo mais que eu deveria tomar conhecimento se quisesse
publicar um relato imparcial e autêntico do trabalho de Lang e Chapman. Ambos disseram
que me ajudariam da melhor forma que lhes fosse possível. O cenário estava pronto e eu
poderia levar avante a cansativa porém gratificante tarefa a que me havia proposto.
    Houve muitas entrevistas gravadas em fitas com o dr. Lang, enquanto ele estava
incorporado em seu médium em estado de transe. Houve reuniões com George
Chapman durante o seu estado desperto. Essas entrevistas geralmente tomaram a forma de
interrogatórios, questionamentos obstinados e pedidos de provas de qualquer afirmação feita.
Viajei milhares de quilômetros pela Grã-Bretanha para entrevistar pacientes de Lang que eu
havia escolhido aleatoriamente dos volumosos arquivos de históricos médicos de Chapman.
À medida que o tempo passava, reunia rolos e rolos de fitas gravadas com declarações de
pessoas que afirmavam que Lang as havia curado. Algumas delas sustentaram que haviam
sido totalmente curadas por Lang de doenças que os médicos nos hospitais haviam
considerado incuráveis.
    Além de entrevistar pacientes, também confrontei as suas declarações com os seus
históricos médicos. Eu desejava estar plenamente certo de ter em mãos fatos e não relatos
emocionais profundamente tendenciosos (e possivelmente imprecisos).
    Todos os nomes de pacientes e seus locais de residência publicados neste livro
são autênticos. Aproveito esta oportunidade para agradecer a cada um deles pela
sua bondosa ajuda e cooperação, pois, se essas generosas pessoas não me
tivessem permitido registrar os seus casos individuais e publicar as suas
verdadeiras identidades, a autenticidade e a credibilidade dos feitos de Lang e
Chapman poderiam estar sujeitas a sérias dúvidas.
    Quero também agradecera William Lang e a George Chapman pela sua incansável
assistência, uma vez que sem a sua inestimável ajuda não me teria sido possível escrever este
livro. Expresso um débito especial de gratidão a Liam Nolan por sua orientação e ajuda na
feitura deste livro - esforços que vão muito além das funções de um amigo.
    Tendo a certeza de haver escrito um livro incomum, quero deixar plenamente claro que
não tenho a mais leve intenção de tentar influenciar ou converter quem quer que seja a uma
nova maneira de pensar. Minha tarefa termina com a apresentação de um relato objetivo da
verdade sobre o assunto em questão.
   Prólogo
    Era um dia de outono de 1963 e, à medida que o ano findava, a vida parecia estar também
se esvaindo de mim. O médico, de pé ao lado da minha cama, falava com uma voz calma e
grave. Mantínhamos relações de amizade e, uma vez que jamais em minha existência havia
me sentido tão doente quanto agora, eu sabia que ele seria honesto na resposta à pergunta que
lhe fiz sobre o mal que me afligia.
    "Você é portador de um tipo de poliomielite que não provoca paralisia", disse ele. "Mas
quero que faça alguns exames de sangue."
    As palavras me deixaram em pânico. Poliomielite - será que na verdade eu a contraíra? A
afirmação "que não provoca paralisia" não aliviou o meu medo. Eu não sabia o que dizer.
Sentia-me como se a minha cabeça tivesse sido aberta em bandas. Meus braços e minhas
pernas latejavam de dor lancinante e, quando tentei ficar em pé, uma vertigem tomou conta
de mim. Poliomielite. A palavra martelava e ecoava em meu cérebro. Passei então por um
período em que o tempo e os detalhes se fundiam. O hospital, exames de sangue, macas,
sono, fraqueza, confusão, dor. Antibióticos mostraram-se ineficazes.
    E então comecei a ficar cego.
    Durante toda a minha vida eu havia sofrido de uma deficiência visual e desde julho de
1958 tinha estado sob os cuidados de um famoso especialista em oftalmologia, o dr. Hudson.
Desde o início, ele havia sido totalmente honesto para comigo e eu já começara a aceitar o
fato de que havia uma chance mínima de melhora da minha visão.
    Certa manhã, numa ocasião em que eu me encontrava totalmente desolado, minha esposa,
Pearl, colocou em minhas mãos um exemplar do Psychic News. "Leia a história desse
homem de Aylesbury", disse ela.
    Nessa época eu andava bastante irritado, gritando continuamente com Pearl e
com as crianças. A idéia de forçar os meus olhos para tentar distinguir as palavras
de tipo miúdo do jornal era demais. "Não seja ridícula", disse eu. "Você sabe como é
difícil para mim ler até mesmo um livro com letras graúdas; sem falar que isso é uma
bobagem sem qualquer sentido." "Não, por favor, leia-a, Joe, por favor", insistiu Pearl.
    Resmungando, levantei o jornal até a ponta do nariz para tentar focalizar as palavras. Eu
estava dolorosamente consciente do fato de que qualquer pessoa que olhasse para mim
naquela situação seria tentada a rir. Isso, mais do que tudo, me havia induzido a abandonar
totalmente a leitura, exceto quando estava sozinho. Mesmo então, o esforço e a dor nos olhos
faziam disso uma provação.
    Tive de procurar a página na qual estava a história que Pead queria que eu lesse. Estava a
ponto de atirar o jornal para longe de mim, cheio de ira pela frustração, quando distingui um
trecho sobre acontecimentos notáveis ocorridos em Aylesbury. Referia-se a operações de
olhos que, segundo dizia o jornal, estavam sendo realizadas por um médico espiritual.
    Voltei ao início da história e comecei a lê-la com muito esforço. Ela falava de um certo dr.
Lang, que havia sido um famoso oftalmologista na última metade do século XIX e na
primeira do século XX. Ele havia morrido em 1937 mas agora, dizia a história, estava
operando através de um médium de Aylesbury.
    Baixei o jornal com um comentário zombeteiro. Pearl, no entanto, pensava de modo
diferente. "Por que você não faz uma tentativa, Joe?" ela objetou. "Poderíamos ir de cano até
lá e, pelo menos, ver." De início, minha recusa fora inabalável, mas finalmente cedi.
Concordei em escrever mareando uma consulta.
    O médium era um homem chamado George Chapman. Dois dias mais tarde
recebia resposta dele comunicando que o dr. William Lang poderia me receber às 2
horas da tarde do dia 6 de janeiro de 1964.
    Bem, pensei eu; se isso for uma brincadeira, pelo menos o sr. Chapman está
obedecendo às suas regras com todo o cuidado. Olhei novamente para a carta. O
dr. Lang iria me receber, dizia ela. Eu sabia o bastante sobre espiritismo para
compreender que o sr. Chapman estaria em transe, tendo como guia o médico
espiritual.
    No dia 6 de janeiro, saímos de nossa casa em Worthing de manhã cedo. Devido
às condições dos meus olhos, Pearl de há muito havia assumido as funções de
motorista e, como iríamos ficar fora durante todo o dia, as crianças também tiveram
que nos acompanhar.
    As cinco para as duas bati 3 porta da casa do sr. Chapman. Acho que por trás da
minha disposição se encontrava o pensamento de que, se tudo o que fora planejado
não passasse de um embuste, o caso poderia se transformar numa história
interessante para os jornais de domingo.
    Fui conduzido 3 sala de espera e, alguns minutos depois, a recepcionista disse:
"Sr. Hutton, o dr. Lang o receberá agora." Mais uma vez, o dr. Lang iria me receber.
    Observei atentamente, através das minhas grossas lentes, a figura vestida de
branco, de pé junto à janela da sala de consultas. O rosto parecia enrugado, o rosto
de um velho, enquanto os olhos estavam firmemente fechados. Surpreendi-me
quando, sem abrir os olhos; o homem de branco disse: "Bem, o que o preocupa,
jovem?"
    Mais uma vez fiquei surpreso. Eu não era um jovem, certamente não tão jovem como o
médium Chapman, cuja fotografia eu havia visto no Psychic News. Agora que me encontrava
a alguns passos no interior da sala, podia notar a semelhança entre a figura que se mantinha
de pé e a fotografia de Chapman. Mas seu rosto me parecia muito mais velho. As rogas e
linhas eram marcas de uma velhice real, embora eu soubesse que Chapman tinha pouco mais
de quarenta anos.
    A figura vestida de branco moveu-se na minha direção com os olhos ainda
fechados.
    "Eu sou o dr. Lang", disse. Até a voz soava como a de um velho, pensei. "Você queria me
ver, não?"
    "Sim", disse-lhe.
    Ele estendeu a mão direita na minha direção e eu erguia minha, mas apenas a meio
caminho. Eu estava observando o seu rosto. Seus olhos não se abriram. Mas sua mão, sem
tatear ou hesitar, encontrou a minha.
    "E um prazer conhecê-lo", disse ele. "Sente-se aqui, por favor." Ele indicou uma cadeira,
de frente para a janela. Do lado de fora, o dia estava cinzento e frio e a luz, ou o que dela
existia, caiu sobre o meu rosto. "Seus olhos, jovem, estão lhe causando problemas", disse ele.
    "Sim", respondi, "e durante os últimos dois meses estão piorando. Atualmente, quase não
consigo ler. Não posso datilografar. Tive que interromper o meu trabalho e..."
    "Por favor, posso vê-los?", ele interrompeu e removeu os meus óculos. Ainda
mantinha os olhos fechados. Levantou os óculos diante do seu rosto como se
estivesse olhando através deles. "Oh, meu caro!", exclamou, balançando
vagarosamente a cabeça. "Menos dezoito."
    Ele estava totalmente correto - minhas lentes eram menos dezoito, mas eu não
lhe havia dito nada sobre elas.
    Colocou os óculos no bolso do paletó e então curvou-se para mais perto de mim, levantou
os polegares e tocou os meus olhos. Mesmo nesse momento ele não abriu os olhos. Depois de
mais ou menos um minuto, ele ergueu-se.
    "Você foi operado de ambos os olhos quando criança. Um trabalho muito bem feito."
    Fiquei aturdido. Como podia ele saber disso? Nem mesmo Pearl, minha esposa, sabia. Eu
nunca havia falado sobre isso. Na realidade, nem sequer pensava nisso há muito tempo. A
operação havia ocorrido há muitos anos - quando eu tinha seis anos de idade. O cirurgião que
a tinha realizado, o professor Elschnick, do Sanatório Gottlieb de Praga, estava morto.
    Ele curvou-se mais uma vez, tocando os meus olhos com os polegares, falando o
tempo todo. A torrente de frases e termos médicos precipitava-se sobre mim: "... e a
sua visão vem se deteriorando continuamente... o sistema de drenagem da linfa não
está funcionando corretamente... diplopia..." As palavras eram compreendidas pela
metade "... devido à perturbação do equilíbrio muscular dos dois olhos... escotoma
central..."
    Eu não sabia o que dizer, fazer ou pensar. "... e alguma lesão da retina e uma
intumescência da conjuntiva devido à presença do fluido... uma mancha está turvando a sua
visão..."
    Finalmente, ele aprumou-se outra vez: "Você também tem um problema de visão dupla,
não é, jovem?"
    Dessa vez pude apenas assentir com a cabeça.
    "Qual a sua profissão?", perguntou ele repentinamente. "Sou escritor e jornalista",
respondi.
    Ele franziu os lábios e balançou a cabeça três ou quatro vezes. "Bem, na verdade, você
depende um bocado dos seus olhos. Farei o melhor que puder para ajudá-lo."
    "Obrigado, muitíssimo obrigado", disse-lhe. "Qualquer coisa que o senhor possa fazer será
profundamente..."
    "Tudo bem, tudo bem", disse ele, evitando que eu expressasse a minha gratidão. "Há algo
mais - além dos seus olhos - que lhe está causando problemas. Vou fazer um rápido exame."
    Eu esperava que ele me mandasse tirar o paletó e a camisa, mas ele não o fez. Sentado
onde eu estava, ele tocou-me suavemente com as mãos. Não houve qualquer ruído na sala por
um período que me pareceu ser de alguns minutos. Seus olhos permaneceram fechados
durante todo o tempo. Ele não os havia aberto desde que eu entrara na sala.
    "Olhe", resumiu ele finalmente, "o vírus que provocou a sua doença, e que o
médico acreditava ser um tipo de poliomielite não paralisante, desapareceu. Mas
você é portador de algo muito sério: um vírus da hepatite que está afetando o seu
fígado. Por causa disso, ocorrem mudanças na temperatura do seu corpo, razão
pela qual o equilíbrio do fígado não pode ser mantido. Esse vírus da hepatite está
minando as suas forças."
    Se eu havia ficado surpreso anteriormente, agora estava sem fala. Eu não havia dito nada a
Chapman acerca do meu médico quando escrevi para ele, nem havia mencionado o fato de
que estava doente. Mesmo assim, ali estava o médium falando sobre algo que possivelmente
só era do conhecimento do meu médico e de minha esposa. E nenhum deles havia mantido
qualquer contato com George Chapman. Isso era fantástico.
    A tentação para aceitar totalmente tudo o que se dizia sobre o falecido cirurgião que agora
estava agindo por intermédio do médium Chapman era, de repente, muito forte. Mas o
instinto jornalístico predominava. Palavras como telepatia, transferência de pensamentos,
clarividência e tudo o que elas significavam ecoavam em meu cérebro. Em alguma delas
poderia estar contida a solução do misterioso conhecimento dos fatos sobre a minha pessoa
que o médium estava citando. Porém, quanto aos termos médicos, como explicá-los? Ele
certamente não os havia obtido de mim. Eu jamais ouvira falar da maioria deles.
    Ele estava falando mais uma vez no modo que lhe era peculiar, como um velho, com
estalidos de dentadura; uma voz fraca e cansada. "Para ajudá-lo, devo realizar uma operação
nos seus olhos. Não precisa se preocupar, jovem. Você sabe que todas as pessoas possuem
dois corpos - um corpo físico e um corpo espiritual. Portanto, irei operar o seu corpo
espiritual e tentar produzir um efeito correspondente no seu corpo físico. Você poderá me
ouvir conversar, citar nomes e solicitar instrumentos. Não fique alarmado. Serei assistido
durante a operação pelo meu filho Basil e por diversos outros colegas que você não poderá
ver porque já se transferiram para o mundo espiritual. Mas você não sentirá dores. Agora,
quero que se deite naquele sofá."
    Minha impressão sobre esse pequeno discurso foi, para dizer o mínimo, divertida. Aquilo
estava se tornando cada vez mais um perfeito quebra-cabeça, mas pensei que deveria também
continuar tentando resolvê-lo.
    Quando o médium pediu que me deitasse no sofá, esperei que me mandasse tirar a roupa.
Ele não o fez. Deitei-me de costas, totalmente vestido e com os olhos completamente abertos.
    Ele aproximou-se da borda do sofá, ergueu as mãos e começou a agitá-las e a mover os
dedos exatamente acima dos meus olhos. Os olhos dele continuavam firmemente fechados.
Os dedos das suas mãos se abriam e se fechavam como se estivessem pegando e utilizando
instrumentos cirúrgicos. Subitamente, senti uma vontade quase incontrolável de rir. A mímica
parecia muito divertida. Tive de morder os lábios com força para reprimir a gargalhada que
estava prestes a explodir. Então esforcei-me para mais uma vez prestar atenção àquela voz
idosa.
    "Separei ligeiramente o seu corpo espiritual do seu corpo físico e agora estou
operando o seu corpo espiritual... Estou fazendo uma incisão através da dobra
supratarsal e examinando os fluidos e as partes posteriores dos olhos... o cristalino,
a retina e tudo o mais. . ." E assim continuou.
    A vontade de rir desapareceu de repente.
    "... agora acabei de tratar do seu globo ocular e dos músculos, pois descobri que
os músculos ciliares estavam totalmente contraídos..." Então, por incrível que possa
parecer, comecei a ter a sensação física de incisões sendo feitas. Eram indolores mas,
não obstante, eu podia senti-las. Os olhos do homem não se abriram nenhuma vez nem ele
tocou em mim. Mesmo assim, um pouco depois, senti como se os cortes estivessem sendo
suturados. Tudo isso estava muito longe de ser divertido.
    Logo após meus olhos terem sido tratados, eu o ouvi dizer aos seus assistentes
invisíveis e inaudíveis que se o vírus da hepatite não fosse eliminado a operação
nos olhos teria pouca eficácia.
    "Agora vou realizar uma operação no seu corpo espiritual", disse-me ele, vou
tentar eliminar o vírus."
    Mais uma vez observei as suas mãos suspensas sobre mim. Mais uma vez elas
pareciam estar segurando instrumentos cirúrgicos invisíveis e mais uma vez tive
aquelas sensações indolores, como se estivessem sendo feitas incisões na carne
anestesiada. E, quando aquilo acabou, houve exatamente a mesma sensação de
uma agulha sendo inserida, puxada através do ferimento e reinserida.
    Quando ele me pediu para ficar sentado, senti-me tonto e entorpecido. E então um enorme
e terrível medo tomou conta de mim, ao descobrir que não podia ver nada! Podia apenas
distinguir muito mal entre a luz e a escuridão.
    Subitamente me veio à mente que o dr. Hudson, o oftalmologista que estava cuidando de
mim, havia me dito certa vez que a única possibilidade remota de melhoria da minha visão
consistia numa complicada série de operações que poderiam ou não ser bem-sucedidas. Ele
havia enfatizado que, se elas não obtivessem êxito, eu poderia ficar permanentemente cego.
Outros médicos a quem eu havia consultado confirmaram a sua opinião e eu havia decidido
não correr o risco.
    Tudo isso explodiu na minha mente quando me sentei, sem nada ver, naquele sofá em
Aylesbury. Havia o medo pavoroso de que a interferência desse assim chamado médium
pudesse ter causado aquilo que me fora advertido pelo dr. Hudson.
    Em pânico, comecei a gritar: "O que está errado agora? Não posso ver nada.
Pelo amor de Deus, faça alguma coisa!"
    A voz tranqüila, com o mesmo bater de dentes de antes, chegou aos meus ouvidos: "Não se
preocupe, jovem. Isso é apenas passageiro. Logo desaparecerá e você notará uma melhora
considerável." E acrescentou: "Não prometo que você terá uma visão normal, mas prometo
que sua visão melhorará consideravelmente." Sua calma era tranqüilizadora. "Continuarei a
visitá-lo quando você estiver dormindo, pois assim poderei mais facilmente separar o seu
corpo espiritual do corpo físico e proporcionar-lhe o tratamento necessário. Asseguro-lhe que
farei todo o possível para melhorar a sua visão."
    "Espero apenas que o senhor esteja certo", eu disse em desespero. "Não se
preocupe; não se preocupe, jovem", ele repetiu. "Gostaria de vê-lo novamente,
daqui a três meses. Acha que poderá vir?"
    "Oh, sim. Eu virei", concordei. "Mas, no momento, não posso ver sequer onde
está a porta."
    "Não se preocupe, jovem", disse ele mais uma vez. Ouvi então uma cigarra tocarem algum
lugar fora da sala e uma porta se abriu.
    "Sim?", disse uma voz de mulher.
    "Ah, Margaret, por favor, acompanhe o Joseph."
    "Obrigado, dr. Lang. Espero que o senhor esteja certo de que voltarei a ver:"
    "Oh, você voltará a ver, voltará sim, e isso não vai levar muito tempo."
    A voz dele era muito confiante.
    Fui conduzido para fora da sala e pedi para ser levado até a porta da frente. Foi com grande
dificuldade que tateei o caminho até onde havíamos deixado o carro. Eu estava com uma dor
de cabeça terrível, sentia-me tonto e todo o meu corpo tremia.
    Como eu tinha sido tolo em concordar com a insistência de Pearl para vir até aqui, eu
pensava. Eu podia não ser capaz de ver muito bem, mas via alguma coisa antes de aquela
mistificação me haver cegado.
    Sentei-me no cano. Pearl e as crianças haviam ido a algum lugar, caminhando, para esticar
as pernas e comer alguma coisa. Remexi os bolsos à procura dos meus cigarros e do isqueiro;
queimei a mão tentando acender um e fiquei blasfemando e deprimido.
    E então começou a acontecer.
    Eu mantinha os olhos cegos fixos à minha frente quando, muito lentamente, a forma de
uma árvore começou a se materializar. De início, pensei que era imaginação. Mas, não; não
era imaginação. Como um desses truques de efeitos cinematográficos, o contorno da árvore
ficou nítido e entrou em foco. Então fui capaz de distinguir os galhos maiores, depois os
menores e, finalmente, os pequeninos ramos desfolhados pelo inverno.
    Fechei os olhos, incrédulo. Quando os abri novamente, notei que o pára-brisa
estava sujo, necessitando de uma limpeza. O pára-brisa estava sujo e eu podia vê-
lo! Quase gritei essas palavras. Olhei para fora através do vidro traseiro e, à
distância, pude ver algumas pessoas se aproximando. E então, com uma vaga de
emoção, reconheci as pessoas. Eram minha esposa, Pearl, e meus próprios filhos; e
mesmo de longe pude divisar-lhes as feições.
    Então chorei, livre e copiosamente, enquanto permanecia sentado sozinho no carro
esperando por eles.
    Capítulo 1
    O MILAGRE
    Sentado no assento dianteiro ao lado de Pearl enquanto ela dirigia de volta para Worthing,
descobri, para minha grande satisfação, que eu era capaz de ver muito mais longe do que
jamais o fizera antes. E quando as primeiras sombras começaram a encobrir a luz do dia e as
lâmpadas das ruas e os faróis dos automóveis foram acesos, descobri também que eles não
mais me ofuscavam nem feriam meus olhos como o faziam há bem pouco tempo.
    Minha mente e meu coração estavam cheios de felicidade. Eu falava de modo ininterrupto
e em longas explosões. Depois fiquei calado. Pearl compreendeu e deixou-me com os meus
pensamentos. Tinha sido um dia cheio de acontecimentos e de rápidas mudanças emocionais,
e Pearl sabia quando ficar calada.
    Na manhã seguinte, uma terça-feira, estávamos sentados calmamente tomando o desjejum,
tendo como fundo musical a voz familiar de Jack De Manio no seu programa de serviços
domésticos Today. Eu estava lendo o jornal da manhã. Subitamente, senti uma mão que
pousava gentilmente em meu braço. Levantei a vista e vi Pearl de pé, ao meu lado, sorrindo
serenamente para mim.
    Depois de um momento, ela disse: "Veja o que está fazendo. Você está
realmente lendo o jornal. Não é maravilhoso? E você o está mantendo a vinte ou
vinte e cinco centímetros dos olhos."
    Pearl tinha razão. Eu não havia notado quão rapidamente a normalidade se restabelece por
si mesma e se toma aceita sem se pensar. Nenhum de nós falou sobre isso. Não havia
necessidade.
    No dia seguinte, acordei sentindo-me estranhamente diferente. Levou apenas um
instante para compreender o porquê. A cruel dor de cabeça e a tontura que tinham
sido minhas companheiras ao despertar durante tantas semanas haviam
desaparecido. Sumira também do meu corpo o doloroso cansaço que eu sentia há
tanto tempo, e eu estava invadido por uma sensação de crescente bem-estar.
Nesse momento, decidi ir passar o dia em Londres e mostrar aos meus colegas e
amigos o extraordinário homem novo em que Joe Hutton havia se transformado.
    Agora que todas as dores e todos os sofrimentos associados com a condição do
meu fígado haviam desaparecido, uma certa conclusão me era, por si mesma,
sugerida. Mas, conscientemente, muitas e muitas vezes afastei-a do meu
pensamento. Eu estava cauteloso. Queria provas. Não queria embarcar numa
metamorfose imaginária.
    Meus amigos de Londres, quando lhes contei as coisas notáveis que me tinham acontecido,
não se mostraram, de início, inclinados a revelar muito entusiasmo, embora, obviamente,
estivessem satisfeitos pelo fato de eu me encontrar em tão boa forma. Eles também, eu sentia,
desejavam uma prova. Até então, eles me haviam conhecido como um homem patético e com
uma visão deficiente. Assim, decidi deixar que eles julgassem por si mesmos.
    Sentei-me a uma máquina de escrever e comecei a datilografar, e eles viram imediatamente
que eu não mais necessitava baixar o nariz até o teclado. Nem tampouco tinha de me curvar
para'ler o que havia escrito. Eu era capaz de sentar-me tão corretamente como o homem ao
meu lado. Eles reuniram-se à minha volta excitados, suas congratulações explodindo em
meus ouvidos. Então, tive certeza.
    Nessa noite, quando me despia para dormir, notei uma marca alongada, uma linha grossa,
com cerca de doze centímetros de comprimento, no meu corpo. Aproximei-me do espelho
para ver o que era aquilo. De cor rosada, havia uma série de pontos acima e abaixo da linha
Parecia exatamente uma cicatriz de uma incisão cirúrgica. Passei os dedos sobre ela, mas
notei que não havia qualquer relevo. E mesmo assim era evidentemente visível, exatamente
como se eu tivesse sofrido uma operação no fígado!
    No dia 22 de janeiro voltei a Aylesbury, dessa vez com alguém que necessitava de ajuda e
queria ser atendido pelo médico espiritual. Também fui atendido e depois de um exame
realizado no sofá, ele me disse: "A operação foi um sucesso, jovem."
    Não era preciso que me dissesse. Eu sabia.
    Foi um milagre. E ele aconteceu em Aylesbury num frio dia de janeiro de 1964.
    Capítulo 2
    O Médico Espiritual e o seu Médium
    Pode alguém negar que o que me aconteceu foi um milagre? Não sei como essa afirmação
pode ser refutada e, sem querer ser impertinente, não me incomodo com isso. Estou
convencido de que foi um milagre.
    A princípio, eu fora a Aylesbury como um homem cético, disposto à zombaria - cheio de
menosprezo e desconfiança.
    Fui até lá como um homem que estava gravemente doente. Gravemente doente e à margem
da cegueira.
    De lá voltei com a visão recuperada e a saúde renovada. Esses são os fatos.
    Para mim, a prova do milagre é mais do que conclusiva. Estou certo também de que o
falecido William Lang colaborou na realização da minha cura. Eu nunca tinha ouvido falar
nele. O nome George Chapman nada significava para mim. Mas estou convencido de que
quando George Chapman entra em transe como um médium fica sob o controle do espírito de
William Lang.
    Não exijo que vocês venham a se tomar crentes como eu, nem é meu propósito convertê-
los ao meu modo de pensar. Quero que compreendam isso desde logo.
    Tudo o que estou fazendo é registrar, neste livro, as coisas que descobri durante um ano de
viagens e pesquisas. Entrei em contato com todas as pessoas cujas provas pretendo
apresentar. E as palavras aqui transcritas são delas e não minhas.
    Não estou oferecendo a vocês uma história acabada. Ela não tem qualquer enredo formal.
E, embora essa história tenha um começo e um meio, não tem um epílogo, pois ainda
continua. É justamente assim que eu acho que essas coisas devem ser narradas, e
agora é hora de fazê-lo.
    Um outro ponto que eu gostaria de mencionar é que decidi, por ser mais conveniente e não
para tentar influenciar nenhum leitor, me referir a George Chapman quando em transe como
dr. Lang.
    Em março de 1964, voltei a me encontrar com o dr. Lang para um check-up e,
posteriormente, conversei com ele durante muito tempo. Nossa conversa envolveu
diversos assuntos e descobri que ele era um interlocutor encantador e inteligente.
Finalmente, conduzi a conversa para a possibilidade de escrever algo sobre ele e
seu médium, George Chapman.
    Quando falei desse meu desejo, ele me pareceu ligeiramente acanhado. Deu um
sorriso tímido e baixou a cabeça como se estivesse pensando. Então disse:
    "Bem, suponho que algum dia esse livro certamente terá que ser escrito, Joseph. E se isso
tem de ser feito, gostaria que você o fizesse. Vá em frente, jovem; escreva-o, mas há uma
coisa que eu desejo que você tenha sempre em mente - que George e eu somos apenas
instrumentos de Deus. É através da Sua ajuda e apenas Dela que sou capaz de usara minha
habilidade como médico espiritual para aliviar o sofrimento."
    No entanto, eu sabia que o projeto só poderia ser concretizado se o dr. Lang concordasse
em falar ampla e francamente sobre a sua vida na Terra e no mundo espiritual, bem como
sobre a sua associação com o seu médium George Chapman. Aludi que esses encontros iriam
tomar boa parte do seu tempo.
    "Oh, quanto a isso, não se preocupe, jovem", replicou ele. "Venha a qualquer hora. Gosto
de ver você e a sua querida esposa. É bom encontrar pessoas com quem podemos falar
despreocupadamente."
    Agradeci e disse que havia muitas perguntas que eu desejava fazer a George Chapman. "Eu
nunca o encontrei em estado de vigília", esclareci. "Não haverá problemas. George é um
homem encantador e estou certo de que você gostará dele. Sugiro que lhe escreva a
fim de que ele marque um encontro com você."
    "Haverá alguma objeção a que eu use um gravador?", perguntei. "É mais fácil para mim do
que fazer muitas anotações."
    "Naturalmente, não", disse ele. "Estou certo de que tudo decorrerá
satisfatoriamente."
    Essa foi a conclusão de nossa conversa e quando retomei a Worthing escrevi
imediatamente a George Chapman. Foi muito mais tarde (e quase totalmente por
acaso) que eu soube que muitas solicitações de escritores famosos, jornalistas,
televisões e autores de enredos cinematográficos haviam sido feitas anteriormente.
E todas haviam sido recusadas.
    Quando eu e minha esposa finalmente nos encontramos com George Chapman
em sua casa, em Aylesbury, nos vimos diante de um jovem extremamente atraente,
que aparentava cerca de quarenta anos. Na realidade, ele estava então com
quarenta e três anos.
    Durante as minhas três visitas ao médico espiritual, eu havia tido a oportunidade
de examiná-Io de perto. Ele tinha uma maneira característica de manter a cabeça
ligeiramente erguida, como faria um homem muito mais velho para escutar. Uma
tetra indicação do aparente peso dos anos era uma tendência a curvar o corpo.
Essas eram as características de Chapman como médium, mas agora elas não
estavam presentes. À nossa frente estava uma pessoa que caminhava ereta e com
facilidade. Seu rosto era agradável e ele era obviamente uma pessoa muito tímida.
    O contraste no modo de falar era igualmente impressionante. A voz de Chapman, com um
inconfundível sotaque de Merseyside, era de um homem jovem e ele falava baixo por causa
da sua timidez, ao passo que a de Lang era educada e firme, com forte sotaque sulista,
naturalmente mesclada por termos médicos e alta como a das pessoas idosas.
    Havia, entretanto, certos atributos que eram compartilhados por ambos: excepcionais
qualidades de amabilidade e bondade, absoluta magnanimidade e uma grande devoção no
sentido de ajudar as pessoas que, em termos médicos, eram consideradas incuráveis. Logo no
meu primeiro encontro com Chapman, tive a sensação de que o conhecia há muito tempo.
    Capítulo 3
    Muito antes dos Beatles
    A neblina cobria os arredores de Merseyside no dia 4 de fevereiro de 1921. Ela
vinha do mar, trazida por um vento tempestuoso que açoitava a região e atingia os
ossos de quem estivesse nas ruas. Rio abaixo ouvia-se a triste cacofonia das
sirenes dos navios. Ao longo das docas, as pequenas máquinas auxiliares gemiam
sobre o chão úmido e escorregadio, fardos balançando precariamente na ponta dos
rangentes cabos de aço e homens com as mãos doloridas amaldiçoavam o inverno.
    No alto da massa cinzenta e suja dos edifícios que dominam a Pier Head e todo o
rio à frente, o Liver Bird, elegante e esquelético, olha para baixo, para a encharcada
e triste cidade de Liverpool. Mais ao longe do rio, na cidade-sede do condado de
Bootle, uma mulher se contorcia nas dores do parto, e quando suas dores e
sofrimentos cessaram, havia ao seu lado o rosto avermelhado de um bebê que seria
batizado com o nome de George William Chapman.
    Não eram tempos fáceis. Na Irlanda, havia agitação e a negra sombra de uma guerra civil.
Na Inglaterra, existiam muitos jovens que haviam envelhecido pelo que uma guerra mundial
lhes tinha feito, e muitos homens de meia-idade que pareciam cadáveres ambulantes. Os
mutilados e desiludidos povoavam as ruas, e os pobres, como sempre, eram freqüente e
duramente espancados.
    Mas George Chapman era muito jovem para tomar conhecimento dessas coisas. Assim, ele
foi amamentado, robusteceu-se, aprendeu a engatinhar, a andar e a falar. E; de repente, não
era mais um bebê e sim um menino de seis anos que via e sentia muitas coisas.
    Nas ruas sujas, ele via violência e pobreza, animais vagando a toda hora e em
todos os lugares. Ouvia o sotaque irlandês nas brigas entre católicos e protestantes,
e estava permanentemente chocado com as coisas que as pessoas faziam com os
animais, fosse para se divertirem ou por simples maldade.
    Sempre que via um menino se aproximando de um cão ou de um gato que estivesse
farejando comida numa lata de lixo, ele gritava para assustar o inocente animal, numa
tentativa de salvá-lo de uma pedrada certeira. Havia ocasiões em que ele era espancado como
um desmancha-prazer. Seria mentira dizer que ele não se importava com isso. Ele se
preocupava e tinha tanto medo quanto qualquer criança que perambulava pelos becos pudesse
ter, mas parecia não aprender a lição.
    À medida que se tornava maior e mais forte, o instinto de sobrevivência tomou-se cada vez
mais predominante e, cheio de confiança, aprendeu a usar habilmente as mãos e os pés, de
modo a tomar-se respeitado. Mas ele só brigava quando era necessário, e mais
freqüentemente quando a vida de um gato estava em perigo. Ou de um cão. Era assim que ele
era.
    Entretanto, havia mais gatos e cães vadios e feridos em Bootle e nos arredores do que os
que George jamais poderia ter esperanças de salvar. E o espaço onde viviam os Chapman era
demasiado limitado para acolher até um pequeno número dos animais que George queria
proteger.
    Ele precisava de um lugar para abrigar os animais desamparados. Mas ele não dispunha de
qualquer acomodação como também não tinha dinheiro bastante para comprar comida para os
animais que amava. Então, um dia, teve uma idéia. Por que não ir de porta em porta
perguntando se as pessoas queriam que ele levasse algum recado?
    As primeiras cinco ou seis portas foram batidas na sua cara. Já tinham muitas bocas para
alimentar para se preocupar em deixar alguns níqueis para dar a um moleque vagabundo de
nariz sujo para levar recados. Mas George Chapman não era uma pessoa que desistisse
facilmente e, quando chegou às casas de mulheres mais velhas, que tinham familiares adultos
que passavam o dia todo fora de casa, no trabalho, encontrou algumas pessoas que
precisavam dos seus serviços.
    Ele não gastava um níquel consigo mesmo. Tudo o que ganhava era destinado à
alimentação dos animais. Então, num dia maravilhoso, uma senhora pós à sua disposição o
seu celeiro para ser utilizado como abrigo para os seus animais de estimação. Como
pagamento, ela exigia que ele fizesse todas as compras da casa e boa parte da
limpeza doméstica. Para George era um excelente negócio.
    O abrigo de animais do jovem George logo ficou famoso no bairro. As pessoas começaram
a falar sobre o garoto que aceitava qualquer incumbência ou trabalho com o propósito de
ganhar alguns níqueis para comprar comida para cães e gatos vadios, e que punha talas nas
pernas quebradas dos animais e tratava deles quando estavam feridos. Ele também fazia tudo
o que podia para curar os animais de estimação dos vizinhos quando estes os levavam para o
"menino veterinário". A partir de então, algumas pessoas de Bootle começaram a falar do
bondoso menino que cuidava dos animais com tanta ternura.
    George deixou a escola aos quatorze anos. Foi atirado ao frio e rude mundo do desemprego
e, enquanto lhe foi possível, permaneceu vagando pelas esquinas ouvindo as conversas dos
seus companheiros de sarjeta. O futuro, tal como se apresentava, parecia sombrio e sem
esperanças. Ele não sabia de nada nem queria saber. Por que deveria? O que o mundo havia
feito em seu benefício? Ele era apenas uma pessoa sem qualquer objetivo que começava a ser
levado ao sabor das correntes, que diabo!
    Mas um dia ele ouviu falar de uma vaga para um emprego e, quase sem sequer
arrimar os cabelos, correu para a garagem onde precisavam de um encarregado do
compressor e para serviços gerais. Chegou antes que qualquer outro pretendente e
deram-lhe o emprego. O salário não era grande coisa, mas era melhor do que ficar
perambulando pelas esquinas. E, o que era mais importante, gostava do trabalho, o
que fez com que sentisse que tinha um lugar no mundo. Até o dia em que estava
deitado embaixo de um carro, tentando afrouxar um apertado parafuso do cárter. A
ponta da chave de fenda estava gasta e a rosca do parafuso remoída, e não era
possível movê-lo. Quando conseguiu fixar a chave na fenda do parafuso, George,
apoiando-se firmemente, tentou girá-la com toda a força. No instante seguinte, a
pesada chave de fenda escorregou e abateu-se sobre o rosto do rapaz,
impulsionada pela força que ele empregava.
    O gosto do sangue que escorria pela garganta provocou náuseas no jovem e ele
foi retirado de onde se encontrava com o nariz bastante ferido. Mas o proprietário da
garagem não teve a mínima consideração pelo jovem; que foi despedido sem qualquer
indenização. "Um tolo acidente causado por incompetência", foi tudo o que disse o
proprietário, e George Chapman estava mais uma vez na rua.
    Algumas semanas mais tarde ele teve a sorte de conseguir trabalho como
ajudante de açougueiro e, embora trabalhasse quase sempre das 6 da manhã às 11
da noite, gostava do trabalho. No entanto, logo após, começou-se a falar sobre uma
nova guerra e, quando esta se transformou em realidade, ele comunicou ao seu
patrão que pretendia se alistar nas forças armadas. George queria ingressar no
batalhão dos Guardas Irlandeses e, tão logo recebeu seus salários, tomou um
ônibus para o Posto de Recrutamento em Renshaw Hall. Ele viu os sentinelas altos,
eretos e firmes, com seus bonés de pala cobrindo a testa e imaginou-se usando o
mesmo uniforme.
    Mas a frustração o aguardava. Quando Chapman ficou de pé em frente de uma mesa, o
oficial encarregado do recrutamento passou os olhos pelo seu pedido de alistamento e olhou
para o rapaz.
    "Você é muito jovem, garoto. Só daqui a um ano é que pode entrar no exército."
    George estava prestes a pedir que lhe fosse concedida uma oportunidade,
quando o oficial disse: "Além do mais, você tem apenas 1 metro e oitenta e três, e a
altura mínima exigida pelos Guardas Irlandeses é de 1 metro e oitenta e cinco.
Desculpe."
    Mas a fama de George como pugilista, de uma maneira inesperada, salvou-o
nesse instante. Do outro lado da sala, um dos suboficiais encarregado do trabalho.
burocrático o reconheceu e disse ao oficial: "Esse é George Chapman, não é,
senhor? Ele é um hábil pugilista e seria bom que o rapaz ficasse conosco."
    O oficial olhou para Chapman. "Então você é mesmo um pugilista, rapaz?" "Sim, senhor.
Já fiz algumas lutas", disse George.
    "Hum." o oficial olhou mais uma vez para o requerimento. "Vejamos;fique de pé junto
daquela parede."
    George correu para a parede atrás da mesa do oficial que mediu a sua altura.
    "Parece que alguém cometeu um pequeno erro com relação à sua altura", disse ele. "De
acordo com a medida que tomei agora, você tem exatamente 1 metro e oitenta e cinco. E o
que me diz quanto ao fato de sua data de nascimento estar errada? Você disse que
nasceu em 1920 e não em 1921, não foi?"
    "Sim, senhor; exatamente, senhor", disse- George confirmando firmemente a
insinuação. Então George recebeu algum dinheiro, foi enviado para o armazém de
suprimentos do quartel e estava na Guarda Irlandesa. Mandaram-no imediatamente
para Caterham, recebeu um cofie de cabelo de acordo com o regulamento, uma
refeição de fígado e bacon e ingressou no esquadrão de treinamento.
    "Mas na primeira vez que participei de um desfile", relembrou ele, "e fiquei de pé no meio
de um grupo de soldados com 1 metro e oitenta e cinco, compreendi como eu era baixo.
Senti-me como um pigmeu na companhia de gigantes."
    "Alguns dias depois de ali chegar, encontrava-me juntamente com outros colegas no
alojamento quando alguém entrou. Todo mundo pulou de pé, mas eu estava distraído com
alguma coisa e permaneci sentado. A próxima coisa de que tomei conhecimento foi que um
jovem oficial estava de pé na minha frente olhando para baixo. "Você está doente, cansado
ou sentindo alguma coisa?" , perguntou ele. E eu respondi: `Não.' Bem, ele quase bateu no
teto. Perguntou-me se eu sabia que estava falando com um oficial e continuou a falar
ameaçadoramente; de. pois deu meia-volta e saiu enfurecido. O sargento aproximou-se de
mim e falou numa linguagem que eu não poderia jamais repetir, devido à sua absoluta
obscenidade.
    "De qualquer modo, alguns dias mais tarde eu estava sendo transferido para os Fuzileiros
Reais Irlandeses e fui mandado ao quartel-general para receber meus papéis. O oficial que me
atendeu não era o mesmo que havia vociferado comigo, mas me examinou dos pés à cabeça e
disse: `Vejamos, você é... seu nome é George William Chapman?' Respondi: `Sim, senhor'.
Ele prosseguiu: `Sua data de nascimento, Chapman?' E sem pensar, respondi: `4 de fevereiro
de 1921, senhor' . Ele começou a rir. `Ah!' , disse ele. `Logo vi. Desculpe, Chapman, você
ainda não tem idade. Nós poderíamos aceitar um jovem com o seu vigor, mas os
regulamentos têm de ser cumpridos, você compreende. Desculpe.' E eu estava desligado."
    De volta a Merseyside mais uma vez, Chapman conseguiu um emprego nas docas, mas seu
coração ainda lhe dizia para se alistar e, depois de refletir bastante durante algumas semanas,
solicitou alistamento na R. A. F. Até que as formalidades fossem completadas, chegou o dia
do seu aniversário e o civil George William Chapman tomou-se o cabo da
aeronáutica Chapman.
    A vida na R. A. F. foi muito movimentada para o rapaz de Bootle. Sua primeira designação
foi para Blackpool, onde ele se tomou instrutor de recrutas. Seguiram-se então transferências
para Tangmere e Merston. Ele travou conhecimento com o lutador peso-pesado Tony
Mancelli, com o pugilista de Birkenhead, Jack Parnell, e com muitos outros que eram hábeis
no ringue e, juntos, organizaram uma equipe para fazer exibições de boxe nos acampamentos
militares da costa sul.
    Depois, foi transferido para Portsmouth, a fim de receber treinamento de artilharia
no H. M. S. Excellent. Dedicou-se bastante aos testes práticos e estudou com
decisão a teoria e, finalmente, foi promovido a instrutor de artilharia.
    Um dia, quando um grupo de trabalho de Worthing chegou para preparar uma pista de
aterrissagem para os aviões Spitfires, um dos engenheiros, aparentemente em busca de
assunto para conversar, perguntou casualmente ao cabo Chapman se ele já havia pensado na
possibilidade de existência de vida após a morte.
    Antes que pudesse responder, a mente de George foi invadida por recordações,
muitas delas ligadas à sua infância. Lembrou-se, por exemplo, de como um dos
seus tios; um homem sisudo, falava bastante da vida após a morte e do espiritismo.
Mas o sobrinho evitava se preocupar com assuntos que estivessem além da sua
compreensão.
    "Na verdade", disse ele ao engenheiro, preparando-se para se retirar, "não estou
interessado nessas coisas."
    O outro homem disse: "Sabe, você deveria se preocupar."
    Chapman retrucou rapidamente: "Não me venha com essas bobagens, amigo. Já acontecem
muitas coisas aqui e agora sem que eu tenha de me preocupar com o que me vai acontecer
quando eu for sepultado. Compreende? Então desista, certo?"
    O engenheiro afastou-se.
    Em 1943, George Chapman foi transferido para a base Halton em Buckïnghamshire, onde
foi promovido a sargento. E foi quando estava aquartelado ali que ele conheceu a moça que
veio a se tornar sua esposa. Um ano após o casamento, Margaret presenteou o marido com
uma menina que foi batizada com o nome de Vívian Margaret Chapman. O acontecimento
proporcionou o costumeiro orgulho no coração dos recém-casados. Mas sua alegria foi
rapidamente desfeita pela tragédia, pois o médico chamou George Chapman à parte e o
advertiu que, provavelmente, o bebê não viveria mais que um mês.
    "Recordo as lágrimas que derramei nos bosques ao redor do hospital em Ashbridge no dia
em que o médico me deu essa notícia", lembrou Chapman. "Eu não era um sujeito religioso
ou um verdadeiro crente nos ensinamentos da religião, mas estou certo de que ninguém
poderia jamais orar a Deus com tanto fervor quanto o fiz nessa ocasião. Mas, quando não me
foi mais possível ter esperanças, comecei a pensar exatamente que não poderia existir um
Deus que permitisse que um inocente bebê morresse daquela maneira. Sabe o que quero
dizer? Eu estava louco.
    "Mas ela morreu. Você sabe que se diz que uma tragédia sempre modifica o nosso modo
de agir. Descobri que isso é verdade. Ambos o fizemos, Margaret e eu. De uma maneira ou
de outra, a morte do nosso bebê nos aproximou mais ainda um do outro. E quando nos
resignamos com a nossa perda, isso como que nos fortaleceu espiritualmente."
    À medida que a guerra aproximava-se do seu triste final, o sargento Chapman tomou
conhecimento mais uma vez do problema do desemprego com o qual iria se defrontar quando
saísse da força aérea. Ele não possuía qualificações especiais que o capacitassem para um
emprego civil e, particularmente, não desejava prosseguir na carreira militar. Estava ansioso
para montar um lar permanente para si e Margaret, bem como para os filhos que esperavam
ter.
    As minas de carvão estavam precisando de trabalhadores, mas ele não desejava
passar o lesto da sua vida embaixo da terra escavando os negros filões e
respirando a negra poeira. As únicas duas opções que o atraíam, embora de modo
vago, eram a polícia e o corpo de bombeiros. Além disso, não havia qualquer outra
esperança de emprego. Mais uma vez, sua estatura lhe foi contrária, pois a
convocação para o alistamento na polícia de Aylesbury estipulava a altura mínima
dei metro e noventa para os pretensos recrutas. Havia apenas um caminho a seguir.
    No dia 2 de maio de 1946, o sargento da R. A. F. George William Chapman foi
desmobilizado. Poucos dias depois, ele trocou de uniforme e tomou-se o bombeiro
Chapman do Corpo de Bombeiros de Aylesbury.
    Capítulo 4
    A SORTE ESTA LANÇADA
    Quando finalmente chegou a hora do meu encontro com o dr. Lang, comuniquei a
Chapman e ele me disse que seria melhor deixar o gravador ligado, pois não levaria senão
alguns minutos para entrar em transe. Assim o fiz e mantive os olhos fixos em George
Chapman.
    Ele pôs-se à vontade na poltrona em que estivera sentado durante a nossa entrevista,
fechou os olhos e recostou a cabeça no espaldar da cadeira como se estivesse dormindo.
Minha esposa e eu observávamos atentamente. Vimos a expressão facial mudando para a
aparência de um homem idoso. A boca retorceu-se gradativamente para uma nova forma e
novas rugas apareceram ao redor dos olhos. Uma das mãos assumiu lentamente uma posição
que eu havia notado como característica do dr. Lang. Quanto mais profundamente o médium
entrava em transe, mais ele se transformava até parecer exatamente a mesma pessoa que me
havia cumprimentado naquela primeira tarde de janeiro. Então ele se levantou e dirigiu-se a
Pearl.
    "Olá, jovem senhora. Estou encantado em vê-la novamente", começou ele.
Apertou as mãos dela e voltou-se para mim. "E você, jovem, é bom vê-lo também."
    "Estou grato pelo fato do senhor haver permitido que viéssemos vê-lo", disse eu,
e apertei-lhe a mão estendida.
    "Sim, sim..." ele disse, no seu modo de falar agradavelmente distraído. "Então,
vejamos, vocês são de Worthing, não é? Sim. Sabem? Certa vez, aluguei uma casa
para passar ali um fim de semana, creio que nos primeiros anos da década de 20.
Muito agradável, muito agradável. Mas não devo desperdiçar o seu tempo, jovem.
Vocês fizeram uma longa viagem para conversar comigo. Tentarei responder a
todas as suas perguntas.
    No dia 28 de dezembro de 1852, Isaac Lang - um próspero e conceituado comerciante de
Exeter - sentava-se à espera em sua bem mobiliada sala de visitas, enquanto sua esposa estava
em trabalho de parto num quarto do andar superior. Ele não estava preocupado e disse, mais
tarde, que de alguma forma sabia que não haveria complicações e que também sabia que o
bebê seria um menino. Quando o médico da família finalmente apareceu para anunciar: "Sua
esposa o premiou com um saudável bebê..." Isaac Lang o interrompeu dizendo calmamente:
"Sim, eu sei; com um saudável menino."
    "Como você sabe?", exclamou o médico. "Eu tinha absoluta certeza de que seria
uma menina, e disse isso a você e a sua esposa em muitas ocasiões. Geralmente
não costumo me enganar nesses casos."
    "Eu sempre disse que seria um menino. Mas você não me quis dar ouvidos", lembrou o
orgulhoso pai.
    "Sim, mas como?", insistiu o médico. "Não posso explicá-lo - eu apenas sabia." O
médico foi embora, embaraçado.
    O bebê recebeu o nome de William, e no dia do batizado Isaac Lang fez outra predição
para o seu quarto filho: William irá quebrar a tradição da família e vai se tomar um médico
bem-sucedido - um especialista famoso. Os parentes e amigos recusaram-se a acreditar nele.
Há gerações os Lang vinham sendo prósperos comerciantes, e era inconcebível que um deles
pudesse seguir ,outra profissão. Riram de Isaac e disseram que ele estava perdido em
devaneios. Mas Isaac falou com tanta convicção sobre o futuro do filho que fez com que
muitos deles pensassem outra vez.
    "Minha vida foi plena de alegrias", disse-me William Lang, enquanto falávamos sobre a
sua venturosa infância. O gravador estava ligado e eu estava sentado diante dele em seu
consultório em Aylesbury. "Naturalmente não viajamos muito, porque as viagens eram
principalmente muito vagarosas naquela época. Se íamos para Plymouth, por exemplo, ou
para qualquer outra parte em Devon, demorava bastante para chegar ao nosso destino.
    "Passamos a maior parte da juventude em nossa ampla casa em Exeter. Jamais
freqüentamos uma escola. Não; tínhamos um professor particular muito competente que
vinha nos dar aulas em casa. Ele era muito severo mas, embora gostássemos dele e o
respeitássemos, costumávamos pregar-lhe muitas peças, porque éramos tão travessos quanto
a maioria das crianças. Quando íamos longe demais, o pai era chamado, pois não era
permitido que o professor nos surrasse. Papai geralmente nos punia muito mais severamente
do que o professor poderia ter feito."
    Aos doze anos, William foi enviado à famosa Moravian School, em Lausanne, para receber
uma educação mais aprimorada. Embora seu professor particular o tivesse preparado
perfeitamente, o que foi comprovado pela sua aceitação por parte desse internato da Suíça,
não obstante, o menino de Exeter encontrou certa dificuldade inicial ao se defrontar com o
latim e com algumas outras matérias que lhe eram desconhecidas. Mas, desde o princípio, o
professor-chefe, Pirie, afeiçoou-se do rapazinho do interior da Inglaterra e o ajudou a superar
essas dificuldades. O menino revelou-se um estudante sagaz e logo tomou-se o primeiro da
classe. Ele se sobressaía em química, que era uma das suas matérias favoritas.
   "Você deve saber que os internatos suíços são muito rígidos", recordou o dr.
Lang, "mas nos divertíamos muito naquela escola. O padrão de educação era
elevado e tínhamos de estudar muito; mas era permitido visitar a cidade e as aldeias
da vizinhança e fomos também à Alemanha em muitas ocasiões. Meus colegas de
escola vinham de diferentes países e, assim, aprendemos muitas coisas sobre os
hábitos e a vida em nossos respectivos países."
    Enquanto estudava em Lausanne, William decidiu tomar-se médico. Sabendo da
tradição familiar como comerciantes, ele ficou temeroso da oposição do pai.
Quando, finalmente, sentiu-se com coragem bastante para comunicar ao pai seu
desejo de estudar medicina, ficou surpreso com a resposta do velho senhor.
    "A vida é sua, William, e quero que você se dedique a uma profissão da qual
realmente goste. Está certo, seja um médico."
    Em 1870, aos dezoito anos de idade, Willian Lang ingressou no London Hospital, em
Whitechapel, como estudante de medicina, e desde o início de sua carreira estudou com
enorme afinco e entusiasmo.
    "Quando fui morar no East End em Londres", relembrou ele, "conheci muitas pessoas
amáveis. Em Stepney e nas cercanias moravam pessoas de diversas religiões e raças. Muitas
delas eram extremamente pobres - e, de certa maneira, fiz mais amizade com estas do que
com as demais."
    O ano de 1874 foi muito importante para o então estudante de medicina de vinte e dois
anos de idade. Ele foi indicado para se tornar M. R. C. S. - Membro do Real Colégio de
Cirurgiões - e casou-se com sua prima em segundo grau, Susan. Ambos estavam apaixonados
um pelo outro e o casamento foi o começo de uma união muito feliz que só chegou ao fim
quando Susan morreu, em 1892.
    O jovem cirurgião era tão dedicado à medicina que poderia passar muitas horas com seus
pacientes, falando com os parentes e fazendo tudo o que podia para descobrir mais sobre a
verdadeira causa da doença; e quando decidia que era preciso operar, providenciava para que
os pacientes fossem levados ao hospital com bastante antecedência, visitava-os diariamente,
ganhava a sua confiança e aprendia muito sobre eles como indivíduos.
    "Sempre tentei atingir a alma de uma pessoa para que ele ou ela tivesse o desejo
de recuperar a saúde", explicou-me o dr. Lang. "Meus colegas cirurgiões
costumavam pensar que eu estava perdendo meu tempo. Alguns deles até
expressaram a opinião de que `William Lang gasta muito tempo conversando com
seus pacientes'. Bem, talvez o tenha feito mas, graças a Deus, isso parecia fazer
um grande bem aos meus pacientes. E fui... ah... totalmente bem-sucedido - espero
que isso não soe como uma presunção. Não quero ser presunçoso.
    "Lembro-me de que certo dia minha esposa Susan me disse: `Sabe, William, você
na verdade deve ter o maior número de senhoras como pacientes do que qualquer
outro cirurgião em Londres!' Respondi que devia ser por causa dos meus bons
modos!"
    Na vida de cada cirurgião existem casos em que, a despeito de todos os seus
incansáveis esforços, ele se sente frustrado. Perguntei ao dr. Lang o que ele sentia
quanto a esse aspecto da sua profissão.
   "Sim, você tem toda a razão", ele respondeu. "Às vezes, quando eu examinava
um paciente, sabia imediatamente que ele iria morrer; que não importava quem o
operasse, ele não iria sobreviver. Mas, como cirurgião, não se pode abandonar a
esperança até que haja cessado a última batida do coração.
    "Entro, quando acontecia de eu. perder um caso, ficava profundamente deprimido. Essa é
uma experiência comum a todos os médicos. Você tem a sensação de haver falhado. Falhado
como ser humano. Sente-se responsável. Sua mente racional dirá que você não foi
responsável, que fez tudo o que estava ao seu alcance, mas ainda fica com a sensação de
haver falhado. E observa a tragédia dos parentes que têm de enfrentar a vida sem a presença
da pessoa que morreu, e de alguma maneira o sofrimento deles toma-se também sua
responsabilidade. Oh, lembro-me disso muito claramente. Era muito triste; muito triste."
    Durante boa parte do seu tempo, ele falou do aspecto sociológico do seu trabalho. Uma
coisa que sempre o preocupava era ouvir falar que uma pessoa idosa estava prestes a ser
mandada para um asilo. Isso fazia com que ele saísse do hospital ou do consultório na
primeira oportunidade para rogar e apelar aos parentes dessa pessoa para que não mandassem
aquela velha senhora ou aquele velho senhor para longe. E quando obtinha êxito (como
ocorreu em muitas ocasiões), ele ia embora muito feliz pelo fato de a pessoa idosa ser capaz
de viver seus últimos anos no ambiente que lhe era familiar e confortador, em vez de ir morar
numa instituição de assistência aos pobres, onde a dignidade humana era totalmente
desprezada.
    William Lang trabalhou como médico interno e cirurgião no London Hospital, de
Whitechapel, durante nove anos. No final de sua estada nesse hospital, foi professor-
assistente de fisiologia e anatomia na faculdade de medicina. Foi então que conheceu James
Edward Adams, um famoso cirurgião oftalmologista, que o influenciou bastante. A dedicação
e a força da personalidade de Adams eram tais que Lang viu-se atraído pela oftalmologia e
começou a estudá-la. Adam o encorajava a todo instante e, quando Lang obteve uma bolsa de
estudos para pesquisas do Real Colégio de Cirurgiões e foi-lhe oferecido um cargo no
Hospital Oftalmológico Central de Londres, ele o aceitou.
    Seus anos em Whitechapel foram muito felizes e, quando chegou a hora de
deixar esse hospital, ele sentiu um peso no coração e temeroso de haver tomado
uma decisão errada.
    Capítulo 5
    Uma Brilhante Carreira
    William Lang, F. R. C. S. (Membro do Real Colégio de Cirurgiões), foi nomeado cirurgião
oftalmologista do Middlesex Hospital, de Londres, em 1880. Quatro anos mais tarde, quando
por ironia do destino seu amigo James Edward Adams foi forçado a demitir-se do Hospital
Oftalmológico Central de Londres (posteriormente Hospital de Olhos Moorfields) devido a
uma cegueira progressiva, ele substituiu Adams em seu cargo no hospital e encarregou-se
também da sua clínica particular.
    Sendo um dedicado cirurgião oftalmologista, o dr. Lang verificou que havia uma
necessidade vital de uma sociedade de especialistas em doenças dos olhos e, em companhia
de colegas e amigos profissionais, fundou a Sociedade de Oftalmologia, em 1881. A despeito
do seu denodado trabalho em sua clínica particular e no Hospital Middlesex, ele sempre
encontrava tempo para desempenhar um papel importante nas atividades da Sociedade. Em
1903, se tomou seu vice-presidente sênior; posteriormente, ocupou um cargo adicional -
presidente da Secção de Oftalmologia da Real Sociedade de Medicina.
    "Não fui um escritor prolífico - de fato, achava muito difícil escrever ou falar em público",
disse-me o dr. Lang. "Sabe, eu costumava ficar mentalmente aflito se tivesse de escrever uma
tese médica, fazer um discurso ou participar de uma cerimônia pública."
    Não obstante, sua produção literária foi considerável e suas publicações mais
importantes tiveram grande significação. Os muitos casos que ele apresentou nas
reuniões da Sociedade de Oftalmologia foram, geralmente, objeto de prolongadas e
frutíferas discussões.
    Em 1882 - quando estava com trinta anos de idade -, o dr. Lang publicou, com o dr. W. A.
Fitz-Gerald, um estudo sobre o movimento das pálpebras associado aos movimentos dos
olhos. Essa foi a sua primeira contribuição importante, na qual pôde precisar as funções do
músculo rectus inferior nos movimentos para baixo da pálpebra inferior.
    Essa publicação provocou grande controvérsia. Ele foi acusado de "utilizar-se de métodos
não-convencionais", uma vez que Sir William Gowers havia afirmado anteriormente que a
pálpebra inferior era comprimida pela pressão do limbo superior sobre a borda da mesma.
Provou-se finalmente que Sir Wí1li'am estava errado e a teoria do dr. Lang foi aceita desde
então por oftalmologistas de todo o mundo.
    Ele foi, durante muitos anos, editor do The Royal London, Ophthalmic Hospital Reports e
nele publicou, com a colaboração de Sir James Barrett, alguns estudos muito importantes.
    Entre cetras notáveis contribuições à oftalmologia, está a intitulada The Retractive
Condition of the Eyes and Mamalia, publicada em 1886. Esse estudo foi a conclusão
de demorados exames realizados numa grande variedade de animais - 185 pares
de olhos ao todo - que determinou que a maioria deles sofria de hipermetropia.
Nessa época, o dr. Lang era membro da comissão que analisava 211 casos de
oftalmite congênita, e ele publicou um cuidadoso estudo sob o título The Action of
the Myotics on the Accommodation.
    Vivamente impressionado com a sugestão do dr. Adams Frost de uma então revolucionária
operação - a inserção de um globo artificial na cavidade de Tennon depois da extirpação do
olho - o dr. Lang investigou essa possibilidade integralmente e escreveu suas próprias
conclusões em 1887. No mesmo ano, publicou também, em colaboração com Sir James
Barrett, The Action of Miotics and Mydriatics on the Accommodation - um trabalho que teve
considerável importância prática e levou finalmente ao uso de ciclopégicos no trabalho de
refração.
    Esse estudo se constituiu no relatório sobre um paciente, apoiado por cuidadosa
investigação, e foi apresentado como uma pesquisa sobre a ação de uma mistura
de homotropina e cocaína - comumente conhecida como "Gotas de Lang" - e uma
solução oleosa cuidadosamente bem preparada desses alcalóides. Ele demonstrou
em seu trabalho como a ação dessas drogas poderia ser fácil e seguramente
controlada pelo uso subseqüente de eserina.
    Os trabalhos aqui citados são apenas alguns dos publicados por Lang.
    O dr. Lang estava sempre preocupado com o lado gráfico da oftalmologia, e nisso
ele foi um mestre. Aperfeiçoou muitos dos instrumentos comumente usados.
    O medidor do poder visual de McHardy, por exemplo, foi aperfeiçoado em muitos
pontos, e essas modificações foram largamente utilizadas em todo o mundo até que
o instrumento foi substituído por modelos mais modernos. Seu espéculo com
lâminas sólidas ainda é utilizado e suas lâminas gêmeas para separar a sinequia
marcaram época no aperfeiçoamento da extração de cataratas porque, com a sua
utilização, ele chamou a atenção para a importância de se evitar a colocação de
lentes gelatinosas no ferimento.
    Como observador clínico, sobretudo na oftalmologia, o dr. Lang revelou-se da
melhor competência. Sua técnica operatória e sua habilidade em casos difíceis
eram admiradas e lembradas por todos que fizeram parte do corpo cirúrgico. A
delicadeza, a segurança e a rapidez com que trabalhava fizeram dele um cirurgião
inesquecível. Seus alunos (ele chamava cada um deles de "caro jovem") sempre
relutaram em deixá-lo, pois ele tinha muito o que ensinar e fazia isso com brilhante
fluência. E isso eu descobri por mim mesmo, ao fazer o trabalho preparatório para
este livro. O dr. Lang, disseram eles, era extremamente paciente, a essência da
cortesia, e raramente mostrava-se irritado. Na verdade, quando levado aos limites
da paciência, a mais violenta imprecação usada por ele era "Com a breca!"
    Lang casou-se outra vez e, com sua segunda esposa, Isabel, e seu filho Basil, descobriu
novamente a alegria que ele pensava tê-lo abandonado quando da morte da sua primeira
esposa. Ele teve uma profunda satisfação quando Basil, ainda jovem escolar, demonstrou
interesse pela medicina. Foi um interesse que se transformou em vocação, pois Basí1 Lang
veio a se tomar também um competente cirurgião.
    Durante uma de nossas sessões de entrevistas gravadas em Aylesbury, o dr.
Lang interrompeu subitamente sua seqüência de pensamentos e disse: "Você fuma,
jovem, não fuma?"
    Respondi: "Fumo, sim, mas me pediram para não fumar enquanto estivesse com o senhor."
    Ele não fez nenhum comentário a respeito e continuou:
    "Hoje em dia, dizem que fumar provoca câncer nos pulmões. Na minha época, costumava
dizer que o escotoma central - a área cega no campo de visão - era causado pelo fumo.
Embora eu mesmo jamais tenha fumado, não podia acreditar que o fumo
provocasse o escotoma central e, sendo o tipo de pessoa que deseja ir ao fundo de
qualquer problema, decidi testar a teoria dos meus ilustres colegas.
    "Escolhi um jovem médico, que era um dos meus pacientes, como minha primeira `cobaia'.
Ele era ideal para a minha pesquisa pelo fato de ser portador de escotoma central há muitos
anos e porque também fumava muito. Resumi para ele a teoria dos meus colegas sobre a
relação entre o fumo e o escotoma, e disse: `Vamos tentar algo, certo? Quero que você deixe
de fumar imediatamente.' Ele concordou em colaborar e deixou de fumar completamente.
Continuou a receber o mesmo tratamento de antes mas seus olhos não melhoraram, na
verdade, pioraram.
    "Para mim, isso era suficiente; mas compreendi que teria de oferecer provas mais
concludentes se quisesse substanciar minha descoberta e converter os meus teimosos
oponentes. Fiz muitos outros testes com diferentes pacientes que apresentavam o problema
do escotoma central e, finalmente, reuni evidências suficientes para demonstrar de forma
conclusiva que o fumo não causava o escotoma central. Escrevi muitas laudas sobre a
extensiva pesquisa que havia realizado. E meus escritos deram início a uma controvérsia
sobre o assunto.
    "Meus eruditos oponentes tentaram contrapor-se às minhas descobertas e disseram: `Lang
não pode estar certo; não pode ser como ele diz'. Isso porque acreditavam na sua teoria há
tanto tempo que não gostariam que alguém provasse que estavam enganados, especialmente
por um `sabe-tudo', como diziam. Entretanto, alguns deles decidiram realizar suas próprias
pesquisas com diversos pacientes e, como se sabe, admitiram finalmente que o escotoma
central não era provocado pelo fumo.
    "Naturalmente, fiquei feliz por ter sido evidenciado que eu estava certo, pois sempre
afirmei que podem haver muitas causas para qualquer doença. Se uma pessoa é portadora de
escotoma central, este pode ser causado por diversos fatores. Se alguém tiver uma irritação no
olho, naturalmente o fumo poderá agravá-la, mas não pode colocar a doença ali - da mesma
forma que não pode colocar o câncer em seus pulmões a doença deve existir ali, e então o
fumo pode agravá-la..."
    O pai de Lang, Isaac, estivera no centro de muitos acontecimentos estranhos em sua casa
em Exeter. A palavra "psíquico" não tinha nenhum significado para os filhos. Ela nunca foi
usada. O que os impressionava eram os incontáveis ruídos e visões num quarto que sabiam
desabitado. E era sempre o pai quem procurava tranqüilizá-los explicando os fenômenos.
    "São espíritos", dizia ele, "e não há por que temê-los. Os espíritos não farão mal a
vocês. Eles vêm apenas para nos visitar, para estar conosco e nos ajudar."
    Foi assim que, logo cedo na sua vida, William tomou conhecimento de um mundo
invisível. A vida após a morte foi um tema que ele ouviu ser discutido muitas vezes. À
medida que se aproximava da idade adulta, certas crenças se tomaram mais fortes para ele
mas, naturalmente, como um eminente homem da medicina, compreendia que não seria
sensato propagar em demasia o que era, acima de tudo, uma coisa muito pessoal. De qualquer
modo, suas crenças eram então impopulares, da mesma forma que hoje em dia, e ele não
desejava ficar desnecessariamente exposto a zombarias.
    Três homens que com ele tiveram uma aproximação maior proporcionaram-lhe os meios
de que ele necessitava para discutir esses assuntos. Eram médicos ilustres, todos eles nobres -
Sir John Bland-Sutton, Sir Arnold Lawson e Sir William Lister.
    "Eram pessoas maravilhosas", disse-me o dr. Lang em Aylesbury. "Podíamos
conversar entre nós sobre tudo - tudo o que você possa imaginar - mas o nosso
assunto favorito era a vida após a morte. Lembro que costumava dizer a eles:
`Saber que existe uma vida após a morte é muito consolador, pois sabemos que,
mesmo se fizermos o que for possível em favor de um paciente quando o operamos
e, não obstante, não conseguirmos salvá-lo, ele continuará a viver.' Eles
concordavam, mas sempre que qualquer um de nós se defrontava com um caso na
sala de operações, quando o pêndulo balançava apenas para um dos lados,
esquecíamos essa linha de pensamento e fazíamos tudo o que fosse humanamente
possível para salvar, ou pelo menos prolongar, a vida do paciente..."
    Uma das maiores alegrias da vida do dr. Lang era o prazer originado pela carreira do seu
filho Basil, que havia seguido seus passos e se tornara cirurgião. Pai e filho quase sempre
operavam juntos, e nada dava mais prazer ou satisfação ao dr. Lang do que ver Basil
envolvido numa cirurgia muito difícil e complicada, levando muitas operações "impossíveis"
a uma bem-sucedida conclusão.
    Então a felicidade do dr. Lang foi atingida por um golpe cruel. Basil caiu doente com
pneumonia e, embora os médicos mais capazes tivessem feito tudo o que Lhes era possível,
não puderam salvá-lo.
    "Todas as minhas esperanças se foram, todas as minhas esperanças", disse o dr. Lang
rememorando a tragédia. "Meu mundo desmoronou e, com ele, todos os meus sonhos sobre o
brilhante futuro de Basil. Ele era o meu filho. Era também um cirurgião extraordinário, muito
competente, e eu não podia suportar a idéia de não vê-lo mais na sala de cirurgia. Perdi o
interesse por tudo e fui para Crowborough, em Sussex, pois queria me afastar por algum
tempo da minha casa em Cavendish Square - onde havia lembranças muito dolorosas para
mim..."
    Muitos dos seus famosos colegas e amigos foram visitá-lo e se ofereceram para ajudá-lo,
mas na verdade não havia muito que pudessem fazer. O dr. Lang estava então com oitenta
anos.
    Um dos médicos que foram visitá-lo era um certo dr. Alexander Cannon - um clínico muito
competente que, entretanto, não era muito benquisto pelos colegas por causa das suas teorias
sobre a vida depois da morte. O dr. Cannon acreditava na projeção do corpo astral e falou
longamente ao dr. Lang sobre isso, bem como sobre muitos outros aspectos psíquicos.
    "Nós nos entendíamos muito bem", contou me o dr. Lang, "embora eu não aceitasse tudo o
que o dr. Cannon dizia e, ias vezes, pensava que ele tinha idéias totalmente loucas. Mas, antes
de tudo, gostava do modo como ele defendia a unhas e dentes qualquer coisa em que
acreditasse; e ele nunca desistia do que estava fazendo, embora isso, às vezes, lhe causasse
problemas.
    "Certo dia, quando o dr. Cannon veio me visitar, me disse: `Eu poderia corá-lo separando,
por alguns momentos, o seu corpo espiritual, ministrando-lhe o tratamento necessário.' Ele
era muito bondoso e tentou me ajudar. Mas, suponho, eu estava muito doente e não tinha
mais vontade de ficar curado. Assim, ele não pôde fazer muito em meu favor."
    Numa segunda-feira, 13 de julho de 1937, o coração de William Lang parou de bater. Ele
tinha nas mãos o livro A vida de Jesus.
    Capítulo 6
    O Momento da Morte
    Vezes sem conta, durante as nossas sessões de entrevista, sentava-me e ficava
observando atentamente a figura que ocupava a cadeira à minha frente. Meus
pensamentos, de vez em quando, se desviavam, surpresos com o que eu estava
fazendo. Mas não era uma fantasia que eu estava vivendo. O constante ruído em
surdina do motor do gravador mantinha-me consciente do local onde eu me
encontrava. Era uma realidade e eu estava fazendo o trabalho verdadeiro de
realizar uma difícil entrevista, para o que eu esperava que se tomasse uma
reportagem realmente interessante.
    Havia uma pergunta que eu queria fazer, mas não tinha certeza de possuir coragem para
tanto. Subitamente, senti que tinha de saber a resposta.
    "O senhor pode lembrar-se exatamente de como foi que morreu?"
    "Oh, sim, sim. Isso está perfeitamente claro na minha mente. Olhe, naquele dia - 13 de
julho de 1937 - eu sabia que o meu tempo de vida na Terra havia chegado ao fim. Disse aos
meus queridos amigos que estavam sentados ao redor de minha cama que eu estava
morrendo. Um deles disse: Bem, William, nós todos nos reencontraremos um dia no mundo
espiritual. E quando isso acontecer, teremos o prazer de vê-lo operar novamente." Assenti
com a cabeça. Era incapaz de falar porque, dê repente, senti-me muito, muito cansado e
comecei a penetrar num sono profundo.
    "Eu sabia bastante sobre a vida após a morte; que, de um modo ou de outro, iria
continuar a existir. Mas não sabia o que esperar quando saísse do sono profundo e
me tomasse um espírito. Não estava consciente do fato de o meu coração ter
parado de bater. Sentia-me um tanto contente, livre de problemas e preocupações, e
pensei que subitamente houvesse melhorado.
    "Então vi minhas duas queridas esposas, Susan e Isabel, o meu querido filho Basil e alguns
dos meus melhores amigos de pé ao meu redor. Não ficou claro para mim, nesse instante, que
os habitantes do mundo espiritual soubessem quando uma pessoa terminou o seu tempo sobre
a Terra e assim se reunissem à sua volta para estar perto dela, para ajudá-la. Pensei que era
apenas um sonho. E ao perguntara mim mesmo: `Onde estou? Com quem estou sonhando?',
vi-me deitado sem vida em minha cama, com meus amigos médicos e cirurgiões sentados ao
redor do meu corpo. Podia distinguir sons estranhos, mas não vozes. Obviamente, tampouco
eles podiam me ouvir ou ver. Tudo isso era angustiante e eu caí em outro sono profundo, sem
sonhos, e a angústia desapareceu.
    "Não sei quanto tempo durou esse período - teriam sido segundos, horas ou mesmo dias?
Nunca tentei descobrir, porque isso não era verdadeiramente importante para mim; porém
descobri que, durante esse tempo de inconsciência, médicos espirituais e auxiliares cuidaram
de mim; eles me livraram dessa indisposição e também das preocupações que tinham
ocupado a minha mente.
    "De repente, tudo mudou e pude ver nitidamente minhas duas esposas, Susan e Isabel, ali,
de pé, com os braços estendidos. O querido Basil, naturalmente, estava com elas, bem como
alguns dos meus amigos mais íntimos e o resto dos meus familiares. Nós podíamos falar uns
com os outros e não tive mais duvidas de que havia deixado a Terra e que aquilo não era um
sonho estranho, pois um dos meus amigos médicos disse: William, você está conosco no
mundo espiritual.' Então, vi muitos dos meus pacientes que eu havia conhecido na Terra e
que, lamerito, haviam morrido antes de mim. Eles vieram me agradecer e me senti feliz,
muito feliz.
    "Minhas esposas e meus amigos disseram que iriam me mostrar os atrativos desse novo
mundo, proporcionar-me uma festa, por assim dizer. Tudo era muito bonito, com flores
maravilhosas e uma paisagem encantadora, e senti uma profunda paz pelo fato de me ser
possível falar novamente com meus queridos familiares e amigos.
    "Quando criança, eu costumava perguntar: `O que é Deus? Quem é Deus?' Fui educado na
fé da igreja anglicana mas, durante toda a minha vida, me dei bem com a maioria das pessoas
- anglicanos, católicos, judeus e de outras religiões. Não fui aquilo que se poderia chamar de
um homem muito religioso, pois não passava muito tempo rezando na igreja, mas costumava
dedicar muitos dos meus pensamentos a Deus. Quando ia ver meus pacientes antes de uma
operação, sempre orava por eles.
    "Quando caí doente, e soube que o meu tempo sobre a Terra estava chegando
ao fim, pensei que, no momento em que passasse para o mundo dos espíritos, seria
levado à presença de Deus para prestar contas da minha vida. Nada disso
aconteceu. Quando somos transportados para cá, naturalmente vemos Deus todos
os dias, mas ninguém é levado à Sua presença. Ele não é uma figura imaginária e
lendária. Deus é o que vejo em você; Deus é o que vejo em tudo o que é bom, e
quando estou realizando curas, estou fazendo o trabalho de Deus. Deus é
simplesmente um Grande Amor, uma grande sensação de estar fazendo o bem.
Entenda, Deus é muito bom, um Deus maravilhoso - isso quando nós conhecemos
Deus; e eu sinto que O conheço. Nós estamos aqui para realizar o trabalho de Deus
- você, George, eu e todas as demais pessoas; e assim fazendo nos aproximamos
de Deus e recebemos as Suas bênçãos.
    "Quando alguém se transfere para cá, mantém a mesma perconulidade da vida terrena.
Algumas pessoas que vieram me ver disseram: `Você é uma pessoa espiritual maravilhosa,
dr. Lang', e eu disse a elas: `Olhe aqui; jovem senhora ou jovem senhor, quando eu vivia na
Terra gostava de viver a vida de um modo total. Tentei fazer o bem e não ferir
intencionalmente nenhuma pessoa, mas jamais fui um ser perfeito. E agora que me transferi
para o mundo espiritual ainda sou a mesma pessoa.' Compreenda, as pessoas acreditam que
quando alguém se transfere para cá toma-se muito maravilhoso, mas isso não ocorre. A
pessoa continua a mesma.
    "Bem, tendo me transformado em espírito, logo tive vontade de, mais uma vez, fazer algo
construtivo. Disse isso aos amigos que estavam comigo. Falei: `A medicina foi tudo para
mim na vida. Pouco sabia sobre outras coisas e gostaria de usar meus conhecimentos e minha
experiência para ajudar as pessoas. Vocês poderiam me auxiliar?' Foi então que eles me
levaram para conhecer os hospitais daqui, que são exatamente iguais a qualquer outro
hospital que eu havia conhecido. Pude ver como pacientes que tinham falecido em estado
imperfeito recebiam tratamento de médicos e enfermeiras espirituais. Notei de imediato que
tratar pacientes no mundo espiritual é muito diferente do modo que empregamos na Terra e
fiquei ansioso para aprender essa técnica especializada, tão cedo quanto possível.
    "Você não encontrará dificuldades para aprender a operar o corpo espiritual, William',
esclareceu o meu querido amigo Bland-Sutton; que havia chegado aqui um ano antes da
minha vinda. `Temos de voltar aos tempos de estudante para aprender esse novo método, que
é muito diferente daquele empregado no corpo físico, mas essa é a única maneira de um
médico espiritual ajudar os pacientes daqui de cima.'
    "Eu estava muito interessado e entusiasmado para voltar a fazer algum trabalho e,
imediatamente, comecei a estudar o método de cirurgia espiritual. Embora o corpo espiritual
seja mais ou menos idêntico ao corpo físico, é, não obstante, muito difícil explicar a quem
quer que viva na Terra de que modo, exatamente, um médico espiritual opera um corpo
espiritual ou faz qualquer outra forma de tratamento pois, de modo algum, seria totalmente
compreendido.
    "Junto com muitos outros amigos médicos, operei diversas pessoas que haviam morrido
em estado imperfeito e ajudei-as a se livrarem dos seus problemas. Era um trabalho muito
recompensador, mas de vez em quando eu pensava: `Não sou realmente necessário aqui como
médico. Existem neste lugar muitos cirurgiões e clínicos altamente capacitados, capazes de
cuidar dos seres espirituais. Talvez eu pudesse ajudar as pessoas que sofrem de doenças
graves na Terra.' Conversei sobre isso com meus amigos e, tendo considerado minha idéia
cuidadosamente, eles disseram: `O único modo pelo qual seu desejo pode ser concretizado é
descobrir um médium através do qual você possa reaparecer no plano terreno. E muito difícil
encontrar o médium certo, mas é possível.' " `Bem, vamos tentar encontrar um', sugeri.
    `Você deve estar absolutamente certo de que voltar ao plano terreno e
proporcionar ajuda médica aos que ali vivem é realmente o que você quer fazer,
antes que o médium certo seja encontrado e treinado para você', eles continuaram.
`Isso porque, quando você encontrar o seu médium, deverá ficar com ele, realizar o
seu trabalho e, então, quando o período de vida sobre a Terra desse médium
terminar, o seu trabalho como médico espiritual também estará terminado.'
    "`Bem, decidi que quero voltar à Terra como médico espiritual e estou totalmente de
acordo quanto a exercera profissão por tanto tempo quanto me for possível', afirmei. `Então,
vocês me ajudarão a encontrar o médium certo?'
    "`Pode ter a certeza, William, que faremos tudo para ajudá-lo', prometeram meus amigos.
`Naturalmente, deve ter paciência porque, como dissemos antes, é difícil encontrar o médium
certo. Não se esqueça que existem muitos médicos aqui que têm, do mesmo modo que você,
a mesma aspiração e que querem voltar ao plano terreno para trabalhar como médicos
espirituais através de médiuns; pois poucos deles encontraram um médium. No entanto, você
deve ter mais sorte que os outros. Há um jovem que vive no plano terreno que poderá ser
treinado para ser o seu médium. Mas essa é uma tarefa complicada e cheia de imprevistos.
Por enquanto, você deve continuar seu trabalho nos hospitais daqui. Aperfeiçoe suas
habilidades como médico espiritual. Nós faremos o possível para realizar algumas
experiências com esse jovem a fim de que possa ser treinado para você'. "
    Capítulo 7
    Uma Transformação
    Não muito tempo depois de George Chapman ter se alistado no Corpo de
Bombeiros de Aylesbury, um dos oficiais estava se queixando de dores nas costas.
    "O que o senhor precisa é de alguns exercícios de ioga", disse-lhe Chapman, acreditando
que poderia ajudá-lo.
    Seu colega o olhou com surpresa e disse: "Não sabia que você se interessava pelo
espiritismo."
    Chapman retrucou: "O que o espiritismo tem a ver com isso?"
    O outro homem'deu início a uma explanação que foi quase uma pequena conferência e
cujo ponto essencial era a possibilidade de recebimento de mensagens dos espíritos se
algumas pessoas se sentassem em volta de uma mesa, colocassem os dedos ligeiramente
sobre um copo emborcado e aguardassem que ele soletrasse as palavras. Chapman ficou
bastante interessado naquilo que o seu colega oficial dizia e decidiu tentar fazer isso um dia
para ver o que aconteceria.
    Pouco tempo depois, no quartel, ele fez amizade com outro homem que dizia saber tudo
sobre a recepção de mensagens dos espíritos através do método do copo emborcado.
Acontece que esse homem já havia tomado parte em sessões espíritas quando servira no
exército durante a guerra e sabia como conduzi-las. Chapman propôs a alguns de seus colegas
realizar uma sessão. A princípio, houve uma relutância divertida mas, alguns dias depois, eles
se reuniram em um grupo e leva ram a efeito uma sessão bem-sucedida. O copo emborcado
moveu-se de uma letra para outra sobre uma folha de papel na qual o alfabeto estava escrito
em círculo e soletrou mensagens indeterminadas para todos os que se sentavam ao
redor da mesa.
    Daí por diante, o desejo de fazer experiências com o espiritismo tornou-se mais foice na
mente de Chapman e o instigou a comparecer a reuniões sobre o espiritismo e a fazer sessões
com o copo. Muitas e muitas vezes, recebeu mensagens dos espíritos. A mais comum era que
ele iria _fazer curas.
    "Achei que não estava conseguindo nada com aquelas sessões e que estava apenas
gastando o meu tempo, no que se referia ao meu desenvolvimento espiritual", disse-me ele.
"Por isso, cheguei à conclusão de que a única maneira de descobrir realmente alguma coisa,
seria tentar me concentrar por mim mesmo. Pensei: bem, nada me poderá acontecer, pois sei
que controlo a minha mente, sei o que quero e se algum espírito vier, ele não me causará
medo. Poderá talvez até me ajudar a descobrir mais sobre o espiritismo.
    "Assim, comecei a me concentrar em meu quarto de dormir - todos os dias, inclusive aos
sábados e domingos - e a meditar durante horas seguidas. Senti meu desenvolvimento
mediúnico evoluir rapidamente e um dia decidi tentar algo novo. A essa altura, eu já sabia o
que era uma viagem astral. Bastava que eu me deitasse e ela acontecia imediatamente -
parecia que eu conhecia que passos deveria tomar e ninguém precisava me dizer você deve
fazer isso ou aquilo ou estudar livros sobre tal assunto'.
    "A princípio, costumava observar a mim mesmo me deslocando por diferentes partes da
casa, enquanto meu corpo permanecia deitado na cama - costumava inspecionar os diferentes
aposentos nó andar inferior. Então, decidi tentar enviar a mim mesmo para mais longe, fora
de casa.
    "Um outro estágio em meu desenvolvimento era que eu costumava ir dormir e, ao acordar,
sabia conscientemente onde havia estado. À medida que eu me desenvolvia ainda mais, me
surpreendi caindo num sono ainda mais profundo; mas quando acordava não sabia nada do
que tinha acontecido. Esse foi o começo da minha capacidade de entrar em transe profundo."
    A maioria das pessoas sem as faculdades mediúnicas estão interessadas em saber o que
sente um médium quando entra em transe; por isso, interrompi Chapman para perguntar-lhe.
    "Bem", disse ele, "eu me concentro e, logo após, sinto um peso sobre a cabeça. Uma forte
sensação de opressão parece tomar conta da base do meu crânio. Logo sinto-me muito
cansado e adormeço - ou assim me parece. Nesse estado, tenho todos os tipos de sonho -
alguns muito absurdos e fantásticos, outros instrutivos e interessantes. No entanto, não me
lembro do que o meu guia espiritual faz quando se incorpora em mim."
    Aproveitei a oportunidade para perguntar se sempre era fácil para ele entrar em transe,
onde e quando necessário, ou se havia~ocasiões nas quais ele encontrava algum tipo de
dificuldade.
    "Jamais tive qualquer espécie de dificuldade para conseguir entrar em transe", respondeu-
me. "Não faz a mínima diferença o lugar ou as circunstâncias em que me encontro e em que
tenha de fazê-lo. Apenas me concentro, fico à vontade e o resto você já sabe.
    "Houve apenas uma ocasião em que tive alguma dificuldade e não consegui entrar em
transe com a costumeira facilidade. Isso aconteceu no centro-oeste da Inglaterra, no outono
de 1954.
    "Uma senhora ali residente estava recebendo um tratamento à distância para um problema
interno e um dia me escreveu pedindo para que eu fosse visitá-la a fim de propiciar-lhe um
tratamento por contato. Nessa época, eu podia visitar pacientes com uma necessidade urgente
de tratamento por contato. Assim, marquei a consulta e dirigi-me para o local onde ela vivia.
    "Quando cheguei, ela perguntou se eu poderia esperar até que, o seu marido chegasse, pois
ele também necessitava de ajuda mas recusava-se a se submeter a qualquer coisa que tivesse
a ver com o espiritismo ou com a cura espiritual. Ela esperava que, ao observar William Lang
fazendo o seu tratamento, o marido pudesse ficar convencido e, talvez, concordasse em se
submeter ao tratamento. Eu já havia recebido pedidos semelhantes anteriormente e, como me
fosse assegurado que o esposo chegaria logo à sua casa, concordei em esperá-lo.
    "Quando ele chegou e sua esposa lhe disse que eu o estava esperando, o homem se mostrou
totalmente inflexível e determinado a não se submeter a qualquer coisa que se relacionasse
com o espiritismo. Era um homem muito inteligente, mas de uma determinação obstinada.
Lembro-me de haver tentado saber qual a sua ocupação, mas ele não me disse nem me senti
inclinado a perguntar-lhe. De qualquer modo, finalmente, ele rendeu-se à persuasão da esposa
- provavelmente para ser cortês para com ela e pela curiosidade sobre o que poderia acontecer
- e levou-me para a sala de estar. Disse-me que `primeiro faria uma experiência'. O homem
tinha um defeito na espinha e notei que caminhava com bastante dificuldade.
    "Quando nos retiramos para a sala de estar, esforcei-me para entrar em transe mas, pela
primeira vez durante a minha parceria com William Lang, senti dificuldades. Tão logo me
sentia próximo a incorporá-lo, faces desconhecidas se materializavam e um estranho odor -
que me fazia lembrara morte - invadia o aposento.
    "Mencionei essa dificuldade ao meu paciente, que não tinha tido oportunidade de tomar o
seu costumeiro banho e de mudar a roupa ao voltar do trabalho. Ele sorriu e levantou-se.
Dirigiu-se para a porta e, ao sair, disse: `Volto logo.'
    "Quando finalmente voltou à sala de estar, mais uma vez preparei-me para entrar em
transe. Dessa vez obtive êxito sem qualquer dificuldade e imediatamente William Lang foi
capaz de assumir o controle total do meu corpo. Examinou o paciente, realizou uma cirurgia
no seu corpo espiritual e conseguiu curar o homem quase instantaneamente. Em seguida, a
esposa foi operada e o seu problema interno desapareceu.
    "Um pouco depois, quando estávamos tomando uma xícara de chá, o marido mencionou a
minha dificuldade para entrar em transe. `Como lhe disse', falei, `eu estava sentindo um odor
muito peculiar e todas aquelas faces estavam se materializando. Era um odor - espero que me
desculpem -, um cheiro de morte.'
    "O marido inclinou a cabeça ligeiramente e sorriu: `Penso ser capaz de explicar por quê',
ele disse. `Sabe? Eu sou cirurgião e hoje estive fazendo necrópsias.' As condições que captei
no primeiro instante foram, sem dúvida, as dos corpos mortos que o cirurgião havia
examinado naquele dia."
    Mas isso nos leva adiante do desenvolvimento de George Chapman como médium.
    O processo era vagaroso e, a princípio, muito longe de ser espetacular. Havia pouco de
sensacional associado com ele e que pudesse convencer as pessoas facilmente
impressionáveis para uma aceitação imediata do extraordinário.
    Porém, um dia, em 1946; Chapman estava caminhando apressadamente por uma rua em
direção ao quartel. Ao dobrar uma esquina, se deparou com um velho homem, cujas roupas
maltrapilhas revelavam que ele já havia conhecido melhores dias. Aparentemente, o velho já
estava de pé na beirada da calçada há algum tempo, tentando atravessar o fluxo de
tráfego. A rua estava apinhada e ali estava ele de pé, sozinho e desamparado.
    George Chapman parou ao vê-lo e disse: "O senhor quer atravessar a ma, vovô?"
    O homem voltou para ele os olhos reumosos e assentiu, murmurando
imprecações contra o tráfego e a sua dificuldade para caminhar. "Vamos, eu o ajudo
a atravessar", disse Chapman tomando o velho pelo braço.
    Moveram-se vagarosamente para frente e Chapman, uma ou duas vezes,
estendeu a mão para moderar a velocidade dos veículos.
    Ao segurar o braço do estranho, Chapman notou que o ancião não podia fazer uso daquele
membro, pelo fato de estar paralisado numa posição torta. Não fez qualquer comentário em
relação a isso, mas colocou a sua mão sobre a junta defeituosa. Ao atingirem o outro lado da
rua, o velho subitamente gritou:
    "Posso movimentá-lo! Posso movimentá-lo!"
    Chapman não disse nada. Deixou o estranho e afastou-se rapidamente. Quando havia
caminhado um pouco, olhou para trás e viu o homem, ainda de pé, na beira da calçada,
movendo o braço para cima e para baixo e chorando emocionado:
    "Ele fez com que meu braço se movesse! Posso movê-lo! Estou curado!"
    Com o passar do tempo, houve outras pessoas no distrito de Aylesbury que foram
ajudadas pelo bombeiro que tinha a voz suave e o sotaque de Merseyside. E, como
nessas ocasiões ele estava totalmente consciente, também estava assombrado com
as coisas que aconteciam.
    Estava chovendo lá fora nas ruas de Aylesbury e um vento frio atirava as gotas geladas
contra as janelas. Era um daqueles dias traiçoeiros, quando dirigir demandava grande cuidado
e concentração. Durante todo o percurso desde Worthïng, Pearl, minha esposa, tinha escutado
enquanto eu falava, mas não havia dito nada. Ela mantinha os olhos na estrada. Foi apenas
quando finalmente entramos em Aylesbury que ela relaxou. Ambos esperávamos que o
tempo estivesse desanuviado ao término da nossa entrevista com o dr. Lang.
    Ele estava sentado em sua costumeira cadeira, de costas para a janela sobre a
qual uma persiana havia sido baixada. O reflexo avermelhado
das lâmpadas sobre as paredes provocava um agradável e cálido brilho na sala. Os
carretéis do gravador giravam vagarosamente na velocidade de 15/16. Lang estava
falando e suas palavras estavam sendo gravadas sobre a estreita fita marrom.
    "... e assim, Joseph, meus amigos no mundo espiritual se aproximaram e me disseram que
haviam obtido êxito na tarefa de encontrar o médium certo para mim. Eles o haviam
preparado e testado e confiavam que nós dois poderíamos perfeitamente trabalhar juntos."
    "Quanto tempo durou esse período de preparação e de testes?", perguntei.
    "Oh, penso que mais ou menos cinco anos. Mas você pode confirmá-lo. Sim, meus amigos
me disseram que o médium era um jovem chamado George Chapman que morava em
Aylesbury. Era membro do corpo de bombeiros local. Bem, naturalmente descobri que
George era um sujeito extraordinariamente agradável."
    "Pode me dizer como foi a primeira vez que o senhor atuou através de George Chapman?"
    "Sim, naturalmente que sim. A propósito, você deve saber que durante o seu período de
preparação, George foi instrumento de diversas curas. Elas foram realizadas por alguns dos
meus colegas do mundo espiritual, principalmente por dois escoceses. Um deles era o dr. Mc
Pherson que, segundo sei, assistiu à mãe de George em Bootle, no ano de 1920. O outro era o
meu amigo cirurgião nascido na Escócia, Mc Ewen. Penso que já lhe disse anteriormente que
ele fora um notável ortopedista.
    "Então, com referência à primeira vez, recordo-me muito bem. Tão logo me disseram:
`Você completou o seu treinamento e o seu médium está pronto', fui assumir o controle de
George. Apenas ele entrava em transe (isso sempre tem sido fácil para ele; pode concentrar-
se e entrar em transe em qualquer lugar, como se fosse dormir), eu era capaz de controlá-lo
imediatamente. Meus colegas, os outros médicos espirituais, haviam feito um trabalho
excelente e possibilitaram tanto a mim quanto a George estabelecer uma associação de
trabalho que tem sido sempre ideal."
    "George Chapman é o seu pinico médium, ou o senhor também opera através de
outras pessoas?", perguntei.
    "Apenas através de George", disse o dr. Lang decisivamente. "Não posso trabalhar por
intermédio de nenhum outro médium. Por que me fez essa pergunta?"
    "Porque alguns curadores e médiuns têm dito que o senhor está operando
também por intermédio deles, quando não o está fazendo através de George."
    "Isso é uma bobagem!", exclamou o médico espiritual enfaticamente. "Eu nunca trabalhei
através de qualquer outro médium que não fosse George. E, na verdade, não posso fazê-lo.
Eu lhe disse há pouco que George e eu fomos treinados um para o outro e que, antes de o
treinamento de George como médium começar. tive de decidir de uma vez por todas se queria
ficar com ele durante todo o seu período de existência sobre a Terra. Decidi fazer assim.
Então, veja, mesmo que eu quisesse deixá-lo e trabalhar através de alguém mais, não poderia.
E, naturalmente, não quero deixá-lo jamais. Estou muito satisfeito com ele, como já lhe disse,
e a nossa associação é ideal.
    "Não posso entender como certas pessoas ousam afirmar o fato de que o senhor
está trabalhando através delas, se isso não é verdade."
    "Bem, você sabe como é", disse Lang. "George e eu somos atualmente muito
famosos; assim, outras pessoas tentam aumentar a sua própria credibilidade fingindo que eu
estou trabalhando com elas - que estão em boas mãos, por assim dizer. Mas isso não me
preocupa. É suficientemente sabido que George é o meu único médium, e isso é tudo o que
importa."
    Também perguntei a George Chapman como foi que o médico espiritual assumiu o
controle total sobre ele da primeira vez.
    "Bem, ele me comunicou que tinha sido um homem chamado William Lang", contou-me
George. "Disse que havia sido um cirurgião que trabalhou em Londres durante os últimos
anos do século passado e até alguns anos antes da II Guerra Mundial."
    Perguntei: "Qual foi a sua reação a isso?"
    "Não entenda mal o que eu vou dizer", retrucou ele, "não é que eu não tivesse acreditado
nele, sabe? Mas queria, bem, comprová-lo. Assim, na próxima vez que entrei em transe,
pedi a um dos meus colegas do corpo de bombeiros para ficar comigo e anotar
todos os detalhes. Não posso me lembrar de nada que acontece ou do que é dito
quando estou em transe e queria ter alguns detalhes para conferir." .
    Capítulo 8
   
    "Não há Dúvida Quanto a isso"
    Desde o dia do ano de 1951 em que o dr. William Lang voltou como médico espiritual, ele
tentou deixar claro que era o William Lang que havia nascido em Exeter a 28 de dezembro de
1852 e falecido a 13 de julho de 1937. A fim de convencer o seu médium da sua verdadeira
identidade, revelou muitos episódios da sua vida na Terra - coisas que só eram conhecidas
por um círculo de amigos íntimos - e pediu que essas informações fossem confirmadas.
    Quando George Chapman analisou as informações que seus colegas haviam registrado
enquanto ele (Chapman) estava em transe profundo, ficou satisfeito pelo fato de o médico
espiritual, seu guia, ha ver fornecido algo que podia ser verificado. Como um leigo comum,
ele não tinha ouvido falar de um cirurgião chamado William Lang. Isso não era de
surpreender porque, durante sua vida, o dr. Lang não fora o que se poderia chamar de
"famoso" ou "da moda" e, conseqüentemente, seu nome não fora citado nas colunas da
imprensa popular. Embora houvesse se distinguido de muitas maneiras como um cirurgião
oftalmologista de projeção, estivera longe de ser uma figura aparatosa e suas habilidades
eram mais conhecidas no meio profissional.
    Chapman estava convencido de que o seu guia era altamente capacitado, pois disso já
tivera ampla evidência. Muitos pacientes que tinham ido à casa de Chapman para serem
tratados pelo dr. Lang haviam sido considerados "incuráveis" por seus próprios médicos e
especialistas. Lang, trabalhando por intermédio de Chapman, curou esses "incuráveis". Mas
Chapman estava ávido para conhecer tanto quanto possível da vida passada do homem que
controlava o seu corpo quando se encontrava em transe profundo. Para corroborar o que lhe
tinha sido dito por seu guia, Chapman pediu a seus amigos que procurassem detalhes sobre o
dr. William Lang - Membro do Real Colégio de Cirurgiões - nas bibliotecas públicas. Isso foi
feito com o maior cuidado, mas os pesquisadores nada encontraram.
    Sem ter conhecimento de que os detalhes sobre o dr. Lang não poderiam ser encontrados
dessa maneira, eles chegaram à conclusão de que não havia meios de comprová-los. Seria
isso alguma evidência de fraude? Um dos que ajudaram Chapman nessa busca disse-lhe:
"Parece que o seu médico espiritual nos forneceu informações falsas sobre si mesmo, pois
não conseguimos encontrar um único livro ou panfleto que contivesse qualquer referência a
um cirurgião chamado Lang na época em que ele alega ter vivido."
    O dr. Lang ficou desapontado com as "estéreis" tentativas que haviam sido feitas para
validar suas afirmações. Ele disse a Chapman: "Naturalmente vocês não vão encontrar nada a
meu respeito em livros publicados para o leitor comum; procurem na literatura que foi
publicada para os membros da profissão médica e verão que tudo o que eu disse está correto."
    Foi então feito um pedido à Associação Médica Britânica para que informasse se existia
naquela organização algum dado sobre o dr. William Lang, F. R. C. S., nascido a 28 de
dezembro de 1852 e falecido a 13 de julho de 1937. Não foram fornecidos quaisquer outros
detalhes. No devido tempo chegou a resposta da Associação confirmando tudo o que o
médico espiritual havia dito sobre a sua carreira médica. Chapman e seus amigos aceitaram
então o fato de que o médico espiritual era o mesmo William Lang que havia iniciado sua
carreira médica no London Hospïtal e que tinha se projetado como cirurgião oftalmologista
em Middlesex e Moorfields.
    Algum tempo mais tarde, outras provas impressionantes foram fornecidas sobre o médico
espiritual que era o guia de George Chapman, durante o seu estado de transe, quanto a ele ser,
na verdade, o brilhante William Lang, F. R. C. S. Essas provas espontâneas foram
proporcionadas por diversas pessoas que haviam conhecido o dr. Lang, seja nos hospitais ou
em sua clínica particular. Eram pessoas que se lembravam do alegre e bondoso cirurgião
oftalmologista.
    Quando. iam ao santuário de George Chapman em busca da ajuda do médico espiritual, os
ex-pacientes do dr. William Lang, bem como os seus amigos, esperavam apenas serem
atendidos por um certo dr. Lang. Tão logo o viam e falavam com ele, ficavam pasmados com
o modo de falar e agir que lhes era familiar. Ali estava alguém que eles não viam há anos;
alguém que havia morrido antes da II Guerra Mundial! E, ainda, ele era capaz de relembrar
casos ocorridos em antigos encontros, casos conhecidos apenas por eles mesmos, e ficavam
mais certos do que nunca de que não havia possibilidade de se enganarem quanto à
identidade.
    Uma das personalidades a identificar o médico espiritual como o dr. William Lang, F. R.
C. S., em 1961, foi o dr. Kildare Lawrence Singer, M. R. C. S. (da Inglaterra), L. R. C. P. de
Londres em 1917; capitão-médico do exército, que se lembrava muito bem de Lang. Ele
conhecera Lang pela primeira vez quando estudante no Middlesex Hospital, onde recebera
aulas de oftalmologia ministradas por Lang. Mais tarde, já como médico, estabeleceu-se uma
amizade entre ele e o seu eminente mestre, e o afeto mútuo entre ambos continuou até a
morte de Lang.
    O reconhecimento do seu velho amigo por parte do dr. Singer foi totalmente inesperado.
Singer sofria de câncer e, quando soube que um médico espiritual chamado Lang havia
curado alguns pacientes também afetados pelo mal, decidiu consultá-lo. Nunca ocorrera ao
dr. Singer que pudesse haver qualquer ligação entre esse dr. Lang e aquele dr. Lang, seu
velho professor e amigo. Mas, quando entrou no santuário de George Chapman e o médico
espiritual o saudou com o familiar "Ala, meu caro jovem, eu estou feliz em vê-lo
novamente", Singer soube imediatamente que estava diante do dr. William Lang.
    O dr. Lang conversou com o seu "jovem" amigo durante muito tempo e, às vezes,
sobre acontecimentos de há muito esquecidos e ocorridos no passado.
    "Ele me deu provas mais do que suficientes de ser, sem dúvida nenhuma, o dr. Lang que eu
conheci pela primeira vez no Middlesex Hospital em 1914", disse o dr. Singer logo após o
encontro. As visitas que se seguiram fortaleceram essa convicção.
    A era. Katherine Pickering, de Aylesbury, identificou, em 1952, o "dr." Lang como
o cirurgião William Lang com tanta certeza quanto o dr. Singer o faria nove anos
mais tarde. Ela havia encontrado o dr. Lang há quase sessenta e um anos, estivera sob os
seus cuidados durante quinze anos e, por isso, podia dizer que o conhecia muito bem.
    "Eu tinha quatro anos e nove meses quando adoeci gravemente de sarampo, o que afetou a
minha visão e, segundo suspeitou-se, contribuiu para a minha alarmante miopia", disse-me a
sra. Pickering quando a visitei em sua casa em Aylesbury no dia 26 de agosto de 1964. "Fui
levada ao departamento de oftalmologia do Middlesex Hospital e me tomei paciente do dr.
Lang.
    "Eu era uma criança muito tímida e geralmente tinha medo de estranhos,
especialmente de médicos. Mas, tão logo o dr. Lang me colocou numa cadeira e
começou a falar comigo, antes mesmo de examinar os meus olhos, toda a minha
timidez e todos os meus temores desapareceram e senti-me como se estivesse
conversando com um tio ou um parente.
    "Ele não era alto, como alguns dos outros médicos de lá, e falava de uma
maneira tão gentil que, desde logo, comecei a gostar dele."
    "É extraordinário que a senhora possa lembrar-se de todos esses detalhes", disse
eu. "Já se passaram sessenta anos!"
    "Bem, não de todo", esclareceu a sra. Pickering. "Eu fui paciente do dr. Lang durante quase
quinze anos - até estar com quase vinte anos. Você ficaria surpreso de como alguém pode se
lembrar tão claramente das coisas que em sua vida, na época em que aconteceram, causaram
uma grande impressão em sua mente. O dr. Lang me impressionou bastante. Eu era tímida e
medrosa, como já lhe disse, e essa é, sem dúvida, a razão pela qual uma lembrança da
infância de um homem que era tão bondoso e gentil está tão profundamente gravada na
minha mente."
    "O que a faz tão segura de que o médico espiritual é o mesmo dr. Lang sob cujos cuidados
a senhora esteve no Middlesex Hospital?" "Bem, assim que entrei no santuário do sr.
Chapman, o dr. Lang saudou-me com as seguintes palavras: É bom vê-la novamente após
tanto tempo, Topsy. Lembro-me de você quando era deste tamanho' e ele estendeu a mão:
Ora, ele sempre me chamou `Topsy' quando eu era uma criança, e a maneira como ele disse
isso e colocou a mão em meu ombro - bem, quero dizer, quem poderia saber disso a meu
respeito, após sessenta anos? Eu não conhecia o sr. Chapman. Estou convencida de que ele é
o dr. Lang.
    "Ele examinou os meus olhos e o modo como disse: `Oh, minha querida, eles ainda estão
muito bem', fez-me lembrar que ele quase sempre usava exatamente essa mesma frase
quando eu ia vê-lo ainda adolescente. Senti-me realmente de volta ao Middlesex
Hospital. Encontrar o dr. Lang depois de todos esses anos foi absolutamente
extraordinário."
    A sra. Pickering contou-me que o dr. Lang havia feito uma cirurgia espiritual nos
seus olhos e que, como resultado disso, a sua visão melhorou a tal ponto que agora
ela podia ler sem óculos - algo de que não era capaz antes de sua visita ao
santuário de George Chapman. Disse ainda que não tinha falado a Chapman e ao
dr. Lang sobre as dores causadas por problemas internos, em virtude dos quais ela
havia ido procurá-los para receber assistência. Não obstante, o dr. Lang havia
diagnosticado precisamente a sua enfermidade, sem nada indagar acerca dos seus
sintomas. Ele havia realizado outras operações espirituais, aplicando algumas
injeções espirituais, livrando-a assim da sua doença e dos seus sofrimentos.
    "Sou descendente da antiga linhagem dos quacres - minha família viveu em
Buckinghamshire por trezentos anos - e meu pai sempre me ensinou a dizer apenas a solene
verdade", prosseguiu a senhora Pickering. "Estou dizendo isso para deixar perfeitamente
claro que jamais disse algo em público sem ter a certeza absoluta dos fatos. Quando digo que
acredito que o médico espiritual e o dr. Lang são a mesma pessoa, estou absolutamente
convencida disso."
    Na realidade, a sra. Pickering se preocupa muito em comprovar tudo antes de fazer
qualquer afirmação. Desde a infância, ela mantém diários, relatos concisos porém detalhados
de pessoas que ela conheceu e de coisas e acontecimentos que lhe causaram impressão. Antes
de responder a qualquer das minhas perguntas, ela consultava suas anotações. Disse-me que
não confiava na memória, pois podia falhar.
    Na época do tratamento da sra. Pickering, George Chapman não tinha idéia da aparência de
William Lang. Não pudera descobrir qualquer fotografia, e tudo o que tinha era a descrição
feita pela sra. Pickering. Então, um dia, ouviu uma referência sobre um sr. Mc Donald que se
intitulava um pintor mediúnico. Foi algo que intrigou George Chapman.
    Parece que o sr. McDonald alegava ser capaz de pintar retratos de pessoas já
falecidas, bastando para isso a assinatura da pessoa que solicitasse o retrato. No
intuito de saber o que receberia em resposta, George Chapman escreveu uma
simples carta que dizia: "Gostaria de ter um retrato do meu guia espiritual." Além do
endereço e da sua própria assinatura, nada mais havia sobre a folha de papel de
carta.
    No tempo devido, um pacote oblongo foi entregue na casa de Chapman. Quando ele o
abriu, encontrou um retrato colorido de um homem de idade avançada usando colarinho de
pontas viradas e gravata. Uma nota acompanhava a pintura, explicando que o nome do guia
era William Lang e que ele tinha sido um médico.
    Chapman nunca tinha se encontrado com esse sr. Mc Donald. Nunca havia falado com ele
nem lhe havia escrito qualquer outra coisa além do pedido do retrato. No entanto, aqui estava
a nota de McDonald identificando prontamente o guia espiritual como William Lang. George
Chapman peia enésima vez em sua vida estava perplexo. Não obstante, ainda não estava
satisfeito com o que conseguira. Ele desejava saber se o retrato feito pelo pintor mediúnico
tinha alguma semelhança com o dr. Lang.
    Alguns dias após a chegada do retrato, Chapman encontrou a sra. Pickering.
Assim que pôde interromper respeitosamente a sua conversa, ele disse: "Oh, por
acaso outro dia alguém me enviou um retrato. É de um homem idoso. Um retrato
muito bom. É um original. A senhora gostaria de ir até a minha casa para vê-lo?"
    A sra. Pickering ficou espantada com esse estranho convite, mas foi à casa de
Chapman para ver aquela obra de arte. Assim que a viu, ela levou a mão à boca
num gesto involuntário de surpresa e disse: "Oh, mas é o dr. Lang! O senhor não
sabia?"
    "O dr. Lang, a senhora diz?", falou Chapman em resposta. "Sim, sim. Naturalmente que é
ele."
    "Olhe, sra. Pickering, a senhora está absolutamente certa de que este é
realmente o dr. Lang?", insistiu Chapman.
    "Meu caro sr. Chapman, como poderia eu estar enganada? Conheci esse homem, fui
atendida por ele durante quinze anos, exatamente na minha infância e adolescência até os
vinte anos! O senhor não entende? Ninguém esquece um rosto que conheceu durante todo
esse tempo, sabe?" Ela deu as costas a Chapman para olhar mais uma vez o retrato. "Ora,
lembro-me até dessa gravata que ele está usando. E espantoso. Uma semelhança
absolutamente extraordinária." Ela permaneceu ali de pé por alguns minutos, olhando para o
retrato. Ao sair, lançou um estranho olhar zombeteiro a George Chapman.
    Alguns meses mais tarde; depois de persuadir os amigos a buscarem todas as fontes
prováveis e improváveis, Chapman conseguiu obter uma antiga publicação médica que
estampava uma fotografia de William Lang no apogeu da sua carreira.
    Ele levou o livro consigo, encontrou a página com a fotografia de Lang e então
comparou-a com o retrato.
    A semelhança entre a pintura e a fotografia era notável.
    O sucesso obtido por George Chapman como médium de um médico espiritual
rapidamente se espalhou e maravilhou não apenas Aylesbury e todo o condado de
Hertfordshire como também todo o país. Muitas pessoas que sofriam de doenças incuráveis o
procuraram e, ao deixarem a sua casa, transmitiam as notícias de curas milagrosas efetuadas
pelo médico "morto" - o médico espiritual chamado William Lang. Dentro em breve, o
número de pacientes que procuravam George Chapman para serem tratados pelo dr. Lang
tomou-se imenso.
    Capítulo 9
    A Palavra uma Autoridade
    Percy Wilson, licenciado em letras (O x on) - editor técnico do periódico The
Gramophone, antigo vice-presidenta da Sociedade de Ciências Psíquicas, uma das maiores
autoridades mundiais em pesquisas sobre fenômenos psíquicos e presidente da Psychic Press
Ltd. - é um dos poucos que não apenas conheceu George Chapman nos primeiros dias de sua
mediunidade como também continuou a visitá-lo e ao médico espiritual a intervalos
freqüentes. Mas, ao contrário dos demais, o sr. Wilson, a princípio, não procurou o médium
com o propósito de ser curado. Como um pesquisador criterioso mas imparcial, seu objetivo
era determinar se a alegação de George Chapman de ter como guia um médico espiritual era
verdadeira, ou se o jovem era uma vítima da auto-ilusão.
    "Encontrei George pela primeira vez há mais ou menos doze anos em Londres e fomos
como que atraídos um pelo outro", contou-me o sr. Wilson quando o entrevistei no dia 11 de
dezembro de 1964. "Ele era uma dessas pessoas que eu queria conhecer, porque estava
ansioso para determinar, por intermédio de uma pesquisa séria, se esse jovem era ou não
controlado por um médico espiritual e, se assim fosse, se estava suficientemente
desenvolvido para possibilitar que o seu guia espiritual trabalhasse eficazmente por seu
intermédio.
    "Na verdade, eu não suspeitava que o jovem tivesse qualquer intenção conscientemente
fraudulenta, mas existem muitas pessoas que desejam muitíssimo ser médiuns de transe e
que, freqüentemente, são capazes de se tomarem vítimas involuntárias da auto-ilusão; elas se
enganam a si mesmas acreditando que o que lhes vai na imaginação é um fato. Embora
possa haver imposturas não planejadas, elas são, não obste, tão perigosas como as
fraudes deliberadas, porque enganam e quase sempre frustram extremamente os
que as buscam de boa fé. Dessa forma, elas lançam um estigma sobre a cura
espiritual e sobre o espiritismo como um todo. Por isso, deve-se ser muito cauteloso
quando se investiga a mediunidade de transe.
    "Ora, no caso de George Chapman, eu tinha de ser particularmente rigoroso pelo
fato de ele não apenas alegar ser um médium de transe que tinha corno guia um
médico espiritual, mas também por afirmar que seu guia era um certo dr. William
Lang, membro do Real Colégio de Cirurgiões, que havia falecido em 1937 e que,
durante a sua existência, tinha sido cirurgião e clínico especialista em alguns dos
mais renomados hospitais de Londres. Bem, se o resultado da minha investigação
comprovasse que o alegado era verdadeiro, isso poderia ser uma maravilhosa e
significativa contribuição para a cura espiritual e para o espiritismo em geral, e eu
faria o que estivesse ao meu alcance para ajudar de todas as maneiras o jovem e o
seu guia espiritual. Entretanto, se a minha pesquisa me convencesse de que a
alegação era infundada, naturalmente teria de divulgara minha opinião de que
aquele não era um caso legítimo de cura espiritual. Medidas como essa, na
verdade, têm sido de minha obrigação porque, principalmente quando se trata de
cura espiritual, toda a precaução possível deve ser tomada para que sejam aceitas
como capazes de curar apenas as pessoas cuja autenticidade seja comprovada e
posta acima de qualquer dúvida possível."
    "Tendo sido um espírita assíduo por mais de meio século e tendo se ocupado
extensivamente de pesquisas psíquicas, o senhor tem certeza de que não pode ser enganado
de alguma forma por um impostor muito hábil e esperto?", perguntei.
    "Bem, creio estar qualificado para levar a efeito essas investigações
adequadamente. Durante os últimos quinze anos, mais ou menos, estudei as fases
do transe mediúnico através de muitos expoentes notáveis", replicou o sr. Wilson.
"Acho que devo lhe dizer que tenho mais experiência direta com a mediunidade de
transe-e mais conhecimento de seus diferentes aspectos do que qualquer outra
pessoa viva hoje em dia. Isso pode parecer um tanto estranho pelo fato de existirem
muitos médiuns de transe que possuem mais experiência direta por estarem em
transe. Mas uma pessoa que entra em transe não conhece necessariamente a
complexidade da mediunidade de transe e a sua variedade, ou as suas
peculiaridades ou mesmo as suas técnicas. Quando investigo uma forma de transe -
ou de suposto transe -, posso dizer, quase de imediato, se ela é genuína ou se é
apenas auto-ilusão, ou talvez até uma fraude deliberada. Muitos dos assim
chamados transes são mato-ilusão."
    "O senhor investigou a alegação de George Chapman quando o encontrou pela
primeira vez?"
    "Bem, não. Eu o encontrei em Londres, como já disse, e naquela ocasião ele estava no seu
estado normal de consciência. Para que eu pudesse investigar as suas alegações, precisava vê-
lo em transe. Assim, tudo o que pude fazer quando do nosso primeiro encontro foi combinar
para encontrá-lo quando ele estivesse sob controle espiritual.
    "Naturalmente, conversei com ele sobre a sua mediunidade e o seu trabalho, e
não tive duvidas de que ele era um jovem sincero que estava imbuído do desejo de
servir à humanidade sofredora. Infelizmente, isso não servia como garantia de que
ele era, na verdade, um médium de transe genuíno - o seu desejo de ajudar as
pessoas sofredoras poderia muito bem ser a raiz de uma auto-ilusão involuntária e
totalmente inocente. Mas, naturalmente, não me decidi de imediato, pois se eu
queria fazer uma pesquisa séria, não poderia me permitir chegar a qualquer
conclusão antes de haver descoberto todos os fatos relevantes através de uma
cuidadosa investigação."
    O sr. Wilson compareceu ao seu encontro com George Chapman e, quando entrou na sala
de consultas do dr. Lang, encontrou o médium jáem transe.
    "Quando fui pela primeira vez a Aylesbury e vi o dr. Lang, tive uma impressão muito
favorável", disse o sr. Wilson. "Pude dizer, de imediato - e quem quer que seja versado em
mediunidade de transe pode fazê-lo -, que esse não era apenas um transe verdadeiro mas
também um transe do mais alto nível.
    "Aquilo foi um impacto definitivo que me deu a certeza de estar diante de uma
personalidade totalmente diferente - totalmente diferente da de George Chapman -, um
homem de idade avançada, um homem idoso e instruído como aquele, cujos conhecimentos
médicos podiam ser notados a uma distância, por assim dizer, de quilômetros. Veja você, eu
poderia tomá-lo imediatamente por um especialista de Harley Street, tanto pela sua atitude
em geral quanto pelo modo fluente e informal como ele falava sobre temas médicos.
    "Depois que realizei uma investigação muito rigorosa que me forneceu provas conclusivas
de que aquele era definitivamente um caso de transe mediúnico de alto grau, encontrei-me
mais uma vez com George Chapman, tão logo ele retomou ao seu estado normal de
consciência. Embora já houvesse reunido minhas evidências de que ali estava realmente um
notável médium que tinha como guia um cirurgião que poderia ser identificado, voltei a
interroga-lo mais uma vez, muito minuciosamente, em seu estado normal de consciência.
Havia muitas coisas que eu queria saber a respeito dele.
    "Naqueles primeiros dias de sua associação mediúnica com o dr. Lang, estava claro que o
conhecimento médico de George Chapman era muito menor que o meu e que, além de tudo,
ele era uma pessoamuito simples, sincera e honesta. Contudo, o dr. Lang era
inquestionavelmente um especialista. A diferença era marcante.
    "Além do mais, naquele tempo, George Chapman não era o que poderíamos chamar de um
homem do tipo intelectual; ele era totalmente ingênuo em alguns aspectos e, talvez, inclinado
a ser um pouco desajeitado; mas, à medida que a sua mediunidade de cura se desenvolveu e
ele ficou mais e mais sob a influência do dr. Lang, se tomou cada vez mais culto e
intelectualizado. Ele aprendeu muito através do dr. Lang. Mas, mesmo agora, depois de
longos treze anos de associação com o seu guia espiritual, ele ainda é totalmente diferente,
em personalidade, do dr. Lang, do mesmo modo que era quando o encontrei pela primeira vez
em seu estado normal de consciência
    "Ao deixar Aylesbury naquela singular tarde de 1952 o meu veredito foi: essa é
uma das mais interessantes e perfeitas formas de mediunidade de transe que eu já
vi. E quanto mais me encontrava com George Chapman e com o dr. Lang nestes
últimos anos, mais confirmava o veredito a que tinha chegado há treze anos."
    O sr. Wilson também foi atendido pelo dr. Lang como paciente, quando foi consultá-lo há
dez anos para receber ajuda do médico espiritual, ajuda que não conseguira através do
tratamento médico ortodoxo. A cura completa da sua enfermidade foi tão rápida e
impressionante que, a partir daí, sempre que sentia necessidade de conselhos médicos, ele ia
consultar o dr. Lang, da mesma forma que o seu próprio médico ou especialista. E ele estava
tão impressionado com as habilidades e os feitos do dr. Lang, que levou um considerável
número de parentes e amigos a Aylesbury para curas e operações espirituais.
    "Uma das pessoas que levei ao dr. Lang foi minha sobrinha, que tinha um
problema médico desde o seu nascimento", disse o sr. Wilson. "Quando ela estava
com dezesseis semanas de vida, começou a sofrer problemas .estomacais e não
podia reter nenhum alimento. Os médicos do hospital a operaram três vezes para
tentar descobrir o que a incorrodava. Eles não chegaram a nenhuma conclusão
definitiva, mas felizmente as operações pareciam ter surtido o efeito desejado e
durante alguns anos ela ficou livre do problema.
    "Então, há cinco anos, subitamente houve uma recaída Seus pais a levaram para
o hospital. O mesmo especialista que havia realizado as operações ainda estava lá
e, depois de examiná-la mais uma vez, disse que o problema era o mesmo de
antigamente e que teria de operá-la novamente para tentar detectar a causa.
    "Nessa ocasião, entretanto, levei minha sobrinha ao dr. Lang. Logo. depois de
examiná-la, ele disse: `Oh, isso é uma inflamação do estômago muito singular,
muito singular. É uma inflamação das paredes internas. Eu a operarei e a deixarei
curada.' Ele realizou uma operação no corpo espiritual da garota e desde então não
houve mais qualquer recaída.
    "Isso ocorreu há cinco anos. O especialista do hospital que a mantivera sob
observação durante anos ficou - e ainda está - perplexo com a miraculosa
recuperação que ocorreu antes que ele tivesse a oportunidade de operar. Bem, ai
está ela. É uma criança sumamente inteligente que está indo muito bem na escola.
Há apenas um mês, perguntei se ela tinha tido algum outro problema, e ela me
respondeu: `Não, nada, nem a mais leve dor.' Bem, levei algumas outras pessoas
como essa ao dr. Lang. Nenhuma delas deixou de sentir um considerável alívio
causado pelos tratamentos e pelas operações desse médico espiritual."
    O sr. Wilson lembrou também o seguinte caso de uma senhora que ele levou ao dr. Lang,
mas que já não podia mais ser socorrida, nem mesmo através do tratamento espiritual:
    "Quando a examinou, o dr. Lang disse-me francamente que achava não ser possível salvar
a sua vida terrena, pois havia sido consultado muito tarde. Essa é uma das qualidades raras do
dr. Lang. Quando sabe que não pode prestar ajuda, ele nunca ilude ninguém, animando-o com
falsas esperanças, embora, naturalmente, diga a verdade de uma maneira diplomática para
não perturbar ou atemorizar o paciente. Essa franqueza é muito importante porque, por outro
lado, sabemos que, quando ele diz que pode ajudar um doente, isso não se constitui apenas
numa afirmação leviana.
    "Ora, de acordo com o prognóstico do médico da família, a senhora viveria ainda por duas
ou três semanas. Quando falei com ela, um dia após ter sido atendida pelo dr. Lang, a mulher
me disse: `Toma rei o desjejum com o dr. Lang na próxima segunda ou terça feira.' Perguntei:
`Por que a senhora pensa dessa maneira?' Ela fitou-me com um olhar perspicaz e disse: `O dr,
Lang é muito sagaz.'
    "Na noite de segunda-feira ela morreu calma e pacificamente."
    Durante suas muitas visitas a Aylesbury nos últimos doze anos, o sr. Wilson tem
tido amplas oportunidades de estudar o comportamento do dr. Lang e suas técnicas
de cura. Ele resumiu suas conclusões da seguinte forma:
    "Sempre fiquei impressionado com o fato de o dr. Lang esforçar-se para explicar o que está
acontecendo aos pacientes - principalmente aos pacientes novos - e com o modo pelo qual ele
ganha, quase que de imediato, a confiança de todos. Estou igualmente impressionado pela sua
explicação do modo peio qual ele separa o corpo espiritual, de maneira a possibilitar a
realização das operações ou das outras formas de tratamento nesse corpo, bem como,
particularmente, com as palavras precisas que ele utiliza para fazer com que todos
compreendam que existe uma diferença entre o corpo espiritual e o espírito em si mesmo.
    "Uma outra coisa que também me impressiona no dr. Lang é a maneira segura como ele se
refere a tudo, sua maneira segura em cada caso. Lembre-se, tenho boas razões para saber que,
quando ele está fazendo um diagnóstico e explicando o que está acontecendo a um paciente,
ele o faz com todo o tato. Uma das suas grandes sutilezas é nunca deixar escapar
impulsivamente palavras que possam causar no paciente um choque ou uma impressão errada
de qualquer espécie. E ele só diz que é possível curar uma enfermidade quando está
absolutamente seguro de si. Mesmo então, ele costuma dizer: `Penso que somos capazes de
ajudá-lo', e isso é, falando de modo geral, tudo o que ele diz.
    "Além das curas, acho que o que mais impressiona é o seu poder de diagnose -
seus olhos de raio X, como os chamo. Sua descrição dos sintomas de um paciente
e até o seu histórico médico são sempre precisos, bem como o prognóstico sobre os
efeitos que as suas operações e os seus tratamentos no corpo espiritual terão sobre
o corpo físico.
    "Ninguém tem dúvidas, quando ouve o dr. Lang, que ali está um velho e experimentado
homem dedicado à medicina. E essa não é apenas a minha opinião, mas também a de diversos
membros da profissão médica, alguns dos quais, na verdade, foram seus amigos e alunos
quando ele estava no Middlesex Hospital durante sua vida terrena."
    O testemunho do sr. Wilson sobre a autenticidade da mediunidade de George
Chapman traz consigo uma imensa soma de crédito. As pessoas envolvidas com as
pesquisas psíquicas estão mais que profundamente conscientes dos rigorosos
testes que devem ser feitos para comprovar a veracidade das alegações daqueles
que se julgam dotados de poderes mediúnicos. Na área da ciência e das pesquisas
psíquicas, o nome de Percy Wilson é, com certeza, bastante conceituado.
    Capítulo 10
    A SORTE DE UM POLICIAL
 
    Reginald Abbiss, de Aylesbury - um inspetor de polícia aposentado que passou trinta anos
na corporação -, era uma das pessoas que foram ao santuário de George Chapman durante os
primeiros estágios da sua parceria com o dr. Lang.
    Eu queria saber como veio a acontecer de um oficial superior da polícia, com uma mente
cética, em vez de consultar o seu médico clínico, ter ido procurar a ajuda de um médico
espiritual.
    "Bem, eu lhe direi", disse o sr. Abbiss, quando o visitei em sua casa em Aylesbury, no dia
16 de setembro de 1964. "Um dos meus amigos, que havia servido comigo na força policial
desde 1929 e que sabia que . a minha esposa tinha uma saúde deficiente, falou-me sobre o
tratamento maravilhoso que o dr. Lang havia proporcionado a um amigo seu que estivera
doente e desenganado. Ele achava que o médico espiritual podia ser capaz de fazer muito
mais pela minha esposa do que o tratamento médico ortodoxo que, honestamente, não vinha
produzindo resultados muito convincentes. Realmente, descobri mais tarde que aquele meu
amigo havia pensado muito sobre o assunto antes de me abordar. Ele temia que eu ficasse
irritado com a simples menção de coisas sobrenaturais. Ao mesmo tempo, não desejava que a
minha esposa se visse privada de algo que poderia provocar a sua cura. Assim, ele me falou
primeiro das coisas notáveis que o dr. Lang estava fazendo.
    "Eu nunca tivera um c~tato anterior com alguma pessoa ou coisa ligada ao espiritismo ou à
cura espiritual, mas fiquei interessado, ao saber do meu amigo, que o dr. Lang trabalhava por
intermédio do seu médium, George Chapman, e como o médico espiritual realmente agia
e ajudava os seus pacientes. Fiquei tão intrigado com o que o meu amigo me contou que
decidi visitar o dr. Lang e descobrir por mim mesmo como seria entrar em contato com o
espírito de um morto.
    "Meu amigo marcou uma consulta para que minha esposa fosse atendida pelo dr. Lang no
santuário de George Chapman e eu fui junto com ela. Do que eu havia aprendido até então,
tinha alguma idéia de como eram as coisas mas, na verdade, eu não sabia exatamente o que
esperar.
    "Quando minha esposa e eu entramos na sala de consultas do dr. Lang, um cavalheiro
idoso e gentil, ou ele me pareceu, com os olhos fechados, nos deu as boas-vindas e nos
saudou estendendo a mão. Ele conversou conosco por alguns instantes abordando. diversos
assuntos. Ao saber que eu era um inspetor de polícia aposentado, disse que eu era o seu
primeiro paciente dessa espécie e comentou como era muito mais fácil o trabalho da polícia
naquela época.
    "Era uma experiência inusitada, de certo modo opressiva. Aquela era a primeira vez em
minha vida que eu via uma pessoa em transe. De fato, quando falei com o espírito de um
morto, através do médium, de um modo tão aberto como o faria com qualquer pessoa viva,
pensei: `Não compreendo por que não tentei fazer isso antes'."
    O dr. Lang pediu que a sra. Abbiss se deitasse no sofá e, quando as suas mãos tocaram de
leve o seu corpo totalmente vestido, diagnosticou a sua enfermidade detalhadamente.
Explicou então a ambos que todas as pessoas possuem um corpo físico e um corpo espiritual,
que ele tratava apenas o corpo espiritual, tentando conseguir um efeito correspondente no
corpo físico.
    Depois, q dr. Lang realizou uma cirurgia espiritual na sra. Abbiss, enquanto, durante todo o
tempo, o seu marido observava e via o que estava acontecendo.
    "Fiquei surpreso quando ele quis examinar a mim, pois eu não havia marcado uma consulta
para mim mesmo - estava ali apenas para acompanhar a minha esposa", prosseguiu o sr.
Abbiss. "Na realidade, há algum tempo eu vinha sentindo um pequeno incômodo interno,
mas não havia me preocupado e, com certeza, não havia falado nada sobre isso com quem
quer que fosse. Fiquei curioso para saber de que modo o dr. Lang havia tomado
conhecimento do meu incômodo.
    "Naturalmente fiz o que ele mandou e, tão logo me deitei no sofá e o dr. Lang -
com os olhos ainda fechados - tocou suas mãos ligeiramente em meu corpo totalmente
vestido, me disse exatamente qual era o problema: que eu estava sofrendo de algo
relacionado com o meu piloro e que necessitava de cuidados por causa da prisão de ventre e
do desconforto que isso causava. Explicou então que iria fazer uma operação espiritual que
me livraria do problema.
    "Devo dizer que senti uma sensação agradabilíssima enquanto ele realizava o seu trabalho.
    "O dr. Lang estava totalmente correto em tudo o que disse. No dia seguinte ao que ele me
operou, senti uma leve melhora. Não pense que isso foi causado por um condicionamento ou
pela força de vontade. De qualquer forma, em cerca de duas semanas, não sentia mais nada,
prova suficiente de que o dr. Lang me havia curado."
    "O senhor está me dizendo que aceitou tudo como correto desde o princípio?", perguntei.
    "Bem, eu já lhe disse que, quando entrei pela primeira vez no consultório do dr.
Lang, não sabia exatamente o que esperar. Devo confessar que estava de
sobreaviso para verificar se tudo aquilo era honesto", replicou o ex-inspetor. "O
senhor compreende; é natural que, durante os meus trinta anos na força policial, eu
tenha me acostumado a ver as coisas com desconfiança, procurando diferenciar
entre o genuíno e o fraudulento. Observei atentamente todos os movimentos feitos
pelo dr. Lang.
    "Todas as suspeitas de qualquer tipo que eu poderia ter nutrido foram
rapidamente dissipadas e, de certo modo, senti-me envergonhado por ter sido
desconfiado. Toda a atmosfera daquele ambiente era de sinceridade e plena do
desejo de ajudar as pessoas necessitadas.
    "Sim, fiquei convencido de que estava diante de um verdadeiro médico espiritual, que
falava e agia através do seu médium. E, além disso, eu estava - e ainda estou - impressionado
com o dr. Lang. Senti que estava falando com um velho médico cujas maneiras e
comportamento evidenciavam a sua profissão, e não tive dúvida em afirmar que acreditava
plenamente nele. Minha rápida recuperação confirmou a fé que nele depositei."
    O ex-inspetor Abbiss acompanhou a sua esposa durante todo o seu tratamento no santuário
de Chapman. Em certa ocasião, ele encontrou George Chapman quando o médium não estava
em transe.
    "Que contraste marcante havia entre o sr. Chapman e o dr. Lang!", disse-me o sr. Abbiss.
"Fisicamente, o sr. Chapman era um homem muito mais moço, e seu modo de falar era
totalmente diferente. O médico, mais idoso, sempre falava como um clínico de idade
avançada, enquanto o sr. Chapman falava com um nítido sotaque nortista. As suas maneiras
eram muito diferentes e não tive dúvida de que, realmente, eu estava me encontrando com
duas pessoas completamente distintas. Por acaso, naquela época, o sr. Chapman ainda era um
oficial do corpo de bombeiros de Aylesbury."
    O sr. Abbiss acompanhou regularmente a sua esposa quando ela ia receber
tratamento. Numa ocasião; muito tempo depois da primeira visita, o dr. Lang,
inesperadamente, pediu que ele se deitasse no sofá.
    "`Não há nada de errado comigo, dr. Lang', disse eu. `O senhor me curou completamente
do meu mal'. O dr. Lang replicou: `Gostaria de examinar os seus olhos, jovem'. Bem, fiz o
que ele pedia e o médico espiritual realizou uma operação nos meus olhos. Ele me disse que
havia corrigido um defeito e, para dizer a verdade, logo notei uma considerável melhora na
minha visão. Eu costumava usar óculos quando dirigia, mas desde a operação feita pelo dr.
Lang, não mais precisei usá-los.
    "Não sou, de maneira nenhuma, um caso excepcional - conheço muitas outras pessoas que
foram beneficiadas por operações e tratamentos do dr. Lang, de um modo tão surpreendente
quanto o fui.
    "Não seria correto dizer que todos os pacientes do dr. Lang são espíritas
convictos dispostos a aceitar tudo sem questionamentos. Antes pelo contrário. Os
pacientes na sala de espera do sr. Chapman são pessoas que têm diversas
filosofias de vida. Lembro-me de ter ouvido uma mulher perguntar a outra se ela era
espírita e a última respondeu imediatamente: `Não, não sou. Mas que diabo isso
tem a ver com a cura? Estou recebendo uma assistência maravilhosa e não preciso
saber ou acreditarem nada mais do que isso'."
    Capítulo 11
    Escapando do Bisturi
    No início da sua parceria com o dr. Lang, George Chapman concordava em visitar
os pacientes que necessitavam de ajuda, sempre que encontrava tempo para tanto.
Às vezes isso significava fazer longas viagens às suas próprias custas. Uma dessas
visitas teve lugar em 1954, quando ele foi atender a sra. Winifred Holmes em sua
casa em Chester.
    A sra. Holmes vinha sofrendo de cálculos biliares há muito tempo. Não tendo conseguido
obter resultados perceptíveis com o tratamento médico ortodoxo e pelo fato de relutar em
consentir ser operada (como muitas outras pessoas, tinha um medo excessivo do bisturi do
cirurgião), decidiu tentar a cura espiritual. Ela ouvira falar de alguns feitos do dr. Lang e
escreveu a George Chapman para combinar uma cura à distância pelo médico espiritual.
Assim foi acertado, mas não produziu qualquer alívio visível. Entro a sra. Holines pediu para
se submeter a um tratamento por contato e perguntou se era possível o sr. Chapman ir até
Chester. Ele concordou e marcou a visita para o dia 3 de setembro de 1954.
    Quando chegou à casa da sra. Holines, esta pediu que ele esperasse até que o
seu marido voltasse do trabalho.
    "Ele também está precisando de tratamento", explicou ela. "Não acredita na cura
espiritual - na verdade, ele não tem tempo para dedicar ao espiritismo ou para
qualquer outra coisa desse tipo - mas tenho esperanças de que, se ele testemunhar
o meu tratamento, possa se convencer da sua eficácia e concordar em receber o
mesmo tratamento." Ela acrescentou que o seu marido estava sob cuidados
médicos no hospital, mas que isso parecia não estar dando resultado.
    Enquanto aguardavam, a sra. Holmes falou a George Chapman sobre o problema do seu
marido.
    "Ele sofreu um acidente há algum tempo e desde entro vem sofrendo muito - quase sempre
com dores intensas. O raio X revelou que ele tem um deslocamento de disco da coluna, um
mal do qual ele já padeceu em três outras ocasiões, sem que tenha conseguido ficar
definitivamente curado. Ele é empregado de uma fundição e o senhor pode imaginar como é
incômodo para ele usar um colete de aço. Agora, os médicos decidiram que uma jaqueta de
gesso poderia ser mais conveniente. Espero que o dr. Lang possa aliviá-lo dos seus
sofrimentos e curá-lo..."
    "Tenho a certeza de que ele fará tudo o que puder", respondeu Chapman.
    Quando John Holmes chegou, foi apresentado a George Chapman e, de
imediato, demonstrou uma forte aversão a tudo que estivesse ligado à cura
espiritual. Disse que não queria saber de nada que estivesse relacionado com isso.
Mas a sra. Holmes era uma esposa persuasiva e quebrou a resistência do marido.
Com relutância, ele concordou em se submeter ao tratamento com o médico
espiritual. Não obstante permanecesse muito cético, embora um tanto curioso, ele
quis deixar claro que havia concordado apenas para satisfazer a sua esposa.
    Os dois homens retiraram-se para outro aposento, onde o médium entrou em
transe com a costumeira facilidade. Pouco tempo depois, o dr. Lang pôde assumir o
controle total sobre ele.
    "Tenho prazer em conhecê-lo, jovem", o dr. Lang saudou o sr. Hoimes. Enquanto tocava
com as mãos o corpo totalmente vestido do paciente, ele acrescentou: "Estou muito contente
pelo fato de sua que da esposa haver conseguido que você viesse me ver, porque penso que
poderei colocar o disco deslocado no seu devido lugar e em definitivo. Depois disso, não
haverá mais necessidade de você usar um colete de aço ou uma jaqueta de gesso - você estará
perfeitamente curado, jovem, e poderá trabalhar com a mesma facilidade de antes do seu
acidente. E quando for ao hospital para o seu próximo exame, o médico confirmará o que
estou dizendo."
    Holmes ficou surpreso pelo fato de o médico espiritual não ter achado necessário
fazer algumas perguntas e saber, de imediato, a natureza da sua enfermidade.
Começou a sentir-se muito menos seguro de que nada adviria dessa estranha experiência.
    O dr. Lang realizou uma operação espiritual e, enquanto ele agitava os dedos e dava ordens
ao seu filho Basil e a outros assistentes in. visíveis, John Holmes sentiu uma dor súbita e
penetrante.
    "Foi extraordinário", afirmou o sr. Holmes posteriormente. "O dr. Lang não tocou
realmente no meu corpo - suas mãos ficaram todo o tempo suspensas acima dele.
Quando sentia pontada de dor durante a `operação', notei que as suas mãos
estavam a uma distância de três a cinco centímetros afastadas de mim."
    A princípio, a assim chamada operação espiritual pan;cia ter fracassado. Longe
de se sentir melhor, o sr. Holmes estava convencido de que a sua situação havia
piorado. Ele se julgou um tolo por haver permitido ser persuadido em relação a uma
coisa que ele não acreditava desde o início. Por que não se tinha aferrado às suas
próprias convicções? Mulheres - elas estão sempre se intrometendo! Veja agora em
que condições me encontro!
    Holmes estava prestes a dar vazão aos seus sentimentos quando lhe disseram:
"Muito bem, forem; se quiser, já pode tentar andar e se movimentar."
    Ele reprimiu a sua raiva e levantou-se do sofá. Surpreendentemente, foi muito
mais fácil do que esperava. Escorregou as pernas lateralmente para baixo e ergueu-
se para uma posição de pé sobre o chão. Nenhuma dor. Experimentou dar um
passo. Não sentiu dores. Então, caminhou através do assoalho até o outro lado da
sala e, mais uma vez, de volta, sentindo que começava a sorrir, completamente
aliviado.
    Mas havia ainda uma outra coisa que ele queria tentar. A lembrança das dons
passadas o inibia. Porém sabia que, se não tentasse fazer aquilo, jamais saberia se
o que ele pensava ter realmente acontecido, de fato, ocorrera. Reuniu coragem e,
vagarosamente, esperando a todo momento ficar paralisado pela dor, começou a se
curvar para a frente tanto quanto possível. Fez isso sem que aparecesse a menor
pontada de dor e, então, com o mesmo êxito, voltou à posição normal. Ele o fizera!
Não tinha havido dor! Estava curado!
    John Holmes ficou de pé fitando a figura arqueada que o observava. "Bem, eis aí,
jovem. Sente-se melhor agora?"
    Holmes não podia falar. Assentiu com a cabeça.
    "Agora quero ver a sua boa senhora: Poderia pedir-lhe que viesse até aqui?"
    Holmes saiu e chamou a esposa. Quando ela viu o seu rosto, havia muitas coisas que ela
queria lhe perguntar - particularmente sobre o sorriso idiota que lhe cobria a face. Mas agora
não tinha tempo para isso: o dr. Lang estava esperando.
    John Holmes permaneceu de pé e observou enquanto as operações espirituais
eram realizadas em sua esposa. Quando tudo terminou, ele viu a esposa sentar-se
com um sorriso no rosto, os sinais de dor já desaparecendo. Ela caminhou em sua
direção, depois de agradecer ao médico espiritual, e segurou-lhe as mãos. "John",
disse ela, "sinto-me muito melhor. Não há mais dores e não vou precisar ser
operada. Não é maravilhoso?" Ela deu as costas ao marido. "Oh, dr. Lang,
muitíssimo obrigada. Obrigada, obrigada", disse ela.
    John Holmes nunca mais usou um colete de aço.
    Quando foi ao hospital, alguns dias após a cura efetuada pelo dr. Lang, disseram
que o disco deslocado havia retornado ao seu lugar. O médico que o examinou ficou
surpreso e também confirmou o que o dr. Lang havia dito: que não havia mais
necessidade do colete de aço ou da jaqueta de gesso. O sr. Holmes nada disse
sobre o médico espiritual.
    Em janeiro de 1965, localizei os Holmes. Eles não haviam mando contato com o George
Chapman ou com o dr. Lang desde aquela singular ocasião há cerca de dez anos.
    "Não houve necessidade de procurá-los", disse-me o sr. Holmes. `Tenho trabalhado no
meu antigo emprego na fundição desde então, sem haver faltado um dia sequer por motivo de
doença. Há muitos anos que venho me sentindo muito bem."
    A sra. Holmes também ficou com a saúde perfeita desde aquele dia de setembro
de 1954.
    Capítulo 12
    A Moça do Milagre
    De todos os casos que investiguei, o daquela dona-de-casa de Amersham, a sra.
Dorothy James, foi o mais surpreendente e comovedor. Sem falar no tempo da
guerra, nunca havia me deparado com alguém tão terrivelmente ferido: crânio
fraturado, membros quebrados, perda de visão, perda de memória - suas condições
físicas pareciam tão precárias que um padre fora chamado para administrar-lhe a
extrema unção.
    Mas, num dia de junho de 1964, encontrei-me com a sra. James e ouvi dela e do
seu esposo o que havia acontecido no dia 12 de novembro de 1954. Ela era uma
pessoa alegre e encantadora.
    "Lembro-me de haver descido do ônibus quando me encaminhava para o trabalho",
relembrou ela. "Como de costume, esperei que ele se afastasse do ponto de parada para que
eu pudesse olhar em ambas as direções. Sempre fui muito cuidadosa para atravessar ruas - de
fato, as minhas irmãs faziam piadas sobre isso. Elas diziam sempre que eu jamais morreria
atropelada por um carro, porque era `muito mais cuidadosa que uma velha!' De qualquer
forma, como estava dizendo, esperei que o ônibus se afastasse e estava totalmente certa de
que nada estava se aproximando, antes de dar um passo à frente. E isso é tudo de que me
recordo."
    O marido da sra. James deu seqüência ao relato:
    "Dorothy foi atingida por um carro Aston Martin cujo motorista o estava testando pela
primeira vez. Tinha sido um presente que ele havia recebido no dia em que completara vinte
e cinco anos e admitiu para a polícia que estava a uma velocidade de cento e cinqüenta
quilômetros por hora. Disse que, por um instante, admirou a magnífica paisagem outonal
dos campos pelos quais estava passando e, quando voltou os olhos para a estrada,
Dorothy estava justamente à sua frente. Apertou os freios mas a atingiu. Ela foi
arremessada para cima do capô e sua cabeça atravessou o pára-brisa, antes de ser
atirada, por cima do carro, para a estrada. Ela ficou ali, toda quebrada e coberta de
sangue.
    "Quando a ambulância chegou, um aldeão que havia coberto o corpo com um
cobertor disse à equipe médica: `Vocês chegaram muito tarde. Ela deve ser levada
para o necrotério, não para o hospital.' Mas o motorista da ambulância afastou o
cobertor e, depois de um rápido olhar, respondeu: `Não, ela ainda está com vida.
Vamos levá-la imediatamente ao hospital.' Isso me foi contado posteriormente.
    "Quando Dorothy chegou ao hospital, os médicos verificaram que ela estava com
o crânio fraturado e que ambas as pernas estavam quebradas. Estava bastante
ferida e suas condições eram tão críticas que nem esperavam que ela sobrevivesse
por mais do que algumas horas. Enfaixaram-lhe a cabeça, engessaram lhe as
pernas e chamaram o padre.
    "Eu estava quase louco nessa ocasião", disse-me o sr. James. "Quero dizer, quase não
conseguia pensar direito. Tudo o que eu sabia era que a minha esposa havia sido atropelada e
estava morrendo. E então ouvi uma mulher falando sobre um médico espiritual que poderia
salvar-lhe a vida. Não posso me lembrar se antes eu já havia pensado sobre espiritismo. Mas
disse a mim mesmo: `Qualquer coisa, qualquer coisa que, de alguma maneira, possa ajudar.'
E disse à mulher: `Não, não tenho objeções. Mas se ele puder fazer alguma coisa, pelo amor
de Deus, traga-o depressa.'"
    George Chapman foi contatado. Informado sobre a situação da sra. James, ele pediu ao dr.
Lang que iniciasse um tratamento à distância tão logo fosse possível. Entrementes, no
hospital de Buckinghamshire, a sra. James estava morrendo.
    "As enfermeiras", disse-me ela, "contaram-me mais tarde que havia um assistente
hospitalar que trabalhava em outra ala e que vinha regularmente uma vez durante o dia, às
vezes duas, e novamente à noite, olhava o gráfico na cabeceira da cama e fazia perguntas às
enfermeiras." A sra. James prosseguiu: "Quando pediram para que ele explicasse o seu
interesse por mim, ele respondeu: `Está tudo bem. Faço isso para o bem da sra. James. Tenho
de informar a um amigo meu exatamente como ela está.' Mais tarde, muito tempo mais tarde,
o sr. Chapman me disse que um amigo seu que trabalhava em outra ala do hospital lhe
fornecia um relato diário do meu estado de saúde. Isso possibilitava ao dr. Lang
proporcionar-me um tratamento de cura à distância mais eficaz. Mas, naturalmente, eu não
sabia nada sobre isso, naquela ocasião. Na realidade, havia muito tempo que eu não sabia de
nada.
    "Os médicos do hospital, naturalmente, não sabiam que me estava sendo ministrado um
tratamento de cura à distância e não podiam entender como é que eu estava viva Primeiro,
disseram que eu não iria viver. Quando viram que eu não morri, disseram que eu não poderia
jamais ver, falar ou andar outra vez, que eu teria de enfrentar o futuro num asilo para doentes
mentais. Ora, os especialistas haviam diagnosticado que o meu cérebro estava avariado, todo
o meu sistema nervoso afetado, e que essa avaria poderia resultar em deficiência mental e
cegueira permanentes; além disso, minha perna direita e o tornozelo estavam esmagados."
    "Dorothy ficou semiconsciente por quase seis semanas", disse o sr. James. "As vezes, ela
voltava a si, mas não tinha idéia de onde estava ou do que havia acontecido.
    "Os médicos e as enfermeiras costumavam se referir a ela como a Moça do
Milagre. Muitas vezes ela foi levada à sala de operações onde seus ferimentos eram
suturados e se pensava em amputar a perna direita esmagada. E se o cirurgião não
tivesse recusado operá-la por temer que ela morresse na mesa de operações (ele
considerava os danos em seu cérebro demasiado graves para sujeitá-la a essa
provação), ela poderia ter perdido a perna."
    O sr. James foi repetidamente avisado pelo corpo médico do hospital de que
devia estar preparado para o pior, que podia acontecer a qualquer momento.
Quando se passaram algumas semanas e o sr. James readquirira vagarosamente
as forças, a opinião dos médicos era a de que, se a sra. James sobrevivesse, ficaria
cega e, provavelmente, com a mente gravemente afetada, tendo de ser internada
num hospital para doentes mentais.
    O tratamento de cura à distância estava sendo ministrado ininterruptamente pelo
dr. Lang e, embora permanecesse ainda em estado de semiconsciência e na
relação dos doentes em risco de vida, a sra. James ia, lentamente, se recuperando.
Cinco semanas após o acidente, recuperou totalmente a consciência, pela primeira
vez. Vamos conhecer a história da sra. James, novamente por suas próprias
palavras:
    `Assim que acordei totalmente, pedi à senhora da cama ao lado para me dizer onde eu
estava. Mas, em vez de me responder, ela chamou a enfermeira-chefe da ala, que me explicou
que eu havia sofrido um grave acidente e que estava naquele hospital há quase seis semanas.
Ela me chamou de `sra. James', mas eu lhe disse que o meu nome era Dorothy Danielson e
que não era casada. Então, ela dirigiu-se até o armário ao lado da minha cama e mostrou-me
uma fotografia de um menino dizendo que aquele era o meu filho Martin. Colocou a
fotografia em minhas mãos e ajudou-me a segurá-la, porque o meu lado direito estava
completamente paralisado. Olhei para a fotografia e pensei: `A mãe desses dois encantadores
meninos deve ser uma pessoa muito feliz.' Lembro-me de haver dito que aqueles dois gêmeos
eram encantadores. A enfermeira me disse que havia apenas um menino na fotografia e eu
disse a ela que estava vendo dois.
    "Então ela chamou a enfermeira-assistente e outra jovem auxiliar para ficarem comigo,
enquanto ia telefonar. Perguntei à assistente se ela podia me dar um espelho a fim de que eu
pudesse ver se era Dorothy Danielson, mas a moça respondeu que não; o médico havia dito
que eu ainda não podia ver o meu rosto (pois ele estava muito feio, com todas aquelas
costuras e feridas). Disse também que eu não devia tocar no rosto; do contrário, os meus
punhos teriam de ser amarrados nos lados da cama. Meu marido me contou mais tarde que,
durante as primeiras semanas, minha cama parecia um berço - tinham sido colocadas grades
laterais, para evitar que eu tentasse sair, e que os meus pulsos haviam sido amarrados, porque
eu ficava tentando arrancar os pontos do meu rosto.
    "A enfermeira-chefe voltou acompanhada por alguns médicos e um deles me disse que
estava muito contente pelo fato de eu estar consciente e poder ver. Pediu-me para olhar para o
relógio na parede e dizer as horas. Fiz o que ele pedia e lembro-me também de haver dito que
era uma tolice colocar dois relógios tão perto um do outro, e ele disse: `Graças à Deus,
enfermeira, ela nos disse a hora corretamente.' Então se retiraram, dizendo que a metade da
batalha havia sido ganha.
    "Depois que eles saíram de perto da minha cama, tentei veementemente pensar nas coisas
passadas mas não conseguia me lembrar de nada. Lembro-me que o meu pai beijou a minha
testa e disse: `Deus a abençoe, querida; existem pessoas que precisam mais de você do que
eu', e quando ele saiu perguntei à paciente da cama ao lado o que ele queria dizer com isso.
Ela me respondeu que ninguém havia estado ao lado da minha cama desde que os médicos
tinham saído. Como vim a compreender muito mais tarde, meu pai havia morrido alguns anos
antes.
    "Minha colega de quarto disse-me também que Jeff praticamente passara a morar no
hospital aproximadamente durante quatro semanas - ele havia permanecido ao meu lado noite
e dia e me alimentado - e que o menino da fotografia era realmente o meu filho Martin.
Contou que minhas irmãs e minha mãe vinham me visitar freqüentemente, bem como muitos
outros parentes. Perguntei quais eram os dias de visita e ela respondeu: `Não precisa se
preocupar. Seus familiares e parentes podem visitá-la quando quiserem.' Não compreendi o
que ela queria dizer. Quis saber por que eu era tão especial para poder receber visitas a
qualquer hora. Ela me disse então que eu estivera na relação dos doentes em risco de vida.
    "Depois a enfermeira-chefe voltou. Com ela estava uma pessoa que ela disse ser um padre.
Não sei o nome dele. A enfermeira falou: `Aqui está um amigo que a senhora gostará de ver,
sra. James', mas eu não o conhecia. Por alguma razão desconhecida, tive medo dele, e assim
que começou a falar não quis que ele se aproximasse de mim. Acho que, no subconsciente, eu
sabia que ele era o padre que me havia ministrado a extrema-unção; não sei. De qualquer
modo, todas as vezes que ele voltava e eu ouvia a sua voz, fingia estar dormindo.
    "Mas no dia em que eu estava indo para casa, ele e a enfermeira-chefe me prepararam uma
surpresa. A enfermeira mandou fazer um jantar especial - frango etc. e um pudim de Natal - e
colocou em meu prato um "ossinho dos desejos" - eu ainda o guardo em casa como
lembrança. Pela primeira vez me era permitido erguer-me na cama e me alimentar por mim
mesma. Estávamos prontas para começar quando entraram duas enfermeiras empurrando um
carrinho sobre rodas para perto de minha cama. O carrinho estava arrumado como um altar,
com velas e um crucifixo no centro. Acenderam as velas e o capelão entrou com a
enfermeira-chefe, dizendo: `Oh, até que enfim eu a encontro acordada!' Toda a enfermaria riu
com essa brincadeira. Então ele conduziu um breve serviço religioso e tudo foi realmente
encantador.
    "São poucas as coisas das quais posso me lembrar enquanto estava no hospital.
    "Uma delas era que um homem muito gentil costumava estar sempre ao meu lado - ele me
alimentava e tinha um olhar muito afetuoso. Descobri mais tarde que era Jeff, o meu marido.
    "Em outra ocasião, lembro-me, o cirurgião estava dizendo a outros médicos que aquele
caso era seu e que ele não pretendia amputar a minha gema - iria restaurá-la e, se ela ficasse
mais curta que a outra; eu poderia usar um sapato feito especialmente para igualá-las. O
médico da enfermaria me disse que eu havia sido levada totalmente inconsciente para a sala
de operações.
    "Depois, em outra ocasião, lembro-me de ter estado em cima de uma maca e parecia que a
minha perna direita havia sido colocada dentro de um forno na parede. O médico da
enfermaria estava ao meu lado e eu podia ouvir a sua voz dizendo: `Ela está voltando a si.
Posso aplicar-lhe a injeção agora?' Em seguida, eu estava na enfermaria e todos os biombos
tinham sido colocados ao redor da minha cama, ao lado da qual estavam a enfermeira-chefe e
o médico da enfermaria. Eu sentia dores terríveis e o médico disse alguma coisa à enfermeira
sobre retirar o gesso e colocar um outro novo. Não me lembro de mais nada depois disso.
Mais tarde, as enfermeiras me contaram que o médico-residente havia permanecido ao meu
lado durante toda aquela noite.
    "Também me lembro de ter visto, uma vez, a minha cunhada, mas me disseram mais tarde
que ela vinha todos os dias. Veja, eu não tinha consciência do que estava acontecendo à
minha volta.
    "Um incidente que eu recordo perfeitamente foi quando uma senhora idosa, numa cama do
lado oposto à minha, chorava porque as enfermeiras disseram para ela se levantar e sentar-se
numa cadeira. Isso para o seu próprio bem, do contrário nunca iria ficar boa. Pedi à
enfermeira-chefe que me deixasse levantar em lugar da velhinha para não aborrecê-la. Mas a
enfermeira gritou do outro lado da sala que eu deixasse de ser tola, pois ainda levaria muitos
meses antes que eu pudesse me levantar. Tentei, então, afastar as cobertas, mas descobri que
não podia mover o braço direito. Retirei algumas cobertas com a mão esquerda, mas não
pude mover as pernas.
    "A enfermeira-chefe veio até a minha cama e mostrou o gesso em volta das minhas pernas.
Sentou-se na cama e disse que havia uma grande possibilidade de eu nunca mais voltar a
andar. Mas eu apenas sorri e disse: `Sim, eu voltarei a andar, mesmo que os médicos venham
a amputar ambas as minhas pernas. Eu usarei pernas artificiais.' Então a enfermeira disse:
`Sim, minha querida, se chegar a esse ponto, e praza Deus que isso não aconteça,
tenho absoluta certeza de que você o fará.' Contou-me que em toda a sua carreira
de enfermeira jamais havia encontrado alguém com tamanha vontade de viver e que
estivesse determinada a fazer exatamente o oposto daquilo que era esperado.
    "Só depois de haver passado seis semanas no hospital é que cometei a compreender onde
estava e que Jeff era meu marido. Ansiava ir para casa a fim de descobrir se eu podia me
lembrar do meu filho. O Natal estava próximo e perguntei ao cirurgião se havia possibilidade
de passar os feriados em casa. Os médicos discutiram o assunto e, na tarde seguinte, Jeff
chegou e fui levada para casa numa ambulância, pelos mesmos homens que me haviam
transportado para o hospital. Só que eles não podiam acreditar no fato de eu ainda estar viva."
    A sra. Dorothy James saiu do hospital de Buckinghamshire exatamente no Natal
de 1954. Ficou acertado que ela deveria retomar após o dia de Ano-Novo.
    Ao chegar em casa, para sua tristeza, ela descobriu que não podia reconhecer
nada. Não estava convencida de que Martin era seu filho e nem mesmo segura de
ser ou não a sra. James.
    George Chapman foi ver a sra. James logo após a festa do "amigo secreto",
durante a sua folga no corpo de bombeiros de Aylesbury. Ele conversou com ela por
alguns minutos sobre o acidente e o hospital mas, enquanto ele ainda estava
falando, ela caiu num sono profundo. Somente quando acordou, depois de um sono
reparador, ela soube, por intermédio de sua mãe que estava no seu quarto, que
George Chapman tinha entrado em transe e que o dr. Lang havia realizado algumas
operações espirituais e, depois, ordenado que a paciente não fosse acordada e que
a deixassem dormir.
    "Quando acordei, perguntei a minha mãe: `Para onde foi aquele cavalheiro?' "A sra. James
prosseguiu: "Em vez de me responder, minha mãe disse: `Não tente se erguer na cama por si
mesma. Você pode se magoar!' Eu respondi: `Não, não me toque. Posso fazer isso por mim
mesma.' Lembro-me que abaixei o meu braço direito - o braço que eu não podia sentir ou
utilizar anteriormente - e gritei: `Posso dobrar o meu braço.' E, oh! Só podia haver uma
explicação - o cavalheiro devia ter feito isso. Por que ele não está mais aqui? Onde está ele?
Ele deve pensar que eu sou muito mal educada por haver adormecido no meio de uma
conversa. Compreenda; eu não sabia quem ele era ou o que podia ser, ou qualquer outras
coisa mais. Não me haviam dito nada - minha mãe apenas o apresentara como um cavalheiro
que queria me interrogar sobre o meu estado de salde. Foi então que ela me contou sobre o
médico espiritual, o dr. Lang, que havia realizado em mim operações espirituais enquanto eu
estava adormecida.
    "Na manhã seguinte, o sr. Chapman veio mais uma vez diretamente do seu trabalha e
usando ainda o uniforme. Nem sequer havia passado em casa para tomar o desjejum. Ele
desejava ver que progresso, se tivesse havido, eu tinha feito desde o dia anterior. Eu disse a
ele: `Desculpe-me por eu ter caído no sono ontem - na verdade não sou tão mal-educada.' Ele
se limitou a rir e falou: `A senhora não caiu no sono. O dr. Lang a pós para dormir. Explicou
entro que era o médium do dr. Lang e me assegurou que ele e o seu guia fariam tudo o que
pudessem para me ajudar.
    "Nesse instante, vi o sr. Chiapmarn entrar em transe. Ele retirou o seu relógio de pulso e o
colocou sobre a mesa de cabeceira Depois, foi até um canto e murmurou urina prece. Eu o
observava e notei que o seu cargo diminuía um pouco de tamanho. Pensei que meus olhos
estavam novamente me pregando uma peça e fiquei preocupada porque, desde a sua visita no
dia anterior, seu não havia tido mais qualquer problema com a visão.
    "Quando ele falou comigo, algum momentos depois, sua voz havia mudado
completamente. Não era a voz calma do sr. Chapman, mas uma voz profundamente
rouca e me parecia que as palavras eram um tanto indistintas. Ele estendeu os
braças acima do meu corpo, movendo as mãos e movimentando os dedos, e tive a
impressão de que ele falava com médicos e enfermeiras, pedindo instrumentos e
outras coisas. Ele não tocava no meu corpo, mais, obviamente, estava trabalhando
em minha cabeça e senti uma estranha sensação. Depois começou a trabalhar nos
meus ombros. Meus braços hauriam sido deslocados dos ombros no acidente e o
direito não fora recolocado corretamente. Mais uma vez ele realmente não me
tocou, mas eu podia sentir os ossos se movendo para dentro da cavidade. Aquilo
não doía, eu estava como que entorpecida.
    "Ele falava o tempo todo, movendo as mãos por sobre todo o meu corpo. Quando
chegou na altura dos joelhos - você deve se lembrar que as minhas pernas estavam
engessadas -, ele disse subitamente: `Vou me despedir por hoje, minhas jovem
senhora, mas voltarei a vê-la dentro de dois dias.' Não me recordo de mais nada -
de repente caí num sono profundo. Quando acordei, minha mãe estava ao lado da
minha cama, tricotando, e disse que o sr. Chapman tinha ido embora há duas horas
e meia.
    "Naquela tarde e no dia seguinte, melhorei rapidamente. Sentia-me muito melhor - minha
fala estava mais clara; podia mover o meu braço muito mais facilmente e minha visão estava
muito mais nítida. Pela primeira vez desde o acidente, comecei realmente a me sentir feliz.
    "Quando o sr. Chapman voltou mais uma vez - no dia anterior ao que eu devia voltar para
o hospital -, eu o vi entrar em transe pela segunda vez, exatamente do mesmo modo como o
fizera na outra ocasião. E quando o dr. Lang estava operando, observei uma coisa muito
interessante: quando ele era o sr. Chapman, usava a mão direita; mas quando era o dr. Lang,
usava a esquerda. Na verdade, quando notei isso pela primeira vez, perguntei: `O senhor
machucou a mão direita, sr. Chapman?' E ele respondeu: `A senhora está falando com o dr.
Lang - tenho a honra de o sr. Chapman haver permitido que eu viesse ajudá-la por intermédio
dele.'
    "Conversamos por alguns momentos e, inesperadamente, ele disse: `A senhora acredita
realmente que irei corá-la?' Afirmei que sim, mas que teria de voltar para o hospital no dia
seguinte. `Não tenho a intenção de ficar lá', eu disse. Ele replicou: `Não, você não ficará lá,
jovem senhora. Eu a verei novamente na próxima semana - aqui nesta casa' Depois continuou
a fazer outras operações e, de repente, disse: `Acho que hoje a senhora não poderá se despedir
de mim pois vou adormecê-la.'
    "Depois disso, não me recordo de mais nada Não posso lhe dizer que operações ele
realizou nessa ocasião. Dormi mais do que nunca nesse dia e, quando acordei, já era de tarde.
E mais uma vez me sentia muito melhor."
    A sra. James foi levada de volta para o hospital no dia seguinte, mas estava
convencida de que não seria necessário permanecer ali. Quando os médicos a
examinaram, descobriram uma melhora considerável em seu estado de saúde, o
que estava além de sua capacidade explicar. Concordaram com o pedido dela para
voltar para casa, pois, diziam eles, acreditavam que o ambiente do lar lhe poderia
ser benéfico.
    Daí em diante, a sra. James ia ao hospital de Buckinghamshire duas, às vezes três vezes
por semana. Os médicos de lá invariavelmente a saudavam: "Ah, a Moça do Milagre" ou
"Como está hoje a Moça do Milagre?" O dr. Lang continuava a atendê-la em sua
casa.
    "Quando retiraram o gesso no hospital, minha perna direita estava quase dois centímetros
mais curta que a esquerda e os médicos disseram que eu devia providenciar um sapato
ortopédico especial", disse-me a sra. James. "Bem, eu não queria usar aquilo e esperava
fervorosamente que o dr. Lang pudesse fazer alguma coisa nesse sentido. Assim, quando ele
apareceu mais uma vez através do sr. Chapman, falei-lhe sobre isso e sobre o meu receio.
Pude ver que ele compreendia o que eu sentia. Quando ele estava me operando nesse dia,
tive, subitamente, a estranha impressão de que alguém estava levantando a minha perna e
colocando pesos na extremidade dela.
    "A próxima coisa de que me lembro foi que alguém estava dando tapinhas em minha face.
Era o sr. Chapman dizendo: `Vamos, vamos, o dr. Lang não quer que a senhora fique
dormindo o dia todo. Acorde. Já coloquei a chaleira no fogo para tomarmos uma xícara de
chá. Está se sentindo bem? O que aconteceu?' Evidentemente, ele não sabia o que tinha
acontecido; portanto contei-lhe tudo o que eu podia lembrar. Quando terminei, ele disse:
`Muito bem, então vamos ver como estão as suas pernas.' Ele as mediu. A direita ainda estava
um pouquinho mais curta que a esquerda, porém não tanto, de quando foram medidas no
hospital. Assim, quando retomei três dias depois ao hospital, os médicos ficaram perplexos
quando mediram as minhas pernas e viram que ambas tinham o mesmo comprimento!
    "Aconteceu outra coisa impressionante. Quando reconstituíram o meu tornozelo e
colocaram pinos para fixá-lo, deixaram o osso do tarso muito saliente. Ao tirarem o
gesso, descobriram o defeito e prepararam-se para me operar novamente, em abril
de 1955, para tentar corrigi-lo. Quando da sua próxima visita, falei ao sr. Chapman
sobre isso e disse: `Sabe, sr. Chapman, sinto que não posso suportar nenhuma
operação mais.' Ele disse: `Bem, não sei nada sobre essas operações - espero que
eles façam o que for melhor para a senhora nessas condições tão desagradáveis.'
    "Enquanto conversávamos, ele entrou em transe e o dr. Lang reapareceu. Quase
de imediato, começou a operar meu tornozelo, movendo as mãos e os dedos e, na
verdade, eu podia sentir as coisas sendo feitas. Tão logo terminou, pude notar que o
osso do tarso havia sido colocado no seu devido lugar. Antes de ir embora, ele disse
a Jeff para `telefonar ao hospital daí a quatro dias' comunicando que a operação
não seria mais necessária. Jeff fez o que o dr. Lang recomendou, mas os médicos
não deram muita atenção ao que ele disse. Insistiram para que eu fosse internada
para ser submetida à operação. Mas, quando examinaram meu tornozelo, ficaram
sem fala. Confessaram apenas que não podiam entender como o osso havia se
deslocado para a posição correta sem uma operação e o devido tratamento. E
disseram que eu não precisava ser internada, uma vez que não era necessário fazer
absolutamente nada com relação ao meu tornozelo."
    Quando o carro precipitou-se sobre o corpo da sra. James provocardo aqueles
terríveis ferimentos, o rosto dela também foi atingido. Sua face ficou dilacerada e
entrecortada por cicatrizes. Quando havia readquirido forças suficientes, ela foi
enviada ao famoso Stoke Mandevile Hospital para se submeter a uma cirurgia
plástica. Eis o que ela me contou sobre esse episódio:
    "Tendo me submetido a todas aquelas operações no hospital de Buckinghamshire, eu
estava com medo do que, mais uma vez, esperava por mim. Assim, da próxima vez que o sr.
Chapman veio, falei-lhe sobre isso. Para abreviar uma longa história, o dr. Lang realizou uma
operação plástica no meu rosto. Quando terminou, ele quis saber exatamente quando eu
deveria ir para o hospital e eu lhe disse que seria dentro de quinze dias. Então ele falou: `Ah,
nessa ocasião já estará tudo em ordem. Não se esqueça de comunicar isso ao médico e de
pedir para retirarem o seu nome da lista das pessoas que deverão ser operadas.' Bem, assim
fiz, porque meu rosto ficou como está agora - com um pouco de maquilagem, ninguém nota
nada -, e quando a médica do Stoke Mandeville Hospital me examinou, ficou pasmada. Ela
não compreendia o que tinha acontecido. Disse-me que não havia mais necessidade de uma
cirurgia plástica. Mais uma vez, o dr. Lang havia realizado um milagre."
    Foi preciso muito tempo para que a sra. James se recuperasse totalmente dos ferimentos
que havia sofrido no acidente. Embora o dr. Lang e seus colegas especialistas do mundo
espiritual tivessem restaurado o seu cérebro e seu sistema nervoso, não houve resultados
imediatos - ela só readquiriu sua identidade mental passo a passo. Assim, só após seis meses
do terrível acidente ela foi capaz de sair de casa. Havia aprendido a usar muletas, mas
recuperava lentamente as forças e a coordenação. Teve de assimilar, mais uma vez, os hábitos
da vida social. Os médicos do hospital a mantiveram sob contínua observação e, então, ao
completar um ano após o acidente, a consideraram "quase normal". A Moça do Milagre
estava vivendo a vida em toda a sua plenitude, fazendo jus ao seu apelido.
    "Quando Dorothy estava bem-disposta, costumava levá-la à casa do sr. Chapman em
Aylesbury para poupá-lo de vir até aqui", disse-me o sr. James. "Eu estava presente quando o
dr. Lang realizava as operações e, muitas vezes, eu observava como realmente o dr. Lang
assumia o controle do sr. Chapman. Ele costumava, por assim dizer, encolher ligeiramente; as
feições, todo o corpo, pareciam mudar, e a voz se modificava. A voz calma e suave do sr.
Chapman tomava-se um tanto áspera e envelhecida, você sabe o que eu quero dizer. O sr.
Chapman é muito tímido quando é ele mesmo, mas o dr. Lang sabe exatamente o que quer.
Ele tem uma autoridade que é de se esperar em um homem que está acostumado a lidar com
uma equipe de assistentes, enfermeiras e médicos.
    "O que o dr. Lang realizou em favor de minha esposa é realmente maravilhoso. Sua visão
melhorava após cada operação. Mudou três vezes de óculos. Agora, não precisa mais usá-los.
As operações por ele realizadas trouxeram de volta o olfato à narina direita de Dorothy; ele
eliminou as terríveis dores de cabeça e aliviou-a das constantes vertigens - ela costumava
ficar completamente inconsciente e nem mesmo sabia quando isso iria acontecer... Eu poderia
ficar eternamente contando-lhe todas as muitas e muitas coisas que ele fez por ela.
    "Quando Dorothy voltou do hospital, estava realmente num estado terrível. Lembro-me de
uma ocasião, quando ela havia feito um bolo, depois de haver reaprendido a cozinhar, e a
campanhia da porta tocou. Ela jogou a bandeja com o bolo no chão, exatamente como lhe
digo, e não pôde abrir a porta! Noutra ocasião, quando quis colocar carvão na lareira, foi à
despensa, apanhou um punhado de ovos e os atirou ao fogo. Isso mostra como ela estava
perturbada mentalmente nessa época não podíamos saber o que ia acontecer.
    "Olhe para ela agora - está tio bem quanto estava antes do acidente. Se não
fosse o dr. Lang, e ela tivesse sobrevivido, com certeza iria passar o resto da vida
numa casa para doentes mentais."
    Capítulo 13
    A Criação do Centro de Tratamento de Birmingham
    As notícias dos incríveis feitos de cura espalhavam-se vagarosa mas
constantemente através de pacientes que, tomados de desespero, haviam entrado
em contato com o bombeiro-médium, submetendo-se aos tratamentos e operações
espirituais indolores do médico "morto". O número de pacientes crescia dia a dia. As
consultas com o dr. Lang eram inteiramente gratuitas para qualquer paciente.
    A despeito do fato de dificilmente lhe restar algum tempo que pudesse dedicar a si mesmo,
Chapman nunca recusava viajar qualquer distância se alguém que verdadeiramente estivesse
doente solicitasse ajuda do médico espiritual. Aconteceu de ele fazer uma dessas viagens a
Birmingham, nos primeiros meses de 1956, e esse foi, de fato, o primeiro passo no sentido da
fundação do Centro de Tratamento de Birmingham.
    Durante muito tempo, a sra. Joan Smith - atrofiada pela artrite e confinada à cama - não
tivera outra alternativa senão aceitar a opinião de médicos e especialistas de que nada poderia
ser feito para colocá-la novamente de pé. Então, ela ouviu algo sobre como o médico
espiritual William Lang havia curado um paciente que sofria de uma enfermidade quase
idêntica. E a sra. Smith teve esperanças de ser, também ela, beneficiada pelo tratamento
espiritual. Escreveu a George Chapman explicando a sua situação e pedindo que ele, se
pudesse, fosse vê-la em sua casa em Birmingham. Para sua surpresa e grande alegria, recebeu
uma resposta comunicando que ele iria à sua casa.
    Uma visitante freqüente da casa da sra. Smith, nessa época, era a sra. Hilda
Carter, uma bondosa mulher que morava no bairro de King's Heath, nessa cidade.
Quando conheci a sra. Carter, em junho de 1964, ela me contou como se sentia
com relação à sra. Smith. Nas suas regulares visitas das terças-feiras, tentava,
exteriormente, mostrar-se alegre embora, interiormente, estivesse triste peia
situação da arraiga confinada à cama. E o pior de tudo era que nada podia ser feito.
    `Então, um dia, ela me contou que tinha ouvido falar do sr. Chapman e do seu guia
espiritual", disse- a sra. Carter. `E contou que havia pedido ao sr. Chapman para ir a
Birtningham a fim de tentar ajudá-la. Fiquei muito interessada por tudo isso, porque, nessa
época, eu não tinha ouvido nada a respeito do sr. Chapman. Naturalmente, eu sabia que a sra.
Smith havia experimentado muitos tratamentos espirituais no passado, mas que não havia
obtido qualquer benefício real porque, em Birmingízam, temos muito poucos médiuns para
esse tipo de cura. Bem, eu tinha esperanças de que o sr. Chapman pudesse ser capaz de
difundir a correta cura espiritual em nossa cidade. Por isso, perguntei à sra. Smith se ele
concordaria em atender a um pequeno grupo daqui, porque eu conhecia algumas pessoas que
necessitavam urgentemente de ajuda. A sra. Smith aprovou minha idéia e sugeriu: Bem, se
você quiser, eu darei a ele o seu endereço e assim ele poderá lhe escrever para ver que
providências poderão ser tomadas.'
    "Logo depois, o sr. Chapman me escreveu dizendo que o dr. Lang concordara e
gostaria de ajudar os doentes que moravam em Birmingham. Combinamos que,
quando visitasse a sra. Smith, ele atenderia também a alguns pacientes com quem
eu estaria esperando na casa dela."
    Desde o momento em que George Chapman pós os pés em Birmingham e entrou
em transe, na casa da sra. Smith, o dr. Lang deparou-se com as grandes
esperanças nutridas pela doente. Ele diagnosticou imediatamente que a sra. Smith
sofria de artrite reumatóide e realizou algumas operações no seu corpo espiritual.
Embora ele tenha deixado claro, desde o início, que não poderia produzir resultados
rápidos e surpreendentes, e que a melhora poderia ser, antes, vagarosa e com
tratamento essencial e regular a longo prazo, a sra. Smith, não obstante, sentiu
imediatamente os primeiros sinais de alívio.
    Após o dr. Lang haver concluído o tratamento da sra. Smith, atendeu a um grupo
de vinte doentes que a sra. Carter organizara e que estava à sua espera. A visita
obteve um êxito extraordinário, e a sra. Carter perguntou ao dr. Lang se ele
concordaria em fazer uma demonstração pública do tratamento. O médico espiritual
assentiu prontamente.
    A exibição pública de sua rara destreza e habilidades para ajudar as pessoas
gravemente enfermas fizeram do dr. Lang e de seu médium o tema das conversas
de Birmingham - e não somente entre os doentes agradecidos e os crentes no
espiritismo, mas também entre as pessoas que haviam testemunhado assa
demonstração e passavam adiante o que tinham assistido. Na imprensa, embora
alguns jornalistas manifestem suas dúvidas quanto ao espiritismo e aos assuntos
correlatos, foi noticiado que "a `cura espiritual' que alguns doentes receberam do
bombeiro-curador mediúnico, que alega ter como guia, quando está em transe, o
espírito de um médico falecido, foi surpreendente e convincente."
    Depois da sua primeira visita à casa da sra. Smith no começo de 1956, George
Chapman voltou a visitar a cidade freqüentemente. A sra. Carter recebeu tantos
pedidos de socorro solicitando tratamento espiritual, da parte de pessoas portadoras
de enfermidades graves, que o dr. Lang achou por bem atender aos novos
pacientes nessa mesma cidade.
    Quanto mais os pacientes atendidos falavam sobre a maravilhosa assistência que haviam
recebido do médico espiritual e quanto mais o dr. Lang e seu médium se tomavam
conhecidos no centro-oeste do país, com mais freqüência os relatos das suas atividades -
especialmente das demonstrações públicas feitas pelo médico espiritual - apareciam na
imprensa. No dia 17 de setembro de 1956, por exemplo, foi publicada a seguinte reportagem:
    "O último fim de semana foi muito atarefado para o sr. George Chapman, o
bombeiro-médico espiritual de Aylesbury, que veio a Birmingham para demonstrar
em público como o seu guia, dr. Lang, procura ajudar pessoas portadoras de
diversas enfermidades através de `operações e tratamentos espirituais'. Essas
demonstrações de cura foram realizadas nos distritos de Moseley e King's Heath.
    "A primeira demonstração foi realizada na recém-construída escola Queen's Bridge, em
Moseley, e teve um grande comparecimento. Na platéia estavam algumas pessoas que vieram
de longe, como de Leamington Spa, Stafford, Walsall e outros lugares distantes.
    "O dr. Lang selecionou alguns casos e, depois de descrever o estado de saúde
do paciente, iniciava o tratamento. Em cada caso o paciente confirmava que o
diagnóstico que o `médico espiritual' fazia, apenas tocando o seu corpo totalmente vestido,
com as mãos do médium,.estava correto e correspondia ao diagnóstico feito por médicos
particulares ou de hospitais. Muitos pacientes afirmaram terem sentido uma considerável
melhora após haverem recebido o tratamento.
    "O dr. L-ang prendeu a atenção tanto dos pacientes como da platéia durante toda a
demonstração e manteve a todos numa excelente disposição de ânimo. Após a reunião,
muitas pessoas permaneceram no local para falar com o médium que rapidamente voltara ao
seu estado normal.
    "A manhã e a tarde do domingo foram totalmente ocupadas com o tratamento das pessoas
que o haviam solicitado individualmente, mas outra demonstração em público foi realizada à
noite, na Igreja Espiritualista Cristã da Silver Street, em King's Heath. A igreja ficou
totalmente repleta e muitas pessoas que não queriam perder a demonstração permaneceram
de pé, do lado de fora do pórtico, durante toda a reunião.
    "Tanto no sábado como no domingo, entrevistamos um grande número de pessoas -
algumas das quais haviam recebido tratamento espiritual durante as visitas anteriores do dr.
Lang e do sr. Chapman a Birmingham. Elas confirmaram os benefícios recebidos por
intermédio desse tratamento.
    "O sr. Chapman prometeu voltar mais uma vez a esta cidade num futuro próximo."
    A promessa foi cumprida.
    Uma das pessoas curadas pelo dr. Lang no outono de 1956 foi a sra. G. Fletcher,
de Birmingham que, desde 1949, sofria de pedras nos rins. Raramente ela se via
livre de dores, que eram acompanhadas de vômitos, acometimentos de cólicas e do
desconforto causado quando as pedras eram expelidas. Injeções regulares de
morfina evitavam que ela enlouquecesse de dor.
    A sra. Fletcher estava sob permanente cuidado médico. Finalmente, foi decidido no
hospital que possivelmente estava ocorrendo um crescimento da glândula paratireóide, o que
perturbava a produção e a distribuição de cálcio pelo corpo. Isso fazia com que o cálcio se
cristalizasse nos rins e formasse pedras. O cirurgião e os médicos responsáveis pelo
diagnóstico acreditavam que a cirurgia era o único meio de corrigir a situação. Não
obstante, não havia, de modo nenhum, certeza de um resultado positivo, a menos
que o cirurgião fosse bem-sucedido no procedimento cirúrgico com a glândula
paratireóide. Do contrário, o excesso de cálcio poderia afetar todo o corpo, pulmões,
caixa torácica, estrutura óssea etc. e levar a um resultado fatal.
    Tendo sido informada pelo cirurgião de que "se a operação proposta não produzisse o
resultado baseado no diagnóstico aventado, poderiam ocorrer outras complicações", a sra.
Fletcher decidiu não fazer a cirurgia. Em vez disso, ela procurou uma amiga que ministrava
cura e o subseqüente tratamento. A melhora foi mínima. A dor permanecia como sua
companheira de cama. Mesmo assim, em algum lugar no fundo de sua mente, havia uma
convicção de que o tratamento espiritual iria curá-la.
    Então, depois de sete anos de sofrimento, a sra. Fletcher ouviu falar de George Chapman e
do seu guia espiritual, William Lang, e decidiu verificar se eles poderiam fazer alguma coisa
por ela. Ela foi atendida pelo dr. Lang, pela primeira vez, em outubro de 1956 e ficou muito
impressionada com o diagnóstico preciso de sua enfermidade. O dr. Lang deixou claro que
seria necessário um longo período de tempo para livrá-la da doença, e que isso só seria
possível se ela se submetesse a um tratamento regular. Quando essa senhora afirmou que
estava disposta a cooperar, ele realizou a primeira de muitas operações.
    Logo após esse primeiro encontro, a sra. Fletcher sentiu-se melhor. Oito anos
mais tarde, li o histórico do seu caso em Aylesbury. Seu nome veio à tona por
acaso, e eu queria uma confirmação por escrito do que ela dizia ter acontecido.
Rascunhei o seu endereço ao lado de muitos outros que estavam anotados em
minhas agendas. No dia 16 de novembro de 1964, viajei finalmente para me
encontrar com a sra. Fletcher. Eis o que ela me contou:
    "Desde que comecei a ser tratada pelo dr. Lang, não consultei mais os médicos, embora
tivesse expelido muitas pedras após minha consulta com ele. A última foi em 1961. Foi
doloroso, sim, mas não sofri .tanto como durante minhas crises anteriores, Quando os raios X
mostravam que meus rins estavam cheios de pedras. Fui atendida pelo dr. Lang há alguns
meses e ele me informou que agora não tenho mais pedras ou qualquer outra doença. Sei que
isso é verdade porque, desde 1961, não sou perturbada por esse doloroso e deprimente mal."
    Em março de 1957, a sra. Hilda Carter sugeriu a George Chapman que ele fosse
a Bimzingham todos os sábados, a intervalos de cinco ou seis semanas; Chapman
concordou com um período experimental de doze meses. Em certa ocasião, quando
o dr. Lang conversava com a sra. Carter antes de começar sua sessão de
tratamento na Igreja Espiritualista Cristã de Silver Street, ele predisse que "uma
casa vizinha à igreja vai ser desocupada e deverá se transformar no nosso Centro
de Tratamento permanente".
    A predição do dr. Lang transformou-se em realidade.
    Numa época em que o número de pacientes tinha crescido tanto que já era difícil atendê-
los na Igreja Espiritualista, a casa vizinha a ela foi desocupada. Em 1958, ela se transformou
no Centro de Tratamento de Birmingham, de George Chapman. A partir desse dia, têm
ocorrido ali notáveis sucessos.
    Capítulo 14
    A Eliminação de Câncer
    Em 1943, quando estava trabalhando no hospital de Guy, durante seu estágio como
enfermeira, Norah Osburne, de Folkestone, enfermeira diplomada e licenciada em
administração hospitalar, caiu doente. Três especialistas confirmaram o diagnóstico dos
médicos do hospital de que a doença dela era causada por um problema glandular na
garganta. Eles a aconselharam a não se submeter a uma operação.
    "A palavra câncer não foi mencionada", disse-me a srta. Osburne quando a entrevistei em
Folkestone, em setembro de 1964. "Naquela época, tornei-me cada vez mais preocupada e
deprimida. Um dos especialistas me disse: `Não sei por que está preocupada. Você vai ficar
boa.' Era óbvio que os médicos pensavam que eu estava nervosa sem motivos. Mas só eu
sabia a dor que sentia".
    Durante dez anos, a srta. Osbume suportou o seu sofrimento. Então, em 1953, seu pai - que
era médico e superintendente de uma casa de saúde para doentes mentais em Cork, no sul da
Irlanda, adoeceu, e pediu à filha que voltasse para casa a fim de ajudá-lo. Ela voltou, então,
para Cork.
    "Logo depois, minha doença manifestou-se totalmente, pois, após a morte de meu pai,
passei a trabalhar desmedidamente", prosseguiu à srta. Osburne.
    "O médico que consultei em Cork fez uma aspiração na glândula do meu pescoço, mas isso
só fez com que meu estado se agravasse.
    "Nos dois anos seguintes, `fiz das tripas coração'. A dor tornou-se quase insuportável e eu
sabia que devia fazer algum tipo de tratamento. Ocorreu que, quando me encontrava na
Inglaterra, passando umas férias de três dias, li um exemplar do jornal Psychic News, e me
deparei com uma coluna sob o título "Médicos espirituais". Por alguma razão, anotei o nome
de George Chapman e escrevi lhe uma carta perguntando se ele poderia providenciar um
tratamento à distância para o meu mal e minha preocupação nervosa- Ele me respondeu
imediatamente, dizendo que o seu guia espiritual era um médico chamado William Lang e
assegurando-me que o tratamento solicitado havia sido iniciado assim que ele recebeu minha
carta, e que o dr. Lang faria tudo que pudesse para me ajudar. Achei isso muito interessante e
gratificante.
    "No começo do tratamento à distância, houve uma ligeira melhora mas, honestamente, não
posso dizer que me senti realmente melhor. Fiquei satisfeita quando o sr. Chapman me
escreveu informando que o dr. Lang achava necessário um tratamento por contato. Isso
significava que eu deveria viajar de Cork para Aylesbury - uma viagem longa e dispendiosa -,
mas decidi que, de qualquer modo, eu deveria fazê-la. Isso aconteceu em abril de 1957.
    "Cheguei à casa do sr. Chapman meia hora antes do horário marcado, e o conheci, bem
como à sua esposa, quando ele ainda não estava em transe. Ele me pareceu uma pessoa muito
agradável, sincera e calma. As vezes, encontramos médiuns que são muito loquazes, mas o sr.
Chapman pareceu-me um tipo de homem muito comum - na verdade ele não tinha muito a
dizer. E pela conversa que mantivemos, ele parecia não ter nenhum conhecimento de
medicina.
    "Presenciei quando ele entrou em transe, após haver me levado para o interior do santuário.
Ele estava sentado e, subitamente, eu o vi olhar para cima e sorrir. Tive uma estranha
sensação, um calafrio provavelmente devido à excitação, suponho.
    "Então ele se levantou e me saudou: `Como vai, jovem?' Sua voz era muito diferente da do
sr. Chapman. Surpreendi-me ao notar que era como se eu estivesse perante uma pessoa
antiquada - um tipo que não se encontra hoje em dia, uma pessoa que me fazia lembrar o meu
avó.
    "Depois de conversarmos sobre diversos assuntos, ele disse: `Que cicatriz horrível no seu
pescoço!' Então, contei a ele que um médico de Cork havia feito uma aspiração, e ele
comentou que o médico havia se confundido. Pediu para que eu me deitasse no sofá e, após
me examinar, fez o seu diagnóstico. Ao ouvi-lo, percebi que possuía um vasto conhecimento
médico.
    "Ele realizou uma operação espiritual e parecia que estava fazendo incisões no corpo
espiritual invisível com instrumentos também invisíveis. Quase podia ver a mim mesma na
sala de operações, ao lado dele. Quero dizer, eu podia visualizar a operação que ele estava
fazendo - ele estava drenando aquilo. Você compreende? Eu havia passado muito tempo
trabalhando em salas de operações durante o meu tempo de hospital...
    "Depois que ele terminou a cirurgia espiritual indolor, disse-me que trataria dos meus
olhos, porque eles apresentavam um problema. Isso era de fato correto. Eu costumava sentir a
vista turva quando procurava ver os números dos ônibus ou qualquer outra coisa que
estivesse distante.
    "O dr. Lang operou os meus olhos e, quando terminou, perguntei se eu teria de usar óculos.
Eu os vinha usando há anos. Ele respondeu: `Não, isso não será necessário, mas evite luzes
fortes e use óculos apenas para ler ou quando for ao cinema ou ao teatro.' Ele realmente teve
êxito, realizando algo extraordinário. Desde a operação em meus olhos, identificar ônibus ou
qualquer outra coisa à distância não é mais problema. Nunca mais usei óculos e sou capaz de
dirigir sem eles.
    "Mas, voltando ao assunto, quando deixei o dr. Lang, nessa primeira ocasião; sentia-me
terrivelmente mal. Voltei à Irlanda com dores como nunca tivera. Esperava que minha
próxima consulta em maio pudesse dar melhores resultados. Não culpava o dr. Lang por estar
me sentindo pior do que antes da consulta - pelo contrário -, por uma razão inexplicável, eu
estava convencida de que ele, afinal, era capaz de me ajudar e curar.
    "Eu estava tão segura da sua capacidade que falei sobre ele detalhadamente a minha mãe.
Ora, ela tinha um problema grave nos olhos - queixava-se de ver pontos flutuando diante
deles e um especialista diagnosticara uma catarata precoce, dando-lhe seis meses de prazo
para sua visão se extinguir. totalmente. Resumindo a história, minha mãe aceitou a sugestão
de ir comigo consultar o dr. Lang quando eu fosse a Aylesbury, para a próxima consulta, em
maio.
    "Quando o dr. Lang a examinou, disse: `Este não é um caso de catarata. Ir escotoma -
manchas negras interferindo na visão. Logo deixarei isso em ordem.' E, enquanto realizava a
operação espiritual nos olhos de minha mãe (tendo pedido que eu me afastasse do sofá),
dizia-me exatamente o que fazia. Senti-me, mais uma vez, como se estivesse na sala de
operações, observando a realização de uma complicada cirurgia. Tudo era muito autêntico,
tudo tão verdadeiro como se a operação estivesse sendo realizada num centro cirúrgico.
    "O dr. Lang cumpriu a promessa de curar minha mãe - imediatamente. Quando saímos do
santuário do sr. Chapman, de repente, minha mãe exclamou: `Meus olhos estão perfeitos; não
existem mais pontos flutuantes!' E quando retomamos a Cork e fomos ao oculista, fiquei
fascinada pela expressão do rosto dele, pelo olhar. Era de total assombro, enquanto a
examinava. Fez diversos testes e; finalmente, olhou para mim e disse: `Parece que ficaram
curados - extraordinário! Sua mãe agora está muito bem!' Nunca esquecerei esse olhar!
    "Minha mãe achava o dr. Lang encantador - ele era da mesma geração do pai dela, que
havia sido cirurgião. Venho de uma família de médicos - cinco gerações - pai, avô, bisavô, e
assim por diante, foram médicos e cirurgiões, e a casa de saúde para doentes mentais de Cork
era uma herança de família.
    "Mas, voltando ao meu caso, quando o dr. Lang terminou de operar minha mãe, pediu que
eu me sentasse rio sofá e, tendo me examinado, disse: `Oh, minha cara, isso está muito mim.
Desculpe, mas tenho de drenar mais uma vez a infecção dessa glândula.' Então ele me operou
e percebi nitidamente uma leve dor - como se incisões estivessem sendo feitas. Depois ele me
pediu para subir e descansar na sala de estar, em silêncio, durante dez minutos. Quando desci,
ele realizou ainda outra operação espiritual.
    "Ao terminar, ele disse: `Não faça nada. Não vá, ainda, a nenhum médico. Não se submeta,
por enquanto, a nenhuma operação; espere até que eu lhe diga quando poderá ser operada.'
Ele explicou que a glândula atrás do meu pescoço estava muito infeccionada; que ele queria
limpá-la e que estava fazendo o possível para drená-la e fazê-la parecer um antraz superficial
para trata-la mais facilmente. Não me disse nada sobre o câncer; mas, quando minha mãe
veio vê-lo mais uma vez para um check-up nos olhos, dois dias após a operação, ele contou a
ela que eu tinha um câncer. Entretanto, ele deixou claro que no tempo oportuno, eu poderia
me curar completamente.
    "Voltei para a Irlanda imediatamente, deixando a minha mãe na Inglaterra, e ainda sem
saber sobre o câncer, para retomar o meu trabalho na casa de saúde. A viagem de trem de
Dublin até Cork quase me liquidou. A dor - nunca havia sentido outra igualem minha vida!
    "Dentro de uma semana, a glândula do meu pescoço começou a desinflamar e ficou
parecida com um antraz. Por fim, tive que enviar uma carta expressa ao sr. Chapman pedindo
que me dissesse o que fazer, pois o dr. Lang havia me recomendado que não fizesse nada. O
dr. Lang me respondeu, por intermédio do sr. Chapman, dizendo que eu tinha reagido muito
bem às operações espirituais e que deveria consultar o meu médico para que ele desobstruísse
a glândula. Mas acrescentou que ela ainda não deveria ser removida. Eu deveria esperar que
ele dissesse quando isso poderia ser feito. Eu ainda não sabia que isso se devia ao fato de o
câncer ainda não estar curado - minha mãe havia guardado segredo.
    "Fui ao médico, que ficou totalmente surpreendido pela transformação. Ele disse: `Nunca
vi nada igual acontecer.' Fez uma incisão e o pus apenas vazou. A dor diminuiu.
    "Durante os três meses seguintes, o progresso foi muito lento e a dor, às vazes, quase me
levou à loucura. Eu recebia o tratamento à distância ministrado pelo dr. Lang e sabia que ele
me visitava. Naturalmente, não podia vê-lo, mas repetidamente sentia a sua presença. As
vetes, dizia à minha irmã: `O dr. Lang está aqui.' Ela perguntava: `Como é que você sabe?' E
eu respondia: Eu apenas sei que ele está aqui.' Ele havia dito à minha mãe que eu tinha
faculdades psíquicas e que eu sabia quando ele estava junto a mim. As vezes, quando eu
meditava, sentia um ligeiro formigamento em meu corpo. Tudo isso me dava provas de que
estava sendo mantido um contato regular entre mim e o dr. Lang.
    "Uma das coisas que o dr. Lang insistia para que eu fizesse, a fim de ajudá-lo a me curar,
era ir para o meu quarto de dormir, o mais tardar às oito horas da noite, e descansar durante
dez minutos. Fiz como ele pediu mas, certa noite, em vez de subir para o meu quarto às oito
horas, fiquei sentada na sala de visitas por mais tempo do que de costume. - De repente, ouvi
um alto estalar de dedos - o mesmo som que eu conhecia tão bem nas minhas visitas a
Aylesbury, quando o dr. Lang estalava os dedos enquanto operava e pedia os instrumentos
invisíveis. Soube imediatamente que o dr. Lang estava ali e pensei: `Meu Deus, estou
atrasada.' Voei escada acima. Minha mãe e minha irmã, com quem eu estava conversando,
também ouviram o som dos estalidos, mas não pensaram nada a respeito disso naquela
ocasião, porque nenhuma de nós podia ver o dr. Lang. Compreendi, no entanto, que aquilo
fora uma espécie de lembrete do dr. Lang para que eu fosse para o meu quarto.
    "Em agosto de 1957, encontrei novamente o dr. Lang. Houve outra operação espiritual e,
quando ele terminou, disse: `Agora está curada, você pode se submeter à operação no hospital
para remoção da glândula. Não fique com raiva de mim por causa do tempo que isso levou e
de todo o sofrimento que teve de suportar, mas era um tumor maligno.' Tive de fazer esforço
para dizer que estava muito grata por tudo o que ele havia feito por mim. Foi nesse momento
que eu soube que havia sofrido de câncer, mas que já estava completamente curada.
    "Em setembro, fui internada no hospital e me submeti à operação para a remoção da
glândula. Quando os médicos me operaram, ela estava putrefacta - passei por um período
terrível por causa disso. Além do mais, fiquei com o braço esquerdo completamente
paralisado, e o fisioterapeuta confirmou as opiniões do cirurgião e dos médicos de que a
paralisia seria permanente, uma vez que não havia nada que pudesse ser feito para reverter o
processo.
    "Quando encontrei com o dr. Lang novamente, em outubro, ele disse que eu era uma
pessoa de muita sorte, que qualquer outra em minha situação estaria agora no outro mundo.
Ele me disse: `Você deve querer saber por que eu não extraí a glândula. Eu lhe direi: depois
do meu tratamento e das minhas operações espirituais, aquilo era apenas algo semelhante a
um tumor antigo, que tinha de ser removido. E isso poderia ser feito mais fácil e rapidamente
num hospital.' Ele prosseguiu, dizendo que não tinha interesse em competir com os médicos
profissionais aqui da Terra - que não havia nada que ele gostasse mais do que cooperar tanto
quanto possível com os seus colegas `vivos'.
    "A seguir, disse que a paralisia do meu braço esquerdo se devia ao fato de o nervo e os
músculos terem sido danificados durante a operação. Realizou uma operação espiritual e
depois eu perguntei se devia ir a um fisioterapeuta e fazer um tratamento à base de calor.
`Não', ele disse. `Tratamento à base de calor não, mas massagens suaves e exercícios. E tome
um banho quente diariamente.' Fui ao fisioterapeuta e fiz os exercícios.
    "Depois de um mês, visitei mais uma vez o dr. Lang. Sentia-me muito melhor e ele estava
muito satisfeito comigo. `Oh, os músculos voltarão a funcionar', ele me assegurou; e estava
totalmente correto. O senhor pode ver por si mesmo que o meu braço e a minha mão estão
completamente normais. São perfeitos, e ficaram assim logo depois do Natal de 1957. Nunca
mais tive qualquer espécie de problema desde então, embora tenha trabalhado continuamente.
Posso dizer que, na verdade, vi um milagre acontecer diante dos meus olhos."
    A senhorita Osborne parecia se encontrar em esplêndido estado de saúde. Ela é uma ótima
diretora da casa de saúde, respeitada e admirada. Seu caso me impressionou profundamente.
Não há qualquer dúvida quanto aos detalhes.
    Capítulo 15
    Mirabeli Dictu
    O caso da sra. Barry Miron, de Saltdean, Sussex, é, em minha opinião, a mais importante
contribuição a este livro. Foi, sem dúvida, um dos mais difíceis e penosos que o dr. Lang
jamais encontrou - não apenas durante sua notável carreira na Terra como também na sua
prática como médico espiritual.
    Quando entrevistei a sra. Miron, em outubro de 1964, para obter detalhes quanto à sua
doença e ao seu tratamento, tive a felicidade de encontrar-me também com o seu esposo, o dr.
S. G. Miron, diplomado em odontologia e também membro do Real Colégio de Cirurgiões da
Inglaterra, que concordou em me explicar, em termos médicos, os complexos aspectos desse
inusitado caso. Na verdade, talvez o dr. Miron fosse a pessoa mais qualificada para fazer um
relato médico completo, pelo fato de ser não apenas um dentista com larga experiência, mas
também por ter estado envolvido amplamente com cirurgias orais durante sua longa carreira
profissional.
    Os problemas da sra. Miron começaram no final do verão de 1957, quando o seu primeiro
molar superior foi extraído. A extração foi complicada e, devido ao fato de um pedaço de
osso ter aderido ao dente, ocorreu uma perfuração do antro que veio a infeccionar - infecção
essa considerada pela medicina como uma das mais difíceis de serem curadas. Mas
deixemos~que o cirurgião nos dê a sua interpretação de como esse infeliz incidente pode ter
ocorrido.
    "As raízes desse dente em particular estavam muito próximas da superfície do antro. Elas
não se projetam diretamente para dentro da cavidade, mas o osso que envolve as raízes
geralmente cresce em direção a essa superfície, como podemos ver em radiografias. Bem,
quando o dente é removido, pode acontecer que uma partícula do osso venha a aderir à raiz,
provocando uma perfuração do antro. Se essa perfuração for muito pequena, pode cicatrizar
por si mesma.
    "Entretanto, no caso da minha esposa, infelizmente não foi uma perfuração muito pequena
que ocorreu, mas o que é conhecido como uma fístula antro-oral - um grande orifício que liga
a boca ao antro. Isso aconteceu como conseqüência da chamada dessecação da articulação -
um fato muito doloroso e que provoca uma infecção óssea. Enquanto isso estava sendo
tratado, foi cometido um erro ao ser utilizado um peso que pressionou e forçou o tecido a se
romper, de tal forma que se formou um orifício no qual eu podia colocar um dedo. Isso dá
uma idéia de como era grande e grave o ferimento.
    "Ora, quando alguém tem o antro seriamente infeccionado, qualquer médico dirá que essa
é uma das coisas mais difíceis de serem curadas. Uma operação no antro é um jogo; um jogo
de cara ou coroa. Nunca se sabe o resultado. Em cerca de cinco por cento dos casos, as
pessoas com problemas no antro sofrendo de alguma enfermidade recorrente pelo resto da
vida. Essa é uma das operações mais desagradáveis que se pode imaginar.
    "Eu fazia parte da equipe médica do hospital nessa época e, devido à minha experiência em
cirurgia oral, sabia que aquele era um caso de cirurgia plástica. Assim, levei minha esposa
para o Churchill Hospital, em Oxford, onde ela foi examinada pela equipe maxilo-facial que
sugeriu que o tecido mole das bordas fosse unido e costurado. Devido à minha experiência
nesse campo - experiência que eu havia adquirido em anos de prática em hospitais, minha
opinião foi a de que tentar suturar as bordas daquele tecido seria apenas uma perda de tempo,
pois faltava uma boa parte do osso e não havia nada em que o tecido pudesse se apoiar.
Entretanto, eu não estava encarregado do caso e não podia discutir com o cirurgião que tinha
uma outra opinião. Em resumo, fizeram o que consideravam ser melhor, mas não obtiveram
êxito. Era realmente impossível resolver o problema daquela maneira - a perfuração era muito
grande para que fosse fechada com a junção do tecido mole devidamente costurado. Era um
caso evidente para a cirurgia plástica.
    "Dois dias após ter sido feita a inútil sutura, minha esposa foi liberada do hospital. Ela
sentia muitas dores. Por fim, foi examinada por um ótimo cirurgião plástico que afirmou, de
imediato, que um enxerto seria a única maneira de fechar o orifício no antro, e sugeriu que a
operação fosse realizada assim que houvesse um leito disponível no Stoke Mandevílle
Hospital.
    "O tipo de cirurgia realizada para o enxerto é o mesmo usado para o enxerto de pele. Tira-
se um retalho do tecido interior da face, coloca-se de volta para a perfuração e sutura-se na
parte interna do palato. O retalho do tecido deve ter um suprimento de sangue para
permanecer vivo até que se tenha enxertado por si mesmo e, conseqüentemente, só se separa
do tecido vivo quando o enxerto é bem-sucedido. Trata-se de um processo lento e demorado,
mas é o único meio pelo qual pode ser fechado um orifício daquele tamanho no antro."
    Tendo sido avisados de que a operação só poderia ser realizada dentro de mais ou menos
três semanas, por não haver um leito disponível, o sr. e a sra. Miron decidiram, neste ínterim,
consultar o dr. William Lang. Eles sabiam muitas coisas sobre ele e seus feitos como médico
espiritual, e esperavam que a cirurgia e o tratamento espirituais pudessem solucionar o
problema ou, pelo menos, diminuir o sofrimento da sra. Miron, até que houvesse um leito
disponível no hospital.
    "Eu passava por um período deplorável", disse-me a sra. Miron. "Era extremamente
doloroso e eu tinha de manter o orifício fechado com grandes tampões de algodão. Quando
alguém tem uma coisa dessas, tem de mantê-la fechada por um tampão pois, do contrário, se
sentirá como se estivesse dentro de uma enorme caverna subterrânea tudo ecoa e reverbera
dentro da sua cabeça. Quando se engole qualquer coisa, o alimento penetra imediatamente no
orifício e desce pelo nariz. Sei muito bem como é isso.
    "De qualquer modo, fui consultar William Lang e, depois de me examinar, ele disse: `Acho
que existe uma possibilidade muito grande de chegarmos a um bom resultado.' Não prometeu
êxito, mas disse que só poderia saber se era capaz ou não de me ajudar depois de realizar a
necessária operação espiritual.
    "Ele realizou a operação no corpo espiritual. Depois de terminá-la, disse que ela havia sido
bem-sucedida e acrescentou: `A perfuração vai ficar curada. Peça ao seu esposo para observá-
la.' Então, deixou claro que eu deveria voltar a consultá-lo freqüentemente, para observação e
para outra operação espiritual.
    "Aconteceu uma coisa muita interessante enquanto eu estava a caminho de casa, após
minha visita ao dr. Lang. Eu lhe disse que ti a o orifício fechado por um grande chumaço de
algodão. Pois bem, quando estava mais ou menos no meio do caminho para casa - de onde
vivíamos naquela época levava cerca de quarenta e cinco minutos para chegarmos à casa do
dr. Lang -, comecei a sentir uma pressão no tampão de algodão. Em outras palavras, estava
ocorrendo um processo de contração em ambos os lados do ferimento, uma nítida sensação
de que algum tipo de crescimento estava acontecendo, e isso continuava, vagarosa mas
regularmente. À medida que isso ocorria, o tamanho do tampão teve de ser diminuído, até
que a perfuração do antro se tomou do tamanho de uma ponta de alfinete. Mas estou adiante
dos acontecimentos. Tudo isso levou, na verdade, algum tempo."
    O dr. Miron tinha alio a dizer. "Eu observava o ferimento e tratava dele diariamente -
quando digo tratava quero dizer que verificava se ele estava limpo e o cobria com uma macia
placa de plástico que havíamos preparado para esse fim", disse ele. "Eu o examinava
diariamente e o radiografava pelo menos uma vez por semana. Bem, o tecido mole
gradualmente se distendia sobre ele - quero dizer exatamente que fechava o orifício.
    "Eu não tinha a menor sombra de dúvida de que isso se devia à cirurgia espiritual realizada
por William Lang, porque, durante o tempo em que estávamos esperando que ficasse
disponível um leito no hospital para que a operação de enxerto fosse realizada, minha esposa
não recebeu cuidados médicos de ninguém. A predição feita por William Lang de que o
orifício se fecharia foi correta. Se, na prática cirúrgica comum, um especialista me tivesse
dito algo semelhante, eu provavelmente pensaria: `Esse sujeito está maluco. Deve estar
estafado', porque ninguém seria capaz de dizer uma coisa como essa e, de fato, ninguém
deveria dizê-la. Entretanto, William Lang tinha dito que o orifício iria se fechar totalmente e
que eu poderia observar isso, e ele se fechou totalmente!
    "Acompanhei minha esposa muitas vezes, quando ela consultava William Lang, e o vi
realizar as operações espirituais. Ele trabalhava a mais ou menos três centímetros acima da
face da minha esposa, na região da superfície da cavidade e ao redor do local do ferimento.
Pedia instrumentos que lhe eram entregues por seu filho Basil e por um grande número de
assistentes, e eu sabia quais eram os instrumentos que ele estava utilizando porque eu mesmo
os utilizava.
    "Absolutamente à parte do fato de ele estar me dizendo exatamente o que estava fazendo -
estava reconstruindo o tecido, não no corpo físico mas no corpo espiritual -, eu sabia
precisamente que tipo de cirurgia ele estava realizando; pelo movimento de suas mãos e pelos
vários instrumentos que ele solicitava. Quero dizer, se ele estivesse realizando uma operação
física, como um ser humano em uma sala de operações, tudo seria idêntico em cada detalhe -
a única diferença seria a de que eu poderia assisti-la. Tudo o que ele estava fazendo era cem
por cento correto - tratava-se da técnica correta para distender os tecidos sobre um grande
orifício e fazer um enxerto plástico sobre ele."
    Antes de a sra. Miron ir ver o cirurgião plástico, no final do período de espera, ela foi
consultar o dr. Lang. Ele estava muito satisfeito com o progresso apresentado por ela e
declarou que agora não seria necessária uma grande operação para fechar totalmente o
orifício. "Farei todo o possível para convencer o cirurgião a deixar que isso aconteça por si
mesmo", disse ele. "É um homem muito sensível e acho que poderei persuadi-lo."
    "Naturalmente, não sabemos se William Lang obteve êxito ou não com o cirurgião
plástico, mas o fato é que quando ele me examinou, antes que eu me infamasse no Stoke
Mandeville Hospital, decidiu dar-me uma outra oportwiidade", lembrou a era. Mirou. "Ele
me disse que, tendo em vista as inesperadas circunstâncias, adiaria a operação por mais ou
menos três semanas, a fim de verificar se eu continuaria melhorando. Se isso ocorresse, uma
operação plástica de enxerto não seria, portanto, necessária. Entretanto, deixou claro que se
houvesse a mais leve piora eu deveria procurá-lo imediatamente."
    A sra. Mirou continuou com suas consultas freqüentes ao dr. Lang. Outras operações
espirituais foram realizadas. A abertura do antro tornava-se cada vez menor.
    Depois que expirou o segundo período de espera, a era. Mirou foi ver mais uma vez o
cirurgião plástico, e este ficou perplexo ao descobrir que o ferimento tinha se tomado tão
diminuto. E decidiu: "Ir melhor esperar e ver o que acontece." Ele não sabia que a paciente
vinha recebendo tratamento espiritual - a era. Mirou achava que não havia necessidade de
falar sobre isso.
    "Eu queria saber o que ele diria. Assim, perguntei como ele explicava que um orifício tão
grande tivesse, de repente, se tomado cada vez menor, pais devemos nos lembrar que ele
havia assegurado que apenas uma cirurgia plástica poderia fechar totalmente o orifício",
continuou a sra. Mirou. "Ele replicou: Bem, naturalmente, em casos muito raros, a natureza
se encarrega disso e é possível que os dois pedaços separados de pele tenham crescido se
unindo, mas casos como este são muito, muito raros'. E acrescentou com toda a franqueza
que, durante sua longa carreira como cirurgião plástico, jamais se deparara com uma melhora
semelhante, num caso onde houvesse um orifício tão grande.
    "Com todo o respeito pelo cirurgião plástico, que é um especialista com vasta experiência e
grande habilidade, discordei totalmente de sua explicação e disse-Lhe que aquilo não poderia
ter ocorrido por obra da natureza", contou-me o dr. Mirou. "Permita-me ser mais específico a
esse respeito. Não havia nenhum detalhe nas minhas humildes palavras do qual ele tivesse
mais conhecimento do que eu. Naturalmente ele é um cirurgião da mais alta reputação e
possuidor de grande experiência, já tendo realizado inúmeras operações plásticas em diversas
partes do corpo, mas eu havia me especializado em cirurgia oral no hospital e, portanto, sabia
mais do que ele sobre o que pode ou não acontecer na boca. Digo isso com toda a modéstia,
pois é a verdade. Se alguém compreender que o tecido que cobre o corpo é muito mais rígido
e flexível do que o tecido macio da boca, entenderá que há uma considerável diferença entre
uma cirurgia de em certo em qualquer parte do corpo e uma cirurgia de enxerto na boca,
embora a técnica cirúrgica seja a mesma.
    "Levando tudo isso em conta, afirmo com toda a ênfase que o tecido não poderia
exatamente ter crescido e se unido simultaneamente segundo as leis da natureza como as
conhecemos. Ora, eu observei o orifício se fechando. Coloquei tampões, radiografei o antro
constantemente, fizemos uma pequena placa plástica para cobrir o ferimento e me recordo de
cada estágio da evolução até que a abertura ficou coberta por uma fina camada de pele. Se
nos lembrarmos de que, há algum tempo, o ferimento era tão grande que eu podia colocar um
dedo no seu interior, como lhe disse anteriormente, veremos que ele tinha uma abertura
considerável. Ninguém que tenha o mínimo conhecimento de medicina ou de cirurgia pode
dizer que, onde há uma ausência tão grande de osso, o tecido mole possa dilatar-se e unir-se
firmemente à outra parte. Isso é totalmente impossível. Entretanto, aconteceu e é um fato."
    Depois de uma pequena pausa, o dr. Miron acrescentou:
    "Não estou, de maneira nenhuma, tentando desmerecer a experiência e a capacidade do
cirurgião plástico. Ele não tinha conhecimento de que minha esposa estava recebendo um
tratamento espiritual e de que ele estava diante de algo semelhante a um milagre. Tendo lhe
sido pedido que explicasse racionalmente como acontecera de o orifício no antro se fechar, é
compreensível que atribuísse esse resultado a uma obra da natureza. Com toda honestidade,
se eu não soubesse que aquilo era o resultado do tratamento e das operações espirituais de
William Lang, não sei o que teria pensado ao me deparar com um caso semelhante.
Provavelmente, teria dito que algo inexplicável havia acontecido."
    À medida que o dr. Lang continuava o tratamento, e a abertura diminuía de tamanho,
tomando-se quase invisível, ele advertiu à sra. Miron:
    "A senhora deve ter muito cuidado. Tendo em vista que a superfície do antro é muito
delgada e que não existe nenhuma estrutura óssea na qual o tecido se apóie, existe, neste
primeiro estágio, o perigo de ele voltar a se abrir. Até que tenha decorrido tempo suficiente
para que o tecido se tome mais resistente, a senhora deve ter muito cuidado quando assoar o
nariz, se estiver gripada, porque a força da pressão poderá romper o tecido novamente."
    Infelizmente, foi isso o que aconteceu.
    Independentemente do problema do antro, nessa época, a sra. Mirou estava com a saúde
muito deficiente e era vítima de constantes resfriados e acessos de gripe. Ela enfrentou uma
batalha perdida e sofreu outra infecção no antro. Por causa dela, a cura sofreu uma retração e,
embora o orifício não chegasse a ser tão grande como antes, o problema surgiu novamente.
    "Se a senhora vier aqui todos os dias, poderei evitar que isso venha a piorar", disse então o
dr. Lang à sua paciente. Quando ela respondeu que poderia ir a Aylesbury no máximo uma
vez por semana, ele a confortou: "Não se preocupe, farei tudo o que puder para eliminar as
substâncias tóxicas acumuladas."
    Por um longo período, os esforços do dr. Lang foram bem-sucedidos mas, subitamente, a
sra. Mirou piorou muitíssimo.
    "Durante os seis meses seguintes eu piorava progressivamente porque, devido ao fato de o
orificío ter-se aberto novamente, eu estava engolindo substâncias tóxicas", disse a sra. Miron.
"Era, do ponto de vista físico, uma provação extremamente repulsiva, pelo fato de eu sentir
um contínuo gotejar de pus que tentava cuspir. O gosto era horrível e dava-me nojo. Aquilo
escorria para o meu estômago e envenenava todo o meu organismo. Meu corpo ficou bastante
intumescido; minha pele adquiriu uma coloração amarelada peculiar e eu me sentia exausta.
Mesmo assim, continuei fazendo tudo o que podia e até fui com meu marido para umas férias
de verão que havíamos planejado. A única coisa que eu desejava era ficar deitada na cama.
    "De acordo com William Lang, fomos consultar um otorrinolaringologista em Oxford mas,
de maneira nenhuma, deveria ser permitido que ele me operasse. O dr. Lang explicou suas
razões da seguinte forma: `O veneno penetrou na medula de seus ossos e no seu organismo.
Se se permitir que o especialista realize a operação, as substâncias tóxicas ainda
permanecerão ali e, não importa quão bem-sucedida venha a ser essa cirurgia, ela afetará
gravemente a sua saúde. Estou fazendo o melhor para remediar a situação, ministrando-lhe
tratamento por contato, a cada semana, e trabalhando no seu corpo espiritual quando a
senhora está dormindo. Estou tentando localizar o veneno. Isso levará tempo, mas quando eu
tiver conseguido, a senhora poderá pedir ao especialista para operá-la porque, então, a
cirurgia será bem-sucedida. Compreendi como seria difícil, se não impossível, dizer ao
especialista o que ele deveria fazer, mas estava disposta a seguir as instruções tão ao pé da
letra quanto possível.
    "Para fazer justiça ao especialista, ele não se mostrou muito predisposto a operar. A
radiografia revelou que o pus havia se espalhado por toda a parte sob a órbita do olho, e ele
disse, de modo totalmente franco, que a operação parecia não ser aconselhável. Ele me fez
diversas lavagens, das quais William Lang não gostou nada (disse que isso prejudicou em
muito o seu tratamento) mas que eu não pude evitar que fossem feitas.
    "Finalmente o dr. Lang conseguiu isolar o veneno em uma área determinada e eu sentia
como se um grande peso estivesse embaixo do meu olho. Ele disse-me então que eu devia
procurar o especialista sem demora e dizer-lhe para operar.
    "Fui ao especialista e disse: `Desculpe-me por ter de lhe dizer isso, mas acho que devo me
submeter agora, com toda a urgência, àquela operação.' Senti-me embaraçada ao dizer a um
eminente cirurgião o que ele devia fazer. Após me examinar, ele não falou nada; apenas ficou
andando pela sala durante algum tempo. Então, voltou-se e disse: `Sabe, não entendo por que
estou dizendo que vou operá-la, já que acredito que a cirurgia não será um sucesso. O normal
seria eu lhe dizer que não farei a operação. Mas eu a farei.' E ele me operou. Depois da
cirurgia, ele me disse que o meu foi o pior caso de todos os que havia encontrado."
    "Minha esposa submeteu-se a uma operação denominada Caldwell-Luc, que é muito
perigosa pois, em cinqüenta por cento dos casos, o resultado geralmente é desfavorável",
explicou o dr. Miron. "E uma operação dolorosa que só é realizada em último caso, mas
nenhum cirurgião, na verdadeira acepção da palavra, gosta de fazê-la. Muito freqüentemente
resulta numa sinusite crônica que não pode ser curada totalmente e que causa problemas
freqüentes. No caso da minha esposa, no entanto, a cirurgia teve completo êxito. Conversei
com o cirurgião plástico depois da operação e ele me disse que estava profundamente
satisfeito e um tanto surpreso com o resultado."
    É comum, após esse tipo de operação, a dor ser tão terrível a ponto de ser ministrada
morfina ao paciente por vinte e quatro horas", disse-me a sra. Miron. "Bem, seis horas depois
eu estava sentada na cama tomando uma refeição e fazendo piadas alegremente, o que
acharam extraordinário. Os médicos vieram me ver, admirados, e perguntaram: `Como a
senhora pode estar tão alegre e sem sentir dores?' Por fim eu disse à enfermeira-chefe: `Ir
porque estou recebendo tratamento espiritual.' Sua resposta foi: `Não duvido.'
    "Depois de minha relativamente rápida liberação da casa de saúde, onde a operação fora
realizada, eu deveria procurar imediatamente o dr. Lang, e assim o fiz. Durante mais uma
semana recebi o tratamento regular da parte dele e então comecei a recuperar rapidamente a
minha saúde total. Ele conseguiu efetuar uma cura perfeita. Desde então, não sofri qualquer
tipo de recaída. O tratamento espiritual de William Lang terminou em abril de 1959."
    "Se levarmos em consideração os vários estágios desse caso, chegaremos à conclusão de
que William Lang realmente curou minha esposa em tempo recorde", resumiu o dr. Miron. 
"Durante a etapa inicial do tratamento, ele conseguiu fechar a fístula oral. No segundo
estágio, surgiu a complicação do antro infeccionado devido ao precário estado de saúde da
minha esposa. No terceiro período, ocorreu o rompimento do tecido que havia sido
reconstituído, devido à infecção. Finalmente, ele conseguiu isolar, em local determinado, o
veneno que se espalhava por todo o corpo, o que lhe possibilitou a reconstituição do tecido
pela segunda vez.
    "Na minha opinião, ele conseguiu tomar possível o impossível."
    Capítulo 16
    Dedicação Total a Cura
    Tornava-se cada vez mais difícil, para George Chapman, conciliar suas duas atividades até
que chegou o momento em que teria de tomar uma decisão. Ele poderia continuar com a
segura carreira de servidor público, que lhe daria direito à aposentadoria e na qual já havia
recebido uma medalha por tempo de serviço, como reconhecimento pelos seus dez anos de
trabalho, ou dedicar-se totalmente à cura espiritual, atuando como médium do dr. Lang. Ele
precisava pensar na esposa e na família. Será que poderia viver sem um salário foco e
garantido? Ele pensou no assunto durante muito tempo e, em 31 de outubro de 1957, demitiu-
se do corpo de bombeiros de Aylesbury.
    Agora, com todo o seu tempo sendo dedicado à cura espiritual, Chapman não apenas foi
capaz de reduzira lista de espera dos pacientes do dr. Lang mas também de aceitar um
número maior de clientes. Suas viagens regulares ao Centro de Tratamentos de Bicmirtgham
não mais traziam dificuldades. No passado, ele havia sido obrigado, com freqüência, a pedir
aos colegas para trocarem o horário de serviço com ele a fim de que pudesse viajar. Agora,
essa preocupação específica não existia mais. E, acima de tudo, ele pôde então realizar seu
desejo de tornar a terça feira um dia de atendimento clínico gratuito, para quem quer que
necessitasse de tratamento espiritual poder receber os cuidados de William Lang sem se
preocupar com qualquer tipo de pagamento.
    A partir do dia em que George Chapman tomou-se um médium "profissional", ao seu
santuário nunca mais faltaram pacientes. Ao contrário, eram tantos os portadores dos mais
diferentes tipos de enfermidade que solicitavam consultas com o dr. Lang que ele,
geralmente, necessitava ficar em transe das 10 da manhã às 5 da tarde. Na verdade, em
muitas ocasiões, quando o número de pacientes que precisavam de operações e de tratamento
espiritual demorado era muito grande, Chapman permanecia sob o controle do dr. Lang até
bem tarde da noite. Mesmo assim, embora as horas de trabalho se estendessem por muito
tempo, elas nunca pareceram demasiadas para o dedicado médium - o pensamento de que
estivesse sendo obrigado, pelo seu guia espiritual, a permanecer tempo excessivo em estado
de transe, nunca lhe passou pela cabeça. Ele havia dedicado sua vida à cura e aceitava
totalmente quaisquer condições que se fizessem necessárias.
    No dia 1° de novembro de 1957 ele passou seu primeiro dia como médium de. William
Lang em tempo integral.
    Um dos primeiros pacientes a procurar Chapman nesse dia foi o sr. Cyril G. Woodley, de
Brill. Entrei em contato com ele para saber como a sua doença reagira ao tratamento do dr.
Lang. Eis o que o sr. WoodIey me relatou:
    "Há quase sete anos (em 1950) comecei a ter dores nas pernas. Depois de tentar todas as
massagens e ungüentos conhecidos que fossem capazes de me curar, fui finalmente procurar
um médico que me disse ser isso o sintoma de inflamação do tecido fibroso, recomendando-
me um período de descanso. Entretanto, com o passar do tempo, a enfermidade tomava-se
cada vez mais grave e fui mandado para o hospital a fim de fazer radiografias. Disseram
então que eu tinha uma inflamação na coluna vertebral. Fiz oito semanas de tratamento à base
de massagens e calor, sem qualquer benefício aparente. Fui mais uma vez radiografado e, por
fim, me disseram que eu era portador de uma enfermidade grave chamada espondilite.
    "Em 1953, passei um período no hospital de Mount Vemon, onde fui submetido a intenso
tratamento de radiação. Quando fui liberado, para ser franco, me sentia muito pior!
    "Depois de dois anos recebendo o seguro da previdência, passei por outro período de oito
semanas de tratamento à base de massagens e calor, o que se revelou, mais uma vez, inútil.
Comecei a trabalhar novamente em minha loja, mas descobri que era difícil para mim
permanecer em pé por muito tempo. Eu estava sendo atendido permanentemente no
ambulatório do hospital e lodo o que podiam fazer por mim era me fornecer alguns
comprimidos para tomar todas as vezes que as dores piorassem.
    "Então, minha esposa Jessie, que tinha ouvido o sr. Maurice Barbanell falar do sr.
Chapman e do dr. Lang, persuadiu-me a tentar o tratamento espiritual. Por fim, concordei e
marquei uma consulta para ser atendido pelo dr. Lang em novembro de 1957.
    "Quando o dr. Lang me viu e examinou, diagnosticou corretamente o mal que me afligia
Ele foi totalmente franco e disse que seria capaz de me curar, mas que isso levaria algum
tempo e que eu deveria ter paciência e ir vê-lo com freqüência. Disse-lhe que iria fazer o que
ele pedia. Além disso, eu vinha sofrendo há sete anos e não esperava ficar curado de um dia
para o outro. Na verdade, pensei, se ele me curar, estará fazendo algo que os médicos não
conseguiram.
    "Então o dr. Lang realizou o que ele chamava de `operação no meu corpo espiritual" e,
embora não tenha sentido nada nessa ocasião, estava um pouco melhor quando cheguei em
casa.
    "Compareci a todas as consultas que o dr. Lang havia marcado para mim e, cada vez que
eu o via, ele realizava alguma coisa em meu favor que fazia com que me sentisse muito
melhor depois que o deixava. Em fevereiro de 1959, sentia-me, mais uma vez, quase cem por
cento e, pelo fato de estar prevista a minha ida ao hospital para um check-up, estava muito
curioso para saber qual seria a opinião dos médicos. Posso dizer que o médico ficou perplexo,
e não estou exagerando. Ele murmurou algo como `coisas inexplicáveis às vezes acontecem'.
Contei a ele sobre o tratamento que estava recebendo do espírito do dr. Lang. Ele me ouviu e
não disse nada. Pediu-me que o procurasse novamente depois de dois anos. Naturalmente o
fiz - em fevereiro de 1961 - e, depois de me examinar mais uma vez, com maior rigor e
cuidado, ele me disse que não precisaria mais voltar, pois estava totalmente curado. Ah, e ele
disse qualquer coisa quanto a essa situação ter sido uma ocorrência extraordinária, e que seria
difícil acreditar que algo semelhante pudesse ter acontecido."
    No dia 6 de dezembro de 1964, o sr. Woodley gentilmente deu-me a seguinte informação
sobre o seu atual estado de saúde:
    "Tenho o prazer de lhe informar que, embora tenham decorrido mais de sete anos desde
que consultei o dr. Lang pela primeira vez, estou agora, mais uma vez, totalmente bem de
saúde. Desde que nos mudamos para nossa atual residência, tenho cuidado do nosso jardim,
que mede 65 metros de fundos por 10 de frente. Com a ajuda do meu filho tenho revolvido a
terra - adubando-a, e isso fala por si só!"
    Quando o sr. Woodley foi atendido pelo dr. Lang pela primeira vez, no dia 1° de novembro
de 1957, sua esposa o acompanhava. Ela ficou igualmente impressionada com o médico e
com a eficácia do seu tratamento espiritual, pois, há muitos anos, vinha sofrendo de pressão
alta e dos males conseqüentes e os médicos não tinham sido capazes de fazer algo em seu
beneficio, a não ser prescrever comprimidos. Suas visitas regulares, acompanhando o marido,
possibilitaram ao dr. Lang corá-la completamente da sua enfermidade e. ela, também, em
dezembro de 1964, confirmou que gozava de boa saúde desde que o dr. Lang havia lhe
ministrado o tratamento.
    "O senhor pode estar interessado em saber que, durante o inverno e antes de consultar o dr.
Lang, eu passava a maior parte do tempo acamada, pois não podia ficar em pé e caminhar,
devido-á asma brônquica", declarou ela. "Agora é maravilhoso poder me movimentar durante
o tempo úmido e a neblina, apenas com uma ocasional dificuldade respiratória! Minha
costumeira bronquite se manifestava sempre depois de setembro, mas tudo isso pertence ao
passado. Suponho que o senhor pode imaginar como é maravilhoso poder respirar livre e
profundamente - graças à cura realizada pelo dr. Lang."
    Quando o sr. e a sra. Woodley chegaram ao santuário de George Chapman, em agosto de
1958, foi-lhes entregue um folheto, bem como a outros pacientes. Era um pedido para que
comunicassem a ocorrência de qualquer fenômeno como conseqüência do tratamento
ministrado pelo dr. Lang. A sra. Woodley satisfez o pedido e mandou a George Chapman a
seguinte carta:
    "Estou escrevendo para levar ao seu conhecimento algumas experiências que eu e o meu
marido tivemos quando estávamos nos tratando com o dr. Lang.
    "Durante uma consulta com o dr: Lang, em janeiro deste ano, ele me disse que havia feito
uma infiltração profunda no meu tórax em dois lugares e avisou-me para não ficar alarmada
se aparecessem marcas no meu corpo. Eu não havia sentido nada e não pensava que pudesse
aparecer qualquer espécie de marca. Estava totalmente. enganada. Apareceram duas marcas
em meu corpo! Muito nítidas. E elas ali permaneceram por quatro dias.
    "Por duas vezes, durante o inverno, estive incapacitada de me consultar com o dr. Lang e
ele disse ao meu mando, em ambas as ocasiões, que viria me visitar. Em cada uma das noites
fui despertada por uma espécie de: choque elétrico. Era uma sensação de formigamento que
vinha da cabeça aos pés, como quando se é atingido pela urtiga, e durante talvez um minuto.
Em ambas as manhãs seguintes me senti melhor e fui capaz de me levantar.
    "Depois que o dr. Lang tratou do meu marido e de mim, em nossa visita no último mês de
junho, ele nos explicou que havia retirado algum líquido da coluna vertebral do meu esposo.
Para nos assegurar de que isso realmente ocorrera, ali estava uma mancha úmida na coberta
do sofá! Isso é mais impressionante pelo fato de, como o senhor sabe, o dr. Lang só realizar
operações espirituais e nunca tocar o corpo físico. Sempre o observei atentamente e em todas
as ocasiões vi suas mãos a alguma distância acima do corpo físico."
    Quando George Chapman recebeu essa carta da sra. Woodley, teve a explicação de um
enigma que o vinha intrigando durante os últimos meses. Um dia em junho, quando
readquiriu a consciência após o dr. Lang haver atendido o último paciente, George havia
notado uma mancha úmida na coberta do sofá. Ele não pôde encontrai qualquer explicação
sobre como isso teria acontecido e, sem imaginar que poderia ter ocorrido um fenômeno,
apenas trocou a coberta suja por outra limpa. Mas a carta da sra. Woodley forneceu-lhe a
resposta.
    Capítulo 17
    "Nunca mais Olharei o Passado com Rancor"
    Enquanto estava sentado diante da srta. Ilse Kohn e escutava o relato de um acidente que
ela havia sofrido há sete anos, em 1957, eu pude sentir, mais uma vez, o horror que sempre
invade um ser humano quando ele sofre um trauma físico. Em relação a esse acidente, houve
a apavorante falta de cuidado que tanto caracteriza a chacina, ou quase chacina, que ocorre
diariamente em nossas estradas. Uma superintendente de hospital em sua bicicleta, um carro,
uma colisão, aço retorcido e o corpo mutilado de uma mulher, com a cabeça sangrando,
estirado na estrada. Depois, a disparada em busca de socorro no Amersham Hospital, os
exames e a descrição dos ferimentos - fratura de crânio, olho direito gravemente ferido, nariz
e costelas fraturados.
    "Fiquei inconsciente durante dez dias e dez noites. Quando voltei a mim, não sabia onde
estava ou o que havia acontecido. Ora, eu tinha sofrido uma concussão e, por causa disso, em
geral, ninguém se recorda do que aconteceu", disse-me a srta. Kohn. "Eu não podia erguer a
cabeça do travesseiro - e não queria fazê-lo. Sentia-me totalmente exausta. Estava realmente
satisfeita por estar deitada.
    "Poucos dias depois de ter recuperado a consciência, alguns médicos estavam em pé à
volta de minha cama conversando, discutindo o meu caso. Ouvi um deles dizer
tranqüilamente a um outro que estava preocupado com a minha visão. Um dos seus colegas
disse algo a napeito da dúvida que tinha quanto à possibilidade de eu voltar a enxergar. Ele
não sabia que eu podia ouvir o que estavam dizendo. Eu tinha na ponta da língua algo para
dizer: `Eu sei que voltarei a enxergar outra vez.' Eles haviam recolocado um olho que havia
sido arrancado da órbita e depois tinham fechado a pálpebra para protegê-lo. Mas tinham
deixado parte dela aberta, no centro, através da qual eu podia ver um pedaço do céu.
    "Eu estava determinada a ficar curada. Quando ouvi um especialista expressar suas dúvidas
quanto a eu poder readquirir totalmente o meu equilíbrio mental e explicar que poderia levar
muito tempo até que eu pudesse reassumir minhas obrigações como superintendente, tomei
isso como um desafio para ficar boa rapidamente. Penso que os médicos ficaram satisfeitos
ao ver como eu me recuperava tão depressa. Dentro de três semanas eu havia aprendido a me
sentar corretamente, a me levantar e caminhar novamente, para cuidar de mim mesma e falar
com outros pacientes. Fui então liberada e me permitiram voltar para casa.
    "Seguiu-se então um período muito penoso. Encontrava-me terrivelmente fraca e meu olho
direito ainda estava fechado. Sofria freqüentemente de intoleráveis dores de cabeça e fiquei
muito assustada ao descobrir que era incapaz de pensar de modo claro e lógico. Às vezes
ficava imaginando se o especialista do hospital não estaria certo, principalmente quando disse
que levaria muito tempo para que . eu me sentisse em condições (se isso fosse possível) de
reassumir meu trabalho de superintendente. E quando um amigo psiquiatra disse: `Ela terá de
recomeçar desde o início, como se tivesse acabado de nascer, e atravessar novamente cada
etapa da vida', fiquei chocada. Pensei: `Meu Deus! Isso é algo que se ouça aos 33 anos?'
Achei terrivelmente difícil engolir essa amarga pílula, mas finalmente a aceitei.
    "Depois de um mês em casa, tive de voltar ao hospital para que meu olho direito fosse
aberto. Isso foi assustadoramente doloroso, quase como sofrer outro acidente. Quando voltei
para casa, tive uma recaída e me senti mais fraca e pior do que nunca.
    "Pouco depois fui para uma casa de convalescença em Farnham e fiz um bom progresso.
Eu queria mostrar que já estava boa a fim de reassumir minhas funções, mas aparentemente
minha mente ainda não estava totalmente normal.
    "Por mais que tentasse, não podia enfrentar o meu próprio desafio e tudo que eu procurava
fazer parecia fracassar. Eu não podia compreender o que estava acontecendo. Olhando para o
passado, diria que isso ocorria porque eu estava tentando fazer as coisas com muita pressa.
E não se pode forçar o andamento do processo de cura além do que é aceito pela natureza.
    "Havia ocasiões em que eu ficava deprimida e as noites eram também horríveis. Incapaz de
dormir; eu podia apenas chorar e sentir-me sozinha, a despeito da simpatia e do amor dos
amigos que cuidavam de mim, da mesma forma que os meus pais fariam se estivessem vivos.
Mas eu não podia perceber isso. Sentia-me como se estivesse numa prisão, sem ninguém com
quem conversar. No mais íntimo do meu ser, acho que sabia que esse sentimento de
infelicidade era causado por mim mesma Era como estar presa a uma cruel armadilha da qual
não iria sair jamais, e saber que iria morrer:
    "Houve poucas mudanças no meu estado de saúde até depois do Ano-Novo, quando
alguém sugeriu que eu procurasse me consultar com o médico espiritual William Lang, para
ver se ele poderia me ajudar. Não sendo espírita, duvidava que isso desse algum resultado.
Mas estava curiosa e muito disposta a tentar o que quer que fosse.
    "Quando, finalmente, me encontrei com o dr. Lang, em fevereiro de 1958, isso foi uma
experiência muito agradável. Havia tanta amabilidade de sua parte que imediatamente me
senti reconfortada.
    "Ao vê-lo caminhar na minha direção, lembrei-me de um professor alemão com quem eu
tinha tido o prazer de trabalhar no hospital. De imediato, pensei: `Estou em boas mãos. Aqui
está uma pessoa sábia.' Compreendi que havia agido corretamente ao procurá-lo.
    "O dr. Lang conversou comigo por alguns instantes sobre diversos assuntos. Ele quis saber
de onde eu vinha, qual o meu trabalho e como o acidente havia acontecido. Então pediu que
eu me deitasse no sofá e me examinou tocando ligeiramente o meu corpo com as mãos. Falou
muito pouco sobre o meu estado de saúde mas, de algum modo, deu-me a sensação de que eu
poderia confiar na sua ajuda.
    "Enquanto permaneci ali, deitada, ele me explicou que iria realizar algumas operações
indolores no meu corpo espiritual. Falava com assistentes invisíveis e pedia instrumentos
cirúrgicos. Suas mãos pairavam acima do meu corpo, a uma distância de mais ou menos três
centímetros, como se segurassem delicadamente alguns instrumentos e realizassem uma
cirurgia. Mas eu não sentia nada. Sabia instintivamente que ele iria me curar, embora não
soubesse como.
    "Quando fui embora, sentia-me muito mais tranqüila, muito mais aliviada e alegre. Sentia
que algo havia acontecido, embora não soubesse exatamente o quê. Era como se alguém
tivesse aberto a porta da minha prisão imaginária.
    "A princípio, não sabia como gozar de minha liberdade recém-descoberta. No meu
subconsciente, temia que aquela maravilhosa sensação de liberdade, de ser eu mesma
novamente, não durasse muito tempo, mas consolei-me com o pensamento de que, dentro de
quinze dias, eu estaria novamente na presença do dr. Lang e que ele poderia então me ajudar
mais ainda. Com o passar dos dias, fiquei encantada pelo fato de a minha capacidade de
raciocínio não ter desaparecido ou diminuído mas, na verdade, ela crescia e se tomava a cada
dia mais real e permanente. Não me sentia mais sozinha.
    "Quando fui a Aylesbury pela segunda vez, encontrei o sr. George Chapman antes que ele
entrasse em transe. Era um homem muito mais jovem que o dr. Lang e notei que ele falava de
uma maneira diferente. Sendo uma enfermeira experiente, naturalmente falei sobre temas
médicos e, em particular, sobre o meu caso. Ele não tinha conhecimentos de medicina e podia
ser tudo, menos médico.
    "O dr. Lang, mais uma vez, realizou uma operação e ministrou-me o tratamento espiritual
e, mais uma vez, me senti melhor. Essa melhora foi, na verdade, tão impressionante que
tomei-me totalmente capaz de reassumir minhas funções de superintendente do hospital."
    Depois da sua terceira e última visita ao dr. Lang, a srta. Kohn soube que, afinal, havia
ficado curada, quando pôde passar a desempenhar suas árduas tarefas com a mesma
proficiência com que as desempenhava antes do acidente.
    "Não me sentia totalmente curada, mas o dr. Lang havia conseguido, de algum modo,
implantar na minha mente a confiança de que eu iria ficar boa", disse-me a srta. Kohn.
"Naturalmente, havia ainda algumas dificuldades a serem enfrentadas, mas finalmente
consegui superá-las.
    "Há anos que não me sentia tão bem quanto agora - e não poderia desejar estar melhor.
Gozo a vida e adoro conhecer pessoas. Estou lendo e escrevendo muito mais do que antes.
    "Nunca mais olharei para o passado com rancor ou tristeza. As vezes, quando penso em
tudo o que me aconteceu, fico em dúvida se, de fato, eu poderia ter encontrado o caminho
para a felicidade se não tivesse conhecido o dr. Lang. Rogo a Deus para que Ele preserve as
minhas forças a fim de que eu possa ajudar as pessoas que precisam de mim, da mesma forma
que eu, certa vez, precisei que alguém me ajudasse."
    Capítulo 18
    Em Busca de Cooperação
    Uma das primeiras coisas de que tomei conhecimento quando de minhas conversas com o
dr. Lang na preparação deste livro foi do seu sincero desejo de estabelecer uma maior
cooperação entre ele e os membros da classe médica. Esse desejo não era motivado pela idéia
de que o auxílio dos médicos da Terra poderia possibilitar a ele conseguir resultados ainda
mais surpreendentes. A relação dos resultados obtidos fala por si mesma. Mas, de algum
modo, ele desejava partilhar sua rara habilidade e os seus conhecimentos com homens cujos
horizontes estavam limitados no campo da cura.
    Esse desejo foi concretizado até certo ponto. Muitos dos seus pacientes, quando atendidos
pelos seus próprios médicos e hospitais para exames periódicos, falaram sobre o médico
espiritual e suas operações indolores, que haviam curado ou minorado suas enfermidades.
Muitos profissionais, como era de se esperar, não deram nenhuma atenção a isso ou
recusaram-se a fazer qualquer comentário sobre o assunto. Mas houve alguns médicos e
cirurgiões que concordaram que a cura divina ou espiritual não deveria ser desprezada ou
ridicularizada. Na verdade, alguns deles foram mais longe, ao aconselhar seus pacientes a
continuarem a receber o tratamento ministrado pelo dr. Lang e também a fazerem check-ups
médicos regulares para que o seu estado de saúde pudesse ser observado clinicamente.
    Um desses cavalheiros foi o dr. G. S. Miron, cuja cooperação dada ao dr. Lang foi relatada
no capítulo Mirabile Diciu. Ele também cooperou com o médico espiritual todas as vezes que
acreditou que poderia ajudar o paciente.
    Outros exemplos, envolvendo tanto médicos como famosos especialistas clínicos,
poderiam ser citados.
    Embora essa cooperação tenha sido um feito notável e muito bem acolhido, ela satisfez
apenas parcialmente o grande desejo do dr. Lang, pois este pretendia trabalhar em íntima
colaboração com tantos médicos quanto fosse possível.
    Ele deu seu primeiro e decisivo passo nesse sentido em 1958, pois, um dia, quando estava
incorporado em George Chapman, ditou a seguinte carta e pediu que ela fosse enviada ao
secretário do Royal Ophthalmic Hospital (Hospital de Olhos Moorfields):
    "Sei que o senhor vai estranhar bastante uma carta como esta, mas eu e meu filho Basil
fomos membros efetivos da equipe médica desse hospital durante muitos anos.
    "Se o senhor verificar meus registros, encontrará muitas coisas sobre nós, por exemplo:
que eu escrevi um livro intitulado O exame médico do olho e que meu filho escreveu diversos
livros sobre o exame e a abordagem de um paciente.
    "Desejo convidar membros da sua equipe médica atual e, naturalmente, ex-membros, para
entrarem em contato com o meu médium, George Chapman, com a finalidade de marcar uma
entrevista comigo.
    "Sei que posso ser extremamente útil no que se refere à técnica da cirurgia do olho e estou
certo de que muitos da equipe que estejam interessados e amem o seu trabalho gostariam de
me conhecer."
    Não foi recebida qualquer resposta. Quando perguntei ao dr. Lang, durante uma das nossas
entrevistas, se ele havia ficado frustrado pelo fato de o secretário haver ignorado a sua carta,
ele respondeu: "Oh, não. Não fiquei frustrado. Realmente não esperava que ele me
respondesse - talvez seja demais pedir a um cavalheiro naquela posição para se corresponder
com um homem `morto' -, mas achei apenas que devia escrever aquela carta para que
soubessem que estou de volta e sempre disposto a ajudar, da maneira que for possível. Não
recebi resposta à minha carta mas, em conseqüência dela, alguns dos queridos jovens virão
me ver.
    "Quinze dias depois que George enviou a carta, ele recebeu uma mensagem de (não devo
mencionar o nome, era uma consulta particular, mas posso lhe dizer que ele é um especialista
muito capaz e experimentado). Eu não conhecia o querido jovem pessoalmente; ele havia
sido um dos colegas de Basil, mas gostei bastante de conversar com ele.
    "A princípio, ele caminhou para dentro da minha sala como se fosse um pugilista
profissional", continuou o dr. Lang. "Pelas perguntas que me `atirou', era óbvio que sua
intenção era a de comprovar que eu não podia ser o dr. William Lang que dizia ser na minha
carta. Ele me fez perguntas muito intrincadas sobre oftalmologia; respondi a todas
detalhadamente e falei também sobre vários métodos de tratamento. Por fim, o querido jovem
pediu desculpas pela sua atitude hostil e indagou se eu permitiria que ele viesse me consultar
sempre que se deparasse com um problema que ele não soubesse como resolver totalmente.
Naturalmente, eu disse que sim.
    "Com o passar dos anos, nos tornamos realmente bons amigos e ele vem me visitar
freqüentemente. Na verdade, ele esteve comigo há apenas algumas semanas para falar de um
caso no qual, folgo em dizê-lo, pude ajudá-lo." Ele olhou para mim de uma maneira marota e
acrescentou com um sorriso: "Naturalmente, eu o ajudei à minha maneira. Eu estava presente
à sala de operações enquanto ele realizava a cirurgia e pude orientá-lo. Depois visitei o
paciente enquanto estava adormecido e tratei o seu corpo espiritual. É claro que o querido
jovem não tem conhecimento disso, e prefiro que ele acredite que foram os seus próprios
cuidados e a sua habilidade que salvaram a visão do paciente."
    Durante essa entrevista, fiquei sabendo que muitos especialistas de diversos hospitais
oftalmológicos vêm procurar o dr. Lang, de vez em quando, para discutir casos complexos.
    Essas visitas ao dr. Lang fizeram com que as notícias sobre o médico espiritual se
difundissem entre outros especialistas e clínicos de outros campos da medicina. George
Chapman mantém um grande arquivo com a marca "Confidencial". Ele contém cartas de
médicos particulares e de clínicas - alguns dos quais, renomados especialistas: outros,
clínicos menos famosos. Muitos deles tinham solicitado encontros com o dr. Lang porque
gostariam de discutir com ele alguns casos que os preocupavam e que esperavam pudessem
ser curados, ou pelo menos melhorados, pelo tratamento ministrado pelo médico espiritual;
cada carta revelava que o paciente não havia reagido ao tratamento médico ortodoxo e, pelo
que se podia avaliar, era considerado incurável. Existem cartas que solicitam claramente que
o paciente seja atendido pelo dr. Lang para que o tratamento e a cirurgia espirituais possam
ser tentados. Uma vez que essas mensagens estão todas rotuladas "Particular e Confidencial",
a identidade de quem as escreveu não pode ser revelada Mas asseguro que as vi e li. E os
nomes dos seus autores provavelmente deixariam os leitores boquiabertos.
    Um famoso especialista de Harley Street escreveu: "Estou abandonando a minha clínica
que ficará sob a responsabilidade do dr. ... que fez estágio no hospital de Guy e ganhou o
prêmio ... Ele passou um ano numa clínica no Canadá fazendo especialização em acidentes
industriais e em poliomielite, e fez outros estágios nos hospitais (nomes citados) em Londres.
Espero que ... vá vê-lo e que o senhor possa proporcionar a ele toda a ajuda possível."
    O substituto do especialista nessa clínica, na verdade, foi ver o dr. Lang para discutir um
caso específico que estava lhe causando muitas preocupações. O dr. Lang o aconselhou e,
sem que o visitante soubesse, iniciou um tratamento à distância para o paciente. Foi bem
sucedido.
    George Chapman continua a receber cartas de membros da classe médica. Uma das mais
recentes, escrita em dezembro de 1964, diz: "No próximo mês, inaugurarei um novo
departamento no Hospital ... Por favor, solicite ao dr. Lang que abençoe esse departamento e
que me dê forças, discernimento, tranqüilidade e confiança para que eu possa dirigi-lo.
Confio na ajuda do dr. Lang."
    Afinal, a carta do dr. Lang ao secretário do Moorfields Hospital atingiu seu objetivo,
embora não oficialmente. Mas o dr. Lang nunca se preocupou com o oficialismo ou com os
aplausos do público - seu único propósito é assistir aos doentes que precisam de ajuda. Se ele
puder obter apoio da classe médica e, com a cooperação de alguns dos seus membros,
conseguir a recuperação de um paciente, ficará plenamente satisfeito.
    Há alguns anos, o jornalista Desmond Shaw escreveu: "Dia virá quando nenhum grande
médico, psicólogo ou patologista poderá pensar em tentar curar doenças sem se comunicar
com o mundo espiritual, da mesma forma que não pensaria em entrar numa sala de operações
sem o seu bisturi." Talvez a previsão do sr. Shaw esteja prestes a se tornar verdadeira:
    Capítulo 19
    Abram as Portas Mente
    Os médicos são tão obstinados com relação às suas opiniões quanto qualquer outra pessoa.
Por terem sido diplomados por universidades e faculdades de medicina, presume-se que
sejam pessoas razoavelmente inteligentes. Mas, quando são obrigados a expressar as suas
próprias opiniões, tomam-se peculiarmente hesitantes. Os mais vociferantes e os menos
vociferantes pelo menos partilham uma qualidade - uma grande inibição quanto ao uso
público dos seus nomes ligados às suas opiniões sobre certos assuntos.
    Falei com muitos médicos com o propósito de preparar este livro. Alguns deles perderam
as estribeiras quando mencionei a cura espiritual. Riram, satirizaram, recusaram-se a me
ouvir, escarneceram. Outros sorriram de modo condescendente ou deram de ombros, ou
disseram frases incompletas, tais como: "Bem, as pessoas podem acreditar no que quiserem,
mas, bem..., como eu diria...".
    Um deles deixou-me a impressão de que, no que se refere ao grosso da classe médica, a
cura espiritual era inaceitável. Isso não era apenas uma coisa que eles não compreendiam ou
em que, obviamente, não acreditavam, mas que nem mesmo merecia uma investigação
objetiva.
    Somente um pequeno número dos médicos com quem conversei concordou com a citação
de seus nomes e de suas opiniões. Isso é algo que não entendo. Por que o temor?
    Até os médicos que mantiveram contatos com George ChapmanWilliam Lang mostraram-
se um tanto relutantes. E isso não aconteceu porque eu estivesse apenas em busca de opiniões
favoráveis. Ficaria satisfeito em citar opiniões "anti"-cura espiritual (ou anti-Lang), bem
como as "prós". Mas a reação que encontrei foi quase a de.proibição.
    Um dos médicos que havia se encontrado com o médico espiritual em muitas ocasiões, e
que gentilmente permitiu que o seu nome fosse citado, foi o dr. Theodore Stephanides. Com
quase meio século de experiência como médico, ele servira como major no corpo médico do
exército da Inglaterra durante a II Guerra Mundial e, posteriormente, fez parte da equipe
médica do Lambeth Hospital, em Londres, onde trabalhou até se aposentar, em 1961.
    "Encontrei o dr. Lang, pela primeira vez, em 1958", disse-me o dr. Stephanides em seu
apartamento no bairro de Chelsea. "Um amigo meu, o sr. Eric Raymond, que chegou de
Haddenham e que sofria de surdez (tinha uma esclerose progressiva do tímpano que
provocava uma insensibilidade nesse órgão), pediu-me para acompanhá-lo a Aylesbury. Ele
havia decidido, segundo me contou, ir consultar um médico espiritual e queria que eu ouvisse
o que esse médico teria a dizer e visse o que ele poderia fazer."
    Perguntei: "O sr. Raymond havia se submetido a algum tratamento médico antes de ir a
Aylesbury?"
    "Oh, sim. Ele havia tentado a medicina ortodoxa durante um longo período, sem, contudo,
ter obtido qualquer resultado", disse o dr. Stephanides. "Infelizmente, o dr. Lang também foi
incapaz de melhorar a surdez do sr. Raymond: Mas acho que esse foi um teste desleal no que
se refere ao dr. Lang, porque, como se sabe, a esclerose do tímpano é conhecida como sendo
uma doença progressiva, praticamente impossível de ser curada. Ela vai evoluindo cada vez
mais, até que o doente fique totalmente surdo. Praticamente, nada pode detê-la.
    "Contudo, quando fomos consultar o dr. Lang, no início de 1958, ele diagnosticou
corretamente a doença do sr. Raymond. Ele não prometeu que iria curá-lo; disse que esperava
poder melhorar sua audição. Realizou, então, o que ele chamou de `operação espiritual' no
`corpo espiritual' do sr. Raymond, o que, segundo disse, resultaria numa verdadeira cirurgia
no tímpano. Essa `operação' foi, naturalmente, realizada sem quaisquer assistentes ou
instrumentos visíveis.
    Logo após o tratamento, a surdez do sr. Raymond pareceu haver diminuído, mas isso não
durou muito tempo. Encontrei-me com o sr. Raymond há cerca de quinze dias e, sinto dizê-
lo, na verdade não houve nenhuma melhora sensível. Porém, como já disse, esse não foi
realmente um teste justo, e o fato de o dr. Lang ter falhado não significa que ele não pudesse
obter sucesso em outros casos. Assumir esse ponto de vista pode ser manifestamente injusto -
e naturalmente ilógico."
    "Falando como médico, qual a impressão que o dr. Lang causou ao senhor?", perguntei.
    "Oh, competente, gentil, ligeiramente vaidoso. Como um,médico clínico da velha escola",
respondeu o dr. Stephanides. "Durante minhas conversas com ele - acompanhei o sr.
Raymond a Aylesbury por oito ou nove vezes -, não o vi cometer nenhum erro médico. Mas,
pelo fato de estar ali como convidado e não como um pesquisador científico, nunca lhe fiz
perguntas que pudessem parecer uma espécie de teste.
    "Pareceu-me que ele tinha um vasto conhecimento médico, porém de uma época já
ultrapassada, se é que o senhor me entende. Tenho a impressão que ele não mencionou nada
que dissesse respeito ao atual ponto de desenvolvimento da medicina - coisas como penicilina
etc., o que, naturalmente, pode ter sido uma coincidência. Mas os temas que ele abordou em
diversas ocasiões indicavam que ele possuía muita experiência e muitos conhecimentos
médicos.
    "Presenciei um incidente durante uma das minhas visitas ao médico espiritual que me
causou uma profunda impressão.
    "Em fevereiro de 1958, submeti-me a uma operação no Lambeth Hospital, por ter sofrido
um deslocamento da retina do meu olho direito. No mês de junho seguinte, fui com o sr.
Raymond visitar o dr. Lang. Nessa ocasião, o dr. Lang aproximou-se e ficou em pé diante de
mim (com ambos os olhos firmemente fechados, como de costume) e disse-me que estava
feliz pelo fato de a minha operação por causa de uma `complicação na retina' (ele não usou a
expressão `deslocamento da retina') ter sido tão bem-sucedida. Não existia nenhum sinal
exterior que pudesse revelar que eu havia me submetido a essa operação e eu não a havia
mencionado, em nenhuma ocasião, nem tampouco o sr. Raymond, fato que ele me confirmou
posteriormente.
    "Naturalmente, eu não poderia garantir que essa informação não tivesse sido fornecida por
alguma pessoa ligada ao Lambeth Hospital. Mas não acho que isso pudesse ter acontecido,
pois, tanto quanto é do meu conhecimento, o sr. Chapman não mantinha qualquer tipo de
ligação com esse hospital.
    "Uma outra possibilidade seria, naturalmente, a telepatia; mas, quanto a isso, mais uma
vez, não acho que a telepatia tenha sido utilizada porque eu, como toda a certeza, não estava
pensando na operação quando fui a Aylesbury. Não havia razão para que eu estivesse
pensando nela. A operação havia sido realizada quatro meses antes do meu encontro com o
dr. Lang no mês de junho, e não tinha havido qualquer problema posterior.
    "Quando o dr. Lang me falou sobre a operação fiquei surpreendido, muito surpreendido
mesmo. Sou de opinião que o dr. Lang fez ou sentiu o diagnóstico pelo que eu poderia
chamar de meios supranormais."
    Durante minha entrevista com o dr. Stephanides, eu soube que ele havia encontrado
George Chapman quando este não estava em transe, em uma de suas visitas a Aylesbury.
Perguntei quais tinham sido as suas impressões.
    "Bem; eles me parecem ser duas pessoas totalmente diferentes", disse o dr. Stephanides.
"Naturalmente eu não havia conhecido o dr. Lang na vida real, mas acho que aqueles que o
conheceram e falaram com o sr. Chapman quando este estava sendo guiado pelo dr. Lang,
puderam reconhecê-lo e descobrir uma semelhança. Seu modo de falar e como se
comportava, entre outras coisas, eram totalmente diferentes dos do sr. Chapman."
    Indaguei: "O sr. acredita que George Chapman é, de fato, controlado pelo dr. Lang?"
    "E muito difícil responder a essa pergunta. Permita-me fazê-lo da seguinte maneira: ou o
sr. Chapman é um ator extraordinariamente perfeito ou é controlado pelo dr. Lang."
    "Se o sr. Chapman fosse apenas um ator extraordinariamente perfeito, como pode ele
conseguir os seus maravilhosos resultados de cura?"
    "Bem, sobre isso não posso falar de ciência própria, porque o único caso que presenciei foi
aquele não-convincente do sr. Raymond", replicou o dr. Stephanides. "Mas permita-me dizer
o seguinte; acredito que a cura espiritual ocorre realmente. O único problema é que, por
enquanto, não conhecemos as leis da cura espiritual ou como é que ela funciona.
    "Embora eu não tenha tido nenhuma experiência direta, já li muito sobre curas espirituais.
Por enquanto não descobrimos o bastante sobre suas leis. Muito freqüentemente, pessoas que
não acreditam no tratamento espiritual são curadas e outras que não crêem nele descobrem
que seus efeitos são insignificantes e até negativos.
    "Parece que quem ministra o tratamento também tem seus altos e baixos. Durante um certo
período, ele pode obter uma longa série de sucessos e, subitamente, e por algum tempo, perde
alguns dos seus poderes. Mesmo se isso não acontecer, pode ocorrer outro fenômeno curioso,
pelo que, às vezes, ele pode estar tratando de três pacientes ao mesmo tempo e venha a
conseguir bons resultados com dois deles, enquanto o terceiro, cujo caso pareça
extremamente semelhante, não obtém nenhuma melhora E essa é a razão pela qual se torna
difícil avaliar qual é o resultado geral do tratamento espiritual.
    "Existe também a grande dificuldade de se saber até que ponto a auto-sugestão está aí
incluída. Essa é, sem dúvida, uma força importante, pelo fato de poder fazer com que uma
pessoa se sinta melhor ou pior do que, na verdade, está."
    Eu o interrompi: É possível, por exemplo, curar o câncer pela auto-sugestão?"
    "Pessoalmente, não conheço nenhum caso onde ela tenha funcionado ou sido tentada, mas
conhecemos tão pouco sobre as forças do corpo em si mesmas, por assim dizer, que ninguém
pode afirmar com segurança que a auto-sugestão pode ou não pode curar.
    "A auto-sugestão parece ser uma força poderosa. São conhecidos casos, digamos, por
exemplo, uma epidemia de peste na Índia - em que as pessoas morriam de medo porque
estavam convencidas de haverem contraído a doença. Por incrível que possa parecer, essas
vítimas da auto-sugestão morrem apresentando muitos dos sintomas da doença, embora a
necrópsia venha a revelar a ausência do bacilo.
    "Sabe-se também que, quando um paciente é portador de uma enfermidade - praticamente
qualquer enfermidade - e o médico diz a ele: `Oh, logo você estará curado', o doente tem uma
chance muito maior de se recuperar. Mas se o médico balançar a cabeça e disser: `Não há
muito a ser feito, você morrerá em poucos dias', as chances são de que o paciente piore
imediatamente.
    "Existe uma grande lacuna em nosso conhecimento sobre o que exatamente influencia o
corpo humano. Eis aí por que eu acho que deveria ser feita uma pesquisa para se investigar e
descobrir o que eu chamo de leis do tratamento espiritual. Poderíamos então saber mais sobre
isso e determinar mais facilmente quais os doentes que poderiam se beneficiar com o
tratamento espiritual e quais não."
    Perguntei: "Falando de uma maneira geral, o senhor admite que o tratamento espiritual
pode ajudar um paciente que não reage ao tratamento médico ortodoxo?"
    "Sim, acho que sim", disse o dr. Stephanides. "Acho que existe ampla evidência da eficácia
do tratamento espiritual. Tomemos, por exemplo, Lourdes. Ninguém pode ignorar os
incontáveis casos que foram ali tratados com o mais extraordinário sucesso. E não apenas em
Lourdes, mas também na ilha de Tinos, na Grécia, onde a Virgem de Tinos tem realizado, e
realiza diariamente, as mais fantásticas curas. Meu pai viveu muitos anos na Índia e contou
que curas semelhantes são obtidas por pessoas que se banham nas águas do rio Gmges. Isso
não é apenas uma manifestação de uma religião em particular, capaz de produzir miraculosos
resultados de cura. Lourdes é a gruta de cura da Igreja Católica Romana; Tinos é a ilha das
curas da Igreja Ortodoxa Grega; e o Ganges é o rio das curas do hinduísmo. Só aqui temos
três diferentes religiões praticando a cura espiritual e creio que existem outras que obtêm
exatamente a mesma espécie de fantásticos resultados de cura."
    "Se o senhor tivesse um paciente que não tivesse reagido satisfatoriamente ao tratamento
médico ortodoxo, o aconselharia a buscar a ajuda do dr. Lang?"
    "Primeiro o aconselharia a tentar a medicina ortodoxa e, depois, se ele não obtivesse
sucesso, a tentar a cura espiritual."
    "Estou certo de que o senhor compreende que o seu modo de ver é totalmente invulgar", eu
disse. "Pois a minha experiência com membros da classe médica mostra que eles se recusam
a aceitar a idéia da existência do corpo espiritual. Eles não vêem nada além da sua própria
esfera e acham inconcebível que a cura espiritual, por não compreendê-la, possa acontecer
quando a medicina quase sempre falha."
    "Bem, sou da opinião que a medicina ortodoxa, embora avançada à luz das descobertas
científicas, sabe muito pouco sobre as forças do corpo", replicou o dr. Stephanides. "Parece
que existem muitas coisas que influenciam o corpo humano e que não foram, até agora,
comprovedas ou reconhecidas. Essa é a razão pela qual eu gostaria de ver realizada uma
pesquisa completa sobre o tratamento espiritual, a fim de que seja determinada que ajuda ele
poderia prestar à medicina ortodoxa."
    "Então o senhor receberia com agrado uma cooperação entre a classe médica e os médicos
espirituais?"
    "Sim, se eu souber que um paciente tentou a medicina ortodoxa sem sucesso, certamente e
de bom grado o aconselharia a tentar o tratamento espiritual, a consultar o dr. Lang. E o
senhor pode ter a certeza de que eu não sou o único médico a acreditar nas amplas
possibilidades do tratamento espiritual. Já leu, por exemplo, os livros sobre o assunto escritos
pelo professor Charles Richet e pelo dr. Alexis Carrel? Ambos praticaram a medicina
ortodoxa, mas acreditavam que era possível obter resultados surpreendentes pelo tratamento
espiritual. Eles não confessam que sabem de que modo os resultados eram obtidos, mas
tinham certeza de que eles eram obtidos."
    Confesso-me grato ao dr. Stephanides por ter me permitido publicar suas opiniões. Desejo
apenas que um número maior de seus colegas da profissão imitem a sua atitude, mesmo
porque qualquer forma de tratamento, ortodoxo ou não, que venham realmente a beneficiar a
humanidade é merecedora de atenção. Talvez uma interpretação mais abrangente do
Juramento de Hipócrates pudesse ajudá-los a abrir as portas daquelas partes de suas mentes
que permanecem tão hermeticamente fechadas.
    Capítulo 20
    A Ajuda Inesperada de uma Diretora de Hospital
    O caso relatado a seguir é diferente dos demais, visto que os detalhes do histórico médico e
da cura espiritual realizada pelo dr. William Lang não me foram revelados pelo paciente, mas
pela diretora da Casa de Saúde Seven Gables, onde ocorreram o tratamento e as operações
espirituais. A diretora é a sra. D. M. Williamson, de Winslow, diplomada em enfermagem e
em administração hospitalar, e a importância do seu testemunho é ainda maior, creio eu, não
apenas por causa do seu vasto conhecimento médico, adquirido durante toda uma existência
dedicada ao serviço de enfermagem, mas também pelo fato de ela ter estado presente em
todas as ocasiões que o dr. Lang atendeu a seu paciente. A sra. Williamson pôde, dessa
forma, convencer-se das raras habilidades do médico espiritual.
    "A sra. Jo Brown, que fora transferida para a nossa casa de saúde em setembro de 1958,
vinda do Stoke Mandeville Hospital", disse-me a sra. Williamson quando a entrevistei no dia
26 de outubro de 1964, "tinha quebrado o pescoço e sofrido outros ferimentos num acidente.
Ela estivera internada naquele hospital durante muitos meses, mas seu estado de saúde fora
considerado irreversível. Tudo o que a ciência médica pôde fazer fora baldado. A paciente
estava totalmente paralítica do pescoço para baixo. Era incapaz de erguer a cabeça do
travesseiro, ou mesmo de virá-la para os lados, e tinha dificuldade para engolir a comida
quando era alimentada. Algumas funções haviam sido interrompidas.
    "Quando a sra. Brown chegou aqui, seu esposo me comunicou que havia providenciado
para que um certo sr. George Chapman, de Aylesbury, viesse ver sua esposa para tentar
ajudá-la. Ele explicou que o sr. Chapman era o médium do médico espiritual William Lang.
O sr. Brown estava preocupado com a minha reação a essa notícia e, para me tranqüilizar e
obter a minha concordância, enfatizou que o seu único propósito era tentar qualquer coisa que
pudesse, talvez, ajudar sua mulher.
    "Devo admitir que fiquei sem saber o que dizer. Tendo estado intimamente ligada à
profissão médica durante toda a minha vida, era até natural que eu jamais houvesse dedicado
um só pensamento à cura espiritual ou aos médicos espirituais - para ser franca, eu nem
sequer sabia que eles existiam. Embora estivesse longe de ser convencida de que aquilo
poderia resultar em qualquer benefício, eu podia entender muito bem que o aflito marido
estivesse pronto a tentar qualquer coisa para ajudar a esposa. Conhecedora do diagnóstico
final dos médicos com respeito a essa paciente e do seu lastimável estado, tive de admitir que
não se perderia nada em tentar a cura espiritual - embora fosse difícil compreender o que se
poderia. conseguir. Nessas circunstâncias, disse ao sr. Brown que ele tinha razão em fazer a
sua tentativa.
    "Quando o sr. Chapman chegou à casa de saúde, por uma razão que não posso explicar,
senti imediatamente que me encontrava diante de um homem honesto e sincero. Antes de
levá-lo ao quarto da sra. Brown, conversei com o sr. Chapman, por alguns instantes, sobre o
estado de saúde da paciente e expliquei que a opinião dos médicos do hospital era a de que
ela jamais voltaria a andar ou a fazer qualquer movimento. No entanto, ficou patente para
mim que ele não possuía nenhum tipo de conhecimento de medicina, e não pude deixar de
sentir que essa visita seria uma perda de tempo e, pior do que isso, um perturbador
desapontamento para o sr. Brown. Para não falar de sua esposa.
    "Tão logo entramos no quarto da sra. Brown, o sr. Chapman disse a ela, de uma maneira
tranqüilizadora, que o dr. Lang iria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para ajudá-la.
Quando sentou-se ao lado da cama, observei-o atentamente e notei que ele havia fechado os
olhos, como se fosse adormecer. Pareceu-me que seu rosto mudava e ficava mais velho. Seu
corpo também pareceu se contrair. Após alguns momentos, ele levantou-se, estendeu a mão e
cumprimentou-me dizendo: `Bom dia, jovem senhora. Estou grato pelo fato de a senhora ter
permitido a minha vinda'. Sua voz era completamente diferente da do sr. Chapman. Era mais
rouca, a voz de um homem idoso. E a maneira como falava era a de uma pessoa muito culta.
Posso lhe assegurar que essa foi uma experiência extraordinária para mim.
    "O sr. Chapman apresentou-se como o dr. William Lang e encaminhou-se para o lado da
cama da sra: Brown. Tocando ligeiramente com as mãos na cabeça e no corpo da paciente,
ele diagnosticou corretamente o seu estado de saúde: Fiquei atônita. Sou uma enfermeira com
bastante prática e experiência, e fiquei pasmada com a precisão do seu diagnóstico. Por
incrível que possa parecer, quando disse que estava certo de poder corá-la, acreditei que
talvez ele o fizesse: Não sei por que, mas acreditei. Sua advertência de que o processo de
recuperação seria longo aumentou a confiança que eu tinha nele, porque, de alguma maneira,
se a sra. Brown pudesse ser curada, era óbvio que isso só poderia ser feito passo a passo."
    A sra. Williamson lembrou a explicação do dr. Lang sobre o corpo espiritual e o corpo
físico, e como uma operação realizada no primeiro poderia transferir seus efeitos para o
último. "Isso foi demais para que eu assimilasse", disse ela "Jamais tinha ouvido falar em
algo semelhante. Ele irradiava tanta confiança que eu não podia afastar os meus olhos dele.
Eu tinha muita experiência em salas de operação, e a maneira como suas mãos se moviam um
pouco acima da cabeça e do corpo da paciente era muito real, como se uma operação muito
delicada estivesse sendo realizada. Com toda a sinceridade, eu estava pasmada.
    "Mais tarde, o dr. Lang me disse que tinha absoluta certeza de que o efeito da sua cirurgia
iria se transferir do corpo espiritual para o corpo físico, e também que voltaria daí a dois dias
para realizar outras operações. Perguntou-me se eu poderia cooperar com ele e, quando
concordei, disse-me exatamente o que esperava que eu fizesse - massagens suaves no pescoço
da paciente no local onde se encontravam as vértebras.
    "Sentou-se novamente na sua cadeira e, logo depois, eu estava na presença do sr.
Chapman. Ele estava de novo tão alto e aprumado como quando o vi pela primeira vez, tendo
o seu rosto se transformado no rosto de um homem mais jovem e sua voz revertido ao timbre
normal anterior ao transe. Não tive dúvidas de que, na verdade, havia me encontrado com
duas pessoas totalmente diferentes.
    "O dr. Lang continuou a visitar a sra. Brown uma ou duas vezes por semana e, em cada
uma das ocasiões em que ele realizava suas operações, eu estava presente. Durante cada
visita, ele me instruía sobre o que desejava exatamente que eu fizesse e, naturalmente, eu o
fazia. Ele se mostrava. muito grato pela cooperação. Mas o senhor devia ter visto a sra.
Brown!
    "Aos poucos, ela foi capaz de fazer uso dos dedos; depois começou a levantar um pouco os
braços e as pernas; podia voltar a cabeça para um lado e para o outro e fazer outros
movimentos. Era realmente extraordinário o modo como se recuperava, e tudo isso depois do
que os médicos haviam dito!
    "Providenciei para que as instruções do dr. Lang fossem seguidas à risca. As suaves
massagens nas vértebras da sra~ Brown melhoraram as condições da espinha dorsal,
possibilitando que o líquido raquidiano fluísse com maior regularidade. Costumávamos
encorajá-la a distender, movimentar e levantar as pernas e a fazer uso das mãos. Ajudada, ela
começou a se alimentar por si mesma e, por fim, foi capaz de fazer isso com toda a
facilidade. Sua vitória seguinte foi pentear os cabelos, de início sem muita firmeza, mas com
perseverança ela conseguiu. Era um caso de cooperação entre o médico espiritual e a
medicina.
    "Então, num dia maravilhoso, o dr. Lang decidiu que devíamos tentar colocá-la de pé.
Lembro dele dizendo à paciente: `Agora a senhora pode, realmente, ficar em pé; pode fazê-lo,
pois está totalmente curada e logo poderá voltar a caminhar.' Ela estava tremendamente
nervosa, mas a encorajamos como podíamos e dissemos que tudo iria dar certo. Com uma
pequena ajuda, ela foi se erguendo, vagarosamente e com hesitação; então aprumou-se e
ficou em pé, incapaz de acreditar, tremendo de emoção e com os olhos brilhando. Depois
disso, estávamos presentes ao lado da sua cama, duas vezes por dia, para dar-lhe confiança
enquanto ela se levantava. Levou cerca de seis meses até que ela pudesse, ajudada, caminhar
pelo quarto.
    "Três meses após a primeira visita do dr. Lang, levamos a sra. Brown de carro até a estação
de Bletchley para encontrar o seu marido a cada semana que ele vinha visitá-la. Lembro-me
da primeira vez. Não havíamos dito ao sr. Brown o que pretendíamos fazer. Apenas a
aprontamos, a colocarros no carro e lá estava ela na estação esperando por ele. Ele se mostrou
muito entusiasmado. Não podia acreditar que era a sua esposa que o estava esperando.
    "A sra. Brown permaneceu em nossa casa de saúde durante um ano e, no decorrer desse
tempo, o dr. Lang visitou-a todas as semanas. Ele estava tão satisfeito e emocionado com o
maravilhoso progresso que ela apresentava quanto nós.
    "Quando nos deixou, ela era capaz de caminhar - com alguém ao seu lado, pelo fato de
ainda estar nervosa, mas capaz de ficar em pé sem o auxílio de ninguém. Era apenas uma
questão de tempo e de readquirir confiança.
    "Durante suas visitas, eu conversava com o dr. Lang usando o que se pode chamar de
jargão médico - da mesma forma que o fazia, na qualidade de diretora da casa de saúde, com
qualquer especialista que viesse visitar um paciente. Com o passar dos meses, comecei a ter
grande admiração por esse homem talentoso e, ao ver os resultados do tratamento por ele
ministrado, procurava-o sempre que eu ou minha irmã precisávamos de um tratamento de
qualquer espécie."
    Indaguei à sra. Williamson sobre a sua doença e ela me disse:
    "Durante muito tempo eu vinha sofrendo de um problema na vesícula e tinha também
problemas com as pernas. Havia recebido cuidados médicos, o que não havia produzido
nenhum resultado e pensava que devia apenas aceitar a situação.
    "Quando consultei o dr. Lang, ele disse que iria me curar. O tratamento foi completamente
indolor e não exagero quando digo que ele conseguiu, realmente, me curar.
    "Com respeito a minha irmã, Chérie, sua visão havia diminuído consideravelmente após
um ataque de sarampo. Notamos isso pela primeira vez quando seu professor de piano nos
disse que ela não conseguia ler as notas musicais. Foi atendida por um oculista que tentou
corrigir sua visão defeituosa receitando-lhe óculos, mas mesmo assim sua visão continuou
deficiente. O especialista disse que nada mais havia que ele pudesse fazer por ela.
    "Levei Chérie para consultar o dr. Lang. Ele cuidou dos seus olhos e o resultado foi que a
sua vista melhorou muitíssimo. Ela não tem mais nenhuma dificuldade e, na verdade, até
passou no exame para motorista. Antes de ir consultar o dr. Lang, ela não havia conseguido
ser aprovada. Mesmo tendo de usar óculos regularmente, ela é capaz de dispensá-los sempre
que deseja e pode ver muito bem sem eles. Chérie é atriz e não ser obrigada a usar óculos é
muito importante para ela, especialmente quando aparece na televisão. De fato, quando lhe
dão qualquer papel que exija uma moça com visão normal, ela pode desempenhá-lo.
    "Não somos o que se poderia chamar de `espíritas convictos'. mas nos interessamos muito
pelo espiritismo desde que encontramos o dr. Lang. Ele faz um trabalho maravilhoso neste
mundo, e eu desejaria apenas que muitos outros membros da classe médica cooperassem com
ele. Assim fazendo, eles o ajudariam a curar pessoas que, de outra forma, estariam destinadas
a morrer antes do tempo ou condenadas a viver na miséria e na dor."
    Capítulo 21
    Drama na Rodovia A-41
    O sábado, 6 de setembro de 1958, começou como qualquer outro dia de trabalho comum
para George Chapman. Ele saiu de casa, como sempre fazia, pela manhã, dirigindo seu carro
de Aylesbury para Birmingham a fim de possibilitar ao dr. Lang continuar cuidando dos seus
pacientes no Centro de Tratamento. Foi uma viagem sem incidentes. George. Chapman
conhecia a estrada muito bem e dirigia na velocidade costumeira para chegar a essa cidade do
meio-oeste no horário devido.
    E, como na maioria das ocasiões, havia tantos pacientes no Centro que já era tarde do dia
quando o último visitante saiu e George Chapman voltou a ser ele mesmo, mais uma vez.
    George foi obrigado a passar a noite em Birmingham, pelo fato de terem sido marcadas
consultas para que alguns pacientes fossem examinados na manhã de domingo na Igreja
Espiritualista de Brownhills.
    A viagem de volta para Aylesbury, no início da tarde de domingo, era novamente uma
dessas viagens rotineiras. Chapman, viajando a uma velocidade de 120 quilômetros por hora
nas longas retas da rodovia A-41, logo havia deixado para trás Solihull, Warwick e Banbury.
Se as condições permanecessem favoráveis, ele esperava cobrir os próximos vinte
quilômetros para Bicester em cerca de dez minutos e chegar à sua casa dentro de meia hora.
    Ele se achava a quase sete quilômetros a noroeste de Bicester quando isto aconteceu.
    O pneu dianteiro esquerdo estourou, enquanto o ponteiro do velocímetro estava próximo
dos cento e trinta quilômetros por hora. O carro se desgovernou e capotou vezes seguidas. O
motorista que estava atrás dele viu tudo. Mais tarde, ele disse à polícia que o Citroen devia ter
virado mais ou menos dez vezes antes de parar. Sua esposa confirmou o fato.
    Quando pedia George Chapman para me dizer o que ele pensou e fez no momento do
acidente, ele respondeu:
    "Quando o carro se desgovernou e começou a capotar, pensei: tenho de sair daqui
rapidamente. Eu estava com o tanque cheio de galofina e temia que ele explodisse e
envolvesse o carro em chamas. Quase no mesmo momento, pude ver a mim mesmo deitado
no banco traseiro do cano, como se estivesse dormindo, e ocorreu-me o pensamento de que
meu corpo espiritual estava, de fato, observando o meu corpo físico.
    "Então, subitamente, me vi em pé, do lado de fora do carro, olhando para os destroços.
Nesse momento eu não sabia se estava vivendo no meu corpo físico ou no espiritual. Na
verdade, eu pensei que as pessoas que falavam comigo eram desencarnadas, mas
gradualmente cresceu a sensação de que eu ainda estava na Terra."
    O motorista que testemunhou o acidente disse que, quase imediatamente depois que o carro
parou de capotar, ele e sua esposa viram a pessoa que o estava dirigindo de pé, do lado do
carro, olhando para o veículo, que estava de rodas para o ar.
    "Como é que você conseguiu sair?", perguntei a Chapman.
    "Não me lembro de ter saído do carro", ele me respondeu. "No meu estado de confusão,
supus ter me arrastado de dentro dele através do pára-brisa quebrado, mas eu não podia ter
feito isso porque ele estava intacto, da mesma forma que os outros vidros das janelas."
    "Talvez você tivesse escapado pela janela lateral esquerda."
    "Ela estava aberta, mas apenas cerca de quinze centímetros", disse Chapman. (O relatório
policial confirmou esse fato.) "Assim, embora eu não sabia de que modo consegui sair, me
encontrava do lado de fora, sem qualquer ferimento grave", continuou ele. "O único
ferimento que sofri foi um corte na cabeça."
    "E quanto às portas?" Insisti, tentando obter uma explicação de como ele conseguira sair.
"Você não poderia ter aberto uma porta e...?"
    "Isso não poderia ter sido possível", retrucou Chapman. "Nem o motorista que vinha atrás
de mim nem a polícia ou o inspetor da companhia de seguros puderam explicar como tinha
sido possível sair do carro. Nenhuma janela estava quebrada nem podiam ser abertas, e
quando a patrulha policial chegou ao local do acidente descobriu que as portas
ainda estavam fechadas pelo lado de dentro! Eu não poderia ter aberto uma porta e saído por
ela, e as janelas também estavam emperradas."
    O carro ficou tão danificado que a companhia de seguros o considerou como perda total,
embora nem o pára-brisa nem qualquer das janelas estivessem quebrados ou sequer rachados!
    O acidente foi investigado pela polícia de Bicester (distrito policial de Oxfordshire) e os
fatos apurados pelos encarregados do inquérito confirmaram tudo o que George Chapman me
relatou. O laudo policial afirmava: portas fechadas pelo lado de dentro; portas e janelas
emperradas devido às avarias; vidros do pára-brisa e das janelas intactos e fechados, com
exceção da janela lateral dianteira esquerda, que se encontrava abaixada doze centímetros da
parte superior. O motorista não pôde explicar como saiu dos destroços.
    Insisti: "De que maneira você acha que conseguiu sair?"
    `Bem, realmente eu não sei. Tudo o que eu posso dizer é que sinto que, embora esse
incidente seja um bom exemplo de projeção involuntária do espírito, ele vai muito mais além
e revela que, em circunstâncias de absoluta necessidade, a força espiritual pode,
aparentemente, ultrapassar as leis físicas. Pode-se dizer também que ocorreu uma
materialização ao contrário, ou algo semelhante a isso."
    Uma outra coisa inexplicável deve ser registrada.
    "No dia seguinte, em companhia de um antigo inspetor de polícia, visitei o local do
acidente", recordou Chapman. "Nós dois examinamos cuidadosamente os destroços do
veículo e depois a superfície da estrada. Ficamos surpresos ao descobrir que não havia sinais
do acidente - nem mesmo era visível qualquer marca de pneus." ,
    Talvez eu deva acrescentar que o corte na cabeça de Chapman desapareceu totalmente
após um dia todo em estado de transe, na segunda-feira, 8 de setembro de 1958. O dr. Lang
cuidou do seu médium de uma maneira tão perfeita que não ficou nem mesmo o mais leve
sinal do ferimento sangrento que ele apresentava naquela manhã, antes de entrar em transe.
    Capítulo 22
    O Fim de um Inferno de Vinte Anos
    Patrick P. Calder, de Ballinger, sofria de espondilite há vinte anos. Embora estivesse sob
constantes cuidados médicos e tivesse sido feito tudo o que se conhecia em medicina, ele não
encontrava alívio para o seu sofrimento.
    "Sofri de espondilite de 1942 até 1961", disse-me o sr. Calder em dezembro de 1964.
"Durante esses anos, fui tratado em hospitais em 1944, quando estava na Itália com as forças
armadas e novamente em 1948, quando me encontrava na Escócia. Mais tarde, quando fui
para o sul, recebi um tratamento contínuo no Lambeth Hospital de Londres. O especialista em
ortopedia era o dr. Robb, e ele fez tudo o que podia para me ajudar. Fui submetido à
radioterapia a intervalos regulares, mas isso não me curou.
    "Passaram-se dez anos, e eu me sentia cada vez pior. Os médicos não podiam fazer maca
mais do que estavam fazendo e deixaram claro que se tratava de um caio no qual o paciente
tem de se conformar com o fato de que não existe nenhum tratamento alternativo.
    "Minha saúde se deteriorava a um ponto tão alarmante que, em 1958, fiquei
verdadeiramente desesperado. Mas, felizmente, alguém me falou da cura espiritual e, em
particular, do médico espiritual William Lang, que trabalhava por intermédio da mediunidade
de um sr. George Chapman, em Aylesbury. Contaram-me que o dr. Lang havia curado muitas
pessoas a quem os médicos e os hospitais haviam classificado como incuráveis, e fui
aconselhado a tentar descobrir se eu também poderia ser curado. Eu não tinha nada a perder -
desde o início da minha enfermidade, meu único alívio era conseguido através de
comprimidos de codeína, então decidi fazer uma tentativa com o sr. Chapman e o seu médico
espiritual.
    "Bem, encontrei-me com o dr. Lang a 27 de outubro de 1958. Embora eu estivesse um
pouco nervoso - e naturalmente também um tanto cético -, o idoso médico espiritual com suas
maneiras gentis e confiantes pôs-me à vontade. Mantivemos uma breve conversa e então ele
pediu que eu me deitasse no sofá.
    "Enquanto me examinava, falamos da radioterapia que eu havia recebido no Lambeth
Hospital; ele me disse que não a aprovava pelo fato de esse tratamento esgotar totalmente o
líquido natural das articulações, deixando-as sem nenhum lubrificante normal. Disse-me que
iria fazer uma operação no meu corpo espiritual e que estava certo de que poderia me curar,
se eu estivesse disposto a me submeter ao tratamento que iria me ministrar a intervalos
regulares durante um período um tanto longo. Eu estava disposto a fazer qualquer coisa para
me livrar da espondilite que estava me deformando.
    "Foi uma experiência estranha. Embora ele não estivesse utilizando instrumentos visíveis,
eu sentia as injeções, à medida que as agulhas, também invisíveis, eram inseridas na minha
coluna vertebral. Era uma sensação muito difícil de ser descrita, pois eu me encontrava um
tanto entorpecido quando me levantei do sofá.
    "O dr. Lang pediu que eu voltasse a vê-lo dentro de seis meses para outro tratamento por
contato, e que, durante esse período, eu comunicasse regularmente o meu estado de saúde ao
sr. Chapman, para que o contato fosse mantido e eu pudesse continuar a receber um
tratamento espiritual durante o tempo que estivesse dormindo. Fiz isso e comecei
verdadeiramente a melhorar, embora de uma forma lenta.
    "Fui atendido novamente pelo dr. Lang, a intervalos de seis meses em abril e outubro de
cada ano -, e em cada uma dessas vezes ele realizou outras operações. Depois de seis visitas -
a última foi em abril de 1961 -, minhas costas estavam completamente curadas. Eu estava
livre da doença e nunca mais senti sequer o mais leve sinal de dor. Sou um jardineiro
autônomo e faço diariamente um bocado de trabalho pesado. Certa. mente, eu seria incapaz
de exercer minha profissão se não fosse o dr. Lang.
    Além de curar o sr. Calder da espondilite, o dr. Lang também cuidou de um cisto em seu
pulso direito, fazendo uma operação no seu corpo espiritual. Esse cisto vinha causando
problemas ao sr. Calder a tal ponto que ele havia planejado consultar o seu médico.
Entretanto, o dr. Lang o percebeu e tratou dele utilizando o seu usual método indolor.
    O sr. Calder relembra a ocasião em que isso aconteceu: "O cisto no meu pulso direito tinha
mais ou menos o tamanho de um ovo de pomba, muito doloroso, e o dr. Lang o extraiu sem
qualquer problema ou dificuldade.
    "Poucos dias depois de ele haver realizado a operação espiritual, uma pequena mancha
vermelha surgiu no meu pulso. Com o passar dos dias, ela desapareceu, e notei então que
algo estranho estava acontecendo no alto da protuberância. A pele parecia estar mudando de
cor e murchando. Então uma pequena bolha foi se formando entre as camadas da pele.
    "Um dia, quando minha esposa e eu havíamos saído de carro, ela subitamente me
perguntou o que era aquilo no meu pulso. Do alto da inchação, estava escorrendo uma
substância gelatinosa. Com a ajuda da minha esposa, pressionei o tumor até extrair todo o
líquido. Não doeu absolutamente nada e, posteriormente, o cisto desapareceu.
    "Tudo o que me restou foi uma pequena cicatriz vermelha do tamanho de uma moedinha.
Na verdade, me orgulho dela e gosto de mostrá-la sempre que tenho oportunidade."
    Capítulo 23
    O Oculista Cético
    Há dez anos, a sra. Joan D. Harris, de Maidenhead, teve de se defrontar com o
desagradável fato de ser obrigada a usar um colete de aço. A razão disso datava de muito
tempo atrás, de uma época em que um traumatismo grave provocara a compressão violenta
de um disco em sua coluna vertebral. A lesão finalmente foi remediada mas, como a sra.
Harris me contou, em novembro de 1964, ocorreu um efeito colateral desolador.
    "Minha visão foi afetada", disse ela. "Todas as vezes que eu pegava um livro, só conseguia
ler uma página, e então tudo se tomava completamente indistinto. Eu não era muito velha e o
fato de não poder ler era, na verdade, uma terrível desdita. Fui consultar o oftalmologista que
há anos cuidava de meus olhos, mas quando ele os examinou, especialmente o esquerdo, que
provocava o problema, me perguntou se eu costumava fazer trabalhos delicados que exigiam
muito da vista. Disse-lhe que me havia graduado em matemática, o que me obrigara, durante
certo tempo, a fazer desenhos muito precisos. Eu também tinha feito muitos bordados. Ele
disse: "Bem, a senhora não vai poder mais fazer essas coisas. Deve deixá-las de lado, pois
não posso corrigir sua visão. Não posso fazer nada pela senhora. Tem de se satisfazer em ler
um pouco de cada vez, e quando a sua vista ficar turva, pare de ler, olhe ao redor e faça um
intervalo antes de começar a ler novamente.' Consolou-me dizendo que achava que a minha
vista não iria piorar e que iria me receitar óculos para ver ao longe e para ler. O objetivo,
penso eu, era que as lentes me ajudassem um pouco, mas eu não deveria esperar nenhuma
mudança radical para melhor. Tudo ficou nesse pé.
    "Então, para minha felicidade, uma amiga me deu um exemplar do Psychic News que
continha um artigo sobre o dr. Lang, e que revelava ter sido ele um médico do Moofields
Hospital. Achei que devia ir consulta-lo. Pensei: não há nada que um especialista em
oftalmologia possa fazer por mim; não tenho nada a perder se buscar ajuda onde quer que
seja.
    "Minha consulta com o dr. Lang foi marcada para o início da tarde de 17 de junho de 1959.
    "Quando cheguei à casa do sr. Chapman e sua esposa me recebeu, notei como era
agradável o ambiente daquela casa e como a sra. Chapman era encantadora. Então o sr.
Chapman entrou e logo fiquei gostando muitíssimo dele. Era um tipo de homem
verdadeiramente sincero, muito interessado pelo trabalho de cura e realmente gentil. Ao
encontrar certas pessoas, podemos ter algumas reservas imediatas e até ficarmos
desapontadas, mas com o sr. Chapman aconteceu exatamente o oposto. Confiei nele logo de
início e pensei: `Tudo vai dar certo.'
    "Após conversar com ele por alguns instantes sobre coisas triviais, entramos na sala de
consultas do dr. Lang, onde ele sentou-se em uma cadeira Um homem de meia-idade, muito
saudável, viril e aprumado. E enquanto permanecia ali sentado, com os olhos fechados,
presenciei uma transformação - ele diminuiu de tamanho, transformando-se num homem
idoso, de um modo realmente extraordinário!
    "Quando se levantou, um ou dois minutos depois, saudou-me dizendo: `Boa tarde, sra.
Harris', sua voz era totalmente diferente. A voz do dr. Lang não tinha a mais leve semelhança
com a do sr. Chapman, absolutamente em nada. Era uma voz educada, fraca, melhor diria,
cansada. A escolha de palavras e a maneira de falar eram o que mais surpreendia. Ouvindo o
dr. Lang falar, chocou-me notar como falamos sem pensar em nossos dias.
    "Aquela tarde se constituiu talvez numa das ocasiões mais fantásticas de toda a minha
existência. Fiquei surpresa quando o dr. Lang falou: `A senhora veio me ver a respeito dos
seus olhos, não foi?' Quando confirmei, ele me disse de maneira tranqüilizadora: `Bem,
vamos ver o que podemos fazer.' Eu não havia mencionado, na minha carta ao sr. Chapman, a
razão pela qual estava solicitando uma consulta e, quando conversamos antes de ele entrar em
transe não falamos sobre a minha insuficiência visual.
    "Quando o dr. Lang disse: `Ora, há algo mais que deve também ser cuidado', olhei para ele
com curiosidade e pensei imediatamente nas costas. Mas descartei esse pensamento, porque
tudo o que poderia ter feito com relação a isso já o fora.
    "`A senhora sabe que está com excesso de peso, não é?', disse ele. `A senhora está um
tanto gorda, mas boa parte do seu corpo está com uma inchação.' Eu repliquei: `Sim, eu sei
que estou um pouco gorda, mas não vejo isso como se estivesse `inchada', como o senhor
diz.' `Não é tanto o fato de a senhora estar com excesso de peso que me preocupa', disse ele.
`É que a senhora está inchada. Isso deve ser corrigido. É muito ruim para a senhora.'
    "Olhei para ele surpreendida e ele falou: `Vou lhe dar uma dieta que corrigirá isso, mas
você deve segui-la, de acordo com a minha orientação, por não mais de um mês. Não deve
passá-la adiante para ninguém nem voltar a empregá-la novamente, a menos que eu lhe diga
para fazê-lo.'
    "Depois. ele falou: `Agora vamos cuidar dos seus olhos. Não precisa se preocupar; isso
será indolor e tudo o que a senhora precisa fazer é ficar quieta, relaxada e manter os olhos
fechados. Não os abra.' Comumente, não acho fácil seguir essas orientações, pois sou muito
nervosa- Sei disso. No entanto, deitada no sofá, senti-me relaxada, de um modo totalmente
extraordinário, quase como se tivesse sido levada a isso por alguma coisa, melhor dizendo,
com a sensação que alguém tem quando toma injeções antes de uma operação cirúrgica. Não
abri os olhos, mas ele deve ter notado, pela minha expressão, que eu estava querendo saber o
que ele estava fazendo. `Oh, Basil é meu filho e está me ajudando. Ele sabe o que eu quero
dizer quando estalo os dedos.'
    "A operação foi completamente indolor, mas eu podia sentir algo como um metal frio por
cima e por baixo do meu olho. Tudo levou muito pouco tempo.
    "Quando ele me disse que tudo havia terminado, me advertiu: `Um momento: permaneça
com os olhos fechados e descanse.' Fiquei deitada no sofá e ele continuou a operar. Explicou-
me que eu deveria aguardar um mês antes de ir ver o oftalmologista novamente e aconselhou-
me a fazer exames de vista a cada ano. Até então, eu costumava ir ao especialista a cada dois
anos, mas estava mais do que disposta a seguir o seu conselho.
    "Antes que eu saísse, o dr. Lang me disse que lastimava muito não ter podido fazer com
que os meus olhos ficassem em perfeito estado e dispensassem o uso de óculos por completo,
mas que eu não deveria me preocupar porque, com a ajuda deles, eu iria enxergar
perfeitamente. Ele disse: `A senhora não terá mais problemas com os olhos. Vai enxergar
com toda a nitidez e não será mais perturbada pela visão deformada. Isso não ocorrerá mais
durante o resto da sua vida.'
    "Ele perguntou se, por acaso, eu teria comigo papel e lápis, ou caneta, porque queria que
eu anotasse um recado para o meu oculista: Felizmente eu os tinha, mas perguntei se ele
realmente queria que eu transmitisse um seu recado para o especialista. Quer dizer, isso não
pareceria um tanto estranho?
    "`Sim, quero que a senhora diga a ele o que eu fiz', disse o dr. Lang, e começou a soletrar
para mim a palavra `quemose'. `Isso significa', explicou ele, `que o humor aquoso não está
límpido. Por isso é que, quando a senhora tentava ler, tudo parecia estar debaixo d'água.' Eu
nunca tinha ouvido falar de `quemose' e `humor aquoso'! O dr. Lang continuou a soletrar as
palavras occipito frontalis e explicou: `Isso quer dizer que o músculo estava deslocado,
exercendo, portanto, uma pressão sobre a retina; essas duas coisas combinadas faziam com
que a senhora tivesse dificuldade para enxergar, mas já corrigi tudo. Quero que a senhora
transmita esses detalhes ao seu oculista.' Prometi que o faria.
    "Quando voltei para casa, em Maidenhead, no fim da tarde, eu me sentia muito cansada e
indisposta para fazer qualquer coisa. Decidi que não tentaria ler e, tendo em vista a operação,
dar um descanso aos meus olhos. Mas, na manhã seguinte, quando apanhei o jornal da mesa
do café, descobri que podia ler as notícias com toda a facilidade, sem que as pequenas letras
ficassem turvas.
    "Foi um verdadeiro impacto para mim. `Meu Deus! Eu não tinha mais de olhar para cima e
piscar os olhos!' O senhor sabe o que isso significava, não? Significava que a minha visão
estava totalmente curada. E desde aquela tarde de 17 de junho de 1959, quando o dr. Lang
realizou a sua operação espiritual no meu olho esquerdo, nunca mais tive o mínimo problema
com isso.
    "Cumpri ao pé da letra as instruções do dr. Lang a respeito da dieta. O regime foi severo,
para dizer o mínimo, e normalmente eu teria tido muita dificuldade para cumpri-lo. Por
alguma razão desconhecida, eu o cumpri facilmente e a grande inchação desapareceu no
decorrer daquele mês. E desapareceu definitivamente como se tivesse sido dada uma
alfinetada num balão. Nunca mais voltou e, em conseqüência, sinto-me muito melhor.
    "Fui ver o oftalmologista um mês depois de haver estado com o dr. Lang. Ele examinou o
meu olho esquerdo e afirmou que o impossível havia acontecido - que o olho estava
completamente curado. Contei a ele sobre o dr. Lang e lia mensagem que me havia sido
ditada. O oculista olhou-me com as sobrancelhas erguidas e disse: `Bem, naturalmente a
senhora nunca mais sentiu a vista trova.' Respondi: `Não, nunca mais', e ele não disse mais
nada, nem naquela ocasião nem posteriormente, sempre que vou consultá-lo a cada ano.
Tenho pensado freqüentemente que foi uma pena ele não ter me respondido de alguma
maneira, porque acho que o dr. Lang teria gostado que ele tivesse se interessado pelo assunto.
    "Passaram-se quatro anos e, durante esse período, recebi um tratamento à distância
ministrado pelo dr. Lang. Eu havia sofrido de artrite, principalmente nas mãos e nos joelhos,
de asma e de febre alérgica. Senti muito alívio com esse tratamento, mas no ano passado tive
problemas com bronquite, asma, febre alérgica, sinusite, gripe e todas as suas conseqüências -
tudo de uma vez. Decidi procurar o dr. Lang novamente e marquei uma consulta para o dia
12 de junho de 1963. Mais uma vez eu não disse exatamente o que havia de errado comigo.
Escrevi apenas que desejava ir vê-lo.
    "Quando entrei no consultório, o dr. Lang falou: Boa tarde, sra. Harris; estou contente por
vê-la novamente.' Quase imediatamente, acrescentou: `Sei que a senhora está cheia de
catarro, tanto na cabeça como no peito.' Bem, fiquei aturdida e tudo o que pude dizer foi: `Por
isso é que vim consultá-lo.'
    "O dr. Lang pediu que eu me.deitasse no sofá e trabalhou no meu pulmão esquerdo, que
era sempre o primeiro a ficar cheio de catarro. Podia sentir como aquela sensação viscosa,
como ele a chamava, ia desaparecendo. Ele estalava os dedos e pedia para me aplicar
algumas injeções - não me lembro como ele as chamava, e eu quase sentia as injeções sendo
aplicadas. `Isso vai aliviá-la', disse-me ele. E estava totalmente certo. Até aquele momento eu
tinha sido obrigada a respirar pela boca e sentia uma pressão como se tivesse um vergão
apertado contra a minha fronte, impedindo a respiração pelo nariz, mas ele conseguiu
remover tudo isso. Foi extraordinário o modo como ele conseguiu me aliviar tão rapidamente.
    "Depois da operação e do tratamento, o dr. Lang me explicou que não poderia curar a asma
e a febre alérgica, ou evitar os acessos dessas enfermidades. O máximo que poderia fazer
seria mantê-las sob controle, continuando a ministrar-me um tratamento à distância. Isso vem
sendo feito, e sem dúvida, tem me ajudado muito.
    "Não voltei a ver o dr. Lang desde junho de 1963. O tratamento à distância vem mantendo
a artrite, a asma e a febre alérgica sob controle. No entanto, no que diz respeito à minha visão
e ao excesso de peso, nunca mais tive nenhum problema desde que ele realizou as operações
espirituais naquela inesquecível tarde de junho de 1959."
    Capítulo 24
    A Cura de um Ex-membro do Parlamento
    O caso do sr. Norman Bower, um bacharel - advogado não-praticante e ex-membro do
Parlamento pelo Partido Conservador por Harrow West - é notável pelo fato de ele ter sofrido
de problemas no fígado e de colite crônica durante quase trinta e cinco anos. Foi o seu estado
de saúde que o obrigou a abandonar a carreira política. Ele ouviu falar do dr. Lang, numa
época em que ele necessitava mais urgentemente de ajuda, e decidiu ir a Aylesbury. O dr.
Lang realizou uma operação indolor no seu corpo espiritual e, como resultado disso e do
subseqüente tratamento, o sr. Bower ficou totalmente curado de suas enfermidades no prazo
de dez meses.
    George Chapman mencionou o caso do sr. Bower quando estávamos conversando no verão
de 1964 e disse-me que o ex-paciente poderia estar disposto a me fornecer detalhes acerca da
sua experiência. Entrei em contato com o sr. Bower e poucos dias depois fui convidado a ir
ao seu apartamento em Mayfair, Londres. Minha primeira sensação ao encontrá-lo foi a de
que ele era um homem muito instruído, alegre e com um modo de pensar bastante racional.
    Norman Bower nasceu em 1907, em Hampstead, filho de um próspero homem de
negócios. Foi educado em Rugby e Oxford.
    "Desde, aproximadamente, a época em que tinha vinte anos, eu sofria do fígado", disse-me
ele. "Para ser franco, eu não sabia que diabo havia de errado comigo, até que conheci um
médico no sul da França, numa ocasião em que me encontrava visitando minha mãe que
havia ido passar o inverno naquela região. Bem, eu estava conversando com aquele senhor,
contando-lhe como eu me sentia e tudo o mais, e ele me disse que o meu fígado estava
hipertrofiado e que eu devia fazer uma dieta. Não deveria comer frituras, deveria evitar o
álcool, exceto vinho tinto, e não tocar em ovos, massas, chocolates etc.
    "Devo admitir que, enquanto seguia essa dieta, sentia-me bastante bem, mas quando, por
qualquer motivo, saía dela, ficava outra vez doente. Naturalmente, naquela idade, a pessoa
tende a esquecer os conselhos médicos. Receio ter agido dessa forma pois, na realidade, um
ano depois tomei-me, de fato, muito negligente. Esqueci tudo o que me havia sido dito e não
seguia, de maneira nenhuma, as instruções. Mas, por Deus, paguei pela minha estupidez.
Sofri novamente de ataques verdadeiramente desagradáveis."
    O sr. Bower estudou direito e, embora tenha se tomado um advogado, jamais exerceu a
profissão, tendo, em vez disso, entrado no mundo dos negócios. Seu interesse pela política
surgiu desde a época em que ele cursava Rugby e Oxford. Era um assunto que estava sempre
presente na sua mente. "Mas havia o problema de conseguir uma oportunidade, e isso nem
sempre é fácil. Leva tempo até que alguém que não tenha prestigio pessoal a consiga, e eu
não tinha nenhum. Meu pai não tinha ligações políticas e as questões partidárias não o
atraíam. Bem, eu simplesmente enveredei por esse caminho da maneira que conhecia. Em
Oxford, eu havia tomado parte em várias atividades políticas com algum entusiasmo, e fizera
alguns discursos no diretório estudantil e em outras reuniões. Quando saí da universidade,
inscrevi-me no Partido Conservador, no seu escritório central em Londres. Nessa ocasião, eu
havia decidido que esse era o partido ao qual eu queria pertencer. Tive o meu nome inscrito
na sua lista de candidatos. Finalmente, fui colocado numa lista menor, e não me lembro
quantas vezes tentei ser indicado como candidato. Eu costumava percorrer todo o país,
tentando vários distritos eleitorais, mas fui rejeitado inúmeras vezes.
    "Por fim, surgiu uma oportunidade de disputar, quase sem esperanças, uma cadeira no
Parlamento nas eleições gerais de 1931. Fui derrotado, e mais uma vez, em 1935, em iguais
circunstâncias. Mas não havia me saído muito mal, não de todo mal."
    Quando a II Guerra Mundial irrompeu, as campanhas políticas foram interrompidas. A
eclosão da guerra também provocou o encerramento das bem-sucedidas atividades do
empreendimento comercial do sr. Bower, e ele se alistou no exército.
    "Nessa ocasião, praticamente tirei a política do pensamento", continuou o sr. Bower.
"Então, por um acaso extraordinário, foi feita uma eleição suplementar em Harrow durante a
guerra, e o meu.pedido de candidatura foi aceito. Minha sorte política havia mudado. Eu tinha
experiência do processo eleitoral, tendo disputado eleições anteriores; tinha muitos
conhecimentos e perspicácia política, e isso agradava aos membros do partido. Eu estava na
idade certa - trinta e quatro anos. Eles gostaram muito de ter um candidato que estava no
exército. E foi assim que me tomei membro do Parlamento pelo Partido Conservador."
    As atividades do sr. Bower como membro do Parlamento por Harrow West pareciam
indicar uma proeminente carreira política. Ele não era apenas estimado e respeitado por seus
colegas da Câmara dos Comuns, mas tomou-se amigo pessoal de Winston Churchill. Porém a
escalada de Norman Bower para uma posição política mais elevada foi prematuramente
interrompida.
    "Foi a colite crônica que finalmente me obrigou a encerrar minha carreira política",
lembrou o sr. Bower com tristeza. "Essa incômoda e grave doença afetava a tal ponto minha
saúde que tanto o meu médico como o especialista advertiram-me que a recuperação seria
improvável, a menos que eu levasse uma vida menos cansativa. E o especialista também me
avisou que a enfermidade estava parcialmente agravada pelo meu estado de nervos, sendo
assim imperativo que eu levasse uma vida muito tranqüila se quisesse evitar problemas ainda
mais sérios. Dessa forma, não tive outra alternativa senão renunciará minha cadeira na Casa
dos Comuns."
    Nem antibióticos nem qualquer outro tratamento melhoraram a saúde de Norman Bower e,
quase no fim do ano de 1961, ele começou a sofrer de um tipo doloroso de dilatação do
estômago após as refeições. Temendo que isso pudesse ser um sinal de piora de alguma outra
doença grave, ele consultou seu médico e foi avisado de que, se não fosse feita uma
radiografia, não seria possível realizar qualquer diagnóstico. Antes que isso fosse feito, o
médico decidiu tentar uma série de comprimidos, mas eles não serviram de nada.
    O sr. Bower via o exame iminente com alguma apreensão. Ele já tivera uma experiência
anterior com o bário - o sulfato em pó que o paciente tinha de tomar em forma liquefeita
antes da radiografia interna.
    "É um negócio terrível", lembrou o sr. Bower. "E eu temia que aquilo me fizesse sentir dez
vezes pior. Estava apavorado.
    "Felizmente, a srta. Yeatman da Faculdade de Ciências Psíquicas, nesse meio tempo,
falou-me do dr Lang e do sr. Chapman, e pensei que gostaria de ir consultá-los. Estava quase
desesperado e tinha uma grande esperança de que o tratamento espiritual pudesse me curar."
    No dia 20 de fevereiro de 1962, o sr. Bower escreveu a George Chapman solicitando uma
consulta com o dr. Lang. Ele foi particularmente cuidadoso em não .revelar qualquer detalhe
sobre o seu estado de saúde e apenas afirmes: "Sinto-me muito indisposto. Meu médico
sugeriu um tipo de exame que desejo evitar. Devido à minha séria situação, ficaria muito
grato se a consulta fosse marcada para breve." George Chapman marcou o dia 27 de fevereiro
para que o sr. Bower fosse atendido pelo dr. Lang.
    Eis como o sr. Bower descreveu sua visita a Aylesbury:
    "Quando entrei no consultório, não estava preparado para o que encontrei. Pensava que iria
encontrar o sr. Chapman em primeiro lugar e fiquei surpreso ao ver que ele já estava em
transe. Achei isso muito estranho. Eu havia visto sua fotografia, mas ela não tinha qualquer
semelhança com ele. Sabia que o sr. Chapman tinha cerca de quarenta anos, mas o cavalheiro
que estava à minha frente era, inequivocamente, um homem idoso.
    "Ficou então evidente que eu me encontrava na presença do dr. Lang. Ele me
cumprimentou e apresentou-se. Falou-me sobre o hospital de Middlesex e Moorfields, de
uma maneira que eu imagino que um médico das eras vitoriana e eduardiana falaria. Eu
estava realmente surpreso.
    "Notei que seus olhos estavam fechados e isso me pareceu esquisito. Não obstante, ele era
capaz de caminhar pela sala sem nenhuma dificuldade, evitando tudo o que estava em seu
caminho. Perguntou qual era a minha idade e, quando eu lhe disse, observou que eu parecia
mais jovem.
    "Contou-me muitas coisas sobre si mesmo e sobre o seu filho Basil, que também tinha sido
um cirurgião. Ele disse que Basil agora o ajudava nas suas operações espirituais. Então
começou por examinar os meus óculos e observou: `Meu Deus, não fazem mais óculos
grandes atualmente.' Na sua época, imagino, os óculos não tinham aros ou tinham armações
de prata ou de ouro.
    "Passou as mãos acima dos meus olhos - gentilmente, sem realmente tocá-los - e disse-me
imediatamente que o fluido do fundo dos meus olhos havia se turvado há alguns anos, quando
eu levantara alguma coisa muito pesada e que, desde então, eu via periodicamente pontos
negros flutuando na frente dos meus olhos. Isso, na verdade, não prejudicava a minha'visão.
Naturalmente, eu sabia disso. Mas como é que ele sabia? Não acho que isso pudesse ter
ocorrido por telepatia, pois não existia nada que estivesse mais distante do meu pensamento.
Eu tinha ido buscar ajuda por outra razão e, com certeza, não estava preocupado com os meus
olhos.
    "Depois, ele passou as mãos de cima abaixo por sobre o meu corpo totalmente vestido, e
de imediato começou a falar sobre a minha doença. Mencionou os diversos sintomas que eu
apresentava e explicou como eles afetavam cada órgão. Esses sintomas naturalmente me
eram familiares e pensei que o conhecimento deles pudesse ter sido obtido por intermédio de
telepatia. Mas aconteceu uma coisa que finalmente me convenceu de que não tinha havido
telepatia. Foram os termos `divertículo intestinal' e `diverticulose' que ele teve a preocupação
de soletrar para mim. Posso jurar definitivamente que nunca os tinha ouvido antes e,
conseqüentemente, eles não podiam estar em minha mente. Mais tarde, perguntei a um
médico se ele já ouvira essas palavras e ele me confirmou que as conhecia.
    "Contei ao dr. Lang que o meu médico estava querendo que eu fizesse um exame que eu
desejava evitar, e ele replicou: `Bem, a radiografia não vai revelar nada, porque a doença da
qual o senhor está sofrendo não será revelada desse modo. Sem dúvida, vão querer que o
senhor se submeta a uma operação exploratória. Exatamente como se o senhor não tivesse se
submetido à radiografia.' Aceitei tudo o que ele dizia como perfeitamente razoável.
    "O dr. Lang disse-me então que no passado eu havia tido uma hipertrofia no fígado, que
agora estava provocando uma inflamação. Disse que iria realizar uma operação espiritual.
    "Enquanto eu permanecia deitado no sofá, ele me disse: `O meu filho Basil está aqui
comigo - ele vai me ajudar', depois pediu diversos instrumentos. E -cada vez que usava um
deles, ele estalava os dedos. Imaginei que, quando ele fazia isso, estava de algum modo
usando o instrumento, mas eu não sentia nada. Depois de cerca de cinco minutos, ele passou
a fazer movimentos como se estivesse fazendo uma sutura.
    "Disse então que já havia terminado e pediu para que eu me sentasse de novo na cadeira.
Falou que iria me ministrar um tratamento à distância, mas disse que achava que o meu
estado de saúde iria melhorar gradualmente. `Penso que o senhor vai ficar totalmente curado',
disse ele. `Não será uma cura instantânea, mas tenho confiança de que o senhor está no
caminho certo e que descobrirá que haverá uma melhora progressiva.'
    "Ele me instruiu para que, por enquanto, fizesse uma dieta, e o que me receitou foi
exatamente o mesmo regime que o meu médico francês havia sugerido há muitos anos.
Pediu-me que escrevesse uma vez por mês, comunicando meu estado de saúde.
    "Quando deixei o consultório do dr. Lang, ou do sr. Chapman, achei que não devia ter uma
atitude hostil, ou cética, mas antes aceitar tudo naturalmente, pois só mais tarde poderia ser
capaz de julgá-lo pelos resultados obtidos. Se eles se provassem positivos, eu teria a prova do
raro poder do tratamento espiritual. Devo dizer, entretanto, que estava muito esperançoso
quanto aos resultados, e em certo sentido grato porque - qualquer que seja a explicação desse
fenômeno - me havia sido dada uma oportunidade de recuperação.
    "Quanto mais eu pensava em minha visita a Aylesbury - e cogitava na possibilidade de o
dr. Lang ser uma personalidade secundária do sr. Chapman, mais firme era a minha
convicção de que, na verdade, eu tinha me encontrado com o velho médico. Eu estava certo
de que gostaria de tê-lo como meu conselheiro médico. Ele era muito sincero e gentil e
possuía um bom acervo de conhecimentos e experiência de medicina.
    "Fui para casa e, na mesma noite, após o jantar, percebi uma ligeira melhora. Sentia que o
problema estava, de alguma maneira, se resolvendo por si mesmo, como uma tempestade da
qual estava me livrando. E a dilatação começou a diminuir. Era muito menos dolorosa do que
tinha sido durante os meses anteriores."
    O dr. Lang continuou a ministrar o tratamento à distância no sr. Bower, e quatro meses
após a sua visita a Aylesbury, em 25 de junho, o paciente pôde escrever a seguinte carta:
    "Tenho o prazer de comunicar uma melhora muito mais acentuada no meu estado de saúde,
ocorrida durante o último mês. Tenho me sentido muito bem, cem por cento normal - melhor
que em qualquer outra época, desde o início do problema no último mês de outubro. Acho
que, se eu continuar a ter cuidado com a minha dieta, que é na verdade muito importante,
minha recuperação está agora tão assegurada que o tratamento à distância não será mais
necessário."
    Em atenção ao desejo do sr. Bower, o tratamento foi interrompido, o que resultou na
seguinte carta que o paciente escreveu a George Chapman no mês posterior:
    "Acho que, talvez, o tratamento à distância que eu estava recebendo tenha sido
interrompido prematuramente, antes que a minha recuperação estivesse completamente
consolidada, pelo fato de não estar me sentindo muito bem durante este mês. Tenho sofrido,
mais uma vez, de intermitentes acessos de prisão de ventre, o que provoca muitas dores e
dilatação intestinal, embora em quantidade muito menor do que as que sentia quando de
minha visita ao dr. Lang em fevereiro.
    "O senhor não acha que a retomada do tratamento à distância por mais um período de,
digamos, um mês ou dois poderia ser benéfica? Ou seria demais esperar que uma recuperação
total e absoluta dessa doença fosse possível? Ficaria grato se me fosse possível obter a
opinião do dr. Lang sobre .o assunto:"
    A opinião de William Lang foi: "Essa doença pode ser curada totalmente", e recomendou o
tratamento à distância. O sr. Bower, na carta seguinte, dirigia a George Chapman, escrita a 26
de agosto de 1962, dizia:
    "Tenho o prazer de lhe comunicar que estou consideravelmente melhor, mais uma vez,
desde o mês passado. Na maior parte do tempo sinto-me perfeitamente bem, mas ainda sofro
algumas recaídas quando ocorre alguma irregularidade no funcionamento dos intestinos, o
que, às vezes, é difícil de evitar. Entretanto, elas são, quase sempre, de curta duração, e os
sintomas são muito menos graves do que costumavam ser.
    "Acho que mais um mês de tratamento à distância poderá me colocar em condições que
possam dispensá-lo definitivamente, sem que eu venha a sofrer de dores e recaídas mais
graves. Estou verdadeiramente grato pela melhora que ocorreu no meu estado de saúde desde
que visitei o dr. Lang, quando eu estava quase em desespero."
    Um mês mais tarde, a 23 de setembro, o sr. Bower escreveu mais uma vez a George
Chapman:
    "Folgo em lhe dizer que, novamente, houve uma grande melhora em meu estado de saúde
durante o último mês. Aproximadamente desde o dia em que lhe escrevi a última carta, meus
intestinos vêm funcionando com muito mais facilidade e regularidade do que nos anos
passados, o que me permitiu dispensar até mesmo os suaves laxantes e, em conseqüência, não
ter mais sentido dilatação ou qualquer outra forma de incômodo intestinal.
    "De fato, parece-me que voltei completamente ao meu estado de normalidade. Permita-me
dizer, mais uma vez, como estou grato por tudo o que o dr. Lang tem feito por mim, desde o
momento do seu notável diagnóstico até os efeitos maravilhosos do tratamento à distância.
Parece-me que desta vez chegou a hora de o tratamento ser interrompido, mas deixo que
vocês tomem essa decisão."
    O dr. Lang, avisado por George Chapman do relato do sr. Bower, decidiu: "Sua
enfermidade reagiu maravilhosamente bem, mas gostaria de mantê-lo sob observação por
mais três meses." No entanto, o sr. Bower não foi avisado da decisão do dr. Lang e acreditou
que o tratamento não estava mais sendo ministrado. Na verdade, quando falei com ele dois
anos e meio depois da sua visita ao dr. Lang, ele me disse:
    "A despeito do fato de o tratamento ter sido interrompido no início do outono de 1962, só
fiquei completamente curado depois de mais três meses. Minha doença desapareceu e nunca
mais tive qualquer problema."
    O sr. Bower é verdadeiramente grato ao dr. Lang e a George Chapman pela cura indolor e
completa. Diz que, se adoecer novamente, procurará de imediato George Chapman e o seu
guia espiritual William Lang.
    Capítulo 25
    Um Cirurgião daqui e um Cirurgião de lá
    Muitos dos que consideram fora de propósito a idéia da cura espiritual fazem-no baseados
na total falta de conhecimento da sua importância. O preconceito talvez seja o mais comum
dos defeitos humanos, tanto neste século como em épocas anteriores. Uma mente
compreensiva é uma virtude rara.
    É portanto, reconfortante quando nos deparamos com um exemplo de julgamento lúcido,
livre de todos os preconceitos, por parte de alguém que exerce uma profissão que tem sua
quota de filisteus e de pessoas intransigentes. Esta história diz respeito a uma enfermeira e a
um cirurgião da Harley Street. Ela é verdadeira em todos os seus detalhes e pode ser
comprovada.
    A enfermeira é a srta. Evelyn B. Habershon, de Lindfield. Sussex, e o cirurgião, o dr.
Vincent Nesfield, membro do Real Colégio de Cirurgiões da Inglaterra e major reformado do
exército.
    Evelyn Habershon nasceu com astigmatismo e com um ponto cego no olho esquerdo. De
início, parecia que o seu futuro estava ameaçado por causa da sua visão deficiente mas, com a
ajuda de óculos, ela foi capaz de prosseguir nos estudos e, finalmente, diplomar-se como
enfermeira. Então, em 1958, sua visão se deteriorou de modo alarmante. Um famoso
cirurgião oftalmologista a advertiu: "Você tem uma catarata que deverá ser operada
futuramente." A expectativa era que ela fosse operada daí a quatro anos mas, em 1962, a
visão de Evelyn Habershon ficou tão deficiente que ela achou que algo deveria ser feito
imediatamente.
    "Tentei marcar uma consulta com o cirurgião oftalmologista ainda naquele ano, mas fiquei
sabendo que ele só dispunha de uma data paia me atender no início do ano seguinte.
    "Já conhecia a fama do dr. Nesfield como um eminente oftalmologista; por isso, telefonei e
marquei uma consulta com ele para o dia 15 de novembro de 1962. Quando me examinou, ele
confirmou que eu sofria de astigmatismo e que tinha um ponto cego no olho esquerdo, e
acrescentou: Você tem uma catarata em estado adiantado no olho direito e sinais de outra no
olho esquerdo. É necessário operar. Posso fazer a cirurgia no final de dezembro. Você
concorda?'
    "O dr. Nesfield deve ter notado que eu tinha muito medo da operação, pois, quando fui vê-
lo novamente, em dezembro, e ele me examinou mais uma vez, disse: `Sabe? A operação não
precisa ser feita de imediato. Vou viajar no fim de janeiro e proponho que a adiemos por
algum tempo, para março ou abril, quando o tempo estiver mais quente. Eu lhe comunicarei.
Enquanto isso, não precisa se preocupar.' E assim ficou combinado. Não é preciso dizer que
fiquei muito contente com essa inesperada `suspensão da execução da sentença'.
    "Durante a ausência do dr. Nesfield, recebi tratamento espiritual ministrado pela sra:
Catherine Sheppard, uma médium que fazia curas em sua casa. Na primeira semana de abril
de 1963, notei que a catarata, de repente, começou a se desfazer e, como havia combinado
com o dr. Nesfield, escrevi a ele perguntando se poderia ir vê-lo, pois achava que a catarata
estava se desfazendo. Estivesse eu certa ou não, achava que isso estava acontecendo devido
ao tratamento espiritual que estava recebendo. O dr. Nesfield havia dito que era.uma catarata
em estado avançado. Como enfermeira, eu tinha algum conhecimento do assunto e sabia que
uma catarata não começaria a se desfazer por si mesma, exatamente como estava
acontecendo.
    "O dr. Nesfield marcou uma consulta para mim e, depois de examinar-me os olhos, disse
que a catarata estava realmente desfeita. Ele disse simplesmente: `A melhora de seus olhos
deve-se a uma cura sobrenatural.' Eu não havia contado que estava recebendo tratamento
espiritual. No entanto, ele fez essa afirmação sem qualquer hesitação.
    "Pouco tempo depois, tomei conhecimento, através do Psychic Neves, do médico espiritual
William Lang, que tinha sido um famoso cirurgião oftalmologista durante a sua existência.
Senti que ele poderia ser capaz de me ajudar, até mesmo muito mais do que Catherine
Sheppard que, aquela época, estava muito doente. Escrevi ao sr. Chapman solicitando uma
consulta com o dr. Lang e fui para Aylesbury no dia 28 de maio de 1963.
    "O dr. Lang imediatamente diagnosticou, com toda a precisão, qual era o meu problema
apenas tocando de leve em meus olhos com os dedos. `Você não necessita de uma operação
física', disse ele. `Assim; realizarei uma operação espiritual.' E foi o que ele fez. Eu podia
ouvi-lo pedindo bisturis e outros instrumentos cirúrgicos a alguém a quem chamava Basil.
Depois da operação, o dr. Lang perguntou se eu iria voltar para Lindfield no mesmo dia.
Disse-lhe que ficaria num hotel em Aylesbury, porque temia que a longa viagem de trem, de
volta para a minha casa, pudesse exigir um esforço muito grande de minha parte e desfizesse
o que Deus havia feito em meu benefício através do médico. Ora, depois da operação eu me
sentia extremamente cansada. O dr. Lang ficou muito satisfeito ao saber das minhas intenções
e disse: `Vá para a cama às nove horas, após fazer uma refeição ligeira, e eu irei visitá-la
durante o tempo em que estiver dormindo para observar se há alguma coisa que precise ser
colocada em ordem.'
    "Quando saí da casa do sr. Chapman, fiquei surpreendida pela grande melhora que a
operação espiritual havia provocado. Até então, eu só podia me locomover em táxis, por
causa da névoa que flutuava diante dos meus olhos. Mas agora, subitamente, eu podia ver as
coisas que me cercavam. Senti que poderia .recomeçar a viver normalmente usando uma
bengala, como antes. Naturalmente, usei de bom senso; tinha que ter cuidado com os degraus,
mas eu podia ver. Depois disso, comecei a ir a Londres sozinha.
    "Em junho - três semanas após haver consultado o dr. Lang, fui ver o dr. Nesfield.
Confessei a ele que havia me submetido a uma operação espiritual e ele pareceu-me muito
interessado. Examinou os meus olhos e disse ter descoberto uma melhora fenomenal, embora
o centro, os cristalinos, ainda não estivessem límpidos. Mas repetiu que parte da catarata
havia melhorado bastante. Naturalmente, ele sabia que eu não havia sofrido nenhuma
operação física e repetiu o que havia dito dois meses antes: `A melhora dos seus olhos deve-
se a uma cura sobrenatural.' E também acrescentou: `Sua visão no olho esquerdo aumentou
muito.' Fiquei muito grata porque ele não se magoou pelo fato de eu haver me submetido ao
tratamento e à cirurgia espiritual, e muito comovida pelo seu desejo de ajudar seus pacientes
de todas as maneiras - mesmo quando algum deles fosse, às escondidas, procurar ajuda
adicional junto a um médico espiritual."
    A srta. Habershon viu novamente o dr. Lang em julho de 1963, quando ele realizou outras
operações em seu corpo espiritual. Mais uma vez ocorreram melhoras em sua visão e, quando
ela foi ver o dr. Nesfield posteriormente, ele confirmou esse fato.
    Essas visitas alternadas ao médico espiritual e ao eminente especialista da Harley Street
continuaram.
    "Quando vi o dr. Lang mais uma vez em julho", contou-me a srta. Habershon, em
novembro de 1964, "ele me disse que meus olhos haviam atingido então um grau de melhora
realmente notável e que; por isso, requeriam lentes diferentes. `Agora pode pedir ao dr.
Nesfield para prescrever óculos para longe', disse ele, e pediu-me para transmitir ao seu
`colega', a quem ele muito considerava, uma mensagem: `Diga ao dr. Nesfield que, quando
ele receitar os óculos, leve em consideração o músculo macabus'. (Como eu nunca tinha
ouvido este termo antes, ou soubesse o que ele significava, é improvável que eu tipesse
inventado a mensagem.)
    "Ora, coloque-se o senhor em minha posição: uma enfermeira devia transmitir a um
eminente cirurgião um recado de um médico espiritual dizendo o que ele deveria fazer! Senti-
me muito constrangida, mas eu devia transmitir o recado. Quando vi o dr. Nesfield, disse com
um pouco de constrangimento: `Tenho um recado do médico espiritual William Lang para o
senhor. Posso apenas transmiti-lo, dr. Nesfield'. Honestamente, ele foi simplesmente
maravilhoso. Disse que aqueles que são agora espíritos sabem mais do que nós. `Os
cirurgiões não aceitam o_ fato de que existem muito mais coisas que estão além da
compreensão humana - eles podem saber disso, mas não o aceitam', disse ele. E quando
examinou meus olhos e escreveu a receita de óculos novos, disse que o recado do dr. Lang
fazia sentido e que estava fazendo tudo de acordo com ela.
    "Quando vi o dr. Lang outra vez, em setembro, ele me disse que estava muito satisfeito
com o progresso que eu havia feito e pediu-me para apresentar suas congratulações ao dr.
Nesfield pelos óculos que este havia prescrito. No entanto, o dr. Nesfield estava viajando;
assim, tive de dizer ao dr. Lang, quando o encontrei novamente em outubro, que o fana
quando visse o dr. Nesfield mais uma vez, em novembro. Indaguei do dr. Lang se eu então
poderia usar óculos para ler. `Não, não quero que você os use ainda pois, no momento, isso
poderia provocar um esforço excessivo', disse ele. `Pergunte ao dr. Nesfield o que ele acha
dessa idéia. Mas não se preocupe, jovem; você não terá de usar os óculos que tem atualmente
por muito mais tempo. Você irá usar óculos comuns no tempo apropriado.'
    "Ao consultar o dr. Nesfield há alguns dias - 13 de novembro de 1964 - transmiti
finalmente a mensagem do dr. Lang a respeito do bom trabalho que ele havia feito com os
meus óculos. Ele sorriu reconhecido e, depois de examinar cuidadosamente meus olhos, disse
que estava muito satisfeito com as minhas condições, que haviam melhorado muito desde que
tinha me visto da última vez. E endossou tudo o que o dr. Lang havia dito. Ainda não estou
usando óculos para ler. Mas não estou preocupada. Sei que, na hora oportuna, irei tê-los.
    "Não encontro palavras para expressar minha gratidão ao poder de Deus e aos dois ilustres
cirurgiões oftalmologistas que me ajudaram a ver novamente - o que significa que estou viva
outra vez: E embora reconheça que o dr. Lang restituiu-me a visão através de suas inúmeras
operações no meu corpo espiritual, estou igualmente consciente de como foram importantes
para a minha recuperação a capacidade e a compreensão do dr. Nesfield. Foi ele quem
prescreveu as lentes corretas para mim e quem cooperou com o seu `colega' médico
espiritual, William Lang."
    Capítulo 26
    Um Reencontro Inesperado
    A sra. Ethel J. Bailey, de Streatham Hill, conheceu o dr. William Lang na época em que ele
era um clínico oftalmologista em Moorfields. E quando foi consultar o médico espiritual, no
outono de 1963 em Aylesbury, não lhe restou qualquer dúvida de que se encontrava na
presença do mesmo especialista.
    Aqui estão as lembranças pessoais da sra. Bailey:
    "Minha pálpebra direita tinha estado permanentemente fechada. desde o nascimento, e
todos os médicos a quem a minha mãe havia me levado disseram que isso seria corrigido
quando eu crescesse ou que, se tal não acontecesse, eu poderia me submeter a uma pequena
operação anos mais tarde para corrigi-lo.
    "Em 1915, quando estava com vinte e um anos, fui com minha mãe a Moorfields, na
esperança de que tivesse chegado a hora de ser feita a tão esperada cirurgia. Eu estava prestes
a me casar e ansiosa para que pudesse ter a minha vista normalizada antes do casamento.
    "Fui atendida pelo dr. Lang e, depois de me ter examinado, seu diagnóstico foi o de que
não podia fazer muito pela pálpebra da `criança' (ele chamou-me de `criança') porque,
explicou ele, a pálpebra poderia ficar permanentemente aberta. Decidimos pensar mais um
pouco sobre o assunto, antes de decidir se eu me submeteria ou não à operação. Eu não
desejava tomar uma decisão por mim mesma; assim, escrevi ao meu noivo, que se encontrava
nas trincheiras da França, perguntando o que ele pensava sobre o assunto. Relembrarei
sempre com ternura a carta que ele me escreveu em resposta. Ela terminava dizendo:
`Lembre-se Ethel, escolhi você como você é; portanto deixe as coisas como estão.'
Assim o fiz. Não hauria me precipitado e estava feliz pelo fato de ser isso o que ele desejava:
    "Anos mais tarde, fiquei interessada pelo espiritismo e pela cura sobrenatural. Então sofri
um acidente de carro e fiquei gravemente ferida nas costas e nas pernas, a ponto de, por
algum tempo, os médicos colocarem em dúvida a possibilidade de eu poder voltar a andar
normalmente. Eu sempre fora muito ativa e, sentindo-me subitamente incapacitada de sair de
casa e de viajar e, na maior parte do tempo, sentindo dores, minha saúde começou a definhar.
Antes do acidente, eu tinha feito consultas ao sr. J. J. Thomas, um médium de transe que
ministrava tratamentos, mas ele havia se mudado para Brighton e, tendo em vista minha
situação, outras visitas estavam fora de cogitação. Felizmente, uma amiga sugeriu que eu
fosse consultar a sra. Durrant - imã do sr. Harry Edward que morava perto de mim, em
Streatham. Eu não podia andar, e, tendo de me utilizar de um táxi para onde quer que fosse,
como o senhor pode imaginar, custava caro me locomover para lá e voltar. Mas valeu a pena,
porque depois de algum tempo me foi possível realmente voltar a andar.
    "Pareceu-me estranho o fato de nenhum dos médiuns ter falado acerca do meu olho
`preguiçoso' e da pálpebra permanentemente fechada, ou que os guias espirituais não
tivessem achado que seria correto curar-me desse defeito. Mas um dia, em 1963, li sobre o dr.
Lang, que trabalhava através da mediunidade de um sr. Chapman. Pensei que esse dr. Lang
pudesse ser o falecido arcebispo de Canterbury e, talvez; irmão do meu dr. Lang de
Moorfields. Assim, decidi que, na verdade, se ele pertencesse à família Lang eu gostaria de
conhecê-lo e escrevi para o sr. Chapman solicitando uma consulta.
    "Quando cheguei a Aylesbury e entrei no consultório, o sr. Chapman, que era naturalmente
o dr. Lang, cumprimentou-me dizendo: `Oh, vamos minha criança, já nos vimos antes.'
    "Reconheci imediatamente sua voz e disse: `Sim, senhor, já nos encontramos. Fui a
Moorfields em 1915 e o senhor me disse que não podia fazer muito a respeito da minha
pálpebra fechada. Foi a última vez que eu o encontrei.'
    "Ele colocou o braço em volta dos meus ombros e falou: `Oh, como você está crescida.
Você era uma coisinha muito frágil quando nos encontramos. Com quantos anos você estava
- vinte e um, vinte e dois?'
    "Eu disse: `Vinte e um'.
    "`Você pesava mais ou menos quarenta e cinco quilos, não era?'
    "Repliquei: Bem, naquela época, eu tinha mais ou menos esse peso. Mas fiquei mais
robusta desde que tive filhos.'
    "Quanto mais conversávamos, mais certeza eu tinha de que o dr. Lang era a mesma pessoa
que eu havia ido consultar com minha mãe em Moorfields. Eu o teria reconhecido apenas
pelo modo de falar. E quando ele me mostrou as paredes ao redor do quarto, apontando as
fotografias que o retratavam bem como ao seu filho Basil (que, naturalmente, estava vivo à
época do nosso primeiro encontro) e os seus colegas, tive a sensação de que o tempo havia
voltado e eu estava mais uma vez em Moorfields, falando com ele.
    "O dr. Lang disse-me então que me deitasse no sofá, para que ele pudesse realizar uma
operação no meu corpo espiritual, a qual, disse ele, iria corrigira minha pálpebra. Ele chames
seu filho Basil para assisti-lo, pedindo-lhe instrumentos, e eu tive a estranha sensação de nem
mesmo me encontrar presente, embora alguma coisa maravilhosa estivesse sendo feita em
meu favor. E não senti nada. Apenas permaneci deitada e penso ter feito uma prece.
    "Quando ele me disse que havia terminado a operação espiritual e que minha pálpebra
estava em ordem, preparei-me para me levantar do sofá, mas ele me deteve e disse: `Oh, não.
Fique onde está, temos algo mais a fazer em seu benefício.' Então, fez outra operação - dessa
vez em meu fígado. Quando tudo estava terminado, ele pediu que eu me levantasse e
descansasse por alguns momentos na cadeira. E enquanto eu estava sentada à sua frente,
descreveu em detalhes o vestido que eu usara no nosso primeiro encontro, a cor, o modelo e
até os grandes botões, e depois falou de diversas coisas. Fiquei apenas ali sentada, pensando
como era extraordinário o fato de o haver encontrado novamente após quarenta e oito anos e
ainda com uma lembrança tão vívida dele.
    "Quando saí para me encontrar com meu marido, que estava à minha espera, disse a ele:
`Bem, o que lhe pareço?' Ele fitou-me mas foi incapaz de dizer uma só palavra. Porém o
nosso amigo Frank Hill, que tivera a bondade de nos trazer a Aylesbury em seu carro, disse:
`Graças a Deus, oh, graças a Deus!' Ora, a minha pálpebra estava aberta. Lembre-se que tinha
estado permanentemente fechada, durante toda a minha vida - durante sessenta e nove anos!
No entanto, desde o momento em que o dr. Lang realizou a operação espiritual, me foi
possível abrir e fechar a minha pálpebra de uma maneira tão fácil como agora - como se nada
tivesse acontecido de errado com ela.
    "Isso, por si mesmo, seria uma coisa milagrosa, e por isso eu sou mais do que grata ao dr.
Lang. Porém, o dr. Lang fez muito mais por mim. Ora, devido ao fato de a minha pálpebra ter
estado fechada durante toda a minha vida, eu tinha pouca visão no meu olho direito - era o
que chamavam de `olho preguiçoso'. Mas o dr. Lang não apenas operou a minha pálpebra,
como também cuidou da minha vista."
    A sra. Bailey visitou o dr: Lang novamente para fazer um check-up na primavera de 1964.
    "O dr. Lang estava muito satisfeito com o meu progresso. Ele decidiu fazer outra operação
para melhorar ainda mais a visão do olho direito, e folgo em dizer que ele conseguiu fazer
isso.
    "Mais tarde, ele descobriu que um osso do meu polegar estava deslocado. Isso tinha me
causado dores durante algum tempo, mas eu não o havia mencionado ao dr. Lang porque não
queria ocupar mais o seu precioso tempo, principalmente pelo fato de achar que aquilo não
era grave e que poderia facilmente voltar ao normal por si mesmo. De qualquer maneira, o dr.
Lang realizou uma operação e o colocou na articulação. Depois, ele pediu que eu apertasse a
sua mão para mostrar que tudo estava em ordem. Desde então, as tarefas domésticas, como
passar o ferro e encerar têm sido feitas com muito mais comodidade."
    A sra. Bailey me disse que deveria ver o dr. Lang mais uma vez no dia 20 de novembro de
1964. Entrei em contato com ela, após essa visita a Aylesbury e ela me explicou:
    "Quando vi o dr. Lang há uns vinte dias, ele estava muito satisfeito com a minha melhora
desde o nosso último encontro, e realizou outras operações em meu olho outrora `preguiçoso'.
    "Posso dizer que, por causa disso, minha visão melhorou muito na verdade, posso ler o que
o senhor está escrevendo. Quando se sabe que, praticamente, eu não via nada com esse olho,
penso que o senhor há de convir que o que o dr. Lang fez por mim foi alguma coisa
absolutamente extraordinária:"
    Capítulo 27
    Um Homem da Alemanha Ocidental
    Seria errado pensar que as pessoas que vão a Aylesbury em busca de ajuda são apenas das
regiões circunvizinhas. Quando eu estava trabalhando neste livro, deparei-me com um nome
inconfundivelmente alemão, que constava dos registros de George Chapman. Muito mais por
curiosidade do que por qualquer outro motivo, anotei o endereço e, embora o caso estivesse
longe de ter terminado, decidi que ele merecia ser citado aqui, nem que fosse apenas para
demonstrar que a fama do médico espiritual havia se espalhado para além do litoral da Grã-
Bretanha.
    Em 1938, quando estava com dezoito anos de idade, Alfred Prehl, um escriturário de
Würzburg, na Alemanha Ocidental, notou que um inquietante tremor estava tomando conta
do seu braço direito. Isso havia aparecido inesperadamente e ficava pior a cada dia. Ao fim de
cinco anos, ele havia perdido quase completamente o uso dos principais músculos.
    Durante esse período, Herr Prehl consultou diversos médicos. Foi atendido pelos famosos
especialistas das clínicas das universidades de Würaburg e Freiburg, mas nenhum deles foi
capaz de curá-lo. Não podiam compreender a natureza da doença.
    "Tome medicamentos que contenham beladona e mantenha uma dieta de comidas naturais"
- esse o resumo de todos os conselhos que ele recebeu. Mas isso não fez efeito e ele piorou.
Com o passar dos anos, a perda do controle muscular por parte de Alfred Prehl tomou-se
digna de pena. A II Guerra Mundial havia terminado, e por toda a Alemanha os destroços da
guerra estavam sendo removidos. Mas a saúde de Alfred Prehl piorava cada vez mais. Estava
com quarenta e cinco anos quando um especialista lhe disse sem rodeios: "Como um homem
normal, o senhor está acabado. Nunca voltará a andar normalmente."
    Outras complicações apareceram no outono de 1963. Herr Prehl começou a sofrer de
intensas dores nas partes baixas do corpo e a evacuar sangue. Em abril de 1964, a dor
aumentou a tal ponto que um especialista o internou numa clínica urológica, onde uma
radiografia revelou que ele tinha cálculos renais. Foi-lhe ministrado o tratamento ortodoxo
para essa doença, purgativos e infusões, e uma alça intestinal foi também obstruída. No
entanto, ele não reagiu e a persistência da cólica renal era tão dolorosa que passaram a
ministrar-lhe drogas para aliviar a dor.
    Nessa época, Herr Prehl leu na Die Andere Welt, uma revista alemã, um relato das
atividades de George Chapman e do seu guia espiritual, dr. Lang. Ficou impressionado e
começou a pensar na possibilidade de consultar o médico espiritual. Porém, perguntava a si
mesmo se seria razoável gastar tanto dinheiro em uma viagem que poderia dar em nada. O
que tornava. a questão ainda mais difícil era o fato de que, durante os últimos vinte e cinco
anos, sua enfermidade o havia impedido de trabalhar e incapacitava-o de viajar a qualquer
lugar, a menos que a esposa o acompanhasse. Finalmente, Herr e Frau Prehl decidiram
empreender a viagem juntos e, a 15 de setembro de 1964, embarcaram num avião para a
Inglaterra.
    Quando eu soube da visita do casal a Aylesbury, fiquei ansioso para descobrir o que lhes
havia dado confiança para admitir que o dr. Lang seria capaz de ajudá-los. Por isso, entrei em
contato com Herr Prehl, em sua casa em Wützburg, e ele gentilmente forneceu-me as
informações que eu havia solicitado.*
    "Eu sabia que nenhum médico poderia me ajudar; assim, quando li sobre o dr. Lang e o sr.
Chanman, senti um irresistível desejo de descobrir se esses cavalheiros podiam fazer por mim
o que se dizia haverem feito por outras pessoas", contou-me Herr Prehl.
    "Calculei que a viagem de avião e a estada na Inglaterra iria nos custar cerca de mil marcos
(da Alemanha Ocidental) - uma imensa quantia para alguém na minha situação. Ora, devido à
minha enfermidade, fui obrigado a interromper meu trabalho como escriturário e vivíamos
dos salários de minha esposa, que é enfermeira-chefe de um hospital. Mas o que não faria um
homem para readquirir a sua saúde perdida, embora parcialmente? Minha esposa revelou
grande compreensão e isso tornou mais fácil a minha decisão para viajar até Aylesbury.
    "Chegamos à casa do sr. Chapman no dia 15 de setembro. No momento um outro paciente
estava justamente indo embora de automóvel. Como havíamos ido até lá, sem marcar
consulta, minha visita foi uma surpresa para o sr. Chapman, que já havia saído de transe, pois
pensava que o seu trabalho já havia terminado naquele dia. Não obstante, ele se mostrou
disposto a me aceitar como paciente e nos convidou a entrar da maneira mais cordial.
    "Depois de uma rápida conversa na sala de consultas, ele nos disse que iria entrar em
transe. Sentou-se confortavelmente numa cadeira à minha frente, com os olhos fechados e,
recostando a cabeça como se fosse adormecer, permaneceu assim por algum tempo. Então
apresentou-se como o dr. Lang. Seu modo de falar era agora mais difícil de entender do que
quando ele estava em seu estado normal. Penso que eu deveria ter comunicado que o meu
conhecimento da língua inglesa é um tanto limitado e, naturalmente, não entendia todas as
palavras que ele dizia.
    "Quando começou a falar com minha esposa, disse-lhe que ela era uma enfermeira-chefe
de um hospital e o dr. Lang, incorporado no sr. Chapman, pareceu muito satisfeito em
conhecê-la e dirigiu-se a ela para cumprimentá-la cordialmente. Seu comportamento era
muito diferente daquele que o sr. Chapman havia mantido durante o seu estado de vigília.
Mais antiquado, mais ponderado e fora de moda.
    "O dr. Lang me examinou e fez o seu diagnóstico. Não sou um homem com conhecimentos
médicos, e o que eu sei da língua inglesa é insuficiente para entender tudo corretamente. Mas,
pelo fato de considerar seu diagnóstico muito importante, perguntei se ele poderia confirmá-
lo por escrito, para que eu pudesse ter a certeza de haver entendido tudo da maneira correta.
Ele concordou, foi até o ditafone que estava sobre a sua escrivaninha e gravou exatamente
aquilo que ele julgava estar me prejudicando e quais as suas causas. Seu diagnóstico, que o
sr. Chapman me enviou três semanas mais tarde, foi o seguinte: `Infecção virótica na primeira
infância. Isso provocou uma esclerose disseminada que se espalhou lentamente,
transformando-se em placas de degeneração na substância branca do cérebro.'
    "Ainda em transe, o sr. Chapman pediu que eu me deitasse no sofá que estava próximo à
parede, para que pudesse começara ministrar o tratamento. Durante quase quinze minutos ele
cuidou de mim. As mãos do sr. Chapman passavam acima e ao longo do meu corpo, da
cabeça aos pés. Voltava várias vezes para cuidar do meu abdome porque ele, obviamente,
achava que esse local necessitava de um tratamento adicional.
    "Isso era surpreendente, pois ele continuava a dar mais atenção àquela parte do corpo onde
eu vinha tendo as cólicas mais violentas e dolorosas. Eu não havia dito absolutamente nada
sobre essas dores, nem tampouco a minha esposa o fizera. Na verdade, as considerávamos de
muito menor importância do que a outra enfermidade da qual eu vinha sofrendo e que fora o
motivo da nossa viagem à Inglaterra. Assim, como disse, nada sobre aquelas dores fora
mencionado ao sr. Chapman.
    "Quando acabou de tratar do meu corpo, o dr. Lang pediu que eu me sentasse no sofá e
cuidou da minha coluna vertebral da mesma maneira que descrevi anteriormente - mais uma
vez sem me tocar. Ele me disse, mais tarde, que havia realizado uma operação no meu corpo
espiritual. Não senti nada, mas naquela época, devo dizer, devido à paralisia, o meu corpo
estava um tanto insensível.
    "Não posso dizer que senti uma melhora imediata quando saí do consultório naquele dia.
Mas, dentro de poucas horas, a diferença era visível. Eu podia caminhar com mais confiança
e com maior resistência do que em qualquer outra ocasião durante os últimos doze meses,
mais ou menos. E depois de nosso retomo à Alemanha, a melhora continuou. Porém, dez dias
após a minha visita a Aylesbury, sofri uma súbita e violenta cólica, provocada por cálculos
renais e escrevi novamente ao sr. Chapman pedindo-lhe que informasse o dr. Lang do meu
inesperado problema. Poucos dias depois, o cálculo deixou o ureter e foi para o bexiga!
    "Ora, pensei, da mesma forma que o meu médico, um cálculo renal na bexiga não causaria
nenhum outro problema e que, finalmente, me veria livre dele. Mas esse cálculo em particular
era, provavelmente, demasiado grande para que a bexiga o expulsasse sem problemas. Por
isso, cada vez que eu urinava, sofria dores agudas.
    "Cerca de quinze dias depois, escrevi mais uma vez ao sr. Chapman comunicando a minha
situação. Dentro de poucos dias, o cálculo renal saiu prontamente da bexiga! Ficamos
espantados com seu tamanho e formato - tinha aproximadamente quinze milímetros por cinco
e as bordas afiadas. Eu o guardo como lembrança! A melhora constante da doença principal
continua até hoje."
    Passaram-se apenas três meses desde a ocasião em que Herr Prehl recebeu o primeiro
tratamento do dr: Lang e até que ele me fornecesse as informações pedidas. Tendo em vista a
gravidade da sua doença, e o fato de, ao tempo em que eu estava escrevendo este livro, ele
haver estado sob os cuidados do dr. Lang há tão pouco tempo, não obstante com muito
sucesso, mantive-me em contato com Herr Prehl. Seus freqüentes relatos registravam uma
cadeia ininterrupta de sucessos: sua saúde melhorava a cada dia, embora ele estivesse ainda
longe de ser considerado um homem saudável.
    Um ano depois de haver realizado a primeira série de operações no corpo espiritual de Herr
Prehl, o dr. Lang achou que era tempo de o paciente se submeter a outro tratamento por
contato em Aylesbury. Embora isso significasse mais ou menos outras 100 libras esterlinas
para as despesas de viagem (com as quais Herr Prehl mal podia arcar), o alemão e sua esposa,
não obstante, decidiram voar para a Inglaterra. A melhora das condições gerais de Herr Prehl
haviam sido tão marcantes que eles acreditavam que outras operações espirituais poderiam
significar apenas mais um progresso considerável. E quando Herr Prehl me informou sobre a
sua decisão para ver o dr. Lang, perguntou-me se eu poderia estar presente - para ver por mim
mesmo o que estava acontecendo e para, ao mesmo tempo, servir de intérprete. O
conhecimento de inglês de Hen Prehl ainda era pobre e, naturalmente, ele queria saber de
tudo o que o dr. Lang tinha para dizer.
    No dia 29 de novembro de 1965, conheci Herr e Frau Prehl na casa de George Chapman
em Aylesbury. Alfred Prehl ainda era um inválido. Sua voz estava apenas um pouco menos
fraca do que há um ano; suas mãos ainda não podiam apertar as minhas com firmeza; e ele
ainda caminhava com certa dificuldade. Pelos seus relatos escritos eu imaginava que o seu
estado de saúde fosse muito melhor do que, de fato, se apresentava. Conhecendo sua situação
financeira, observei: "Estou surpreso pelo fato de haverem empreendido essa dispendiosa e
cansativa viagem à Inglaterra."
    Ele disse: "Não entendo por quê."
    "Bem, não me parece que sua melhora seja tão grande como tudo o que "
    "Mas é!" - disse ele, enfaticamente. "Para um observador exterior, pode parecer que não é
uma grande melhora, pois ainda pareço um inválido. Mas eu sei como fiquei muito mais forte
durante o ano que passou. E se o dr. Lang conseguir provocar uma melhora adicional
semelhante, então todas as despesas e o esforço físico terão válido mais do que a pena."
    Quando entramos na sala de consultas do dr. Lang, ele nos cumprimentou com sua
costumeira cordialidade. Imediatamente começou a examinar Herr Prehl e, dentro de
minutos, estava dizendo: "Estou muito satisfeito com a sua melhora, jovem. Você reagiu
admiravelmente ao tratamento."
    Depois, realizou com os seus colegas e assistentes invisíveis algumas operações no corpo
espiritual de Herr Prehl, mantendo Frau Prehl e a mim informados do que estava fazendo.
    Quando a última operação terminou, Herr Prehl perguntou: "O senhor acha que eu vou
melhorar, dr. Lang?"
    "Você vai ficar curado", replicou o médico espiritual com firme convicção. "Devido à
gravidade da sua doença e ao fato de você ter me consultado com certo atraso, vai levar
algum tempo antes que fique curado da sua enfermidade, mas posso lhe prometer que você
voltará a ser normal - desde que você não desista e continue realmente a cooperar comigo."
    Lágrimas de gratidão e de felicidade desceram pela face de Herr Prehl. "O senhor pode ter
a certeza de que não vou desistir", murmurou ele.
    O dr. Lang demonstrou então de que modo e onde Frau Prehl deveria massagear o esposo,
o tipo de exercícios que Herr Prehl deveria fazer diariamente e disse-lhe qual a alimentação
que deveria seguir.
    "Ele não come quase nada", interrompeu Frau Prehl. "Não me dá ouvidos quando digo que
ele deve fazer refeições apropriadas, e inste que não pode comer nada mais do que algumas
fatias de pão seco por dia..."
    "É imperativo que mantenha o seu corpo físico bem nutrido", disse-lhe Lang, "porque, se
isso não for feito, a energia que estou colocando no seu corpo espiritual não pode se transferir
eficientemente para o seu corpo físico. Você tem de compreender isso e seguir os meus
conselhos, se quiser ficar bom."
    "Oh, eu o farei, eu o farei", murmurou Herr Prehl.
    "Prometo-lhe, dr. Lang, que cuidarei para que o meu esposo faça tudo o que o senhor
quiser", garantiu Fraca Prehl.
    "Continuarei a visitá-lo enquanto estiver dormindo, jovem, e dentro de um mês você vai
ver que se sentirá muito melhor", disse o dr. Lang ao final da consulta. "Espero que façam
uma viagem agradável para a Alemanha - na verdade, sei que fardo uma boa viagem para
casa."
    Dez dias após sua visita a Aylesbury, Herr Prehl entrou em contato comigo e disse estar
experimentando uma sensível melhora. Na época em que este livro estava em provas e pronto
para ser impresso (em janeiro de 1966), ele me forneceu os últimos detalhes atualizados sobre
si mesmo:
    "Minha esposa cumpre religiosamente as instruções do dr. Lang e massageia a minha
coluna vertebral exatamente como ele demonstrou; faço todos os exercícios que o dr. Lang
me recomendou; e também estou me alimentando bem.
    "A melhora das minhas condições durante os últimos dois meses é muito maior do que a
que experimentei durante o ano entre as minhas duas consultas com o dr. Lang. Sinto-me
muito mais forte e capaz de usar os meus membros muito mais facilmente do que quando nos
conhecemos em Aylesbury, no dia 29 de setembro de 1965. Minha gratidão e a da minha
esposa ao dr. Lang e ao sr. George Chapman é demasiado grande e profunda para que possa
ser expressa adequadamente em palavras. Esse bondoso médico espiritual já conseguiu um
milagre, pelo fato de já ter me possibilitado viajar, ao passo que os outros médicos e
especialistas sob cujos cuidados estive deixaram absolutamente claro que não poderiam me
ajudar."
    Capítulo 28
 
    "... E não haverá mais Morte, nem pranto, nem Clamor...
    Jonathan Bell estava com cinco anos de idade e tinha tanta vivacidade quanto qualquer
criança dessa idade. A família morava em Worksop e, para o sr. e a sra. Bell, embora só
dissessem isso um ao outro, nunca houvera uma criança iguala Jonathan.
    Quando eles o viam brincando com os amigos, ou fitavam o seu rosto sujo, travesso e
brincalhão, após uma diabrura, se olhavam de uma forma significativa. Eles o tinham visto
crescer desde o nascimento; tinham se encantado com o aparecimento do seu primeiro dente,
que se projetava da gengiva como um pequeno e branco monumento; e tinham abraçado e
acariciado o menino quando ele deu seus primeiros passos. E, à medida que ele se
transformava num garoto estouvado, estavam ao seu lado, como observadores protetores e
orgulhosos. A extraordinária felicidade que esse filho único proporcionava aos Bells durou
até o verão de 1964.
    Foi então que eles começaram a ficar um pouco preocupados mas não alarmados. Nessa
ocasião, foi difícil notar a mudança que lentamente se operava no seu filho. Certo dia, ele
brincou com menos animação do que em outras ocasiões. Mas crianças são criaturas sujeitas
a uma variada disposição de espírito e a caprichos. Talvez ele estivesse extenuado, como
costuma acontecer com crianças travessas.
    No dia seguinte, Jonathan Bell ainda estava cansado. Mas nunca se pode saber o que
ocorre com uma criança. Dentro de um ou dois dias, ele poderia estar mais uma vez com o
mesmo ânimo.
    Jonathan não readquiriu a alegria. Não queria sair de casa nem brincar; só queria ficar
deitado. No dia em que o rosto do menino começou a inchar, os pais resolveram chamar um
médico. Depois de examiná-lo, ele voltou-se para os pais e disse:
    "Sr. e sra. Bell, temo que Jonathan esteja sofrendo de leucemia progressiva."
    O que o médico disse depois os pais mal puderam escutar. Eles sabiam o bastante sobre
leucemia para compreender que a pessoa que a contraísse estaria ameaçada por uma doença
fatal. De vez em quando, eles haviam lido os pungentes relatórios sobre crianças que haviam
sido "condenadas à morte" por essa doença. E, agora, ela havia atingido a eles mesmos, os
Bells, e ao seu filhinho Jonathan.
    O médico quis se certificar do seu diagnóstico e solicitou um exame de sangue e uma
segunda opinião por parte de um especialista.
    O menino foi levado ao Kilton Hill Hospital, onde o diagnóstico do médico foi
confirmado. Era leucemia. A doença estava mais concentrada no líquido raquidiano e estava
tão adiantada que deram ao menino apenas cerca de dois meses de vida.
    O sr. e a era. Bell ficaram desesperados e recusaram-se a aceitar a sentença de morte do
seu garoto. Já haviam ocorrido erros em hospitais e, por isso, disseram a si mesmos que o
diagnóstico poderia estar errado. Por que Jonathan tinha de morrer? Ele sempre havia sido
saudável e cheio de vida. Era inadmissível que, agora, ele Lhes fosse arrebatado. Tinham
ouvido falar de um famoso hospital para crianças doentes na Great Ormond Street, em
Londres. Ali, eles esperavam que talvez os médicos pudessem provar o erro do hospital local.
Ou, se o menino tivesse leucemia, quem sabe, descobrissem que ela estava apenas no estágio
inicial e fossem capazes de curá-la.
    Jonathan foi levado para o famoso hospital. Mas o veredito foi o mesmo:
    Leucemia em estado avançado.
    Deram ao casal comprimidos que Jonathan deveria tomar diariamente e a família retomou
a Worksop. Ficou combinado que a criança seria examinada posteriormente.
    De volta à casa, os pais cuidaram com carinho do filho que estava morrendo. Nas poucas
semanas que restavam, sabiam eles, veriam o declínio das suas energias. Por isso, queriam
estar com o filho durante todas as preciosas horas que lhe sobravam. Se houvesse alguma
coisa que a criança desejasse, fariam tudo o que pudessem a fim de satisfazê-la.
    No seu desespero, passaram por períodos nos quais rejeitavam a cruel verdade, esperando
que a tragédia que havia invadido o seu lar pudesse desaparecer por si mesma. Oravam por
um milagre. Seria pedir demais, que aquela minúscula vida fosse poupada? Mas quando
outras visitas ao hospital de Londres convenceram os pais de que nada poderia ser feito por
Jonathan, decidiram que tudo o que lhes restava era tentar mantê-lo feliz - até o fim.
    Era essa a situação quando o sr. e a sra. Rose, amigos dos Bells que moravam em
Birmingham, fizeram uma tímida sugestão a eles. O sr. e a sra. Rose estavam profundamente
comovidos com a tristeza dos seus amigos de Worksop, e pensavam no que ainda estava por
vir. Os Roses conheciam William Lang e o seu médium George Chapman. Eles estavam a par
de algumas das surpreendentes curas bem-sucedidas que haviam sido realizadas na casa
chamada St. Brides e no Centro de Tratamento de Birmingham. Mas, mesmo assim, foi com
certa relutância que sugeriram aos Bells que Jonathan ainda poderia ser salvo pelo médico
espiritual. Era uma relutância nascida do conhecimento da desconfiança que muitas pessoas
sentem com relação a qualquer coisa que diga respeito à cura espiritual. Em circunstâncias
normais, os Bells jamais admitiriam aproximar-se de um médico espiritual. Estavam longe de
acreditar que alguma coisa que não fosse a prática médica pudesse ter valor. Mas, o que
tinham a perder? Seu filho estava morrendo. Essa era a cruel verdade. No sábado, 19 de
dezembro de 1964, o sr. Rose levou Jonathan para ser examinado pelo dr. Lang no Centro de
Tratamento. O menino, naturalmente, era muito jovem para compreender o propósito da
visita. Pelo que sabia, estava indo ver outro médico, um dos muitos que o haviam examinado,
que pareciam sizudos, tomavam notas e falavam em voz baixa com mamãe e papai.
    Quando Lang examinou Jonathan, confirmou que ele estava com leucemia em estado
avançado e disse que a doença estava praticamente concentrada no líquido raquidiano. Disse
então ao sr. Rose que precisava operar a fim de ajudar o menino.
    William Lang operou o fígado de Jonathan e abriu totalmente a válvula do coração para
aumentar a contagem do sangue. Tudo isso era muito misterioso e estranho para a criança,
que não sentia nada, e intrigava-o aquele homem que usava um casaco branco, ficava com os
olhos fechados e que falava com pessoas que não estavam ali presentes. Além disso, houve o
fato engraçado de o médico lavar as mãos, muito embora Jonathan não o tenha visto fazer
nada que pudesse tê-las sujado. Mas gostou do modo como aquele homem engraçado fazia
aquelas coisas com as mãos e os dedos. Era, pensou ele, uma brincadeira curiosa, mas estava
se divertindo.
    O sr. e a sra. Rose observavam William Lang cuidar do menino. O ponteiro dos minutos do
relógio girava com angustiante lentidão. Haveria alguma esperança? Nem que fosse uma
migalha? Eles mal trocavam sussurros. Havia muito a ser dito, porém, pouco que pudesse ser
traduzido por palavras. O que estava acontecendo? Nada? E então, ali estava Lang, em pé;
depois de concluídas as operações. Jonathan levantou-se do sofá e estava tranqüilo, sorrindo
suavemente. E quando a sra. Rose o levou para longe do alcance da voz, seu esposo voltou-se
para o homem de casaco branco.
    "Bem", disse o sr. Rose, "o senhor acha que existe alguma chance de o menino melhorar?"
    "Oh, sim", respondeu Lang, "Uma chance muito boa. Quero voltar a examinar Jonathan
dentro de seis semanas, e então poderei lhe dizer mais sobre até que ponto as operações
foram bem-sucedidas, e assim por diante. Mas, agora, posso lhe dizer que não existe nada
fora do comum com o que se preocupar. Estamos fazendo tudo o que podemos pelo menino.
Irei visitá-lo durante o seu sono para ministrar-lhe um tratamento complementar."
    O sr. pose passou alguns minutos conversando com Lang, fazendo diversas perguntas e
tentando desesperadamente definir uma espécie de base para a confiança que ele e esposa
pudessem ganhar e transmitir aos pais do menino. Havia muito de confortador no que o dr.
Lang dissera mas, ao mesmo tempo, o sr. Rose sabia que o medo dos Bells estava tão
profundamente enraizado e que a sua desconfiança quanto à cura espiritual era tão forte, que
não sabia como convencê-los de que havia esperanças para Jonathan.
    Nas três semanas que se seguiram às operações de Lang, Jonathan foi levado ao Kilton Hill
Hospital para os costumeiros exames de sangue. Mas em duas semanas o garoto havia
melhorado tanto que os seus pais mal podiam acreditar. Os médicos ficaram surpreendidos
com sua contagem de sangue.
    Cinco semanas após as operações de Lang, Jonathan foi levado ao hospital da Great
Ormond Street, como fora combinado. Os exames revelaram que a leucemia havia
desaparecido do líquido raquidiano. Os médicos da equipe ficaram aturdidos e disseram
francamente que não sabiam como essa mudança havia acontecido.
    Seis semanas após as operações de Lang, Jonathan teve o seu segundo encontro com o
médico espiritual. Ele aconteceu no Centro de Tratamento de Birmingham. A data foi:
sábado, 30 de janeiro de 1965. Lang estava muito satisfeito com o progresso que o menino
havia feito desde que o havia examinado pela primeira vez. Disse ao sr. Rose que as
operações espirituais haviam tido êxito. "Jonathan vai ficar novamente com a saúde perfeita.
Agora não há nada mais com que se preocupar", explicou. Pediu que o menino fosse
novamente levado à sua presença daí a três semanas.
    O terceiro encontro com o médico espiritual - no sábado, 20 de fevereiro de 1965 - foi,
naturalmente, realizado. William Lang estava encantado com o modo pelo qual o seu jovem
paciente havia reagido ao tratamento e confirmou: "Tudo está funcionando perfeitamente; o
líquido raquidiano está limpo e restam apenas alguns vestígios na corrente sangüínea, mas
isso vai desaparecer. Jonathan voltará a ser um garoto totalmente saudável, mas o tratamento
deverá continuar por algum tempo."
    A melhora no estado de saúde de Jonathan era notável. Ele se sentia bem, estava cheio de
energia, e havia perdido totalmente a aparente inchação em seu rosto.
    A menor dúvida que pudesse ter restado na mente dos pais do menino deixaram de existir.
No início, eles ficaram, naturalmente, muito preocupados porque, em muitos casos, uma
aparente melhora sempre ocorre antes da degeneração e da morte; na verdade, os primeiros
meses se constituíram numa época de angústia quase insuportável.
    Mas, pouco a pouco, passo a passo, os sinais de melhora chegaram, foram consolidados e
permaneceram. As visitas ao Centro de Tratamento de William Lang, em Birmingham, foram
mantidas, e o corpo jovem de Jonathan Bell tomava-se mais forte com o passar dos dias.
Chegou o dia em que ele achou que podia voltar para a escola; depois, outro dia quando os
exames de sangue mais rigorosos revelaram que o menino estava curado da leucemia.
Atualmente (em novembro de 1965), ele corre, pula, grita e faz travessuras como qualquer
outro escolar. E seu progresso na escola é tal que provoca pontadas de orgulho no peito de
duas pessoas que pensaram que os dias de escola do garoto haviam terminado.
    No dia 29 de novembro de 1965, conversei com William Lang a respeito de Jonathan Bell.
A face do velho mostrou um sorriso de contentamento interior. Depois de alguns instantes,
ele disse: "Graças a Deus, ele me foi trazido ainda em tempo."
    E os pais que foram ameaçados pela tragédia não mais estão tristes. A sombra da morte se
foi do seu lar e eles consideram um milagre o fato de o seu filho lhes ter sido devolvido bem
como o de terem sua fé no futuro totalmente restaurada.
    Capítulo 29
    Mais Coisas no Céu e na Terra
    Durante a extensa pesquisa que realizei sobre todos os aspectos do tratamento espiritual
ministrado pelo dr. Lang, decidi discutir suas curas com um eminente médico de um hospital
de Londres.
    O médico em questão concordou em se encontrar comigo, sob a estrita condição de que,
fosse qual fosse a circunstância, eu não revelaria a sua identidade nem o nome do hospital.
Ele explicou que não queria criar problemas com a Associação Britânica de Medicina por
"cooperar com um médico praticante sem registro", ou por ficar ele mesmo exposto à
acusação de "conduta contrária à ética profissional". Assumi esse compromisso pois, na
verdade, não poderia agir de outra maneira. Mas posso assegurar aos leitores deste livro que o
relato desta entrevista é autêntico e baseado na transcrição textual de um encontro ocorrido
no fim do outono de 1964.
    Eu tinha comigo alguns históricos dos casos mais surpreendentes do dr. Lang,
acompanhados de evidências detalhadas de médicos, autoridades hospitalares e famosos
especialistas que confirmavam que os pacientes ali mencionados não tinham reagido ao
tratamento a que haviam sido submetidos; que, em sua opinião, nada mais havia que pudesse
ser feito pela ciência médica em seu benefício; e que eles haviam sido considerados
incuráveis.
    No entanto, contra isso, havia a evidência de que esses "incuráveis" não haviam morrido e
tinham, na realidade, melhorado após o tratamento de William Lang. E suas melhoras e curas
foram comprovadas pelos mesmos médicos que, anteriormente, os tiveram sob seus cuidados
e que até em alguns casos, os haviam dispensado.
    Essa, talvez, fosse a prova mais valiosa de todas. Após examinar os pacientes com o
máximo de rigor, submetendo-os a todos os tipos de testes clínicos, esses experientes
médicos tinham confirmado que as doenças haviam sido completamente curadas e que
nenhum vestígio de qualquer manifestação escondida ou inativa fora encontrado.
    Quando apresentei ao médico essas provas totalmente autenticadas e pedi que as
comentasse, ele examinou cuidadosamente os atestados e, depois de muito pensar, respondeu:
    "Bem, falando do ponto de vista estritamente médico, não tenho nenhuma explicação a
oferecer sobre como é possível aos pacientes declarados fora de qualquer esperança se
recuperarem de vez em quando. Se acontece uma cura desse tipo, diz-se geralmente que a
natureza, por si mesma e de algum modo, realizou o que, de outra maneira, seria totalmente
inexplicável. Em mais de uma ocasião, ouvi eminentes médicos e cirurgiões dizerem que "um
milagre aconteceu". Naturalmente, em certo sentido, eles estão certos, porque, com algumas
doenças incuráveis, somente um milagre - algo que está além da nossa compreensão - poderia
ter provocado a cura de um paciente considerado, do ponto de vista da medicina ortodoxa,
sem esperança de recuperação. Em algumas instituições médicas podemos ver a inscrição:
`Nós limpamos os ferimentos, Deus os cura', que é benevolamente aceita pela nossa rigorosa
Associação. Mas acho que, na realidade, grande parte de nós, médicos, aceitamos a verdade
contida nessa inscrição."
    Perguntei: "Tendo examinado as provas do êxito do dr. Lang na cura de pessoas
`incuráveis', o senhor concordaria que elas ocorreram como resultado das suas operações
espirituais e de suas outras formas de tratamento?"
    "Bem, as provas que o senhor apresentou são certamente muito convincentes. O que mais
posso dizer?" Fez uma pequena pausa e acrescentou: "Se eu fosse considerar esses casos
simplesmente à luz do código de ética médica que observamos, seria forçado a rejeitar
qualquer possibilidade de operações ou tratamentos espirituais serem capazes de conseguir
qualquer coisa. De acordo com o nosso modo de pensar, só os médicos diplomados e as
equipes treinadas na prática da medicina podem tratar os doentes de maneira adequada.
Porém... Bem, pessoalmente não participo dessa opinião. Fez outra pausa e, depois de alguns
momentos, disse: "Mas para responder à sua pergunta: Sim, acredito que a cura total e
confirmada dos pacientes cujos históricos o senhor me mostrou devem-se à ajuda espiritual -
às operações e tratamentos espirituais do dr. Lang, poderia dizer."
    "O senhor admite então que, ao realizar operações invisíveis e indolores no corpo espiritual
de um paciente, o dr. Lang pode provocar um efeito correspondente no corpo físico?"
    "Eu não disse isso", declarou o médico. "Compreenda, eu não estou de todo convencido da
existência de coisas como `corpo espiritual' e, portanto, não posso admitir que um tratamento
no assim chamado `corpo espiritual' produza qualquer efeito no corpo físico do paciente. Na
verdade, posso até estar enganado - talvez isso exista -, mas não me deparei com ele durante
os muitos anos de minha prática médica.
    "Mas, não vamos discutir se existe ou não um `corpo espiritual', porque nenhum de nós
pode fornecer provas conclusivas de nossas crenças. Em vez disso, vamos analisar a questão
da ajuda espiritual de modo objetivo e racional. Quanto a mim, não me preocupa realmente o
modo como o dr. Lang cura os seus pacientes; o que importa é que ele na verdade os cura. E
estou disposto a dizer que admito isso."
    Quando o problema da cura à distância foi mencionado, fiquei triste por não ter trazido
provas documentadas do êxito obtido pelo dr. Lang com muitos dos seus pacientes, mas pude
relatar vários casos que eu havia investigado. O médico ouviu-me erguendo as sobrancelhas
ocasionalmente, mas não fez nenhum comentário até que eu houvesse terminado.
    "Bem, não estou querendo dizer que isso que o senhor me contou seja inexato ou
exagerado", disse ele. "Mas, para mim, é difícil acreditar que o tratamento à distância, apenas
em atenção a cartas escritas, produza os resultados que o senhor mencionou. Embora eu não
saiba exatamente como funciona a cura por contato, como aparentemente faz, ainda assim
acredito que alguma coisa acontece e que ocorrem coisas extraordinárias. Não sei se, talvez,
ao tocar realmente o corpo de um paciente, estabelecendo um contato físico, o dr. Lang
consegue por em ação algum tipo de energia espiritual. Radiação curativa. talvez. Entretanto,
aceitar que a mesma coisa seja possível à distância, através de um tipo de processo de
correspondência, realmente é exigir demais de um membro da classe médica"
    "O senhor gostaria que eu lhe oferecesse o mesmo tipo de provas sobre os sucessos do dr.
Lang com esse tratamento, ou seja, provas iguais às apresentadas quanto à cura por contato?"
Indaguei.
    "Sim, gostaria muitíssimo", ele replicou. "Mas não as envie aos cuidados do hospital. Não
quero correr o risco de abrirem a carta por engano. Por favor, mande-as para o meu endereço
particular."
    Cumpri minha promessa.
    Alguns dias depois, o médico devolveu-me os históricos dos casos de curas à distância.
Não disse o que pensava sobre as provas e sua carta consistia apenas nas seguintes linhas
escritas com mão firme:
    "Isso é extraordinário, para dizer o mínimo!
    "Espero que não me considere vulgar por citar William Shakespeare, pois, como de
costume, ele disse o que mais se ajusta à situação: `Há mais coisas no Céu e na Terra,
Horácio, do que compreende a nossa filosofia.'"
    Capítulo 30
    Qual a Eficácia do Tratamento à Distância?
    Essa pergunta será mais bem respondida com o relato de alguns dos muitos casos de
tratamento à distância que escolhi ao acaso dos volumosos arquivos de George Chapman.
    A sra. Marjorie Hemsworth, de Hull, solicitou que o dr. Lang lhe ministrasse tratamento à
distância e escreveu a George Chapman em março de 1959:
    "O senhor poderia fazer o favor de cuidar da minha garganta? Meu médico diz que isso é
um problema de nervos, mas estou constantemente tendo de desobstruir minha garganta a
intervalos de poucos segundos. Devo acrescentar que isso vem ocorrendo há cerca de cinco
anos."
    O tratamento à distância começou assim que a carta foi recebida e; duas semanas mais
tarde, a sra. Hemsworth relatou:
    "Estou muito intrigada; mais ou menos às 11 horas da manhã, fui arrumar as camas e, ao
me aproximar do topo das escadas, senti um cheiro de violetas. Ao atingir o pequeno corredor
em frente aos quartos, o cheiro era muito forte; era um odor muito agradável. Sentei-me na
cama, imaginando de onde ele viria; depois de alguns segundos, ele desapareceu
gradualmente, deixando-me com uma sensação maravilhosa que eu não posso explicar.
Queria apenas que alguém estivesse ali para compartilhá-la comigo."
    Sete semanas depois de o tratamento haver começado, a sra. Hemsworth estava curada. A
29 de abril de 1959, ela escreveu a George Chapman:
    "Gostaria de lhe dizer como estou me sentindo bem atualmente. O mal que afetava a minha
garganta desapareceu totalmente."
    A cura feita pelo dr. Lang foi permanente. Constatei isso quando entrei em contato com a
sra. Hemsworth, em dezembro de 1964. O esposo de Marjorie, George Hemsworth, também
foi um dos pacientes do dr. Lang e me fez o seguinte relato da sua experiência.
    "Minha esposa escreveu pedindo um tratamento à distância para mim em dezembro de
1962. Eu sofria de catarata em ambos os olhos e, como havia ouvido algumas pessoas
dizerem que, às vezes, temos de esperar muito tempo antes que elas possam ser operadas,
fiquei, naturalmente preocupado. Abandonei meu emprego de motorista em novembro de
1962 e, no final de agosto de 1963, meus olhos estavam tão ruins que eu tinha de ser guiado.
    "Uma catarata foi removida em outubro de 1963 e a outra em maio de 1964. Embora eu
use óculos de lentes grossas, tenho agora uma visão excelente. Na verdade, o meu oculista diz
que a minha vista está melhor do que antes."
    Perguntei ao dr. Lang acerca do tipo de tratamento à distância que ele havia ministrado ao
sr. Hemsworih, e ele explicou:
    "É verdade que levaria muitos anos até que as cataratas se desenvolvessem o suficiente
para serem removidas com sucesso. Assim, meus auxiliares espirituais e eu aceleramos o seu
crescimento para tornar possível que o paciente fosse operado no hospital tão rapidamente
quanto possível." William Lang poderia ter provocado a eliminação total das cataratas,
explicou-me ele, mas, para isso, seria necessário que houvesse um tratamento por contato, e
esse seria um processo mais demorado do que se elas fossem operadas num hospital. Por isso,
ele havia decidido se concentrar em forçar as cataratas a se desenvolverem rapidamente, até
que estivessem prontas para serem removidas.
    Em fevereiro de 1962, o sr. Joseph C. Manuel, de Hoylake, sofria de dores no reto e
consultou o médico. que diagnosticou hemorróidas externas e prescreveu o tratamento
conhecido. Mas a situação aos poucos foi piorando. Ele mandou o paciente a um especialista
que diagnosticou uma fístula no reto e, no fim de abril de 1962, o sr. Manuel foi internado
num hospital para ser submetido a uma cirurgia. Ela foi realizada, mas o ferimento não
cicatrizou e toda a região ficou inflamada e intumescida a tal ponto que o paciente não podia
se sentar e só podia deitar-se de lado.
    "Voltei várias vezes ao hospital para ser examinado pelo especialista, mas a dor e o
desconforto persistiam", afirmou o sr. Manuel. "Eu tinha certeza de que; acima de tudo, os
médicos não haviam chegado à conclusão sobre qual era a origem do problema. Fiquei cada
vez mais deprimido e parecia que jamais iria ficar livre dessa situação."
    Em setembro de 1962, o sr. Manuel ouviu falar de George Chapman e do seu médico
espiritual William Lang e, na esperança de que o tratamento espiritual lhe pudesse ajudar
tanto quanto havia feito no caso que lhe fora relatado, resolveu "fazer uma tentativa". Assim,
escreveu a seguinte carta a George Chapman:
    "Estou escrevendo para saber se o senhor poderia ter a bondade de propiciar-me um
tratamento à distância para o problema no reto do qual estou sofrendo. Os médicos
diagnosticaram-no como um tipo de fístula e me têm tratado, após realizarem uma operação,
durante os últimos meses, sem sucesso. Disseram-me agora que nada mais pode ser feito.
Como a situação parece estar se tornando cada vez pior, desejo saber se o senhor pode me
ajudar."
    O tratamento à distância foi iniciado a 25 de setembro de 1962 e, uma semana mais tarde,
o sr. Manuel enviou o seguinte relato a George Chapman:
    "Tenho o prazer de informar que, nos últimos três dias, tem havido uma melhora. Tenho
sentido muito menos dores e o local está menos inflamado, e espero que continue a
melhorar."
    Depois, a 26 de novembro do mesmo ano, o paciente escreveu novamente:
    "Gostaria de dizer que o senhor e o seu guia espiritual (dr. Lang) realizaram um
extraordinário trabalho de cura no meu caso, da mesma forma que, tenho certeza, fizeram em
muitos outros. Obrigado, sr. Chapman, pelo seu maravilhoso trabalho."
    A última comunicação do sr. Manuel, que foi enviada no mês seguinte, afirmava:
    "Tenho o grande prazer de lhe informar que, agora, a dor sumiu completamente e que o
intumescimento e a inflamação desapareceram. Sou muito grato ao dr. Lang e ao senhor,
desejando a ambos muito sucesso no futuro."
    Exatamente dois anos depois - a 5 de dezembro de 1964 - entrei em contato com o ex-
paciente do dr. Lang para saber dele mesmo sobre o seu atual estado de saúde. Ele,
gentilmente, me informou o seguinte:
    "Folgo em dizer que não houve recidiva do problema e gostaria de afirmar, mais uma vez,
que sou imensamente grato ao dr. Lang e ao sr. George Chapman pelo tratamento que deles
recebi e que me curou totalmente."
    Os tratamentos bem-sucedidos ministrados pelo dr. Lang à família Hutton não se limitaram
a mim. O que foi feito em benefício do meu filho de doze anos de idade, Harold, sob o ponto
de vista da medicina, foi insignificante. Porém, quem pode dizer, com certeza, o que é
importante ou o que é de pouco valor? Para algumas pessoas, a mais leve sensação de doença
causa preocupação; outras, que sofrem de uma grave enfermidade, tentam convencer a si
mesmas de que ela não é tão grave quanto parece.
    Mas permitam-me contar o que aconteceu com Harold.
    Durante muitos meses, meu filho aguardava ansiosamente a chegada de dezembro, quando,
nos meados do mês, ele iria fazer uma excursão à Terra Santa, onde passaria o Natal com
seus colegas de escola. Se a perspectiva de uma visita a Jerusalém e a outros lugares era
verdadeiramente excitante, também o era a idéia de uma excursão - a primeira que ele iria
fazer em sua jovem existência. A viagem o levaria à Itália e à Grécia, bem como à Terra
Santa e, sendo o aluno mais jovem da escola média, ele era, talvez, o mais animado de todos.
    O grupo deveria deixar Worthing na manhã de 16 de dezembro, uma quarta-feira. Mas, na
tarde do domingo antecedente, Harold apareceu com um forte resfriado, com graves acessos
de tosse e com uma febre de 39°.
    No passado, acessos semelhantes sempre haviam se transformado em bronquite ou numa
gripe que durava cerca de uma semana ou duas, até que o médico o considerasse apto a voltar
à escola. Era óbvio que Harold deveria ficar de cama até algum tempo após a partida do
grupo da escola. Por isso, ele ficou muito abatido. Sabíamos muito bem o quanto aquelas
férias significavam para ele, e parte da sua depressão foi transferida para Pearl e para mim.
    O que poderíamos fazer para ajudar nosso filho? Era domingo à tarde e não havia por que
importunar o médico, pois sabíamos, por experiências passadas, que nesse estágio, ele não
podia fazer mais do que recomendar que o garoto fosse mantido na cama para que pudesse
ser observado o curso que a doença iria tomar. À medida que a noite se aproximava,
entretanto, a temperatura de Harold se elevava ainda mais, sua tosse tornava-se mais
persistente e sua respiração mais difícil.
    Deitado, acordado, na cama e ouvindo os espasmódicos acessos de tosse vindos do quarto
de Harold, do outro lado do corredor, ocorreu-me subitamente solicitar a ajuda de William
Lang. Tendo em vista minhas muitas entrevistas com o médico espiritual, eu sabia o que
fazer - bastava enviar pensamentos positivos para ele, informando qual a doença do meu filho
e pedindo sua assistência ou a de um dos seus colegas. Enviei uma mensagem telepática a
William Lang - naturalmente sem o conhecimento do menino.
    O despertador na minha mesa de cabeceira continuava com o seu monótono tique-taque,
mas não chegava qualquer ajuda. O menino continuava a tossir, asfixiado, e me parecia que,
de algum modo, ele estava pior.
    Tinham-se passado quase dez minutos desde que eu enviara minha mensagem telepática a
William Lang. Comecei a pensar que, por algum motivo, ele não a havia recebido. Enquanto
permanecia ali deitado, pensando se deveria fazer outra tentativa, senti a presença de alguém
ao lado da minha cama Forcei os olhos na semi-escuridão do quarto, mas não pude ver
ninguém. Então, quase que de imediato, senti nitidamente uma mão fria e tranqüilizante tocar
a minha fronte. Mas não havia ninguém ali, pelo menos que eu pudesse ver! Um instante após
essa mão invisível haver tocado minha testa, ela pegou o despertador e o colocou com o
mostrador para baixo. Então me veio à mente que isso era uma prova de que William Lang ou
um dos seus colegas espirituais havia recebido a minha mensagem telepática e de que o meu
pedido de ajuda estava sendo atendido.
    Minutos depois, Harold parou de tossir. Não tinha mais dificuldade para respirar: Levantei-
me e fui ao seu quarto. Ele estava dormindo profundamente e respirando com facilidade e sua
temperatura havia baixado.
    Na manhã seguinte, o garoto estava perfeitamente normal. Sua temperatura estava baixa e
não havia o menor vestígio da tosse. Na terça-feira, voltou à escola e, como havia planejado,
partiu de Worthing na manhã de quarta-feira com a turma da sua escola para a excursão.
    Naturalmente, pode-se objetar que a súbita melhora do seu estado de saúde pode ter sido
provocada pelas simples leis da natureza. Bem, cada um tem o direito de ter a sua própria
opinião, mas tanto eu como minha esposa estamos convencidos de que essa inesperada
recuperação deveu-se à ajuda de William Lang ou de um dos seus colegas. A ligação entre o
fenômeno que ocorreu enquanto eu estava totalmente desperto e a imediata melhora no
estado de saúde de Harold foi demasiado surpreendente para nos impedir de buscar qualquer
outra explicação.
    Um caso "insignificante"? Talvez. Para Harold e para nós, ele foi da máxima importância,
pois possibilitou ao jovem concretizar o seu maior desejo e nos deu uma compreensão
imediata da energia curativa que pode ser invisivelmente utilizada pelos médicos espirituais.
    Capítulo 31
    Salva de uma Cadeira de Rodas
    No âmbito da cura espiritual encontram-se diferentes grupos de pessoas. Até agora relatei
muitos casos, a maioria dos quais vão desde pessoas que escarnecem e são céticas até aquelas
que estão prontas a arriscar uma última oportunidade, ou que admitem estar dispostas a tentar
o que quer que seja. Um grupo, no entanto, ao qual quase não me referi, é constituído de
crentes convictos, pessoas que abraçam completamente uma fé e seus dogmas, seus rituais e
ensinamentos.
    A sra. Barbara Haines, enfermeira diplomada e funcionária pública de Canterbury, é
espírita convicta, da mesma forma que o seu marido. No dia 27 de abril de 1960, ela escreveu
a George Chapman a seguinte carta:
    "Há quatro anos, no pátio de recreio da escola, minha filha Janet caiu e fraturou a perna na
altura do colo do fêmur.
    "O cirurgião ortopedista que a examina a cada seis meses, desde que colocou um pino no
colo do fêmur, diz que terá de operá-la novamente, a fim de fixá-lo ao quadril. Tendo em
vista que Janet, durante os últimos quatro anos, vem sofrendo muitas dores e tendo
dificuldade de se locomover, estou muito relutante em concordar com essa cirurgia.
    "Nem meu marido nem eu aprovamos o tratamento que tem sido dado a Janet. Sou
enfermeira diplomada e sei muito bem como, atualmente, alguns especialistas cuidam dos
seus pacientes. Estes não são mais tratados como pessoas, mas como um número num cartão,
amontoados na sala de espera, para serem marcados na orelha como um bando de reses.
    "Nós acreditamos no tratamento espiritual e tenho lido muito sobre o maravilhoso trabalho
feito pelo dr. Lang através de suas mãos, e assim estou certa de que, com a sua ajuda, ele
poderá me orientar espiritualmente para tomar a decisão correta, que é por demais
importante, uma vez que poderá afetar todo o futuro da criança, essa filha de Deus. Trata-se
de um passo muito sério para que possamos dá-lo por nós mesmos, especialmente pelo fato
de meu marido e eu acreditarmos que, com a sua ajuda e através de nossas preces, poderá não
ser necessário realizar a operação que deverá ser feita daqui a seis meses.
    "O especialista deseja fixar o fêmur no quadril porque, segundo ele, o suprimento de
sangue para a cabeça do fêmur foi interrompido. Por favor, aconselhe-me sobre o que
devemos fazer."
    O dr. Lang pediu a George Chapman para comunicar à sra. Haines que havia iniciado um
tratamento à distância quando do recebimento da sua carta, que estaria visitando a menina
quando esta estivesse dormindo e que esperava poder ajudá-la o suficiente para que a
operação planejada não fosse necessária. No mês seguinte, a sra. Haines escreveu novamente
a George Chapman:
    "Muito obrigada pela sua carta contendo instruções. Agora sinto que, no período de seis
meses, algo acontecerá e Janet não terá de se submeter à operação programada.
    "Todas as noites, às dez horas, meu marido e eu nos sentamos em meditação ao lado da
cama de Janet, como que para estabelecer um vínculo com o dr. Lang. Desde que o
tratamento à distância ministrado pelo dr. Lang começou, sentimos sua presença espiritual à
nossa volta e tenho colocado minhas mãos sobre os quadris e a perna de Janet. Sinto o calor
da energia espiritual percorrer meu corpo e fluxos de calor passando através dos meus braços
para as minhas mãos e uma grande força pressionando a minha cabeça. Isso também traz
consigo uma grande paz.
    "Janet diz que a dor nos quadris é muito menor e que o quadril não fica tão rígido como
antes, quando ela permanece muito tempo em pé. Ela costumava sentir dificuldade para se
sentar ou para ficar em pé, quando permanecia muito tempo numa mesma posição. Ela
também pode se curvar com mais facilidade. Parece que não há mais uma deformidade muito
acentuada, e a perna da menina parece melhor. Graças a Deus.
    "Por favor, transmita meus sinceros agradecimentos ao dr. Lang por nos visitar, e a todos
os espíritos auxiliares que também o fazem por tudo o que têm feito pela minha filha.
Sabemos que, com a ajuda e o poder de Deus - se essa for a Sua vontade - tudo é possível."
    O tratamento à distância foi ministrado regularmente pelo dr. Lang que, em companhia de
seus assistentes, visitava Janet durante o sono para cuidar do seu corpo espiritual e,
conseqüentemente, produzir um efeito correspondente em seu corpo físico. A sra. Haines
escreveu sobre uma dessas visitas espirituais: "Meu marido e minha filha viram ambos o dr.
Lang e sua equipe de espíritos assistentes em volta da sua cama. Janet foi submetida a uma
notável operação espiritual, durante a qual o seu corpo espiritual ficou totalmente separado do
seu corpo físico, que ficou, para todos que o observavam, materialmente `morto'. Não havia
pulso, não havia batimento cardíaco, nem havia respiração - e eu, com vinte e cinco anos de
enfermagem - posso garantir que isso aconteceu.
    "A partir dessa noite, as condições de Janet melhoraram rapidamente. A dor na perna
diminuiu muitíssimo e ela pode ficar em pé ou sentada por muito tempo sem sentir dores nos
quadris. Espero não ser por demais otimista por acreditar que, afinal, a terrível operação não
será mais necessária. Naturalmente, sei que o cirurgião vai dizer que, a menos que eu permita
que a fixação do fêmur seja feita, a menina sofrerá dores constantes e ficará progressivamente
pior, à medida que for ficando mais velha, e que, finalmente, terminará numa cadeira de
rodas. Mas sei também que, se for a vontade de Deus, a energia espiritual vai ajudá-la a se
recuperar."
    Em novembro do mesmo ano, a sra. Haines escreveu mais uma vez a George Chapman:
    "Na semana passada, levei Janet ao especialista para o exame semestral no hospital. Antes
de examiná-la, ele disse que a menina deveria ser internada para que fosse feita a fixação no
quadril e repetiu que não via outro meio pelo qual o osso pudesse continuar a se desenvolver,
pelo fato de o suprimento de sangue estar interrompido. Isso significava que o osso estava se
desgastando no colo do fêmur, o que provocava as dores que ela sentia. Deixei-o falar
porque, de algum modo, eu sabia que não teria de tomar aquela decisão. De fato, me sentia
em paz com todo o mundo.
    "Então, quando o especialista examinou Janet, ficou totalmente assombrado com a
mobilidade que ela havia conseguido, sem que sentisse qualquer dor. O médico coçou a
cabeça, pasmado, e disse finalmente: `Não pode ser, tenho de radiografar a perna.' A
radiografia revelou que o pino havia se desprendido e parecia estar solto na parte carnosa da
perna, enquanto o osso, por si mesmo, parecia ter começado a se reconstituir novamente. As
radiografias anteriores mostraram o pino na posição que fora colocado e o tecido ósseo se
deteriorando.
    "As últimas radiografias desconcertaram totalmente o especialista. Suponho que ele tenha
ficado na defensiva. Afinal, ele disse: `Não sei o que aconteceu; terei de fazer uma incisão na
perna para examiná-la.' Expliquei que acreditávamos que o tratamento espiritual havia
provocado a melhora. Ele zombou do tratamento espiritual e disse que não queria ver a
criança até que eu decidisse permitir que ele a tomasse a operar. Fomos embora e nunca mais
Janet voltou ao hospital."
    Quatro anos depois, descobri o histórico do caso de Janet nos registros de George
Chapman, mas não havia outros relatórios mais rentes sobre o seu estado de saúde. Apesar de
tudo, não estaria o cirurgião com a razão? Não teria sido realizada uma nova operação após a
última carta da sra. Haines? Entrei em contato com a mãe de Janet e, no dia 12 de dezembro
de 1964 ela me forneceu as seguintes respostas:
    "Não foi realizada nenhuma operação após a minha última carta ao sr. Chapman; datada de
novembro de 1960. Na verdade, por causa da atitude do especialista há quatro anos, não
mantive mais contato com ele ou com a diretoria do hospital. Janet tem feito um progresso
notável. Além de um ligeiro encurtamento da perna e, às vezes, o aparecimento de uma
pequena falta de flexibilidade, ela se encontra muito bem. Goza de boa saúde e tem uma vida
feliz. Pode caminhar, dançar e fazer a maioria das coisas que as outras crianças fazem.
    "Sabemos que o dr. Lang e o sr. Chapman ainda mantêm contato espiritual conosco, e com
a ajuda de Deus Janet será protegida durante o resto de sua vida na Terra, vivendo
normalmente e capaz de fazer tudo o que as demais pessoas fazem. Uma das conseqüências
do tratamento miraculoso ministrado pelo dr. Lang é que a personalidade da criança mudou.
Janet é amada por todos os que entram em contato com ela - a menina possui um tipo de
energia que dizemos ser o Amor de Deus que atendeu as nossas preces. Ela está sempre
pronta e disposta a fazer uma gentileza ou um favor a quem quer que seja, e é uma criança
feliz e adorável, aprendendo a conviver com uma perna ligeiramente mais curta, sabendo que
essa é a vontade de Deus e que ainda se encontra sob os eficientes cuidados do dr. Lang.
    "Temos muitos motivos para sermos gratos a eles, e digo mais uma vez: Se for a vontade
de Deus, tudo é possível."
    Capítulo 32
    "Por Favor, Ajude minha Irmãzinha!"
    A sra. Pauline Perry, técnica de laboratório de Swansea, estava terrivelmente preocupada.
Não quanto a si mesma, mas porque a vida de Gwynneth, sua irmã de treze anos de idade,
estava em perigo. Ela amava a criança, cuja suave personalidade encantava a todos.
Gwynneth estava condenada a uma morte prematura, e Pauline Perry estava desesperada. A
raiva também a inundava - raiva pela incapacidade da ciência médica de salvar sua jovem
irmã.
    Quando as coisas pareciam mais sombrias, Pauline ouviu falar do médico espiritual
William Lang. O que lhe contaram parecia fantástico. Como uma pessoa que exercia uma
profissão na qual tudo tinha de ser provado, ela não podia aceitar as surpreendentes
afirmações que lhe foram feitas. Mas o que havia a perder? A vida de sua irmã estava se
esvaindo no hospital; então, por que não tentar o tratamento espiritual à distância, mesmo que
isso fosse algo que um bom número de pessoas apenas ignorassem ou dela zombassem?
    Pauline escreveu imediatamente a George Chapman. Transcrevo suas cartas exatamente
como foram escritas, pois elas fornecem todos os detalhes de um caso que ilustra o notável
sucesso de mais um tratamento de cura à distância.
    "Por favor, ajude a minha irmãzinha!", escreveu a sra. Perry, a 30 de março de 1962.
"Espero que possam devolver à criança a sua saúde, embora eu não possa levá-la para ser
atendida pessoalmente.
    "Meus pais não acreditam nessas coisas, e eu não Lhes contei acerca dos seus poderes de
cura, mas seria uma alegria maravilhosa se Gwynneth pudesse. ser curada. Ela tem treze anos
de idade e está, no momento, no Morriston Hospital (ala 2), em Swansea, para onde foi
levada após um dos seus pulmões haver sofrido um colapso, o que afetou o seu coração.
    "Desde a sua mais tenra infância, Gwynneth tem sofrido de violentos acessos de asma, e
isso, aliado a uma contínua bronquite, tem sido demais para ela suportar. Minha irmãzinha
sente muitas dores e tormentos e não quer mais viver, o que é uma declaração aterradora e
horrível quando vinda dos lábios de uma criança.
    "Por favor, faça um milagre e proporcione a Gwynneth a dádiva da saúde para que ela
possa ser igual às outras crianças. Ela é tão inteligente, normalmente alegre e tagarela, frágil e
franzina, mas excepcionalmente encantadora. Como está vazia a nossa casa sem a sua
presença! Meus pais estão desesperados, especialmente minha mãe, que está a ponto de sofrer
um colapso nervoso pelas muitas e exaustivas noites que tem passado cuidando de Gwynneth.
    "A saúde de mamãe geralmente é deficiente, com a pressão sangüínea extremamente baixa,
e ela está vivendo literalmente de injeções aplicadas. pelo médico para estimular a circulação.
Ela está com quarenta anos de idade, todo o seu organismo vem total e lentamente se
desgastando, e sua resistência e vontade de viver estão pateticamente diminuídas. É uma
mulher alquebrada e exausta que parece estar sumindo diante dos meus olhos.
    "Por favor, faça alguma coisa por elas! Sei que existem muitas outras pessoas em pior
estado, mas estas são o meu sangue e a minha carne e eu as amo!"
    Quando recebeu essa carta, George Chapman transmitiu imediatamente seu conteúdo ao
dr. Lang e o tratamento à distância começou quase que de imediato. Foi pedido à sra. Haines
para enviar relatórios regulares sobre a saúde de sua mãe e de sua irmã. No mês seguinte; ela
escreveu:
    "Eis o primeiro relatório do progresso de minha mãe e de minha irmã Gwynneth:
    "Minha mãe parece ter melhorado consideravelmente, mas atribui isso ao fato de ter
tomado duas injeções receitadas pelo médico. A cada mês vinha lhe sendo dada uma espécie
de energizador, mas, devido à sua preocupação com Gwynneth, o médico receitou-lhe duas
injeções em vez de uma.
    "Gwynneth, de acordo com o relatório médico, está melhorando vagarosamente, mas
contraiu um forte resfriado. Entretanto, está animada, ansiosa por deixar o hospital.
Disseram-nos que seu pulmão entrou em colapso novamente.
    "Estou certa de que o senhor se interessará em saber que os meus pais já tomaram
conhecimento do tratamento que o senhor iniciou, embora, naturalmente; minha irmãzinha
não saiba disso, e estão muito curiosos.
    "Tive de lhes contar, devido ao que ocorreu no último domingo à noite.
    "Sem nada saberem do que estava acontecendo, tanto a Gwynneth como a minha mãe,.
meus familiares foram dormir no horário de costume. São pessoas sensatas, não dadas a vôos
de imaginação e extremamente cautelosas a respeito de qualquer coisa que se refira ao mundo
dos espíritos.
    "Minha outra irmã, Janet, que dorme sozinha no quarto que antes compartilhava com
Gwynneth, estava se acomodando na cama quando ouviu vozes a seus pés. (Ela tem dezenove
anos e é muito honesta.) Tendo dificuldades para colocar os pés sob as cobertas, pensou que
alguém estivesse sentado na cama e, nervosa, acendeu a luz. O murmúrio cessou e ela não viu
ninguém.
    "Quase ao mesmo tempo, minha mãe, que dorme no mesmo quarto que meu pai, estava
tentando conciliar o sono, quando sentiu alguém sentar-se na cama. Houve uma nítida
pressão e o colchão afundou como se estivesse suportando um peso a mais. Então, enquanto
permanecia ali deitada, sentiu uma mão fria tocar suavemente em seu ombro e depois
movimentar-se para a cabeceira da cama.
    "Um pouco perturbada, mamãe estava contando a papai o que ocorrera quando Janet
entrou no quarto com grande ansiedade para relatar a sua experiência.
    "Não existem animais na casa e a família não havia assistido ou ouvido nada de mórbido
ou desagradável na televisão ou no rádio. Assim, contei a eles sobre o senhor. Eles estão
muito interessados quanto ao possível elo entre o que aconteceu e os médicos espirituais.
    "Agradeço por tudo o que estão fazendo e tentarei seguir suas instruções da melhor forma
possível."
    Quando entrevistei o dr. Lang sobre o tratamento à distância, perguntei se ele participara
dos acontecimentos em Swansea e ele disse:
    "Não estive lá, mas Basil e um seu colega visitaram a casa." E como foi importante o
resultado dessa visita realizada pelos médicos espirituais foi revelado numa carta posterior da
sra: Perry, datada do final do mês.
    "Estou emocionada por poder lhe comunicar que Gwynneth parece estar totalmente
curada." Ela dizia: "Desde que deixou o hospital, não sofreu mais ataques e nunca mais
precisou do tubo de oxigênio ao lado da sua cama. Ela está muito mais animada
espiritualmente, feliz e, embora ainda muito magra, cheia de energia.
    "Minha mãe ainda não pode dormir sem a ajuda de sedativos, mas parece mais descansada
espiritualmente, mais calma e feliz. Não está mais tomando injeções receitadas pelo médico
e, não obstante, parece muito mais saudável."
    Quinze dias depois, a 6 de maio, a sra. Perry enviou a seguinte carta:
    "Permita-me agradecer mais uma vez a sua inestimável ajuda na cura de minha jovem irmã
Gwynneth. Ela continua a melhorar e fica cada dia mais forte. O edema pulmonar
desapareceu completamente, para grande perplexidade dos médicos e dos assistentes do
hospital. Na verdade, ela está agora pedalando a sua bicicleta por toda parte e se alimentando
muito bem. Meus sinceros agradecimentos ao dr. Lang e ao senhor.
    "Minha mãe parece muito mais saudável, porém ainda toma os seus comprimidos para
dormir, por puro hábito. No entanto, ultimamente, não tem mais tomado injeções para
melhorar a circulação e acalmar os nervos, o que é, sem dúvida, um bom sinal."
    Então, a 20 de junho de 1962, a sra. Pauline Perry escreveu sua última carta a George
Chapman:
    "Penso que esta será a minha última carta de agradecimento ao senhor, acompanhada do
relatório médico sobre a minha mãe e a minha irmã.
    "As duas pacientes em questão têm progredido de forma tão surpreendente que, de agora
em diante, acho eu, tudo andará bem com elas, e só me resta dizer, uma vez mais, que vocês
são credores da mia mais profunda gratidão pela maravilhosa ajuda que prestaram.
    "Espero que o senhor esteja tão bem quanto a sua ex-paciente, minha jovem irmã
Gwynneth. Graças a vocês, ela não tem sido mais perturbada pela asma ou por qualquer outra
complicação pulmonar. Que Deus os abençoe, e agradeço ao dr. Lang por haver operado um
milagre."
    Essa última carta foi recebida há mais ou menos dois anos e meio e, segundo era do meu
conhecimento, o caso estava encerrado. Porém, não poderia, talvez, ter ocorrido uma recaída,
sem que a sra. Perry tivesse escrito a respeito? Para mim, era imperativo descobrir o atual
estado de saúde da mãe e da irmã da sra. Perry. Assim, entrei em contato com ela em
dezembro de 1964.
    "A saúde de minha mãe tem melhorado desde que ela recebeu o tratamento à distância",
disse-me a sra. Perry. "Ela nunca mais foi uma pessoa muito saudável; mas, comparado ao
que era, posso dizer que ela está em `muito melhor forma'.
    "Gwynneth está agora extraordinariamente saudável e cheia de energia. Seu gosto pela
vida é completamente fora do comum. Às vezes ela sente um `aperto' no peito, mas aqueles
pavorosos acessos de asma asfixiante desapareceram.
    "Ela continua em observação médica, por causa do que aconteceu em 1962, e o seu clínico,
obviamente, espera que possa ocorrer novo ataque. Entretanto, folgo em dizer que ele ainda
está esperando! O fato é que minha irmãzinha está curada, e ninguém pode duvidar disso."
    Capítulo 33
    A Complexidade do Tratamento Espiritual
    Havendo interrogado um grande número de pacientes do dr. Lang sobre as suas
enfermidades e experiências com o médico espiritual, e, tendo comprovado suas evidências,
era também natural que eu quisesse saber exatamente como eram realizadas as operações
espirituais e como o corpo espiritual do paciente era tratado. Pedi que o dr. Lang me
fornecesse todos os detalhes a esse respeito.
    "A resposta mais simples à sua pergunta de como é feito realmente o tratamento espiritual
é a seguinte: o tratamento espiritual provém do mundo espiritual e é ministrado a um paciente
por um médico espiritual", explicou o dr. Lang. "O tratamento é feito no corpo espiritual do
paciente e provoca uma alteração no corpo físico para melhor. É simplesmente isso.
    "Se eu entrasse em todos os detalhes técnicos, você simplesmente não iria entendê-los -
ninguém pode entender totalmente a complexidade das cirurgias e dos tratamentos espirituais
até que, ele mesmo, esteja no mundo espiritual e capacitado a compreender o espírito. Mesmo
então, a menos que se tome um médico espiritual, não poderá compreender todos os métodos
e todas as técnicas bastante complexos. Assim, acho que a melhor e mais fácil maneira de
responder a sua pergunta é reiterar o que eu disse há alguns instantes: o tratamento espiritual
é o que provém do espírito, através do espírito, para o corpo espiritual do paciente, e daí para
o seu corpo físico."
    "Concordo que não sou capaz de entender totalmente a complexidade das técnicas da
cirurgia espiritual, uma vez que sou um escritor e não um médico", disse eu. "Mas o senhor
não poderia explicar isso de uma maneira que pudesse ser entendida por pessoas comuns?"
    "Vou tentar", consentiu o dr. Lang. Depois de pensar por alguns instantes, ele disse: "Acho
que a melhor maneira de explicar a concepção básica do tratamento espiritual é deixar claro
que as vibrações curativas utilizadas no tratamento espiritual são de origem divina - e provém
diretamente de Deus. Elas são exatamente as mesmas vibrações que foram utilizadas por
Jesus Cristo - o maior curador que jamais existiu! - e depois pelos Seus discípulos na
realização de milagres de cura. Essas mesmas vibrações também foram utilizadas, em tempos
remotos, pelos Soberanos deste país, quando exercitavam seus poderes divinos de cura, mas,
à medida que os conhecimentos da medicina evoluíram, o poder que eles possuíam ficou
inativo. Hoje em dia, exatamente as mesmas vibrações estão sendo utilizadas por alguns
sacerdotes de todas as denominações e religiões e que, freqüentemente, provocam curas bem-
sucedidas ou a melhora de várias doenças. Esses sacerdotes, entretanto, atribuem esses feitos
à religião e fazem o possível para ocultar o fato de que os seus êxitos se devem realmente ao
tratamento espiritual.
    "O uso dessas vibrações para curar uma doença é uma ciência e não uma religião. Elas
fazem parte das leis naturais do universo e, por isso, devem ser utilizadas apropriadamente.
    "Quando eu - ou qualquer outro médico espiritual - atendo um paciente, faço uso total
dessas vibrações curativas. Atraio a energia curativa do espírito e essa energia passa através
de mim para o corpo espiritual do paciente doente e daí para o seu corpo físico."
    "Quando discuti suas operações espirituais com diversas pessoas, e particularmente com
um médico, descobri que elas recusam admitir a existência de um corpo espiritual invisível,
muito embora reconheçam os seus êxitos na superação de doenças incuráveis", disse eu.
    "Bem, sei que um bom número de pessoas, especialmente da classe médica, simplesmente
não aceita o fato de que existe um corpo espiritual", disse o dr. Lang. "Pessoas com uma
visão materialista não permitem que lhes passe pela cabeça que, além de possuírem um corpo
físico, que elas podem ver, tenham também um corpo espiritual, que não pode ser visto.
Porém, todas as pessoas têm um corpo espiritual. Isso é inquestionável.
    "Seria mais fácil para elas entender e aceitar isso se pudessem dizer: `Quando minha vida
sobre a Terra acabar, eu passarei para o mundo dos espíritos e, quando isso acontecer, viverei
no meu corpo espiritual, que é o mesmo que eu ocupei na Terra; a única diferença é a textura
e o fato de que o corpo físico é mortal, enquanto o corpo espiritual continua a existir depois
da morte.' E se elas forem um pouco além e disserem: `Tenho um corpo espiritual que o
médico espiritual pode operar ou nele aplicar um tratamento que provocará mudanças; essas
mudanças, no momento oportuno, irão se transferir para o meu corpo físico e melhorar minha
condição física', elas poderiam compreender todo o funcionamento do tratamento espiritual.
    "Eu vejo, por mim mesmo, como é difícil, muitas vezes, para uma pessoa - e especialmente
para os médicos - aceitar realmente essas coisas. Por exemplo, quando estou conversando
com alguns médicos que vêm me consultar - ou com pacientes inteligentes e instruídos -
sobre, digamos, o cérebro, e falo: `Bem, o senhor tem um tumor no cérebro. Existem oito
ossos cranianos; podemos seccionar esses ossos e remover o tumor', eles sabem sobre o que
eu estou falando. Mas se eu disser: `O senhor tem um corpo espiritual aqui, que não pode ser
visto, e eu vou realizar uma operação invisível e indolor nesse corpo, remover o tumor e, ao
removê-lo do seu corpo espiritual, provocarei uma mudança satisfatória no seu corpo físico',
isso está além da sua compreensão. Eles dirão apenas `sim', mas não compreenderão
realmente o que estou dizendo. Dessa forma, como você vê, temos de nos expressar em
termos simples."
    "O senhor poderia me dizer como é capaz de fazer um diagnóstico preciso do problema de
um paciente e como o senhor opera o corpo espiritual?" Foi a minha pergunta seguinte.
    "Bem, de início, eu talvez devesse lhe dizer que; como médico espiritual, posso ver o
corpo espiritual que é invisível para você e para a maioria das pessoas. Assim, quando
examino um paciente, posso ver ambos os corpos - o físico e o espiritual - simultaneamente.
Posso ver também a aura ou a luz refletida da pessoa; essa aura está em constante movimento
e mudando de cor, e paira cerca de cinco centímetros acima do corpo. A aura é constituída
pelas vibrações de cores refletidas pelos órgãos do corpo, que mudam constantemente de
acordo com o seu estado de saúde. Cada órgão, quando saudável, reflete uma determinada cor
na aura, mas quando ele adoece, ou quando suas condições físicas se deterioram. esse reflexo
muda de cor. Assim, como você vê, olhando a aura do paciente, tomo conhecimento imediato
do seu estado de saúde global, o que, naturalmente, me ajuda a fazer o diagnóstico.
    "Entretanto, para fazer um diagnóstico preciso da doença de um paciente é necessário
examinar o corpo, porque o reflexo da aura, como eu disse anteriormente, fornece apenas um
quadro geral. Não preciso descrever o modo como examino os pacientes, pois você já o
conhece por experiência própria, e você igualmente sabe que examino também o corpo
espiritual. A razão pela qual sou capaz de fazer um diagnóstico preciso, e detectar as
condições que os médicos e especialistas da Terra não podem descobrir através do exame
físico, deve-se à minha capacidade de examinar o corpo espiritual.
    "Mas não pense jamais que o motivo pelo qual os médicos e especialistas não podem, às
vezes, fazer um diagnóstico correto ou curar algumas doenças mais graves seja a sua
incompetência ou devido ao fato de não se preocuparem com seus pacientes! A profissão
médica é nobre e não deve ser atacada ou criticada desnecessariamente. Ela é a minha
profissão que. acima de tudo, possibilitou a minha educação e a minha instrução. Ela se
constituiu no meu passaporte para retornar à Terra como um médico espiritual que trabalha
através de um médium.
    "A razão pela qual alguns médicos não podem diagnosticar ou curar certas doenças se deve
ao fato de as condições terrenas, que governam- o corpo físico, geralmente impedirem que
eles concretizem o seu sincero desejo de exercer sua função corretamente: Estou numa
situação privilegiada, pois as condições terrenas não interferem com meu trabalho. Cuidando
do corpo espiritual, posso examinar cada órgão com facilidade e não sou estorvado pela pele
e pelos outros tecidos que cobrem os órgãos do corpo físico. Sou capaz de ver e de
reconhecer, de imediato, o que está errado.
    "Acho que isso responde à sua pergunta sobre de que maneira eu faço os diagnósticos.
Agora, vamos à seguinte: de que modo opero o corpo espiritual e assim por diante.
    "Quando necessito operar um corpo espiritual ou ministrar qualquer outro tipo de
tratamento, tenho de afastá-lo ligeiramente do corpo físico, de forma a colocá-lo em contato
com as vibrações curativas do mundo espiritual - atraindo a energia espiritual - para que o
corpo espiritual fique em condições adequadas para ser tratado.
    "Ora, as pessoas - e talvez você seja uma delas - não têm, na realidade, uma noção exata do
que seja o corpo espiritual, e aquelas que admitem o fato de existir algo como um corpo
espiritual invisível geralmente pensam que ele se encontra no interior do corpo físico. Isso,
entretanto, não ocorre - o corpo espiritual está, de fato, fora do corpo físico, envolvendo-o,
por assim dizer, embora possa também ajustar-se aa interior do corpo físico. Mas, embora o
corpo espiritual seja exterior, é essencial afastá-lo ligeiramente a fim de criar as vibrações por
intermédio das quais ele se toma `vivo'. Veja, quando o corpo espiritual se toma `vivo', os
órgãos que anteriormente estavam debilitados assumem o seu tamanho correto e, assim,
somos capazes de operá-los ou ministrar-lhes o tratamento adequado.
    "Nem sempre realizo operações. Quando descubro, por exemplo, que um paciente sofre no
fígado de uma enfermidade que eu posso curar aplicando injeções, utilizo um fluido astral
que injeto no órgão do corpo espiritual. Não esqueça que eu já disse que essas atividades são
realizadas por Basil, pelos meus colegas e assistentes."
    Perguntei: "As operações no corpo espiritual são semelhantes às realizadas pelos cirurgiões
em hospitais?"
    "Bem, sim. Em seu todo, há uma semelhança no que concerne à verdadeira cirurgia",
explicou o dr. Lang. "A maioria dos instrumentos espirituais são idênticos aos utilizados em
hospitais, mas usamos menos instrumentos porque a textura do corpo espiritual é diferente, e
assim somos capazes de atingir o local da operação rapidamente. Um cirurgião ou uma
enfermeira-chefe da sala de cirurgia que esteja me observando enquanto realizo uma
operação, sabe o que estou fazendo, pelos instrumentos que solicito e como eu os utilizo,
embora não possa ver a cirurgia em si."
    Eu estava ciente de que isso acontecia pelo fato de muitas pessoas com prática de medicina
me haverem dito exatamente o mesmo quando as entrevistei sobre os seus casos ou sobre
casos que elas haviam presenciado na sala de consultas do dr. Lang.
    Depois, perguntei ao dr. Lang como era que ele, um famoso cirurgião oftalmologista
durante a sua existência, podia, agora, realizar operações altamente especializadas em
diferentes campos da cirurgia.
    "Oh, sou capaz de realizar a maioria das operações porque, como você sabe, embora tenha
me especializado em oftalmologia, exerci as funções de cirurgião-geral no London Hospital
de Whitechapel e estudei todas as formas de cirurgia", explicou o dr. Lang. "Mas,
geralmente, não sou apenas eu quem está operando. Por exemplo, aqui e exatamente agora,
está um grupo de amigos meus que na verdade trabalharam comigo em hospitais, e com eles
estão também vários contemporâneos de Basil. Entre eles. estão, David Little, Arnold
Lawson, Adams, McEwen e alguns outros. Cada um deles é um especialista em seu próprio
campo e possui os seus próprios métodos e técnicas, e todos trabalharmos juntos como uma
equipe que se ajuda mutuamente.
    "Quando tenho um paciente portador, digamos, de exostose, converso com um dos meus
colegas e peço-lhe a sua opinião. Geralmente trocamos idéias e escuto o que eles dizem
porque eles são especialistas em campos específicos. Então, quando há necessidade da
realização de uma operação muito especializada, prefiro que um dos meus colegas a realize,
mas fico falando com o paciente e ajudo efetivamente na cirurgia porque sou o único que está
atuando através de um médium. Meu filho Basil quase sempre opera - ele é um bom
cirurgião, um ótimo cirurgião."
    "Quando o senhor realiza suas operações, geralmente estala os dedos. O senhor também
fazia isso quando estava na Terra?"
    "Sim, sim. Na verdade, o importante era que, quando eu trabalhava com pessoas treinadas,
elas soubessem exatamente o que eu queria quando estalava os dedos. O mesmo se aplica
atualmente. Quando desejo dar início a uma cirurgia de olhos, por exemplo, eu digo `injeção'
e estalo os dedos, mas, depois de um certo tempo, eu apenas estalo os dedos. Não preciso
dizer nada, pois elas sabem exatamente o que eu desejo porque são tão competentes - ou até
melhores - que eu. Somos todos iguais - cirurgiões, enfermeiras e todos os outros -, não há
ninguém melhor ou pior; somos uma equipe."
    "Ao entrevistar um número considerável dos seus pacientes, descobri que alguns deles
notaram cicatrizes de operações no corpo físico - na verdade, eu mesmo descobri uma espécie
de cicatriz cor-de-rosa no meu corpo", disse eu. "O senhor pode me dizer como acontecem
esses fenômenos - marcas levemente avermelhadas semelhantes a cicatrizes, com pontos cor-
de-rosa semelhantes a marcas de sutura, tão delicados que não afetam a pele?"
    "Eu já lhe expliquei que cuido sempre do corpo espiritual e que as operações que realizo se
refletem no corpo físico e provocam a melhora ou a cura desejadas do paciente. Acho que
isso responde às suas perguntas, pois as cicatrizes fazem parte das operações."
    Perguntei: "Mas como é então que alguns pacientes não apresentam essas marcas?"
    "Acho que posso explicar isso dizendo que as cicatrizes estão presentes em todos os casos,
mas a maioria delas são tão leves que o olho humano não pode distingui-las. Certos
pacientes, no entanto, possuem uma pele tão sensível que as marcas são nitidamente
visíveis."
   "O senhor poderia me esclarecer sobre o uso do ectoplasma para substituir partes destruídas
ou infectadas do corpo humano?"
    "Bem, o ectoplasma é uma substância retirada do corpo de um médium - não pertence ao
mundo espiritual -, e é por isso que eu necessito de um bom médium", respondeu o dr. Lang.
"Quando chega um paciente como você, por exemplo, eu faço o que eu chamo de bastão, e
esse bastão liga você ao corpo do meu médium. Então extraio certa quantidade de ectoplasma
que eu possa modelar.
    "Se, por exemplo, uma paciente tem um tumor que é a causa da sua doença, eu o removo
por intermédio de uma operação, e isso é o fim da doença. O paciente, no devido tempo,
estará curado. Mas se ele tem um pedaço do intestino infectado, por exemplo. então eu opero
para removê-lo e o substituo por ectoplasma, pois esse pedaço é ainda vital para o corpo
humano. Como você vê, o ectoplasma desempenha uma parte muito importante na cirurgia
espiritual, mas não é algo que tenha utilidade geral e ilimitada. Às vezes você ouve pessoas
dizerem que é utilizado para todos os fins, mas isso é uma tolice; não é exatamente assim."
    Perguntei: "Se, por qualquer motivo, um cirurgião da Terra remover um pedaço muito
grande de um órgão durante uma cirurgia; o senhor poderá substituir esse pedaço que falta
pelo ectoplasma?"
    "Sim, tento fazer isso, mas nem sempre obtenho êxito. Depende das circunstâncias e
também das características do paciente. Mas já tive um bom número de pacientes em cujos
corpos restaurei com ectoplasma partes que haviam sido removidas. As radiografias
revelaram que as partes que faltavam haviam `crescido outra vez'."
    "O senhor diria que os espíritas, pessoas que acreditam implicitamente no tratamento
espiritual, se beneficiam mais das suas operações e dos seus tratamentos do que os outros,
que não têm essa fé mas apenas esperam o melhor?"
    "De modo nenhum. Isso não faz a menor diferença", afirmou o dr. Lang enfaticamente.
"Tudo depende de a pessoa estar `em sintonia', como vocês dizem.
    "Algumas das pessoas que vêm me procurar não acreditam absolutamente em nada, mas
intrinsecamente são boas pessoas. Também atendo algumas que são interiormente mas. Não
estou, porém, interessado nisso. Sou um médico espiritual que está aqui para ajudar os
doentes. Assim, levo-os para o sofá, converso com eles, afasto um pouco o seu corpo
espiritual - como lhe expliquei anteriormente. Até nas situações mais difíceis consigo criar
uma atmosfera calma e livre de emoções, e quando o paciente está relaxado mental e
fisicamente, num estado que permita receber o tratamento que eu preciso ministrar, começo a
cuidar do seu corpo espiritual.
    "Sempre dou muita importância ao fato de que o tratamento espiritual .não tem nada a ver
com a fé ou com o tratamento pela fé, e está sempre à disposição de quem quer que necessite
ser tratado. Com o tratamento espiritual, a esse respeito, ocorre o mesmo que com o
tratamento médico. As crenças ou descrenças pessoais de um paciente não têm nada a ver
com o tratamento que ele recebe do seu médico particular ou de um hospital; o mesmo se
aplica ao tratamento espiritual. A única coisa que ajuda o tratamento espiritual a provocar
resultados mais imediatos no corpo físico é o desejo, por parte do paciente, de melhorar, mas
isso ocorre com a medicina em geral.
    "Acho que seria conveniente falar dos rituais de tratamentos que são, de vez em quando,
realizados e conduzidos por pessoas com fortes convicções religiosas.
    "Durante esses serviços, são entoados hinos, canções e orações fervorosas em favor dos
membros da congregação que estão doentes. Esses procedimentos geralmente continuam até
que seja atingido um estado emocional e, com ele, uma certa quantidade de energia
magnética. Essa energia penetra então no corpo dos pacientes e, estando assim
temporariamente revitalizado o armazenamento de energia, a aura torna-se mais brilhante e
os pacientes se sentem um tanto melhor.
    "O efeito, no entanto, não é duradouro, e depois de alguns momentos os pacientes retomam
ao seu estado de saúde anterior, mas com a importante diferença de que seu estado mental é
ainda pior do que antes. Eles não entendem a razão da recaída e, se forem profundamente
religiosos, tendem a se tomar introspectivos. Isso os leva a questionar se revelaram fé
suficiente em Deus e começam a se perguntar se não gozam mais das Suas bênçãos e se estão
privados do Seu amor e da Sua compreensão. A maioria deles irá duvidar, daí por diante, de
que o tratamento espiritual possa restaurar-lhes a saúde e, com toda probabilidade, jamais
buscarão a sua assistência outra vez.
    "Nas circunstâncias que acabei de descrever, jamais ocorreu uma cura verdadeira. O
doente simplesmente recebeu um tônico espiritual que não teve um efeito duradouro, pois a
doença não foi atingida. Não quero dizer com isso que essas igrejas que se empenham em
realizar o tratamento espiritual através da oração deixem de tentar ajudar os doentes. Mas se
elas não quiserem apenas arranhar a superfície de algo que atualmente não entendem, devem
buscar uma nova abordagem do problema e adotar os métodos de tratamento espiritual, e
treinar os seus membros para serem instrumentos do Poder Divino, como fez Jesus Cristo
com Seus discípulos.
    "Existem muitas pessoas com o dom latente da cura que podem ser treinadas para os
serviços da Igreja e para a profissão médica. Isso não é uma prerrogativa de poucos, mas
muitos não estão conscientes dos dons que lhes foram concedidos. Mas, se essas pessoas
pudessem penetrar no domínio do tratamento espiritual, como fez o meu médium, então
poderiam estar à disposição de muitos médicos espirituais que estão ansiosos por trabalhar na
Terra, da mesma forma que eu, para restaurar a saúde dos doentes.
    "Permita-me dizer que o tratamento espiritual é uma ciência uma ciência do universo - e,
para conseguir os resultados de que ela é capaz, temos de obedecer às suas leis. E, sendo uma
ciência, o tratamento espiritual não requer cerimônias religiosas, invocações ou emoções:
Quero deixar claro, entretanto, que admiro aqueles que, com o espírito de gratidão a Deus,
recorrem a hinos e orações de louvor para alcançar os benefícios e bênçãos que esperam
receber, mas essas coisas não são essenciais.
    "Quando digo que as orações não são necessárias para tomar eficazes os tratamentos
espirituais, não se deve supor que. os guias espirituais não sejam representantes de Deus.
Todos nós somos representantes de. Deus e jamais começo uma sessão de tratamento sem dar
graças a Deus por me ser permitido voltar à Terra, e também pela utilização do meu
médium."
    Perguntei ao dr. Lang como ele conseguia visitar muitos milhares de pacientes que o têm
procurado através de George Chapman e que normalmente requerem tratamento à distância.
    "Oh, não posso exatamente estar em todos os lugares; isso é totalmente impossível",
respondeu o dr. Lang. "Na verdade, visito muitos pacientes durante o sono, mas visito apenas
aqueles que eu sinto que necessitam da minha atenção pessoal. Os pacientes são visitados por
meus colegas em espírito. Não importa para o .paciente que seja eu, Basil, Lister ou qualquer
outro médico espiritual que vá visitá-lo; o importante é que ele receba o tratamento espiritual
e os benefícios que dele advém."
    "Como é que o senhor, ou os seus colegas médicos espirituais, entram em contato com os
pacientes?"
    "Isso é fácil - mas seria mais correto dizer que os pacientes entram em contato comigo.
Quando um paciente está doente, ele envia uma vibração mental, que deve ser muito positiva.
Então, quando essa vibração é recebida pelo mundo espiritual, é captada por alguém que a
transmite a mim.
    "Com muita freqüência, quando uma pessoa se sente muito doente e deseja que eu a atenda
tão rapidamente quanto possível, eu posso estar realizando uma operação ou então
examinando um paciente e não posso, conseqüentemente, receber a mensagem mental.
Assim, quem quer que capte a vibração vai ajudar o paciente e depois volta para me dizer o
que aconteceu. Tão logo eu esteja livre, sou levado aonde o paciente está."
    "O senhor diria que o tratamento à distância é tão eficaz quanto o tratamento por contato?"
    "Oh, meu bom Deus! Não. O tratamento por contato é muito mais eficiente. Vou explicar.
Quando alguém vem me ver aqui e eu descubro que posso ajudá-lo, faço uma operação em
seu corpo espiritual. Então, depois, quando o visito durante o sono, posso cuidar daquilo que
necessita ser feito - porque operei o seu corpo espiritual durante o tratamento por contato - e,
freqüentemente; uso raios curativos; eis por que as pessoas geralmente vêem luzes.
    "Falando francamente, quando uma pessoa escreve solicitando um tratamento à distância -
alguém com quem não tive um contato direto anteriormente -, os resultados não são assim tão
surpreendentes.
    "Naturalmente, o tratamento à distância é de considerável importância. Em muitos casos,
quando o paciente está muito doente - talvez uma criança ou alguém que esteja acamado - e
eu sei que posso realmente fazer algo. então a ajuda é muito eficaz, mesmo que o paciente
nunca tenha feito o tratamento por contato. Mas não pense jamais que poderemos abolir o
tratamento por contato e nos dedicarmos apenas ao tratamento à distância. Este é, falando de
modo geral, um tratamento do espírito, enquanto que, com o tratamento por contato, posso
realizar qualquer operação que seja necessária e, podendo me expressar através do médium,
tenho a possibilidade de utilizar o poder quase ilimitado do mundo espiritual."
    "Tendo investigado muitos casos nos quais o senhor usou o tratamento à distância,
descobri que alguns deles tiveram como resultado curas verdadeiramente milagrosas."
    "Sem dúvida. Alguns pacientes que visitamos são muito ligados ao mundo espiritual. E
quando eles se encontram realmente em seu nível mais baixo de consciência, podemos afastar
os seus corpos espirituais para bastante longe - para o mundo espiritual, por assim dizer.
Posso então operá-lo e dar-lhe o tratamento, da mesma forma que faço no tratamento por
contato. Em certas ocasiões - enquanto o médium está dormindo profundamente no seu
período de descanso normal -, posso me utilizar também de algumas de suas energias para
suplementar o tratamento, nesses casos específicos de tratamento à distância, e, se. existir
alguém da família que tenha a mesma disposição espiritual, posso também fazer a mesma
coisa. Eis por que, em alguns casos, o tratamento à distância é tão eficiente quanto o
tratamento por contato. Mas lembre-se sempre que esses casos especiais são poucos e raros."
    "Então o senhor aconselharia a quem esteja sofrendo de uma doença grave a vir procurar
um tratamento por contato, sempre que for possível?" "Sim - se for possível."
    "Um dos seus pacientes contou-me que o senhor tem um secretário no mundo espiritual
que mantém registros completos de todos os seus pacientes. Isso é verdade? E, se for, o nome
dele é Hunt?"
    "Sim, é verdade. O nome dele, originariamente, era John Hunter, mas decidimos mudá-lo
para. Hunt. De fato, ele era _um amigo meu durante a minha existência na Terra, e aqui nossa
amizade prosseguiu normalmente. Agora, embora eu tenha dito que ele é meu secretário, isso
não está totalmente correto porque, em primeiro lugar, ele me dá conselhos, uma grande
ajuda e também mantém meus registros em ordem.
    "Graças ao caro Hunt, eu sei qual é a doença de um paciente tão logo ele chegue à minha
presença, pois, veja, enquanto atendo a um paciente, Hunt anota tudo o que acontece durante
a consulta. Ontem, por exemplo, chegou um paciente chamado Clark, mas Margaret não pôde
lembrar-se de nada a seu respeito porque fazia muitos anos que ele não vinha aqui. Logo que
ele abriu a porta, pude; no entanto, dizer: `Oh, sim eu o conheço', e falar sobre sua visita
ocorrida há alguns anos - por causa dos inestimáveis registros de Hunt."
    A conversa voltou ao tema do tratamento espiritual e o dr. Lang me confirmou que ele e
seus colegas são capazes de curar quase todas as doenças - desde que não seja demasiado
tarde para o tratamento espiritual. Ele citou muitos dos êxitos obtidos com diversas vítimas
da poliomielite pela remoção do vírus mortal, o que evitou a paralisia. O dr. Lang também me
forneceu provas de que ele e seus colegas haviam conseguido salvar vítimas da leucemia.
    "A palavra `incurável' que há muito vem sendo utilizada na medicina - e suponho que eu
mesmo a tenha empregado em certas ocasiões - nem sempre é apropriada", concluiu o dr.
Lang. "Quando posso avaliar a energia vital de um paciente, a centelha, se assim você quiser
chamá-la, o desejo de ficar curado - e quando o paciente está determinado a lutar contra a
doença, :então, naturalmente, posso ajudá-lo.
    "Não adianta buscar ajuda de alguém que possa curar ou de um médico, e desempenhar um
papel passivo. Um paciente, especialmente um paciente `incurável', deve cooperar,
manifestando o seu desejo de ficar curado.
    "Falando francamente, nada é incurável - desde que o paciente busque ajuda quando a sua
saúde se deteriora e não lute contra a ajuda que lhe é proporcionada."
    Capítulo 34
    Sempre Vitorioso
    Seria razoável admitir que quem quer que leia este rol de sucessos venha a pensar que eles
são inevitáveis. Perguntei a William Lang se isso poderia ser dito do seu trabalho.
    "Não. Eu não faço milagres e não levo os pacientes a acreditar que eu possa fazê-los.
Quando minhas operações espirituais e meus tratamentos terminam em fracasso - e,
infelizmente, isso ocorre de vez em quando. embora, graças a Deus, apenas raramente -, isso
se deve ao fato de que até os médicos espirituais trabalham dentro de uma estrutura de leis
naturais. Conseqüentemente, a idade influi bastante na saúde de cada um. As partes do corpo
desgastadas pela idade não podem ser totalmente restauradas. Mas, nesses casos, quando
posso reconhecer que a vida terrena de um paciente está se aproximando do fim, continuo a
fazer tudo para aliviar-lhe o sofrimento. Posso até realizar operações no seu corpo espiritual
usando o ectoplasma, mas isso é apenas uma medida temporária para assegurar algum alívio
e conforto para ele. Quando a vida terrena está próxima do seu inevitável término, não
podemos prolongá-la, mas nos esforçamos para tornar a passagem do paciente para o mundo
espiritual tão fácil quanto possível.
    "Uma outra razão pela qual as operações e o tratamento espirituais nem sempre obtém
sucesso é porque alguns pacientes vêm me procurar quando já é muito tarde. Nesses casos, a
doença - quase sempre causada por uma perigosa infecção virótica - já assumiu um controle
devastador sobre o paciente. Em conseqüência, tudo o que eu puder fazer será inútil, isso num
sentido permanente. Não, as operações e o tratamento espirituais nem sempre obtêm êxito.
Mas gostaria de enfatizar, mais uma vez, que nenhuma doença é incurável quando o paciente
vem me consultar em tempo hábil."
    Falei também com George Chapman sobre o mesmo assunto e ele me disse francamente
que algumas pessoas não se beneficiam totalmente do tratamento do dr. Lang. Ele lembrou
um caso ocorrido há sete anos. "Os parentes de um paciente que estava internado num grande
hospital de uma cidade do interior, no oeste do país, pediram-me para ir vê-lo e ministrar-lhe
tratamento espiritual", disse ele. "Disseram-me que o cirurgião encarregado do caso tinha
dado permissão para que isso fosse feito. Contaram-me também que havia um registro
anterior de pneumonia e remoção de apêndice e que, naquela ocasião, pensava-se que o
paciente estava sofrendo de um deslocamento de disco da coluna vertebral. No entanto, o
cirurgião havia feito uma operação e removido um abscesso canceroso; mais tarde, foi feita
outra operação em Londres para a remoção de uma úlcera duodenal. Um pouco antes de me
terem chamado para visitar o hospital. havia sido realizada mais uma operação para cuidar de
problemas do fígado e da próstata. Havia uma séria preocupação a respeito das condições do
paciente e a equipe médica do hospital mantinha poucas esperanças de recuperação. O
paciente sofria de severas e constantes dores, motivo pelo qual estavam sendo aplicadas
grandes doses de morfina.
    "Quando o vi, numa ala particular do hospital, parecia que o seu fim estava próximo. A
equipe do hospital foi muito gentil e colaborou bastante; uma enfermeira permaneceu com o
paciente enquanto entrei em transe e o dr. Lang, logo após, assumia o controle. Como era
natural, ele fez tudo o que podia para aliviar as dores do pobre homem e obteve sucesso. O
paciente ficou mais calmo e tranqüilo. O dr. Lang falou com a enfermeira durante o
tratamento, e com a mãe do paciente, dizendo o que estava fazendo e explicando a ela que,
embora o seu filho estivesse desenganado, seria possível aliviar o seu sofrimento. A mãe,
como era de se prever, ficou muito agradecida. Poucos dias depois, o homem morreu
tranqüilamente.
    "Uma tarde, cerca de um ano depois desse incidente, minha esposa recebeu uma chamada
telefônica a respeito de uma criança que estava passando muito mal num grande hospital
público do meio-oeste. O cirurgião que a atendia duvidava que a criança sobrevivesse àquela
noite. Como era natural, o pai e a mãe da criança estavam desvairados. Isso me tocou
profundamente, pois adoro crianças. Assim, prometi que iria imediatamente ao hospital a fim
de que o dr. Lang pudesse fazer o que fosse possível pela criança. Era uma noite escura e
chuva sa e o tempo estava péssimo.
    "Quando cheguei ao hospital, soube que a criança sofria de leucemia e estava recebendo
uma transfusão de sangue. Tive de aguardar por muito tempo na depressiva atmosfera de uma
sala de espera, fazendo o possível para confortar os pais que estavam desesperados. Ao
contrário do que me havia sido dado a entender, eles não haviam obtido permissão da direção
do hospital para a minha visita. Isso resultou em outra demora; porém, quando abordado, o
cirurgião deu seu consentimento e, de fato, esteve presente enquanto o dr. Lang atendia à
criança.
    "Era uma hora da madrugada quando saí do hospital; porém, a despeito das desanimadoras
condições da viagem de volta para casa, senti que, mesmo que a criança não pudesse ser
salva, havíamos feito tudo o que podíamos. Não me foi possível voltar ao hospital
novamente; em vez disso, foi ministrado o tratamento à distância. Foi uma pena que a vida
dessa criança não pudesse ter sido salva. O chamado tinha sido feito muito tarde. A única
coisa a fazer era tomar suas últimas horas na Terra tão confortáveis quanto possível.
    "Tanto o tratamento por contato quanto o ministrado à distância tiveram o efeito desejado.
Três semanas após a minha visita ao hospital, a criança pôde voltar para casa, onde passou
alguns meses feliz, antes de sua passagem tranqüila para o mundo espiritual."
    Num estado de espírito mais animado, George Chapman continuou a falar:
    "Nem todas as nossas visitas aos hospitais terminaram de um modo triste. O sr. O., por
exemplo, escreveu solicitando tratamento à distância para sua esposa, que estava internada
num hospital com câncer no seio. Ele perguntava se eu poderia ir vê-la e ministrar um
tratamento por contato. O cirurgião havia concedido permissão para que isso fosse feito.
Assim, me dirigi ao hospital. William Lang decidira que era preciso realizar algumas
operações no corpo espiritual da mulher e, quando finalmente terminou a cirurgia, declarou
que ela estava livre do câncer e pediu que o cirurgião confirmasse isso.
    "O cirurgião reexaminou a paciente e, por estar em dúvida, decidiu solicitar outra opinião.
A mulher foi examinada por outro especialista, mas este também foi incapaz de expressar um
parecer definitivo. A situação foi explicada ao esposo, a quem perguntaram se permitiria que
fosse realizada uma operação exploratória para que o cirurgião pudesse verificar exatamente
o que havia acontecido. O homem concordou e, depois da operação realizada, foi confirmado
que `tinha havido um diagnóstico errado; tratava-se de um pequeno cisto que desaparecera, e
de nada mais.'
    "A paciente saiu do hospital três dias depois. Isso ocorreu em fevereiro de 1954 e, desde
então, vem passando bem."
    Perguntei a Chapman se ele podia me fornecer a porcentagem global de falhas.
    "Infelizmente não sei", respondeu ele. "Não é fácil para mim compilar registros precisos
sobre os resultados do tratamento de William Lang, porque dependo totalmente das
informações dos pacientes. Pedimos a todos os pacientes que vêm aqui, para tratamento por
contato, e àqueles que recebem tratamento à distância que nos enviem relatórios regulares
sobre o seu estado de saúde. Quando eles atendem a essa solicitação, eu sei até que ponto o
tratamento é bem-sucedido. Entretanto, o problema é que a maioria deles deixa de me
escrever quando estão totalmente recuperados. Mas não tenho meios de saber se a cura foi
permanente. Na verdade, quando um paciente sente qualquer tipo de deterioração em sua
saúde, ele escreve imediatamente pedindo uma consulta com o dr. Lang, ou que lhe seja
ministrado tratamento à distância; mas isso não garante que aqueles que não se comunicaram
comigo depois de haverem relatado uma cura completa de suas doenças estejam
definitivamente curados.
    "Você mesmo, quando examinou meus arquivos, descobriu que os pacientes, de repente,
`se evaporaram'. Observou que muitos dos registros dos pacientes estão longe de ser
atualizados e que as últimas anotações, em vários deles, datam de dez anos atrás, ou mais. Eu
gostaria de pensar que, quando um paciente não me informa mais sobre o seu estado de
saúde, é pelo fato de que fomos capazes de curá-lo definitivamente. Mas como podemos ter
certeza disso? De fato, a única evidência autêntica que eu tenho de que os pacientes ficaram
totalmente curados desde que pararam de me escrever foi a que você me forneceu após tê-los
encontrado em suas casas.
    "Se eu quisesse manter todos os históricos atualizados, a fim de saber exatamente o que
aconteceu com eles, teria de empregar uma equipe de funcionários apenas para se encarregar
da correspondência e dos arquivos. E eu, também, teria de dedicar boa parte do meu tempo a
esse trabalho. Como as coisas estão, não me sobra sequer tempo disponível para possibilitar
que William Lang atenda a todos os pacientes que solicitam consultas. Tenho de tentar
marcar datas para eles no futuro e providenciar para que recebam tratamento à distância
durante o período de espera. Acho que é mais importante passar o tempo disponível que me
resta (após cuidar dos relatórios sobre a saúde dos pacientes, etc.) em transe, para possibilitar
que o dr. Lang cuide dos doentes, em vez de organizar registros confiáveis pós-tratamento."
    Em tais circunstâncias, infelizmente, não posso dar uma resposta sobre quais as proporções
em que ocorrem os insucessos entre o imenso número de êxitos obtidos pelo dr. Lang.
    Durante minhas pesquisas, entrevistei 153 ex-pacientes de Lang Chapman e, depois de
minuciosas averiguações em todas as circunstâncias, descobri que esses homens e essas
mulheres haviam sido curados completamente e para sempre pelo dr. Lang - a maioria deles
há muitos anos.
    Depois de ouvir as opiniões de Lang e Chapman sobre se o tratamento espiritual é sempre
bem-sucedido, decidi saber o que pensava sobre o assunto uma pessoa ligada à medicina. A
pessoa mais bem qualificada para responder a essa pergunta me pareceu ser o dr. S. G. Miron,
o cirurgião-dentista já citado neste livro, pelo fato de ser capaz de falar com autoridade tanto
do ponto de vista ortodoxo como pelo conhecimento pessoal dos feitos de William Lang. Fui
direto ao assunto: "Como pesquisador do trabalho de William Lang, o senhor diria que as
operações espirituais são sempre bem-sucedidas?"
    "Não. Não acho que seja assim. Eu diria que elas não são mais bem-sucedidas que as
operações que ocorrem nesta fase da nossa existência. As razões, no entanto, são muito mais
profundas e obscuras.
    "Tenho presenciado muitas operações em hospitais que, do ponto de vista técnico, foram
completamente bem-sucedidas, mas os pacientes morreram, por uma razão ou por outra. Em
alguns casos, a causa da morte não foi plenamente esclarecida.
    "No entanto, basta dizer que a maioria dos casos que chegaram às mãos de William Lang
foram os menos beneficiados pelo tratamento médico e cirúrgico ortodoxo, e muitos já se
encontravam num estágio muito avançado. Todavia, eu mesmo sei de numerosos casos de
portadores de câncer, tidos como incuráveis, que se recuperaram e voltaram ao seu estado de
saúde normal após o tratamento espiritual ministrado por William Lang.
    "Os objetivos das operações espirituais são múltiplos, mas geralmente não diferem
daqueles das operações realizadas pelos cirurgiões comuns. Mesmo quando as operações ou
tratamentos espirituais realizados por William Lang não curam um paciente gravemente
doente, posso dizer sem hesitar - falando por experiência própria e tendo em vista a pesquisa
sobre o trabalho de Lang - que o doente fica imensamente aliviado e tem sua passagem para o
próximo plano de existência grandemente facilitada."
    Durante as inúmeras entrevistas que mantive com William Lang e com George Chapman,
quase sempre nos referíamos à impossibilidade de serem marcadas consultas antecipadas para
todos os novos pacientes, mas apenas para alguns poucos. "Só se houver um cancelamento,
um novo paciente, cujo caso seja de urgência, poderá ser atendido. De outro modo, por mais
doloroso que isso seja, ele terá de esperar a sua vez", disse-me Chapman.
    "A verdadeira solução do problema está no treinamento de outros médiuns para trabalhar
com os médicos espirituais que estão aguardando o dia em que possam exercitar suas
habilidades na Terra, da mesma forma que William Lang", eu disse.
    "Isso é verdade, no que diz respeito aos princípios das atividades de William Lang,
considerados como a abordagem direta médico-paciente, mas isso requer um longo
treinamento", disse Chapman. "Lembra-se de quantos anos levou o meu treinamento pelo
mundo espiritual antes que eu fosse capaz de trabalhar com William Lang?"
    "Você sabe se médiuns de sua espécie estão sendo treinados atualmente para trabalhar com
médicos espirituais na Terra?"
    "Não sei que tipo de treinamento está sendo dado aos médiuns de cura pelos espíritos, mas
me atrevo a -dizer que esses esforços estão sendo feitos, porque William Lang disse isso em
várias ocasiões", respondeu Chapman. "A única coisa que posso lhe dizer com certeza é que
um médium de transe e uma pessoa que cura sem estar em transe estão sendo treinados aqui,
na clínica gratuita das terças-feiras."
    "Como é feito esse treinamento do médium de transe?"
    "Bem, acho melhor você perguntar ao meu guia. Tudo o que eu puder lhe contar está
baseado apenas no que me disseram, pois, como sabe, quando estou em transe não tomo
conhecimento do que quer que ocorra neste lugar. William Lang poderá lhe responder mais
precisamente, porque ele é quem está fazendo o treinamento."
    Apresentei a questão ao médico espiritual e ele deu-me a seguinte explicação:
    "Tenho uma senhora como aluna na clínica gratuita das terças-feiras, e ela é uma candidata
a médium de cura muito promissora. De fato, ela está sendo treinada para ser instrumento do
seu próprio pai e para possibilitar que ele trabalhe, da mesma forma que George me dá essa
possibilidade. Ora, o pai dela foi um ótimo médico enquanto viveu na Terra e é grande amigo
meu. Ele está esperando o dia em que poderá recomeçar seu trabalho de cura. Está ansioso
para iniciar sua clínica como médico espiritual, através da sua filha, em Hayes, Middlesex."
    "De que forma o senhor está realizando esse treinamento?"
    "Eu estou apenas ajudando", o dr. Lang corrigiu-me. "O verdadeiro treinamento mediúnico
está sendo feito pelos seres espirituais que têm o necessário conhecimento nesse campo
específico - o mesmo processo empregado com George quando ele estava sendo preparado
para se tomar meu instrumento, antes que eu assumisse o controle do seu corpo em estado de
transe. Entretanto, a fim de abreviar o período de treinamento tanto quanto possível e para
possibilitar que o seu pai possa se tomar um médico espiritual mais rapidamente, a filha
recebe aqui o que eu poderia chamar de instrução preliminar sobre a cirurgia espiritual. E,
enquanto ela aqui está, desenvolvendo-se e tomando conhecimento do seu poder de cura, o
pai dela observa e se familiariza com os nossos métodos de tratamento, e também aproveita
cada oportunidade para experimentar assumir o controle do corpo do seu futuro instrumento."
    "Quando o senhor acha que essa senhora estará suficientemente treinada?"
    "É muito difícil dizer", respondeu o dr. Lang diplomaticamente. "O período de treinamento
de um médium de cura - um médium iguala George - é muito longo. Mas a jovem senhora
está evoluindo de modo promissor."
    "Isso significa que, quando chegar o dia em que esse novo médico espiritual possa
trabalhar através do seu médium, o senhor e George não estarão mais tão sobrecarregados de
trabalho como estão agora?"
    "Bem, sim. Como você sabe, neste país existem muitas pessoas que ministram tratamento
espiritual sem estar em transe. E algumas delas estão realmente adquirindo fama, sendo-lhes
creditados muitos êxitos. Porém, muitos pacientes, atualmente, não se contentam apenas em
,receber tratamento e em ser curados por uma pessoa mediante intervenção espiritual, mas
querem falar com eles e explicar-Lhes qual a sua doença. Elas gostam de falar com o médico
espiritual, gostam de fazer-lhes perguntas - como fazem aos médicos e especialistas da Terra.
Eis por que é tão importante que sejam treinados tantos médiuns de cura quanto possíveis,
para possibilitar o trabalho de médicos espirituais através dos mesmos."
    "Tanto quanto é do seu conhecimento, existem muitos médiuns de cura sendo treinados
para servirem como futuros instrumentos aos médicos espirituais que desejam voltar à
Terra?"
    "Um número apreciável está sendo treinado; mas, como é natural, apenas médiuns natos
podem ser desenvolvidos para essa tarefa especial. Porém, com o passar do tempo, novos
médiuns de'cura irão surgir e mais e mais médicos espirituais terão a possibilidade de realizar
operações e ministrar tratamentos a todos os sofredores que necessitem de auxílio urgente."
    "Se o número de médicos espirituais aumentar com o passar do tempo, isso não afetará a
existência das pessoas que curam sem entrar em transe, muitas das quais, como disse o
senhor, conseguem notáveis sucessos com doenças incuráveis?"
    "Não, jamais haverá um número suficiente de bons curadores. Cada vez mais as pessoas
estão se voltando em busca da cura espiritual. Portanto, é óbvio que se faça necessário um
número muito maior de curadores e de médicos espirituais."
    "Se, afinal, houver uma rede muito mais densa de médicos espirituais e de pessoas que
curam sem estar em transe, isso não irá afetar a classe médica?
    "Graças a Deus, não! Não estamos competindo com a classe médica. Estamos fazendo tudo
o que podemos para cooperar com ela, na medida que os seus membros nos permitem fazê-lo.
Atualmente, há, proporcionalmente, poucos médicos que aceitam a nossa cooperação; a
maioria deles recusa-se obstinadamente a admitir qualquer êxito obtido através de operações
ou tratamentos espirituais. Mas quando um grande número de médicos espirituais e de
pessoas que curam sem entrar em transe, de qualidade excelente, forem capazes de atuar em
todas as partes do universo, e as provas irrefutáveis da eficiência da cura espiritual estiverem
além de qualquer dúvida, a classe médica modificará a sua atual atitude hostil e virá,
finalmente, a cooperar. Então, a humanidade se beneficiará, como de direito, em grande
escala. Sofrimentos desnecessários e mortes prematuras tomar-se-ão coisas do passado.
    "Quem quer que pense em termos de competição entre o tratamento espiritual e a classe
médica está redondamente enganado. Resumo isso da seguinte maneira:
    "O tratamento espiritual cura as doenças e proporciona conforto aos doentes, mas todos
sempre devem reconhecer que a classe médica também faz isso. É uma profissão excelente,
sem a qual a humanidade não poderia sobreviver. Cirurgiões, médicos e enfermeiras prestam
maravilhosos serviços aos doentes de todo o mundo. Nenhum curador jamais deve
desencorajar um paciente de procurar um médico; na verdade, deverá sempre aconselhá-lo a
buscar ajuda da classe médica. Sempre que for possível, os médicos devem tomar
conhecimento de que seus pacientes estão recebendo tratamento espiritual. Deverá haver a
mais plena cooperação entre as duas profissões porque cada uma delas aprende muitas coisas
da outra. Além de tudo, a moderna medicina científica deve muito aos seus primeiros
precursores. E, principalmente, os médicos espirituais que voltam à Terra para ministrar seus
tratamentos foram médicos durante sua existência terrena. Como você pode ver, falando de
maneira geral, embora estejam atualmente a quilômetros de distância, médicos espirituais e
médicos terrenos pertencem à mesma classe - a classe cujo nobre objetivo é curar os
doentes."
    A apaixonada veemência com que o dr. Lang falou revela seu grau de preocupação com o
bem-estar da humanidade. E também mostrou, mais uma vez, quão energicamente ele luta
pela eliminação das barreiras existentes entre a medicina ortodoxa e o tratamento espiritual.
Com certeza, essas são razões suficientes para que se faça uma tentativa a fim de conseguir
uma união que, por certo, virá a beneficiar a humanidade.
    Capítulo 35
    O Tratamento Espiritual Cura – Fato ou Ficção
    Quando fui ver o dr. William Lang no dia 6 de janeiro de 1964, dirigi o meu carro para
Aylesbury como um cético, mas, ao escrever este livro catorze meses depois, estou
firmemente convencido de que esse homem aparentemente idoso, que usa um casaco branco
e recebe pacientes em St. Brides é, com certeza, o espírito do falecido William Lang, membro
do Real Colégio de Cirurgiões, que atua através do corpo do seu médium. Estou igualmente
convencido de que, naquela casa de Aylesbury, são realizadas curas de natureza milagrosa
todos os dias.
    Minha convicção está apoiada pelas persistentes e minuciosas investigações e pesquisas
em que me empenhei durante os últimos doze meses. Naturalmente, os primeiros laivos de
crença provieram de minha própria experiência relacionada com os meus olhos, cuja visão
ainda está melhorando progressivamente. Porém, como afirmei no início deste livro, minha
intenção não é tentar convencer quem quer que seja a adotar o meu modo de pensar.
    Enquanto trabalhava neste livro, falei freqüentemente com médicos e enfermeiras sobre as
curas creditadas ao dr. Lang. Muitos deles estiveram em contato, de um modo ou de outro,
com notáveis mudanças .para melhor ocorridas depois que os pacientes buscaram ajuda em
Aylesbury. Alguns deles endossaram publicamente o fato de que curas extraordinárias de
doenças incuráveis haviam sido provocadas pelas operações e pelo tratamento do médico
espiritual. Outros, a despeito de se confrontarem com provas autênticas de curas, ainda
insistiram em que as leis da natureza poderiam e deveriam ter colaborado para que isso
acontecesse - mesmo tendo em vista as esmagadoras probabilidades médicas e matemáticas
contra a possibilidade de que isso ocorresse. E, naturalmente, havia aqueles que não queriam
se comprometer de maneira nenhuma. Diziam apenas que não estavam convencidas de que os
fenômenos tinham ou não tinham sido provocados pelo tratamento espiritual. Com toda a
honestidade; devo confessar que esse último grupo; o não-comprometível, era constituído do
maior número. Ele também se caracterizou pelo seu consensus ad idem sobre um ponto
específico: todos os seus membros disseram que não estavam preocupados quanto à forma
pela qual as curas tinham acontecido; o importante era que elas tinham acontecido.
    Em freqüentes ocasiões, falei também com meu amigo Liam Nolan - um escritor e um
homem muito crítico e sensato, possuidor do que eu considero ser um alto grau de
inteligência - sobre a parceria Lang-Chapman, seus fabulosos sucessos e, em particular, sobre
a fantástica melhora da minha visão. Nós nos conhecemos apenas depois de William Lang
me salvar da ameaça de cegueira; assim, Nolan não sabia, por observação pessoal, como
estava terrivelmente deficiente a minha visão antes de minha visita a St. Brides.
    Eu tinha consciência do fato de que Nolan estava longe de estar convencido de que o
médico espiritual pudera realizar todas as curas miraculosas sobre as quais eu lhe falara, uma
vez que ele era muito educado para insistir em perguntas ou para duvidar abertamente de
qualquer coisa que eu dissesse. O brilho de ceticismo em seus olhos, no entanto, demonstrava
que ele estava longe de aceitar que os acontecimentos dos quais lhe tinha falado houvessem
ocorrido. Tive medo de que ele pensasse que eu poderia estar sendo vítima da auto-ilusão.
Enquanto o tempo passava e continuávamos a falar de William Lang e de seu trabalho,
tornava-se mais óbvio do que nunca que Nolan não podia compreender como o cético e
impassível jornalista e escritor que ele sabia que eu era podia admitir algo que facilmente
poderia ser uma simulação ou uma fraude. Naturalmente, ele jamais fez uma observação tão
grosseira, mas eu tinha uma boa idéia de quais eram os seus pensamentos.
    Então, um dia, quando eu estava contando um exemplo particularmente surpreendente da
habilidade de Lang que eu acabara de investigar, sugeri ao meu amigo escritor que ele fosse
comigo a Aylesbury para conhecer o médico espiritual e o seu médium. Ele concordou
prontamente. Isso não me surpreendeu, pois eu conhecia o tipo de mente impassivelmente
analítica e observadora que ele possuía e estava totalmente seguro de que, quando eu fizesse
essa sugestão, sua resposta seria de aceitação.
    Nosso encontro com William Lang estava marcado para as quatro horas da tarde - depois
que o médico espiritual tivesse atendido o último paciente do dia.
    Liam Nolan sentou-se em frente do médico, com ceticismo e cautela estampados em seu
rosto. Eu me sentei no sofá ao fundo da sala, observando os dois e ouvindo o interrogatório
que o meu amigo fazia. À medida que o encontro decorria, a refinada sinceridade do médico
espiritual começou a produzir algum efeito sobre a semi-hostilidade de Nolan. Sua avaliação
tornou-se um pouco mais amistosa, embora ele continuasse a interrogar o médico espiritual
sobre um amplo.leque de assuntos. Por uma ou duas vezes, suas perguntas fizeram com que
Lang se levantasse da sua cadeira e caminhasse para um retrato na parede e para uma estante.
    A entrevista durou cerca de uma hora.
    Depois, quando George Chapman readquiriu a consciência, Nolan conversou com ele de
uma maneira informal sobre Liverpool, a juventude de Chapman, seu trabalho e muitos
outros tópicos. Era totalmente óbvio, para mim, que ele estava deixando a conversação fluir,
tentando, por uma astuta sondagem e jogos de palavras, fazer com que Chapman falasse tanto
quanto possível. Certa vez, ele me havia dito que se uma pessoa falar por muito tempo e com
bastante liberdade, poderemos decifrar o seu caráter. Parecia-me que, naquele momento, ele
estava tentando descobrir algumas semelhanças entre os modos de falar de Chapman e de
Lang.
    Mais tarde, quando eu estava sentado ao lado de Nolan enquanto ele dirigia o seu carro ao
longo da rodovia A - 413 em direção a Londres, perguntei o que ele achara do seu encontro
com o médico espiritual e seu médium.
    "Sinto ter de dizer isso, Joe, mas não estou de todo convencido de que o homem que usa
um casaco branco seja William Lang, o cirurgião", disse ele.
    "E quanto às marcantes diferenças no modo de falar e ao comportamento entre o homem
que estava no consultório e Chapman, com quem você acabou de tomar chá?", perguntei.
    "Isso não me convenceu de maneira nenhuma. Quem quer que tenha tendência para o
teatro e algum talento poderá desempenhar dois papéis de um modo bastante convincente.
Truques vocais não são de todo difíceis, como você sabe."
    "Não concordo", disse eu; mas não prossegui com a discussão e passei para uma próxima
pergunta: "O que você me diz do vasto conhecimento sobre medicina do médico espiritual,
que você averiguou até certo ponto enquanto o interrogava? George Chapman não teve
absolutamente qualquer instrução sobre o assunto - ele foi mecânico de automóveis,
açougueiro, serviu na RAF durante a guerra e terminou sendo um bombeiro, antes de se
tornar um médium em, tempo integral."
    "Como é que você sabe que Chapman não tem conhecimento médico?" - foi a pergunta
que ele desfechou.
    "Eu pesquisei o seu passado e verifiquei que ele teve apenas Educação de escola primária.
Além disso, muitas pessoas experientes o interrogaram durante o seu estado de vigília sobre
temas médicos e confirmaram que ele não tinha qualquer tipo de conhecimento sobre
medicina.
    "Tudo isso pode ser um ato calculado", disse Nolan. "Admitindo-se que ele não tenha
recebido educação superior, isso não significa que ele não seja inteligente. E não é de todo
difícil para uma pessoa inteligente selecionar de uma enciclopédia ou de livros de referências
médicas, numa biblioteca, um vocabulário de termos médicos que provogue boa impressão.
Principalmente se ele desejar ardentemente fazer isso."
    "Você não está indo um pouco longe demais, Liam?"
    "Acho que não, Joe. Se, por alguma razão melhor, conhecida por ele mesmo, Chapman
quisesse criar a impressão de que, no seu consultório, ele é o médico espiritual Lang, mas em
seu estado consciente ele é apenas um homem comum, seria fácil para ele dizer que não sabia
nada sobre medicina quando está, de novo, agindo como George Chapman."
    "Muito bem, digamos que aquilo que se credita ao médico espiritual seja um embuste -
uma fraude se você quiser..."
    "Eu não disse isso", interrompeu-me Nolan.
    "Eu sei. Mas suponhamos que tudo isso seja um embuste, uma fraude, um artifício, um
truque ou o que quer que seja que queiramos chamá-lo. Que benefício isso traria a
Chapman?"
    "Bem, existem dois motivos básicos pelos quais ele poderia estar fazendo isso."
    "A saber?"
    "A saber: um, dinheiro. Dois, pode ser que ele esteja realmente interessado em induzir as
pessoas a pensarem que estão sendo curadas. Quero dizer: pode ser que exista um motivo
muito forte - uma espécie de força de vontade médica. Ou uma profunda compaixão humana
pelas pessoas que estão doentes e que, por causa do seu poder de convencimento,
reconhecem, afinal, que não estão tão mal assim. Algumas pessoas, como você sabe, quase
sempre têm em mente que não estão passando bem."
    "Deixemos, por enquanto, o dinheiro de lado", eu disse, "pois acho que posso provar,
realmente; que esse problema não existe. Vamos examinar o segundo motivo: que ele está
interessado, como você disse, em `induzir' as pessoas a pensarem que se sentem melhor.
Como é que ele faz isso? Como. se não existe nenhum médico espiritual atuando por seu
intermédio?"
    "Eu não pensava que milagres fossem de competência exclusiva de médicos espirituais",
replicou ele. "Afinal, mais de quinhentos milhões de fiéis da Igreja Católica Romana
possuem uma relação muito fundamentada de milagres que vêm acontecendo há
aproximadamente dois mil anos. E eles acreditam que isso se deve a Deus e aos santos. E
quanto a Lourdes? Até não-cristãos e anticristãos têm feito parte de equipes de médicos e
investigadores que confirmaram curas ali ocorridas. Os cristãos podem dizer também que as
curas que ocorrem em Aylesbury são atos de Deus. E você diria que não são?"
    "Não, pois tanto William Lang como George Chapman dizem reiteradamente que sempre
rogam a Deus por Sua ajuda e que todas as curas provem de Deus. Você não descrê que
milagres possam acontecer!"
    "Como católico, eu poderia? Tudo o que estou dizendo é que não estou convencido de que,
se ocorrem milagres em Aylesbury, eles acontecem porque William Lang, supostamente,
controla George Chapman. E, além disso, ainda não tenho certeza de que ali são realizados
milagres. Um milagre verdadeiro é uma coisa muito extraordinária e necessita de uma imensa
quantidade de provas. Existe uma coisa chamada auto-sugestão, que é muito poderosa quando
utilizada corretamente."
    Abandonamos o assunto, por um momento, uma vez que não chegávamos a um acordo.
    Algum tempo depois, perguntei. a Nolan se ele poderia me ajudar na revisão do livro,
reescrevendo algumas partes quando isso fosse necessário. Ele concordou e fiquei satisfeito
por várias razões, no mínimo porque eu tinha a certeza de que ele daria uma disposição
equilibrada e objetiva ao assunto. Ele não poderia ser "induzido".
    À medida -que eu reunia o material, viajando por todo o país com meu gravador, o
entregava ao meu colega. Abstive-me de perguntar se tinha havido alguma mudança em sua
opinião a respeito de William Lang. Eu queria que ele visse as provas, lesse o que os
pacientes e os médicos diziam. Alguns meses antes que o livro estivesse concluído, eu o
espicacei novamente.
    "Qual é, agora, a sua opinião sobre os sucessos de cura obtidos por Lang-Chapman?"
    "Ainda não estou cem por cento convencido de que o homem que conheci em Aylesbury
seja o médico espiritual que ele alega ser", disse ele num tom de voz semi-apologético.
    "E quanto às curas extraordinárias? Você também as refuta?"
    "Não, não as refuto", disse ele. "Seria difícil fazê-lo, tendo em vista os históricos de casos
comprovados. Parece que aconteceram coisas surpreendentes, e não posso fingir que
compreendo como isso ocorreu. Porém, ainda não consigo admitir que existe algo como um
corpo espiritual invisível e que Lang, através de Chapman, realize operações nele e obtenha
êxitos. Não posso aceitar que ele esteja investido dos poderes de Deus."
    "Mas você está disposto a aceitar que, de algum modo inexplicável, acontecem milagres
depois que as pessoas visitam St. Brides e que, também de uma maneira estranha, George
Chapman encontra-se envolvido com isso?"
    "Estou muito relutante em me comprometer com isso, Joe", disse ele. "Parece que
aconteceram coisas semelhantes a milagres. Milagres verdadeiros? Não sei. E também não
tenho certeza de que George Chapman desempenha algum papel no esquema geral das coisas.
    "Porém, sim, concordo que fenômenos de menor ou maior intensidade têm resultado das
visitas de George Chapman a pessoas doentes e das visitas destas a ele. Não aceito a sua
explicação. Estou confuso."
    "No que me diz respeito", disse eu, "estou convencido de que William Lang é quem age
por intermédio da mediunidade de George Chapman - mas cada um tem todo o direito de ter
a sua própria opinião e de aceitar ou rejeitar a minha opinião pessoal.
    "Segundo penso, o que importa é saber se esses resultados de cura de fato aconteceram ou
não. Acho que eles foram provocados por intermédio de Lang-Chapman. Estou convencido
disso, mas você e muitas outras pessoas podem contestá-lo. Acontece que também acredito
que as únicas pessoas que estão qualificadas para fazer uma declaração autorizada sobre a
eficácia das curas de William Lang; bem como dos seus tratamentos bem-sucedidos, são os
inúmeros pacientes que receberam tanto o tratamento médico - ortodoxo como o tratamento
espiritual.
    "Todos os pacientes cujos casos estão publicados neste livro são pessoas vivas e todas elas
dificilmente podem estar erradas. Elas podem e estão dispostas a confirmar a grande ajuda e
os benefícios que receberam através de operações e tratamentos espirituais realizados por
William Lang, caso isso seja necessário. Não acho que seja totalmente razoável que qualquer
pessoa, por si só, possa rejeitar as alegações sobre os êxitos obtidos por Lang-Chapman, uma
vez que existe um grande número de pessoas - pacientes, médicos e enfermeiras - que podem
testemunhar em favor do cirurgião `morto' e do seu médium."
    Liam Nolan concordou que a quantidade de evidências era impressionante e que seria
injusto rejeitá-las totalmente.
    O número de pessoas de todas as posições sociais - neste país e em muitos outros - que
acreditam que o tratamento espiritual pode ajudar os doentes e que, conseqüentemente, se
utilizam de suas raras possibilidades, está aumentando cada vez mais. No que diz respeito a
George Chapman e a William Lang, o rápido crescimento do número de pacientes que
solicitam consultas antecipadamente é tão grande que Chapman tem dificuldade para atender
a todos.
    A despeito dessa tendência, e do fato de que alguns médicos, clínicos, especialistas e
diretores de hospitais admitirem os feitos de William Lang, a classe médica como um todo
não admite, por enquanto, o tratamento espiritual, de maneira nenhuma. Na verdade, não é
raro que quando um caso convincente de cura milagrosa de uma doença considerada
incurável. realizada por William Lang, é apresentado para investigação, alguns membros da
classe médica apenas abanam a cabeça e dizem: "Não, não podemos aceitar isso. Deve ter
havido um engano no diagnóstico inicial."
    Na sua persistência em se recusarem a admitir as evidências, esses membros ultra-
ortodoxos da classe. médica são, de certo modo, inimigos da humanidade porque, sem
tentarem se dedicar a qualquer pesquisa, recusam deliberadamente qualquer possibilidade de
cura que não tenha sua origem na medicina ortodoxa. Felizmente, entretanto, nem todos os
membros da classe médica pensam e agem dentro dessa linha de "restrição". Mas, embora
essa atual atitude "oficial" em relação ao tratamento espiritual prevaleça, a maioria deles não
ousa expressar abertamente suas opiniões, riem se dedica a pesquisas relativas ao assunto, por
medo de serem acusados de "conduta contrária à ética profissional".
    Não é estranho que cientistas de todo o mundo estejam competindo uns com os outros para
estabelecer contatos entre a Terra e os outros planetas, embora nenhuma investigação
científica séria esteja sendo feita no campo do tratamento espiritual - um assunto que,
reconhecidamente, diz respeito a todos nós? Estabelecer contato com George Chapman e
William Lang poderia proporcionar uma base científica para muitas descobertas de
tratamento para os doentes e que viriam auxiliar a classe médica.
    Embora nem George Chapman nem William Lang jamais tenham afirmado que a cura de
qualquer caso surpreendente tenha resultado de um milagre - na verdade, ambos sempre
enfatizaram com muita veemência para mim, e vezes sem conta para outras pessoas, que
Lang não faz milagres -, os milagres ocorrem realmente em Aylesbury.
    Capítulo 36
    Mudanças Proveitosas
    Na primeira edição original deste livro, apresentei em detalhes minuciosos uma descrição
precisa e honesta do maravilhoso êxito dos tratamentos e operações espirituais que George
Chapman e William Lang realizaram em Aylesbury e no Centro de Tratamento Espiritual de
Birmingham - então existente.
    Passei mais de um ano investigando com o maior rigor cada aspecto dos feitos sem
paralelos de Chapman e Lang. Comecei por selecionar ao acaso um lote de registros,
contendo anotações sobre de que modo as operações e os tratamentos espirituais haviam
curado permanentemente diversas doenças antes classificadas como "incuráveis" pela
medicina. Meu próximo passo foi gravar em fitas minhas entrevistas com William Lang,
enquanto Chapman estava em transe profundo, para buscar sua explicação do por que e de
como as operações espirituais podiam ter curado doenças, o que a nossa atual medicina
ortodoxa, altamente evoluída, não conseguiu fazer. Também entrevistei, exaustivamente,
George Chapman e sua esposa, Margaret, que naquele tempo fazia as vezes de recepcionista e
estava em contato direto com os inúmeros pacientes que falavam com ela sobre suas doenças,
suas melhoras e até sobre assuntos pessoais - para me familiarizar com todas as informações
que cada um dos membros da "equipe de tratamento espiritual" pudesse me fornecer.
    Talvez minha tarefa mais importante tenha sido a de verificar se os históricos da medicina
ortodoxa confirmavam que os pacientes tinham, na verdade, sido vítimas das doenças
alegadas, que eram "incuráveis pela medicina", embora os exames clínicos e testes
posteriores constatassem que as doenças não podiam ser mais detectadas, que os pacientes
apresentavam saúde perfeita e haviam sido, de algum modo, curados. Pará que me fosse
possível obter alguma informação sobre o estado de saúde anterior (bem como do atual)
fornecida pelo médico do paciente, pelas direções dos hospitais e pelos clínicos, eu
necessitava, naturalmente, de uma autorização dos pacientes, dizendo por escrito que
consentiam que os médicos e hospitais revelassem as informações confidenciais médico-
paciente. Entretanto, antes de tentar obter evidências médicas, eu queria primeiro ver os
pacientes e gravar em fita os relatos de suas próprias experiências, como eles as
interpretavam e delas se lembravam.
    Em companhia de minha esposa, Pearl, que havia assumido a dupla função de minha
motorista e secretária, percorri milhares de quilômetros entrevistando todos os pacientes de
modo mais perspicaz, uma vez que estava determinado a gravar cada detalhe sobre as suas
doenças, os tratamentos médicos, as operações espirituais e as suas voltas aos seus médicos
particulares e clínicos de hospitais depois que William Lang lhes dissera que estavam
totalmente curados, acrescentando que a cura era o resultado final de seus quase sempre
demorados tratamentos espirituais, reiterando que a cura poderia ser permanente durante toda
a sua vida e finalmente, propondo que eles fossem ver os seus médicos e clínicos dos
hospitais que poderiam confirmar que as doenças outroras "incuráveis" não estavam mais
presentes. Fiquei surpreendido com a disposição dos pacientes para revelar cada detalhe que
eu necessitava conhecer - mesmo quando uma entrevista informal se transformava, às vezes,
num tipo de exame comprobatório necessário, feito quase que como um interrogatório - e a
detalhar a maneira como Lang realizava com perícia as operações espirituais que, finalmente,
provocavam curas permanentes. Eles também lembravam de quando haviam visitado os seus
médicos e os clínicos dos hospitais que haviam mandado fazer diversos exames clínicos e de
outros tipos que precisavam ser realizados. Depois disso, anunciaram: nenhum vestígio da
doença pudera ser detectado, o que significava a confirmação de que o paciente estava
curado. E quando a entrevista acabava, todos os pacientes, sem nenhuma hesitação,
concordavam em me entregar uma carta pela qual o médico a direção do hospital e os clínicos
estavam autorizados a me revelar o histórico médico confidencial e a fornecer-me qualquer
informação adicional que eu solicitasse.
    Embora eu apresentasse a carta de autorização dos pacientes, um esforço totalmente
determinado foi necessário para persuadir alguns médicos e, particularmente, a direção de
alguns hospitais a cumprirem os termos das cartas de autorização de seus pacientes.
Consegui, finalmente, constatar dos históricos médicos que os pacientes tinham, de fato, sido
classificados como "clinicamente incuráveis", embora os últimos registros afirmassem: todos
os exames confirmaram que não havia sido detectado qualquer vestígio da doença. Dessa
forma, obtive confirmação médica oficial de que as operações e os tratamentos espirituais de
Lang realmente haviam curado os pacientes anteriormente considerados clinicamente
incuráveis.
    Enquanto investigava e escrevia este livro, visitava William Lang e George Chapman
regularmente em St. Brides e, realizando operações espirituais em meus olhos, a intervalos
trimestrais, Lang conseguiu o que era quase impossível. Atendendo à sua sugestão, fui afinal
examinado por um oftalmologista, e um exame de vista acurado demonstrou: minha visão
havia melhorado a tal ponto que consegui passar no exame obrigatório para a obtenção da
carteira de habilitação de motorista.
    Tendo reunido irrefutáveis evidências que comprovavam que eu exibia fatos - os quais não
apenas eu, mas muitos outros experientes investigadores, especialistas em pesquisas e até
membros altamente classificados e liberais da classe médica examinaram, reexaminaram e
confirmaram -, achei que era meu dever relatar todos os detalhes neste livro. Meu objetivo
era estritamente humanitário. Concluí que pelo menos alguns doentes clinicamente incuráveis
que passam a vida em agonia e em total desespero poderiam, quem sabe, ser ajudados, ou
talvez até curados, se tivessem possibilidade de tomar conhecimento de detalhes sobre as
operações e tratamentos espirituais de Lang e Chapman. E se, totalmente desesperados,
decidissem dar "uma oportunidade ao tratamento espiritual", não teriam nada a perder:
muitos poderiam ter a felicidade de se beneficiar em muito e alguns poderiam até ser curados,
se buscassem a ajuda do tratamento espiritual em St. Brides ou no Centro de Tratamento
Espiritual de Birmingham.
    Quase como que para justificar minha crença de que este livro poderia se tornar uma
espécie de "salvação" para muitos doentes, cujas condições de saúde estão completamente
deterioradas e num estado tal que a vida tornou-se insuportável, uma vez que as drogas mais
poderosas não conseguem sequer aliviar a dor brutal que sentem, quando até mesmo algumas
dessas pessoas rogam a Deus que ponha um fim às suas atrozes provações permitindo que
morram em paz -, inesperadamente me foram fornecidas outras evidências de como as
operações espirituais de William Lang podem, às vezes, provocar resultados que
normalmente seriam considerados impossíveis.
    Quando a produção deste livro estava bem adiantada e aproximava se o dia de sua
publicação, me vi envolvido num acidente. O cirurgião do hospital diagnosticou o
rompimento de uma cartilagem no meu joelho esquerdo; as radiografias revelaram que eu
havia fraturado a rótula e que havia sofrido outras lesões. O tratamento provou-se ineficaz;
meu joelho parecia mais uma bola do que parte. do meu corpo, e uma enorme intumescência
se espalhou - sem falar da dor violenta que aumentava dia a dia. O cirurgião ortopedista
decidiu que minha perna esquerda devia ser amputada, tentou me consolar dizendo que a
amputação seria feita logo acima do joelho, e pediu que assinasse um formulário autorizando-
o a proceder à operação. Achei que William Lang seria capaz de salvar-me da perda de minha
perna realizando uma ou mais operações no meu corpo espiritual e, em vez de assinar a
autorização, disse ao cirurgião que precisava pensar sobre o assunto e que, por isso, não
poderia, de imediato assinar o formulário.
    Telefonei imediatamente para George Chapman e consegui falar com ele um pouco antes
que entrasse em transe. Tendo explicado a situação, ele sugeriu que eu fosse a St. Brides o
mais rápido possível e prometeu que ficaria em transe até a nossa chegada. Pearl levou-me a
Aylesbury em tempo recorde e chegamos lá quando Lang estava atendendo exatamente o
último paciente daquele dia.
    Quando ele finalmente me examinou no sofá, disse que a minha lesão era muito grave e
que seria necessária muita habilidade para salvar a minha perna. Seu colega cirurgião
espiritual, dr. McEwen, que fora outrora um famoso cirurgião ortopedista escocês, realizou
uma complexa cirurgia, assistido por William Lang, seu filho cirurgião, Basil, e muitos
outros famosos cirurgiões e assistentes que faziam parte da equipe de William Lang. Eu
observava de perto Lang utilizando instrumentos invisíveis e, embora ele nem uma só vez
tenha tocado no meu corpo durante a operação espiritual, que durou mais ou menos 50
minutos, e suas mãos segurassem os instrumentos invisíveis a pelo menos três centímetros
acima do meu joelho e de minha perna, sentia as dolorosas incisões e outra cirurgia sendo
feitas.
    Completada a cirurgia em meu corpo espiritual, William sentou-se exausto numa cadeira
próxima; pela sua expressão, compreendi que o dr. McEwen, Basil e os demais cirurgiões
assistentes e auxiliares estavam, igualmente, necessitando de um pequeno descanso. Eles
tinham necessitado de habilidade e técnicas especiais para realizar diversas operações
simultâneas no tempo mui breve possível, por causa das diversas lesões; além disso, haviam
se utilizado de métodos especiais para fazer com que o efeito da operações fossem
transferidos para o corpo físico dentro dos próximos dias, a fim de convencer o cirurgião
ortopedista do hospital de que a amputação não seria mais necessária.
    "Você não vai perder a sua perna, Joseph", Lang finalmente assegurou-me com grande
alívio. "A cirurgia foi muito bem-sucedida e você não terá mais nenhum problema com o seu
joelho e com a sua perna." Por fim, ele me instruiu para permanecer o dia seguinte deitado, a
fim de ajudar a transferência da operação para o meu corpo físico. "Quando você for ver o
cirurgião do hospital depois de amanhã, dia no qual ele planeja amputar a sua perna",
concluiu Lang, "observe o rosto dele e as suas reações ao descobrir que o seu problema
desapareceu: É uma pena que ninguém esteja presente para tirar um instantâneo da sua
expressão facial. Seria uma fotografia excepcionalmente rara."
    A previsão de Lang estava correta em todos os pontos. A expressão facial do cirurgião,
quando verificou a drástica mudança em minhas condições, foi indescritível. E quando
ordenou radiografias imediatas do meu joelho esquerdo e comparou-as com as que haviam
sido tiradas logo após o acidente, que mostravam a rótula fraturada, ele murmurou para o seu
assistente: "Ir incrível que algo como isso tenha acontecido!" Durante os seus trinta anos
como cirurgião ortopédico, ele havia se deparado com diversas mudanças nas condições de
saúde de pacientes que, mesmo se tomados em consideração todos os aspectos médicos,
permaneciam como problemas sem solução, para os quais os mais qualificados clínicos e
pesquisadores médicos não haviam descoberto uma explicação plausível. Ele tinha visto
edemas de vários tipos e dimensões diminuírem e desaparecerem subitamente, de forma que
não estava perplexo pelo fato de a inchação do meu joelho - embora ela tivesse sido, talvez, a
maior e mais grave que ele havia visto - estar quase imperceptível, mas sim, pelo fato de as
primeiras radiografias terem mostrado a minha rótula nitidamente fraturada e em processo de
deterioração, sendo que, agora, as radiografias revelavam que a mesma rótula estava em
perfeitas condições e que, sem que o mais leve dano pudesse ser detectado na radiografia, que
estava perfeita, mesmo quando examinadas cuidadosamente com uma lente de aumento. Isso
o deixou assombrado.
    Ao me dispensar, o cirurgião ortopedista deixou claro que, se por acaso houvesse a mais
leve recidiva, eu deveria voltar a procurá-lo imediatamente. Entretanto, cerca de doze anos
decorreram desde que essas operações espirituais de emergência foram realizadas e, como
William Lang havia predito nessa ocasião, minha perna e o meu joelho ficaram
permanentemente em boas condições.
    Não muito tempo após a primeira edição deste livro ter sido publicada, ocorreram
mudanças proveitosas e, por isso, ele tomou-se em parte incorreto e até, possivelmente, falso
sobre.as atividades e o local onde se realizam os tratamentos de George Charman e William
Lang. Conseqüentemente, o livro precisa ter agora uma versão totalmente atualizada.
    Uma das mudanças foi a construção do Anexo para Tratamento uma edificação tipo
bangalô - que abriga uma sala de espera, a sala de consultas de William Lang, a parte
administrativa etc. Tão logo o Anexo foi construído, a sala de consultas de William Lang foi
transferida da sala da frente da casa de Chapman, o mesmo acontecendo com a antiga
pequena sala de espera localizada no edifício principal. Um Anexo para Tratamento
Espiritual, construído apropriadamente com todas as comodidades necessárias, proporcionou
melhores e mais tranqüilas condições para as operações e tratamentos espirituais de William
Lang e maior conforto para os seus pacientes.
    Perguntei ao dr. Lang se a construção do Anexo havia sido idéia sua ou se fora de
Chapman. Ele respondeu-me:
    "O Anexo foi construído simplesmente para a comodidade da família Chapman. Às vezes,
alguém da família queria escutar uma música ou assistir a um programa de televisão, mas não
podia fazê-lo porque o barulho iria interferir no nosso trabalho. Isso significava que a família
não tinha o seu próprio lar. Assim, sugeri que o Anexo fosse construído para que, ali,
pudéssemos trabalhar sem sermos interrompidos e para permitir à família Chapman preservar
sua privacidade. Um dia eu disse para Margaret comunicar a George que ele deveria construir
um anexo ao lado da casa, para a equipe administrativa e para que eu ali trabalhasse. Ele foi
construído para a comodidade de todos."
    "Na sua sala de tratamentos em St. Brides o senhor havia criado certas vibrações que eram
favoráveis à realização de curas bem-sucedidas", disse eu. "Foi difícil transferir essas
vibrações auxiliares da sua antiga sala de consultas para o Anexo recém-construído?" '
    "Não, isso não tem importância", respondeu Lang. "Vim aqui para trabalhar e minhas
vibrações são criadas porque essa é a minha equipe. O que eu quero simplesmente é trabalhar
com êxito em qualquer lugar onde haja um ambiente agradável, onde - como vocês dizem -
eu me sinta em casa. Isso é o que importa. Mas posso trabalhar em qualquer lugar. Algumas
pessoas me têm dito - pessoas ligadas à imprensa e ao trabalho psíquico: `O senhor
estabeleceu boas condições aqui em St. Brides, mas nos disseram que outras pessoas que
curam não trabalham em outro lugar senão em seus próprios santuários, porque sentem que
não podem obter bons resultados em outros lugares.' Bem, isso pode acontecer com elas, mas
no que me diz respeito, posso trabalhar com êxito em qualquer lugar."
    "Então não houve absolutamente nenhuma interrupção", comentei. "A única coisa é que,
quando construímos um novo edifício, ele está frio", explicou Lang. "Assim devemos colocar
calor nesse lugar. Mas isso é feito rapidamente."
    Outra mudança vantajosa foi o encerramento das atividades no Centro de Tratamento
Espiritual de Binningham, que outrora possibilitava aos pacientes que viviam próximo dessa
região da Inglaterra se utilizarem das operações e dos tratamentos espirituais de Lang sem
terem de viajar até a distante Aylesbury. E o registro de curas de pacientes clinicamente
incuráveis nessa espécie de clinica do Centro de Tratamento Espiritual de Birmingham foi
verdadeiramente fenomenal. No entanto, o encerramento das suas atividades estava além do
controle de George Chapman e de William Lang.
    Perguntei a Lang: "O senhor não lamenta que o Centro de Birmingham tenha sido
fechado?"
    "De certa forma, sim. Eu trabalhava ali com muita satisfação", disse Lang. "Mas a igreja
foi vendida e essa foi a razão pela qual deixamos da viajar até Birmingham. Os pacientes de
lá vêm agora de trem até St. Brides em busca de tratamento. Assim, como você vê, as
atividades não cessaram realmente. De fato, as pessoas de Birmingham dizem que adoram
suas viagens mensais de trem até Aylesbury."
    "O Anexo tomou-se o quartel-general do tratamento espiritual de George Chapman e de
William Lang em Aylesbury. No início, a esposa de George, Margaret, desempenhava o
papel de recepcionista, marcando, de acordo com as instruções, as futuras consultas para
tratamento e cuidando dos pacientes.
    No entanto, uma outra mudança foi feita posteriormente. Michael Chapman, filho de
George, assumiu as funções de recepcionista antes ocupadas pela sua mãe. Foi esse o seu
primeiro passo para se tornar mais tarde um membro da equipe de tratamento do médico
espiritual.
    Capítulo 37
    O Melhor de Ambos os Mundos
    John Leadbitter, um ex-mineiro de Newton Aycliffe, Inglaterra, foi outrora um dos muitos
pacientes que recebeu do seu médico particular e dos clínicos dos hospitais o diagnóstico
desalentador de que estava "clinicamente incurável" e destinado a passar o resto da vida
sofrendo. Porém, como muitos outros portadores de doenças semelhantes e desesperados, ele
encontrou e leu a versão original deste livro, o que o induziu a buscar a ajuda de William
Lang, esperando; naturalmente, que as operações e o tratamento espiritual pudessem ser tão
bem-sucedidos quanto os que aqui estão descritos.
    Escolhi deliberadamente esse caso em particular, de um grande volume de históricos de
êxitos, porque ele revela muito nitidamente que: 1) Lang descobriu precisamente a grave raiz
original da séria doença do paciente, que o seu médico particular e os clínicos do hospital não
puderam detectar; e 2) fiel ao seu costume, quando tratava de casos específicos "sem
esperança", ele aconselhou Leadbitter a se submeter também a um tratamento médico
ortodoxo.
    "Combinar nossas operações e os nossos tratamentos espirituais com um tratamento
médico simultâneo não cria conflitos - antes, pelo contrário", explicou ele. "Se a medicina
ortodoxa estiver sincronizada com nossas operações espirituais, e se todas as instruções
forem totalmente cumpridas, esse esforço conjunto pode reverter o diagnóstico inicial de
`incurável'. Às vezes, o tratamento prolongado e ininterrupto é fundamental para que
consigamos uma melhora gradual para que às vezes, muitos anos mais tarde - a situação
outrora `desesperador, incurável' possa ser, finalmente, curada!"
    Investiguei minuciosamente o caso de John Leadbitter; verifiquei seus registros médicos,
estudei os históricos de Lang e discuti o caso com ele enquanto George Chapman estava em
transe. Também "atormentei" Leadbitter para me fornecer o seu próprio relato do que fora
divulgado. Ele cooperou bastante e, para ter certeza de que me fornecia apenas fatos não
distorcidos do seu caso, que tivera origem há muitos anos, verificou amavelmente as
esmeradas anotações que fizera regularmente.
    John Leadbitter nasceu em abril de 1915. Freqüentou a Browney Colliery School da qual
saiu com a idade de catorze anos. Ele não tinha outra alternativa se não a de trabalhar na mina
de carvão - como todos os que saíam da escola e como o seu pai tinha feito durante toda a
vida.
    "Trabalhei na mina durante vinte e seis anos, até que a pneumoconiose - pó de carvão no
peito e nos pulmões - deteriorasse minha saúde de maneira tão grave que me tomou incapaz
de continuar a trabalhar como mineiro", descreveu Leadbitter a origem da sua doença que
piorava cada vez mais. "O Pneumoconiosis Board de Newcastle-Upon-Tyne descobriu a
minha doença. Fui considerado inválido para o trabalho na mina em 1956 e me foi concedida
uma pensão. Era examinado por essa junta de médicos a cada dois anos, mas o diagnóstico
era sempre o mesmo: `Não havia melhoras.' Minha pensão por incapacidade era renovada a
cada vez e, desde que fui considerado inválido em 1956, permanecia em vigor."
    Entre 1956 e 1969, John Leadbitter teve diversos empregos que a sua saúde deficiente
possibilitava exercer com eficiência. Sua pensão era insuficiente para o seu sustento, por mais
frugal que fosse. Porém, em vez de solicitar benefícios suplementares a que tinha direito,
decidiu aumentar seus ganhos fazendo trabalhos leves; ele não podia suportar a simples idéia
de ser considerado como "um preguiçoso inútil" ou um "aproveitador avesso ao trabalho".
Mas o trabalho ininterrupto durante treze anos - quase sempre com muito esforço - teve um
efeito adverso sobre as deficientes condições de sua saúde, que pioravam cada vez mais, o
que, finalmente, pôs um ponto final nas suas esperanças de continuar a trabalhar.
    "Eu costumava ir à loja onde comprava o jornal todos os domingos de manhã", Leadbitter
conta como ocorreu a sua crise mais forte em outubro de 1969. "Então, exatamente quando eu
entrava na loja, minhas pernas começaram a se dobrar como se fossem de borracha, senti meu
peito e minha garganta como se estivessem em fogo. Lutei para respirar e não sabia o que
estava acontecendo. Consegui, com grande esforço, voltar para o meu carro e dirigir até em
casa.
    "Tive de esperar até segunda-feira de manhã para que o meu médico viesse me examinar.
Ele não pôde diagnosticar o que estava errado e decidiu que eu deveria ser examinado por um
especialista no Bishop Auckland Hospital local. Eu estava alarmado e meu médico reiterou
que o meu caso era de urgência, mas tive de esperar duas semanas até poder ser examinado
no hospital. O diagnóstico foi "angina" e me deram comprimidos que não me valeram de
nada. O especialista afirmou então que se tratava de um mal clinicamente `incurável' e
acrescentou que um tratamento ou o que quer que a medicina pudesse fazer seria incapaz de
melhorar meu estado de saúde.
    "Eu não sabia o que fazer, pois estava visivelmente me tornando um vegetal", continuou
ele. "Não tinha forças e era quase continuamente atormentado pela queimação no peito e na
garganta e, além disso, eu geralmente tinha dificuldade para respirar e, às vezes, sentia-me
asfixiado e prestes a morrer. Pior ainda era o desmoralizante fato de não poder caminhar mais
de dez metros sem ser obrigado a parar, apoiar-me em minha bengala e esperar até que as
minhas pernas `de borracha' readquirissem forças suficientes que me permitissem caminhar
mais uma curta distância. Minha saúde estava tão ruim que não me importava se iria viver ou
morrer.
    "Em absoluto desespero, numa noite de outubro de 1969, fui visitar minha filha - sra.
Marian Wheeler - que morava a mais ou menos dez quilômetros de onde eu vivia. Era um
esforço quase sobre-humano dirigir até lá, mas quando finalmente cheguei à casa dela, isso
mostrou-se ter sido a minha salvação", relembrou ele. "Ela havia acabado de ler o seu livro e
sugeriu que eu deveria lê-lo. Eu me sentia tão desesperado que estava ansioso para tentar
qualquer coisa para melhorar. Assim, peguei o livro, li-o com interesse e escrevi
imediatamente para Aylesbury, solicitando uma consulta urgente. Infelizmente, para mim,
George Chapman respondeu que seus horários estavam completamente tomados e sugeriu
que eu escrevesse novamente em 1970. Assim o fiz em janeiro e tive a sorte de conseguir
marcar uma consulta para abril de 1970..."
    Enquanto John Leadbitter sofria e esperava por sua consulta com William Lang, sua filha
mudou-se para Nuneaton. Essa mudança de endereço permitiu que o seu pai dirigisse com
mais facilidade até Aylesbury. Ele poderia iniciar sua longa viagem no dia anterior ao da
consulta, passar a noite com a filha e continuar a dirigir no dia seguinte pela manhã.
    "Bem, o grande dia da minha primeira visita a St. Brides chegou", disse Leadbitter,
revelando ainda excitação na voz, "quando chegou minha vez de ser atendido pelo homem
que eu estava esperando encontrar há meses. O dr. Lang, um cavalheiro de aparência
nitidamente envelhecida, saudou-me com as palavras: `Entre, meu jovem. Prazerem conhecê-
lo...'. Fiquei encantado por ter sido chamado de `jovem', pois estava então com cinqüenta e
cinco anos de idade.
    "O dr. Lang colocou-me deitado no sofá, examinou-me tocando ligeiramente no meu corpo
e finalmente disse: `A primeira e mais importante coisa a ser feita é fortalecer os músculos do
coração em seu corpo espiritual e tentar limpar os seus pulmões.' Eu podia ouvir o estalar dos
seus dedos e também ele chamando Basil - o seu filho cirurgião `morto' que o assiste quando
uma operação ou outro tratamento espiritual especial está sendo realizado. Cerca de meia
hora depois, o dr. Lang disse que eu poderia ficar à vontade e me levantar do sofá, pois minha
primeira sessão de tratamento havia terminado, e instruiu-me:
    "Durante as próximas quatro horas eu não deveria comer mais do que dois biscoitos e
tomar apenas uma xícara de chá. Ao fim de quatro horas, deveria tomar um banho quente e,
finalmente, poderia fazer uma refeição completa. Deveria voltar a vê-lo, sem falta, depois de
seis meses."
    Leadbitter cumpriu as ordens do cirurgião espiritual ao pé da letra. Dirigindo de volta para
Nuneaton durante quase quatro horas, chegou à casa da filha, pronto para cumprir exatamente
o que lhe fora recomendo e para tomar o seu banho quente.
    "Quando saí da banheira para me enxugar, senti um odor peculiar", recordou Leadbitter a
sua atordoante experiência. "Era um cheiro de éter - como se alguém tivesse estado num
hospital se submetendo a uma cirurgia. Depois de puxar o tampão da banheira para a água
escorrer, o cheiro desapareceu. Era estranho. Mas para eu ter certeza de que não havia
imaginado estar sentindo algum tipo de fenômeno sobrenatural, perguntei a minha filha, que
havia preparado o banho para mim, se ela havia colocado algum desinfetante na água.
Quando ela confirmou que não havia colocado nada, ambos concluímos que tinha havido,
provavelmente, algum tipo de fenômeno psíquico que, de algum modo, estava ligado à
operação espiritual e que era, talvez, uma indicação sobrenatural de que a visita ao dr. Lang
tinha sido bem-sucedida."
    Retomando à sua casa, John Leadbitter aguardou que algum progresso, por menor que
fosse, viesse a ocorrer. Mas, quando se convenceu por si mesmo que houvera apenas uma
melhora insignificante, não ficou desapontado pelo fato de a sua primeira visita ao dr. Lang
não ter provocado uma "cura milagrosa". Ele compreendia que a sua saúde, que se
deteriorava progressivamente durante os últimos trinta e nove anos, não poderia ser curada ou
melhorada significativamente, por "apenas uma operação espiritual inicial, para fortalecer os
músculos do coração e limpar em parte os seus pulmões de camadas de pó de carvão
profundamente enraizadas" principalmente porque, quando da sua primeira visita a St.
Brides, suas forças estavam mais desgastadas do que nunca, pois ele "bufava e arquejava" ao
tentar caminhar até as distâncias mais curtas, e levava uma vida de sofrimentos quase
insuportáveis.
    Em outubro de 1970, seis meses após sua primeira visita a Aylesbury, John Leadbitter foi
ver o dr. Lang mais uma vez. Ele esperava que outras operações e tratamentos espirituais
pudessem resultar em melhoras mais perceptíveis. Suas esperanças não foram em vão pois
Lang lhe assegurou que a primeira operação e o primeiro tratamento espiritual haviam obtido
êxito. Os músculos do coração estavam mais fortalecidos e alguma poeira de carvão havia
sido removida dos pulmões.
    Enquanto realizava outras operações espirituais, Lang afirmou peremptoriamente: "As
glândulas do seu corpo estão desajustadas e, até que sejam colocadas em equilíbrio, suas
condições de saúde não poderão melhorar satisfatoriamente." Ele sugeriu que Leadbitter
fosse consultar seu médico particular e, com toda a diplomacia, pedisse que ele lhe
ministrasse um tratamento médico ortodoxo para as glândulas; explicou que isso poderia
provocar resultados mais rápidos do que se o tratamento se limitasse apenas às operações e
aos tratamentos espirituais semestrais.
    "Fui ver meu médico depois de minha volta de St. Brides e perguntei-lhe subitamente:
`Será que as minhas glândulas estão desequilibradas?' O médico respondeu que `podia ser
que sim' e mandou-me fazer um exame de sangue no Bishop Auckland Hospital. Quando
recebeu o resultado do hospital, ele explicou que `a glândula tireóide, a principal glândula
do corpo, estava com a sua atividade um tanto reduzida'. Receitou-me comprimidos para a
tireóide e comecei a recuperar minhas forças. Depois meu médico disse: `Estou satisfeito por
ter descoberto que isso estava acontecendo.' Porém, se o dr. Lang não me dissesse para falar
para o meu médico que as minhas glândulas estavam desequilibradas, acho que não teria feito
nenhum. progresso e poderia estar, há muito tempo, abaixo dos sete palmos de terra ou,
então, sentado aqui como um cadáver."
    O tratamento de John Leadbitter foi prolongado - ele viajou a cada seis meses, durante sete
longos anos, para Aylesbury a fim de receber tratamento e se submeter a operações regulares
realizadas por William Lang que - a seu pedido, assistidas pelo médico particular do paciente
finalmente conseguiu reverter o diagnóstico original de "clinicamente incurável" e restaurou
a saúde de Leadbitter a ponto de ele viver, atualmente, uma vida quase normal.
    "Graças ao nosso Grande Amigo dr. Lang, nunca mais precisei usar bengala e atualmente
sou capaz de caminhar com toda a facilidade", confirmou Leadbitter. "E se não fosse pelo
fato de a minha filha ter adquirido o seu livro maravilhoso, eu. jamais teria tomado
conhecimento do dr. Lang e de suas operações espirituais. Aquela outrora horrível queimação
em meu peito e em minha garganta, a alarmante dificuldade para respirar e todos os outros
sofrimentos que suportei são agora torturas do passado - como pavorosos e horrendos
pesadelos."
    Leadbitter concluiu seu relato com um "final muito feliz" que me relatou em 27 de
novembro de 1977, com um tom de júbilo na voz:
    "Minha última visita a George Chapman ocorreu há três semanas. Cheguei a St. Brides e
tive o prazer de conhecer George pela primeira vez, pois ele ainda não havia entrado em
transe e o seu corpo não estava sob o controle do dr. Lang. Tomamos café juntos e
conversamos um pouco. Quando chegou a hora de ele entrar em transe profundo, levou-me
para a sala de consultas do dr. Lang.
    "Isso me proporcionou a muito privilegiada e rara oportunidade de ver tanto George como
o dr. Lang juntos. Eu observava George como um falcão e fiquei aturdido pela facilidade e
rapidez com que ele entrou em transe e se transformou exatamente no mesmo dr. Lang de
aparência envelhecida que eu havia conhecido em minha primeira visita a St. Brides e que,
então, me saudou novamente com o seu costumeiro `prazer em vê-lo, jovem'. Ele era
totalmente diferente de George! Eu jamais esquecerei dessa aparentemente incrível
transformação de um homem em outro perante os meus olhos que, perscrutadora e
atentamente, observavam os seus mais insignificantes gestos. E isso ficará, para sempre,
firmemente gravado em minha mente durante toda a minha vida, principalmente porque essas
transformações diárias possibilitavam ao dr. Lang, utilizando-se do corpo de George, a
mudança dos diagnósticos de `clinicamente incuráveis' em curas, ou quase curas, de
sofredores anteriormente desesperançados. Não posso expressar, de maneira apropriada,
minha profunda gratidão a Deus por Ele me haver permitido o raro privilégio de eu ter sido
destinado a viver o verdadeiro milagre de transformação de minha outrora doença `incurável'
no meu atual, permanente e perfeito estado de saúde."
    Quando falei sobre o caso de John Leadbitter a William Lang, ele declarou:
    "Sim, foi um caso muito difícil. Uma saúde que vem, há trinta e nove anos, sendo
continuamente deteriorada, não pode ser curada, ou substancialmente melhorada, do dia para
a noite, por assim dizer. Eu avisei ao jovem Leadbitter, logo no início, que sua situação era
excepcionalmente séria, que ele tinha vindo me procurar ainda em tempo, mas que levaria
talvez muitos anos até que pudéssemos melhorar o seu estado de saúde. Ele foi, e ainda é,
muito compreensivo e nos ajudou bastante quando realizamos as operações mais urgentes no
seu corpo espiritual, que foram suplementadas pelas injeções e tratamentos espirituais
adicionais, não apenas quando ele vinha me ver em St. Brides mas também nas muitas noites
em que o visitei em sua casa enquanto ele dormia. Nós estávamos bem conscientes do fato de
que, a despeito dos nossos esforços mais concentrados, até as mínimas melhoras seriam, a
princípio, muito, muito lentas; mas sabíamos também que, mais tarde, quando
conseguíssemos atingir as causas originais mais graves de sua doença, ocorreria uma
progressiva e considerável melhora, e o jovem Leadbitter poderia, finalmente, colher os
frutos de nosso duradouro sucesso e gozar a vida, livre de problemas."
    Perguntei: "Era imperativo combinar as operações e o tratamento espiritual com o
tratamento médico ortodoxo?"
    "Não era de todo imperativo; podíamos ter obtido exatamente o mesmo êxito por nós
mesmos e sem uma cooperação exterior", Lang respondeu. "Mas, nesse caso em particular,
seu progresso teria sido muito mais lento se tivéssemos apenas o tratamento espiritual. E foi
por esse motivo que eu sugeri ao jovem Leadbitter que suplementasse seu trata
mento submetendo-se ao tratamento clínico ortodoxo ministrado pelo seu médico, para que o
progresso ocorresse mais rapidamente. Expliquei-lhe tudo isso, e ele compreendeu e aceitou
minha sugestão. Para me assegurar de que o médico lhe daria o tratamento clínico
suplementar correto, ressaltei-lhe a necessidade de se utilizar de uma abordagem
`diplomática', ao trazer à baila a possibilidade de as glândulas do seu corpo estarem
desequilibradas, e assim por diante. Como você sabe, isso funcionou de maneira admirável."
    "O senhor não acha um tanto estranho que, embora o paciente tenha levado o médico ao
diagnóstico sobre a disfunção glandular, este tenha orgulhosamente declarado que estava
satisfeito por haver detectado o problema da glândula?"
    "Bem; isso realmente não importa", disse ele sorrindo de modo condescendente, como
sempre faz em ocasiões semelhantes. "A única coisa que realmente importa para mim, e para
todos nós, é que: tendo escutado a `delicada' referência do seu paciente ao possível problema,
ele tenha agido perfeitamente de acordo, ele provou ser um médico que se preocupa com o
bem-estar dos seus pacientes e que está pronto a usar outros métodos, se isso puder contribuir
para aliviar o sofrimento de alguém. Lembre-se, Joseph, quase sempre, até mesmo os
médicos mais qualificados, quando examinam um corpo físico, não conseguem detectar
exatamente as causas de determinados sintomas tão facilmente como eu quando examino um
corpo espiritual. Vangloriando-se por haver detectado o problema da glândula, ele estava
deixando-se levar subitamente pelo ego humano - um dos defeitos humanos mais comuns e
de conseqüências insignificantes, ao qual um número bastante considerável de pessoas que
vivem no seu mundo estão sujeitas. muito embora elas ignorem que essa é uma das muitas
influências típicas do seu planeta. Mas tudo isso não tem, na verdade, a mínima relação com
o fato de esse médico ser bom e cuidadoso.
    E concluiu com muita ênfase:
    "As únicas -duas coisas que importam para mim, para os meus colegas médicos espirituais
e auxiliares, nesse caso em particular, são: 1) que o jovem Leadbitter é agora um homem
totalmente diferente daquele que era quando o vi pela primeira vez há sete anos; 2) que um
médico em come e osso no seu mundo efetivamente, e com a melhor das suas capacidades,
fez tudo para recuperar a saúde do seu paciente. Além disso - não importa se vivemos no seu
mundo ou no nosso mundo espiritual - somos todos médicos, cujo primeiro interesse e dever
é o de, com a ajuda de Deus, conseguir curar nossos pacientes."
    Leia também:
    A Cura Pelas Mãos
 Richard Gordon
    O equilíbrio da energia polarizada é reconhecido como um dos mais poderosos
instrumentos na manutenção da saúde integral devido à sua simplicidade e eficácia. É sutil,
fácil de ser aprendido e, assim mesmo, inacreditavelmente eficaz. A utilização das correntes
naturais da força vital que fluem através de nossas mãos possibilita a liberação das correntes,
de energia que acompanham os sintomas das doenças e a restauração do equilíbrio e da
saúde.
    "A Cura pelas Mãos é a primeira publicação no gênero dirigida tanto aos leigos como aos
profissionais que possuam as habilidades vitais necessárias ao sistema de cura naturalista e
integral. Todos podem perceber os extraordinários benefícios dessas técnicas dinâmicas que,
pela força de sua eficácia, vêm recebendo respeito tanto dos amadores quanto dos
profissionais. Trata-se de uma obra amplamente recomendada pela Federação Internacional
da Polaridade."
 Alan Jay,
 Diretor da International Polarity Foundation
 Editora Pensamento
    Zen Shiatsu
 Como Harmonizar o Yin e o Yang para uma Saúde melhor
 Shizuto Masunaga e Wataru Ohashi
    Segundo a medicina oriental, cada vez mais valorizada no Ocidente, a tendência natural de
todo organismo vivo é a de curar-se a si mesmo. Conseqüentemente, o meio mais natural e o
mais eficaz para sarar de uma doença é estimular essa capacidade de autocura.
   Desenvolvendo uma terapêutica que se harmoniza perfeitamente com o organismo do
paciente como um todo, o shiatsu é uma das disciplinas que fizeram progredir enormemente
esse tipo de terapia, com base num sistema médico oriental completo, que explica o corpo
humano em termos de uma rede de meridianos através da qual flui uma energia que os
japoneses chamam de Ki. Se o fluxo do Ki, através dos meridianos, é regular, a pessoa goza
de boa saúde; se essa energia se estagna, a pessoa cai doente. A natureza desse fluxo de
energia é analisada na base da concepção chinesa do Yin e do Yang. O meio de restabelecer o
equilíbrio do sistema da energia Ki é o assunto deste livro.
    Nesta obra, abundantemente ilustrada, os autores estudaram minuciosamente o princípio de
tonificação-sedação e o shiatsu dos meridianos. A inclusão de um capítulo sobre a auto-
aplicação das técnicas aqui ensinadas fazem deste livro uma obra fora do comum.
    Os Autores
    Shizuto Masunaga, formado pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Kyoto,
foi durante dez anos instrutor do Instituto de Shiatsu do Japão. Atualmente, é membro da
Associação de Psicologia do Japão, da Associação de Medicina Oriental Japonesa e
presidente da Associação Iokai para a Terapia Shiatsu.
    Wataru Ohashi, formado pela Universidade de Chuo, é fundador do Centro de Educação de
Shiatsu de Nova York e criador do Ohashiatsu, seu método de terapia baseado na teoria dos
meridianos e na cinesiologia.
 Editora Pensamento
    Primeiros Socorros na Ponta dos seus dedos
 D. e j. Lawson-Wood
    "Um livrinho simples de compreender, rápido de consultar e fácil de carregar" - na
definição de seus autores, este manual de primeiros socorros não pretende substituir nenhum
outro, mas deve ser usado suplementarmente, em condições de emergência.
    O método aqui descrito dispensa qualquer tratamento ulterior, embora, em todos os casos
de ferimentos graves ou de enfermidade repentina, o tratamento e o aconselhamento médicos
devam ser feitos tão depressa quanto possível.
    As condições a serem tratadas estão dispostas em ordem alfabética - ACESSOS,
CAIMBRAS, DESMAIO, INSOLAÇAO, FRATURA, etc. - sendo todos os verbetes
ilustrados com a indicação do ponto exato a ser pressionado para que se consigam resultados
rápidos e satisfatórios.
    O massageamento desses "pontos de pressão", cuja descoberta deve ser creditada à
Acupuntura chinesa, dispensa o conhecimento especializado da anatomia ou qualquer outra
força especial, exigindo-se apenas a localização exata do ponto a ser tratado e a qualidade do
tratamento, que nunca se deve estender por mais de quatro minutos.
    Um livrinho para atender de modo especial a circunstâncias especiais, quando alguma
coisa deve ser feita rapidamente, usando apenas "a ponta de seus dedos".
 Editora Pensamento

 Este livro foi transcrito para o braille por:
 Flávio Emerson Dias Ferreira Bill;
 Valmir de Barros.